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2010 sob as lentes
André - 30 dezembro 2010 - 17:11

E o final de ano chegou, com suas festas regadas a boa comida, álcool de sobra, e, o melhor, pessoas que comeram e beberam demais pagando mico. Enquanto isso, aqui na Peliculosidade a gente fica tomando uma cervejinha MAROTA enquanto prepara os destaques cinematográficos de 2010. Então, sem mais delongas nem PLANOS-SEQUÊNCIA, segue abaixo a tão esperada lista, com o título original e o diretor do filme em parênteses e o link pra crítica do respectivo filme aqui no blog (obviamente devo ter sido injusto e deixado vários de fora sem querer. Podem me corrigir com impropérios nos comentários). São eles:

Sherlock Holmes (idem, Guy Ritchie)
A Todo Volume (It Might Get Loud, Davis Guggenheim)
Guerra ao Terror (The Hurt Locker, Kathryn Bigelow)
Zumbilândia (Zombieland, Ruben Fleischer)
Ilha do Medo (Shutter Island, Martin Scorsese)
Homem de Ferro 2 (Iron Man 2, Jon Favreau)
Entre os Muros da Escola (Entre Les Murs, Laurent Cantet - na verdade foi lançado no Brasil em 2009, mas, como é uma AULA de cinema, mandei a linearidade do tempo às favas e resolvi citar aqui)
Toy Story 3 (idem, John Lasseter)
As Melhores Coisas do Mundo (idem, Laís Bodanzky)
Kick-Ass - Quebrando Tudo (Kick-Ass, Matthew Vaughn)
Lady Vingança (Chinjeolhan Geumjasshi, Park Chan-Wook - também não sei em que ano foi lançado por aqui, mas como só achei pra assistir em 2010, vai pra lista)
Onde Vivem os Monstros (Where the Wild Things Are, Spike Jonze)
Tá Rindo do Quê? (Funny People, Judd Apatow)
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus, Terry Gilliam)
O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, Juan José Campanella)
Os Homens que Encaravam Cabras (The Men Who Stare at Goats, Grant Heslov)
Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street: Money Never Sleeps, Oliver Stone)
Tropa de Elite 2 (idem, José Padilha)
Atração Perigosa (The Town, Ben Affleck)
Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (Harry Potter and the Deadly Hallows: Part 1, David Yates)
Os Outros Caras (The Other Guys, Adam McKey)
O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, Roman Polanski)
Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim vs the World, Edgar Wright)
Get Low (idem, Aaron Schneider)

Os Piores
Os quatro cavaleiros do apocalipse. Dizem por aí que eles representam coisas não muito bacanas como conquista, fome, guerra e morte, mas ah, quem dera fosse isso. O quarteto maléfico, na real, é uma alegoria aos 4 piores filmes de 2010, claramente trazidos à esse mundo para praticar o mal total. São eles: Os Mercenários, que foge de sua proposta e tenta botar sentimentos e história onde deveria existir apenas MÚSCULOS e EXPLOSÕES; Comer, Rezar, Amar, com um roteiro tão chato que deve ter sido escrito em JURISDIQUÊS; O Último Mestre do Ar, que manda pelos ares qualquer resquício de competência cinematográfica; e As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada, que, apesar de se passar em um barco, dá com os burros n'água o tempo todo.

A Surpresa
Eu juro que não esperava muita coisa de Como Treinar Seu Dragão - afinal, as animações da Dreamworks costumam ficar num nível tipo "ok, depois de algumas cervejas eu pegava fácil". Mas daí vieram os diretores Dean DeBlois e Chris Sanders e VARRERAM a minha mente com cenas de ação alucinadas, sequências épicas e duas personagens que conquistaram meu coração com mais força do que qualquer mulher jamais o fez. Tanto que comprei o DVD do filme e, mesmo em uma TV, tive que assistir à película inteira de PÉ, tamanha a emoção transmitida por estes dragões supimpas.

Os Melhores
Foi bem difícil. Foi complicado. Até mesmo doloroso, às vezes. Mas após muita luta consegui eleger os três melhores filmes do ano, dispostos abaixo. Preparem seus corações.

3 - A Estrada (The Road, John Hillcoat)
Após ler A Estrada, de Cormac McCarthy, e passar oito dias chorando enrolado no cobertor, imaginei que seria impossível transpor tamanha desolação para um filme. Eis que de algum lugar do mundo John Hillcoat gritou "DESAFIO ACEITO!" e botou a mão na massa. Escapou dos tradicionais erros de adaptações, chamou um roteirista que realizou um trabalho brilhante, escalou o devastador Viggo Mortensen no papel principal, e pronto: A Estrada, o filme, possui o mesmo clima desolador de A Estrada, o livro. Vitória total e inquestionável desse John Hillcoat aí. Que até talvez merecesse um lugar melhor neste top 3, mas é inevitável...

2 - A Rede Social (The Social Network, David Fincher)
... soltar fogos de artifício frente à inspiração absoluta dos endiabrados David Fincher e Aaron Sorkin (roteirista). Afinal, os caras fizeram de um filme sobre um SITE uma obra complexa, intensa, desafiadora, onde cada diálogo deveria concorrer ao prêmio Nobel de literatura e cada plano é a definição do dicionário para "sucesso". Contando ainda com um elenco CONECTADO, A Rede Social torna-se uma das películas mais acachapantes do ano, digna de ser assistida de novo e de novo. Poderia ocupar até a primeira posição nesta lista. Infelizmente, Fincher não contava...

1 - A Origem (Inception, Christopher Nolan)
... que Cristopher Nolan, esse sonhador DESENFREADO, desmembrasse o cérebro do público com uma trama envolvendo assaltos, sonhos, subsonhos, subsubsonhos, sub³sonhos e ideias. A Origem é uma BELEZURA visual tanto quanto uma história complexa, que, apesar de suas diversas variantes, jamais foge de uma lógica interna estabelecida de forma clara e coerente. Nolan brinca com a percepção do espectador tal qual a imprensa brinca com as notícias, esconde pistas, sugere hipóteses, tudo isso sem atrapalhar o ritmo da narrativa. Após o épico plano final do filme, tudo que resta às pessoas é discutir a obra infinitas vezes, compartilhando suas ideias e montando sua interpretação pessoal dos acontecimentos. Isso tudo levará o  público a conferir A Origem mais uma vez, para certificar-se de um ou outro ponto. E mais uma vez as pessoas ficarão maravilhadas com toda a criatividade e a intensidade desta verdadeira obra-prima.

E esse foi o ano de 2010 no cinema. Vocês podem conferir pequenos comentários sobre todos os filmes aqui citados (e mais um monte de outros) no @dicasdefilmes. E aguardem pela próxima edição de Peliculosidade, onde trarei uma lista com os 10 melhores filmes da década de 2000 (e com certeza serei apedrejado). Um abraço e um feliz 2011 a todos.

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Os Big Brothers da vida
André - 29 dezembro 2010 - 15:30
O Big Brother Brasil faz todo esse sucesso por um motivo: ele simula aquela paixão que as pessoas têm de espionarem seus vizinhos (sim, você aí que fica na frente da porta do vizinho ouvindo quando há alguma discussão na casa dele, você faz parte do SISTEMA). Tudo bem, normalmente nossas vizinhas são um pouco mais velhas do que as moças do BBB e normalmente possuem corpos mais suscetíveis à ação da gravidade, mas o princípio é o mesmo. Além do mais, admita, você queria ter as moças do BBB como vizinhas para poder espioná-las, que é o que você faz quando assiste ao BBB, o que prova que a mente das pessoas é uma espécie de círculo vicioso voyeur.

E agora vem mais um Big Brother Brasil por aí, o BBB 11. Mas eu realmente não vejo necessidade de uma nova versão do programa, sério mesmo. Afinal, o que mais tem pela internet são vídeos de pessoas brigando, discutindo, se xingando, casais fazendo sexo, flagras de celebridades sem calcinha, mulheres gostosas e seminuas dançando e por aí vai. A inclusão digital tornou o mundo um grande Big Brother Brasil, e não é mais preciso esperar por horários determinados para presenciar todas aquelas situações citadas acima - na verdade, uma rápida olhada na web mostra que esse tipo de conteúdo é o que mais faz sucesso na rede mundial de computadores. As principais características do programa de maior audiência da Globo também possuem a maior audiência na internet. É só procurar.

E se bater uma saudade, certamente vai dar pra achar os melhores momentos do BBB 11 no YouTube.
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Feliz Segunda-Feira
André - 27 dezembro 2010 - 03:04
Kate Beckinsale
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O amor nos tempos da publicidade
André - - 01:36

Amor por Contrato (The Joneses)
1/5

Direção: Derrick Borte
Roteiro: Derrick Borte e Randy T. Dinzler

Elenco
Demi Moore (Kate Jones)
Fox Mulder David Duchovny (Steve Jones)

Uma família perfeita se muda para um bairro de classe média-milionária, onde aparentemente há uma competição para ver qual casa consegue ser maior do que um shopping center. Mas acontece que essa família não é realmente uma família, e sim um AJUNTAMENTO de pessoas que foram colocadas ali para fazer "marketing invisível" de diversos produtos. E, em uma reviravolta jamais vista na história das comédias românticas, o casal de mentira começa a se apaixonar de verdade.

Que trama batuta tem esse filme, não? Ao longo dessa história dava pra mostrar como as pessoas são dependentes do status, como a publicidade guia nossas vidas, como é difícil hoje em dia distinguir o que é propaganda e o que não é, como uma personagem acabaria confundindo a vida real com a vida não-real, enfim, dava pra matar uma ninhada de coelhos ninfomaníacos com uma cajadada só. E a película tenta fazer isso. Só que tenta de forma tão desgraçadamente fracassada que, tenho certeza absoluta, o DVD de Amor por Contrato virá com uma injeção de adrenalina junto pra evitar que as pessoas sejam assassinadas pelo tédio durante a sessão.

Injeção de adrenalina.

A base na qual a estrutura derrotada do filme é construída é um roteiro preguiçoso. Provavelmente com o cérebro obstruído pelos clichês de comédia romântica que assistiram como pesquisa, os roteiristas ignoram Darwin e decidem que as coisas não precisam evoluir pra chegar em determinado ponto. Então quando Mick acaba indiretamente envolvido em um acidente de carro, por exemplo, o espectador tem a sensação de que o cara na sala de projeção do cinema trocou de canal. Porque nem a situação nem a personagem foram desenvolvidos o suficiente para que aquilo se encaixe de forma orgânica na trama, fazendo com que tudo soe extremamente forçado. E Amor por Contrato é basicamente uma hora e meia apenas disso, de cenas que parecem inseridas de SUPETÃO, que estão ali por necessidade do roteiro e não por continuidade da história. Graças a essa balbúrdia a grande epifania de Steve no final não possui força nenhuma. O público não compra a mensagem (trocadilho obrigatório) do filme.

Trabalhando com uma direção de arte competente, que consegue transmitir uma certa impessoalidade e falsidade através de pequenos detalhes (a organização e limpeza impecáveis das casas, principalmente da família Jones, como se realmente fosse uma loja), o diretor Derrick Borte busca aquele visual de propaganda de margarina, enquadramentos convencionais, com cores bonitinhas saltitando serelepes pela tela e tal. No geral é uma direção elegante, sem grandes invencionices e que até tenta ser subjetiva de vez em quando, mas acaba se chocando com o óbvio (Kate correndo em uma direção enquanto cinco de suas "amigas" correm na direção contrária; os três assentos vazios ao lado de Steve na mesa de jantar). E não ajuda muito ter Duchovny ligado no modo "estou chapado e inexpressivo" (embora ligeiramente carismático) ao lado de uma Demi Moore que consegue ser mais solta e natural, mas com roupas demais para conseguir desviar atenção do péssimo roteiro.

Em algum lugar de Amor por Contrato havia alguém disposto a tocar o terror na sociedade do consumismo. Entretanto, claramente possuído pelo lado ROSA da Força, o filme foi pro lado das comédias românticas previsíveis. O que não deixa de ter sua ironia: no final das contas, a película é tão vazia, artificial e desinteressante quanto a família que é o centro de sua história.

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Feliz Natal
André - 25 dezembro 2010 - 20:41
Lacey Chabert, Rachel McAdams, Lindsay Lohan e Amanda Seyfried
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A verdade sobre os mitos natalinos
André - 24 dezembro 2010 - 16:56
Tomada pelo espírito ARQUIVO X, a equipe do Cataclisma investigou incessantemente e descobriu quais  lendas do Natal são verdade e quais não são. Confira:

- O trenó do Papai Noel é puxado por renas.
MENTIRA! Papai Noel há muito trocou o poder das renas pelo poder dos cavalos.

"Pé na tábua, Rudolph!"

- Papai Noel e os elfos fabricam os presentes em um lugar mágico, cheio de bondade, alegria e outros conceitos criados pela Disney.
MENTIRA! Papai Noel fabrica os presentes em fábricas clandestinas na China, pagando sessenta centavos a hora para crianças.

"O primeiro a reclamar do ritmo de trabalho vai ser mandado de volta pra Nike."

- Papai Noel se alimenta de leite e biscoitos deixados pelas crianças.
VERDADE! E, pela semelhança física, podemos inferir que o Ronaldo Fenômeno segue a mesma dieta.

E ele ainda tem como ajudante o Iarley, que é do tamanho de um elfo. Soa familiar?

- Papai Noel tem uma lista dizendo quais crianças foram boas e quais foram más.
MENTIRA! Papai Noel apenas tem acesso os documentos do governo, que possui registros, fotos e vídeos de todos os detalhes das nossas vidas.

"Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma criança abrindo um presente e ganhando um par de meias - para sempre."

- O correio não entrega cartas no Pólo Norte.
VERDADE! O Correio não entrega cartas em lugar nenhum do mundo.

"Quem, eu me preocupar?"

- Papai Noel entra nas casas pela chaminé.
MENTIRA! Alguma vez na vida você realmente já viu uma casa com chaminé?

Onde essas pessoas fazem churrasco, meu Deus?

- É fisicamente impossível Papai Noel dar a volta ao mundo para entregar todos os presentes em uma noite.
MENTIRA! Papai Noel é filiado à FIFA e, tal qual o Corinthians, acha que não precisa passar por continentes como América do Sul para dar a volta ao mundo.

"Bem, como o Palmeiras foi bonzinho e não incomodou ninguém esse ano, vai ganhar 4 títulos nacionais de presente."
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Globo Esporte sensacionalizando tudo
André - 23 dezembro 2010 - 01:42
Reparem no print abaixo, retirado do site do Globo Esporte (podem clicar na imagem para vê-la em tamanho "não precisarei de óculos daqui a um ano"):


Pois bem. Vou copiar aqui os trechos marcados e comentá-los de acordo com a minha visão da balbúrdia:

1: Amorim diz que Grêmio deveria pagar dívida antes de tentar Ronaldinho.

Ao ler este título, os gremistas ficam SENTIDOS e começam a comentar o fato entre si no MSN, sempre utilizando de alguma forma as expressões "bala perdida", "guerra civil" e "presidiários" ao falar sobre o Flamengo e o Rio de Janeiro (e convenhamos, é compreensível. Quem é a Patrícia Amorim pra falar das finanças do Grêmio? Ela é que vive endividada e em guerra civil! Ela e aquele time de presidiários que precisam ficar desviando de balas perdidas no treino). Daí alguém lembra que o Grêmio venceu a Copa do Brasil de 1997 em cima do Flamengo no Maracanã lotado. Risadas efêmeras e o tópico da dívida já nem é mais discutido.

2: Sobre o Grêmio, Patrícia Amorim disse que, antes de tentarem contratar Ronaldinho, os gaúchos deveriam pagar os cerca de R$ 7 milhões que devem ao Fla por causa da compra de Rodrigo Mendes.

Opa. Em primeiro lugar, o mito Rodrigo Mendes jamais deve ser associado a qualquer notícia pejorativa. Vamos manter um nível civilizado, né. Enfim, agora o bicho pega de vez: os gremistas, tomados pela CÓLERA, pegam sua mais poderosa arma e twittam alucinadamente, mas jamais lembrando-se do argumento definitivo (que tipo de time tem apelidinho de "Fla"? Por favor). Flamenguistas respondem. O assunto ganha ares épicos nas redes sociais, fazendo com que muitos publicitários adeptos das "novas tecnologias" dêem vários prints e molhem as calças. O horror, o horror.

3: "Não me preocupa o Grêmio. Só a dívida que ele tem com o Flamengo. Disputar jogadores é uma coisa de mercado." (declaração da Patrícia)

Mas vem cá, como é que essa mulher tem a PACHORRA de... O que? Espera aí. Se essa é a declaração dela, onde está a parte de "o Grêmio deveria pagar a dívida antes de tentar Ronaldinho"? Será que eu interpretei errado ou ela está apenas dizendo que vai tentar contratar o Little Ronaldo mesmo com a concorrência do Grêmio? Poderia até jurar que, na declaração, tudo que a frase da dívida faz é reforçar que o Flamengo não teme o clube gaúcho nessa disputa pelo jogador do Milan. Mas ah, sei lá, minha interpretação provavelmente está equivocada. Embora minhas limitações não me permitam ver, tenho certeza que, em algum lugar do texto, a Patrícia realmente falou que o Grêmio precisa pagar antes de tentar o Ronaldinho. Afinal, tá no TÍTULO da matéria, né?
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O Google enquanto Oráculo
André - 21 dezembro 2010 - 18:26
A nossa geração se gaba de ter acesso a qualquer informação de qualquer lugar a qualquer hora e em qualquer língua. Com o Google colocando um tapete vermelho repleto de resultados de pesquisas na frente dos usuários, o conhecimento se tornou desnecessário: tudo está armazenado nesse grande mundial do Corinthians que é o mundo virtual (as pessoas falam dele, mas não existe de verdade), e pode ser acessado em momentos de extrema necessidade. Dessa forma o Google, tal qual um oráculo, diz às pessoas como se dá nó em gravata, quem venceu a batalha dos 100 anos, quantos anos durou a batalha dos 100 anos, o que é capitalismo, socialismo, anarquismo e até mesmo o número de gols e assistências do atacante Jonas em 2010 (42/20).

Mas tudo isso acabou, e acabou graças a dois termos em inglês implementados nas estratégias de comunicação ao redor do globo: search marketing. De forma vil e buscando apenas um lucro maléfico, publicitários decodificaram o funcionamento do sistema de buscas do site. Agora, em posse de tal conhecimento, podem manipular o buscador, garantindo que os sites de seus clientes assumam a pole-position na busca pela verdade. A credibilidade do Google foi comprometida. Os resultados podem estar corrompidos. Nada é realmente o que se vê.

Todo cuidado agora é pouco. O nó de gravata que você vê como fazer na internet pode ser plano da TEVAH para padronizar as pessoas. O vencedor da Guerra da Secessão pode ser ditado pela Smith & Wesson. O Santos pode ter oito títulos nacionais. Os primeiros resultados exibidos pelo Google não são mais confiáveis, mas as pessoas já têm o buscador como porta de entrada do conhecimento.

Se vocês que ainda possuem suas enciclopédias Barsa em casa estão lendo isso, prestem bastante atenção: vocês são a resistência.
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Feliz Segunda-Feira
André - 20 dezembro 2010 - 03:08
Anne Hathaway
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Enquanto isso, dentro da CPU...
André - - 03:03

Tron - O Legado (TRON: Legacy)
3/5

Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Edward Kitsis e Adam Horowitz

Elenco
Jeff Bridges (Kevin Flynn/CLU)
Garett Hedlund (Sam Flynn)
Olivia Wilde (Quorra)

Depois de visitar o mundo virtual no primeiro filme, Kevin Flynn tornou-se pioneiro entre os nerds e montou uma muito bem sucedida empresa de softwares e games (e pioneiro também porque ele teve um filho, ou seja, foi um nerd que FEZ SEXO). Mas daí num belo dia de 1989 ele some e nunca mais volta pra casa, e dez anos depois seu filho, já crescido, acaba engolido pelo mesmo sistema virtual, onde precisa não apenas sobreviver mas também encontrar seu pai e salvar o mundo.

Tal qual os programas de auditório transmitidos aos domingos, este Tron - O Legado é muito mais centrado no visual do que no conteúdo. O que não é um demérito, claro - e considerando que o filme anterior buscava exatamente essa abordagem, tá tudo em casa. E a película ainda consegue ser uma das primeiras a usar o 3D de forma pertinente, colocando as tais 3 dimensões em campo apenas quando Sam entra na Grade, e deixando o mundo real em 2D (ou talvez Deus tenha obrigado os produtores a mostrar a Olivia Wilde em 3D).

Me joga na parede e me chama de usuário.


A trama do filme trabalha com temas bastante conhecidos pelos espectadores, porque daí não precisa perder tempo explicando: tem o vilão que manda em todo mundo e quer mandar em mais gente ainda, o herói por acaso, a mocinha corajosa e gostosa, o sujeito que ensina sobre o mundo novo e por aí vai. Infelizmente isso deixa tudo muito na superficialidade, e as informações que ficamos sabendo a respeito daquele PENSE BEM VITAMINADO respeitam o mínimo necessário para que a história siga nos trilhos (ou então são citadas sem nenhum sentido ou raciocínio em cima, tornando-se, bem, ininteligíveis. Mais ou menos como aqueles textos bonitos que não dizem absolutamente nada). As personagens tornam-se praticamente unidimensionais, cuja unica motivação é o mantra "vamos dar o fora daqui", deixando o filme meio que como um videogamezão. Ao mesmo tempo, Tron - O Legado possui uma trama central forte, permitindo que o espectador consiga ver sempre o "ponto de chegada" e entender as ações tomadas pelas personagens, deixando assim espaço para a ação e o CGI total. E em alguns momentos a obra até acena com conceitos que parecem interessantes, mas logo todos eles são vítimas da tecla "Delete".

Contando com efeitos especiais claramente ANABOLIZADOS, Tron - O Legado é um deleite visual tão intenso que merecia no mínimo a capa de alguma Playboy. O mundo dentro da Grade é impressionante, ao mesmo tempo opressivo e hi-tech, ameaçador e fascinante, além de claramente possuir uma caracterização marcante (coloque doze mundos de ficção científica lado a lado e você saberá facilmente qual deles pertence a Tron). E diretor não tem medo de explorar seus recursos, utilizando a câmera lenta com propriedade dentro de ótimas sequências de ação (a das motocas é sensacional)  e gerenciando bem a COSTURA entre o CGI e a galerinha real (a já citada cena da motos, por exemplo, ganha emoção porque eventualmente vemos o rosto dos atores atrás dos capacetes).  Ainda há de se RETUITAR o brilhante trabalho da direção de arte, que mantém uma unidade com o filme original ao mesmo tem em que consegue modernizar as estruturas dentro da Grade (e vejam o sucesso que fizeram ao colocar o recinto de Kevin Flynn todo branco e mobiliado, contrastando violentamente com o preto impessoal daquele mundo), e a trilha da dupla francesa Daft Punk, que cria o climão necessário através de sons e músicas eletrônicas. Pertinência total.

O maior problema da película é o seu ator principal, que aparentemente teve quaisquer vestígios de carisma e expressividade EXORCIZADOS de sua pessoa. Isso faz de Sam uma daquelas tias chatas que vêm de longe pra reunião de família: a gente aceita ela como parte do contexto geral, mas torce pra que não fiquem muito tempo. Até porque Olivia Wilde, além de tornar a espetacular direção de arte obsoleta no que diz respeito a "traços perfeitos", possui uma presença muito forte em cena e conquista facilmente o espectador, conferindo à Quorra intensidade e até mesmo ingenuidade (ela volta e meia baixa um pouco a cabeça quando conversa com um dos Flynns, como numa reverência). Já Jeff Bridges embarca na diversão absoluta ao compor Kevin Flynn como um hippie-tecno-nerd-filósofo-jedi, e é incrível como o filme ganha vida cada vez que ele está em cena. Bridges fatalmente caiu num caldeirão de carisma quando era pequeno, e é graças ao seu talento que Tron - O Legado ganha alguns pontos no atributo "dramaticidade".

No final das contas, o filme puxa pro lado da diversão descompromissada, o que coincidentemente também é uma grande característica dos jogos de videogame (os bons, pelo menos). Havia bastante espaço na Grade para elucubrações filosóficas e reflexões, embora isso inevitavelmente fosse levar a livros como Entendendo Tron, A Psicologia das Luzinhas que Riscam a Tela e por aí vai. De qualquer jeito, Tron - O Legado funciona dentro de sua proposta BLOCKBUSTERIANA, oferecendo ao espectador uma película fácil, envolvente e de visual bonito. E vou dizer, eu não me importaria de visitar o mundo de Tron novamente - principalmente se a Olivia Wilde estiver de anfitriã por lá.

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Ufa! Que semana!
Anônimo - 18 dezembro 2010 - 12:33
Já está no You Tube o vídeo mais aguardado desta semana, AQUELE do Hitler...

Aproveite e dê uma passada na loja Cataclisma de Camisetas e compre a sua camiseta do Blog!! Ajude a divulgar a nossa marca... e a nossa opinião, claro, sobre aquilo que há de mais pertinente a se comentar, sempre!

Loja Cataclisma

Abraços!!
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De dedos e pesos que caem em cima deles
André - 16 dezembro 2010 - 14:14
Eu tinha várias ideias de posts legais pra esse blog. Algumas eram até inteligentes, vê se pode. Mas daí acontece que ontem, acidentalmente, derrubei um peso de 15 kgs no meu dedo, que de tão roxo e inchado neste momento parece um Teletubbie. Ou seja, estou digitando apenas com a mão esquerda.

Vocês já tentaram digitar só com uma mão? É chato. É cansativo. É irritante. Por causa deste pequeno incidente, terei que adiar um pouco as ideias que haviam surgido. Eu até tentei exercitar minha paciência e coordenação, digitando com uma mão textos longos que não eram da pauta do Cataclisma, mas não deu. Todas as vezes eu desisti na metade. Acho que minha mente, tão acostumada ao imediatismo da banda larga, despreza a disciplina necessária para alcançar tal objetivo. Então, sempre que eu começo a digitar um texto mais comprido só com uma mão, nunca chego até o final, porque
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Feliz Segunda-Feira
André - 13 dezembro 2010 - 11:22
Michelle Rodriguez
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Cortando tudo até a última ponta
André - 12 dezembro 2010 - 19:10

Machete
3/5

Direção: Robert Rodriguez
Roteiro: Robert Rodriguez e Álvaro Rodriguez

Elenco
Danny Trejo (Machete)
Michelle Rodriguez (Luz)
Steven Seagal (Torrez)
Jessica Alba (Sartana Rivera)
Robert DeNiro (Senador John McLaughlin)

Machete é um ex-agente federal, mexicano, com obsessão por coisas cortantes e um bigode que o deixa com cara de MAU. Após ter sua família assassinada por um traficante de drogas, o sujeito acaba no meio de uma típica conspiração VIAPPSP (Vamos Inventar Algo Pro Protagonista Ser Perseguido) envolvendo um senador racista e precisa resolver toda a balbúrdia - para isso, ele conta com o apoio de diversos objetos cortantes, mulheres deslumbrantes e a violência total.

No famoso projeto Grindhouse, que reunia os filmes À Prova de Morte e Planeta Terror, Rodriguez e seu bróder Tarantino foram pelo caminho da tosquice estilosa para homenagear os filmes de terror B. Mas Rodriguez, claramente tomado pelo espírito do it yourself, resolveu continuar nessa linha com Machete, cujo projeto de apresentação devia constar apenas da frase "o filme de macho definitivo". Entretanto, se por um lado a película não é aquela DONDOQUICE que é Os Mercenários, tampouco consegue grandes vitórias dentro de sua proposta testosterônica.

"Alguém aí quer comprar símbolos fálicos usados em um filme de machão?"

Tudo bem, vamos considerar que, dentro do caminho que o filme quer seguir, não há a necessidade da história fazer Tchekov sentir inveja ou algo do gênero. Ainda assim Machete consegue a proeza de criar uma trama estapafúrdia até mesmo para critérios estapafúrdios, utilizando-se de diversas subtramas dispensáveis para claramente encher linguiça. Aliás, tudo que essas histórias paralelas conseguem fazer é diluir a força dos vilões (são nada menos do que quatro. Imagina se a gente tivesse que enfrentar o Sagat quatro vezes no Street Fighter II, certamente ele não pareceria tão assustador e apelão) e tirar o foco do seu feio e carismático protagonista. Porque é quando ele está em cena que o filme funciona, seja através da violência extrema, das frases de efeito, das tiradas engraçadas ou de todos juntos (a forma com que Machete escapa do hospital, por exemplo). Claro, se o filme focasse só no sujeito e no seu bigode, certamente tiraria a força da personagem, mas as subtramas são resolvidas de formas tão forçadas e sem imaginação que os roteiristas  devem ter escrito tais cenas em linguagem jurídica.

Como toda a função acontece no Texas e no México, o diretor opta por uma fotografia que não passou protetor solar, sempre com bastante luz e cores quentes na crista da onda (amarelo, principalmente) - e tal proposta é seguida pela direção de arte, que deixa TODO MUNDO E TUDO SUADO o TEMPO TODO. Rodriguez também inclui na película alguns elementos de tosquice, como zooms feios e a sanguinolência propositalmente falsa, que ajudam a compor o cenário geral mas não produzem nada de particularmente interessante (com exceção da já citada cena onde Machete escapa do hospital). E por falar em exceções, poucas são as cenas de ação que realmente merecem destaque, já que a maioria se limita a mostrar pessoas sendo fatiadas e fuziladas alucinadamente (que é legal, mas ficar só nisso não dá aquele charme especial às sequências).

Por suas feições marcadas e expressão de "eu sou pior que a PESTE BUBÔNICA", Danny Trejo é talvez a penúltima pessoa que alguém consideraria como protagonista de um filme de ação (à frente apenas de Justin Bieber), mas a proposta de Rodriguez era justamente essa. E como o sujeito tem carisma, convence nas cenas de ação e na pose de "escreveu não leu, o facão comeu", Trejo carrega bem o peso de ser o centro do projeto. O resto do elenco masculino não compromete mas também não dá grandes contribuições, enquanto as mulheres estão lá apenas para embelezar tudo, além de trazer à tona aquele fetiche dos homens de ver mulheres gostosas atirando com metralhadoras - e nesse sentido é impossível ignorar Michelle Rodriguez, sua pose de durona, seu corpo sensacional e o fato de que ela passa o tempo inteiro SUANDO SEXO.

Apesar da pancadaria e das mulheres, não foi dessa vez que os cinéfilos machões encontraram um filme digno de suas esperanças. Porque embora funcione aqui e ali, tenha suas frases de efeito, suas mulheres desfilando como vieram ao mundo, Machete se preocupou mais em cortar os inimigos de seu protagonista do que em cortar tudo aquilo que o filme tem de desnecessário.

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O reflexo da janela do avião
André - 09 dezembro 2010 - 15:19
Jamais experimentei uma solidão tão intensa quanto a de estar a milhares de metros de altura, em um avião, de madrugada e com as luzes da cabine apagadas. Mas não estou falando daquela solidão tradicional, que leva as pessoas a buscarem ajuda e ouvirem baladas do Bon Jovi. É uma solidão mais doce, reflexiva, que bate como um desprendimento de todo o resto do mundo. Uma dose de auto-suficiência quase inebriante. Nesse momento, lá no alto, olhando pela janela e enxergando nada além de um breu total, tive a sensação de que as coisas são suficientes por si próprias. Ou pelo menos estavam sendo. Ou talvez a gente consiga se sentir completo sabendo que não há absolutamente nada em volta, e que, nem que seja por um momento, nós conseguimos fazer o mundo tanto quanto o mundo nos faz.
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Saia do cinema e clique em "curtir"
André - 07 dezembro 2010 - 01:20

A Rede Social (The Social Network)
5/5

Direção: David Fincher
Roteiro: Aaron Sorkin, baseado em livro de Ben Mezrich

Elenco
Jesse Eisenberg (Mark Zuckerberg)
Andrew Garfield (Eduardo Saverin)
Armie Hammer (Cameron e Tyler Winklevoss)
Justin Timberlake (Sean Parker)

Como todo nerd, Mark Zuckerberg é inteligente, socialmente desajustado e irritante. Tentando compensar tudo isso ele inventa um site de relacionamentos, o Facebook, levando pro mundo virtual toda a experiência de uma faculdade, com exceção do sexo, álcool e bebidas (melhor ideia de todos os tempos, né?). Só que Zuckerberg ficou de PICUINHA com outras pessoas envolvidas na criação do dito-cujo, resultando em um monte de processos e gente de mal com ele - e, paralelo a isso, o site cresceu e virou modinha e arrebatou milhões de jogadores de Farmville ao redor do mundo.

A Rede Social é uma metralhadora de diálogos rápidos e personagens interessantes, utilizando-os para contar uma trama de poder, dinheiro, inveja, computadores, complexos de inferioridade e egos sensíveis. Ou seja, tudo aquilo que realmente constrói um relacionamento, seja virtual ou real. E faz isso com uma competência devastadora, trabalhando seus aspectos cinematográficos com uma vitória inquestionável para que o espectador aceite as motivações e características daquelas personagens.

Só assim mesmo pra acreditarmos que os caras criaram um SITE para atrair GAROTAS.

Já em sua primeira cena o brilhante roteiro de Aaron Sorkin, através de um diálogo campeão da Libertadores, nos apresenta o protagonista por inteiro, evidenciando sua inteligência, sua arrogância, sua falta de capacidade social, suas motivações, seus projetos de vida e seu complexo de inferioridade (fatalmente ele tem uma bandeira do Corinthians no quarto). A partir daí, a história desenvolve as conquistas de suas personagens paralelas à suas inseguranças (como quando, no meio da criação do Facebook, Eduardo conta a Mark que entrou para o clube Phoenix, ou quando Eduardo descobre que Sean Parker consegue negócios muito melhores que ele), e todo o crescimento do site acaba ofuscado pelas relações entre essas pessoas completamente neuróticas - assim, quando Zuckerberg fica de ciuminho porque acha que o Facebook é obra só dele, o espectador imediatamente associa essa reação a diversas situações ao longo da trama que, desde a cena inicial, indicavam a complexidade e necessidade de afirmação do rapaz. A Rede Social ainda conta com uma dinâmica sensacional, alternando cenas e até mesmo diálogos entre os processos judiciais e flashbacks dos acontecimentos (sempre polvilhado de frases tão certeiras quanto uma lei de Murphy e construídas com tanta inteligência e estilo que dá vontade de morar debaixo delas). E dentro de tudo isso Sorkin ainda consegue colocar, de forma orgânica, diversas críticas e questionamentos a respeito de privacidade, status, imagem e outros temas relevantes (como no momento em que uma advogada, ao saber que existem usuários do Facebook na Bósnia, diz "eles não possuem estradas, mas possuem Facebook"). Um verdadeiro buffet de personagens tridimensionais e situações representativas dos novos modelos de negócios, relações e PESSOAS.

Diretor que filma suas obras em DIAMANTE e depois os lapida, David Fincher mais uma vez mostra que, na escola de cinema, ele veste a jaqueta do time de futebol americano: além de extrair o máximo de seu elenco, Fincher investe sem dó em closes (é um filme quase só de diálogos, afinal) e enquadramentos elegantes, utilizando uma linguagem visual que anda de mãos dadas com o dinamismo do roteiro de Sorkin. Confia na inteligência do espectador (alguém menos confiante teria colocado um plano-detalhe no momento que Zuckerberg digita o endereço do site Facemash, por exemplo) e ainda tem a manha de completar seu trabalho com pequenos detalhes que engrandecem as cenas (Zuckerberg programando o Facebook enquanto morde um dardo na boca, antecipando o alvo que ele se tornaria; a ligeira falta de foco na derrota dos irmãos Winklevoss na regata, indicando a falta de foco dos caras na competição devido à balbúrdia judicial envolvendo o website; Zuckerberg saindo de bermuda e chinelo na rua em temperaturas abaixo de zero sem nem tremer, em um simbolismo claro da frieza do protagonista; o momento onde ele fala com Sean no telefone e percebe que seu agora último aliado e amigo não é um sujeito confiável, enquanto ao fundo alguém apaga as luzes da sede do Facebook deixando-o completamente sozinho; entre outras).

O diretor também acredita no ditado "diga-me com quem andas e eu te direi quem és", pois escolhe como companhia uma fotografia hábil em retratar tanto a indiferença do protagonista (utilizando cores frias quando ele está presente) quanto o caráter exclusivista dos clubes (captando um vermelho intenso, o que dá um climão de "seita secreta") e até mesmo a desilusão de Eduardo com seu amigo (em uma cena onde ele, debaixo de sombras, conversa pelo telefone com Zuckerberg). A direção de arte também entra pro "Greatest Hits", conseguindo fazer de Harvard um lugar ao mesmo tempo aconchegante e de certa forma opressivo - e vejam como até mesmo nas cenas dos processos judiciais há uma preocupação em definir as personagens: enquanto a sala onde os irmãos Winklevoss tentam o acordo possui um ar mais aristocrático, a outra sala, que abriga o processo movido por Eduardo, é vazia e decorada apenas com AR). Pra completar, a trilha em diversos momentos utiliza sons eletrônicos e em looping, que, remetendo aos barulhinhos que nossos computadores adoram fazer, ganha o prêmio de pertinência total.

Tratando-se de um roteiro de Sorkin, apenas o fato do elenco conseguir enunciar os sensacionais e rápidos diálogos sem morrer por falta de ar já seria motivo de exaltação. Mas, mais do que isso, a turminha dirigida por Fincher consegue compor a galeria de personagens de forma impressionante: como Mark Zuckemberg, Jesse Eisenberg aposta em uma certa inexpressividade que transmite a arrogância e inteligência da personagem, mas tem carisma suficiente para que o público não o odeie; Andrew Garfield ilustra bem os receios e a insegurança de Eduardo, conseguindo tornar ele um sujeito DO BEM sem soar apelativo demais; Armie Hammer é SAGAZ o suficiente pra deixar os dois gêmeos Winklevoss interessantes e até Justin Timberlake se mantém em um nível aceitável, mostrando que a descoberta de vida alienígena na Califórnia por parte da NASA não foi a coisa mais estranha do ano.

Independente de representar ou não os fatos de forma correta, como andam discutindo por aí, A Rede Social é um obra intensa, envolvente e que, como se essas qualidades não fossem o bastante, até mostra umas minas só de lingerie de vez em quando. Possui em seu centro uma personagem tão trágica quanto interessante, e à medida que a trama corre alucinada pela tela o público consegue sentir tudo que o Facebook custou para seu criador - sensação que é ampliada pela desnorteadora cena final, onde os principais temas do filme são amarrados com uma simplicidade cativante. Um desfecho intenso e melancólico perfeito para um protagonista que se importava mais com linhas de código do que com relações.

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É doação na veia
André - 02 dezembro 2010 - 00:31
De todas as coisas estranhas que já fiz na vida, com certeza uma das mais esquisitas foi doar sangue. Não vou nem entrar na questão da importância do ato, porque slogans publicitários do tipo "doe sangue e salve uma vida" com certeza já arrebataram os olhos de vocês em algum momento, e vocês sabiam que, pelo menos dessa vez, eles diziam a verdade. Aliás, a única ação talvez mais altruísta do que doar sangue envolve o Robinho, uma porta entreaberta e um balde de água em cima dela.

Digo que foi esquisito porque o nosso instinto natural, ao perceber a perda de qualquer quantidade de sangue, tem como planejamento SELAR o vazamento de qualquer forma - tanto é que, em momentos de desespero, as pessoas jogam pro espaço qualquer vestígio de pudor e utilizam-se até mesmo de band-aids com pequenos desenhos. Prova definitiva da principal lei que rege o universo: quanto menos sangue sair, melhor.

Por isso meu organismo organizou uma rebelião e, capitaneado pela pressão baixa, iniciou uma guerrilha contra a expulsão de 450 ml do segundo líquido mais precioso da vida - atrás apenas do Toddynho - do corpo. E quem pode culpá-lo? Já estamos condicionados a adotar um comportamento X para uma situação Y, e por isso, a cada momento da coleta, eu não conseguia deixar de pensar em cortar os tubos, jogar mertiolate no local e sair correndo. Felizmente o superego fez jus ao seu prefixo e me manteve no lugar até o final, deixando o ID comendo poeira. E a coleta também foi rápida, o que inviabilizou qualquer tentativa de um planejamento de fuga eficiente.

Apesar das contravenções causadas pelos rebeldes do organismo, que se manifestaram através de bombas de tontura em alguns momentos, a coisa toda correu surpreendentemente bem pra um evento envolvendo "sangue" e "André". Ganhei até lanchinho no final, o que é justo, convenhamos, pois para fazer a doação fui obrigado a desbravar o sempre apavorante mundo de ser picado por uma agulha. Afinal, toda vez que alguém confronta seus medos e os vence, um suco de uva bem gelado é o mínimo que a pessoa merece como recompensa.
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