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A metade do começo do fim
André - 22 novembro 2010 - 02:19

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1)
5/5

Direção: David Yates
Roteiro: Steve Kloves, baseado no livro de J. K. Rowling

Elenco
Daniel Radcliffe (Harry Potter)
Rupert Grint (Ron Weasley)
Emma Watson (Hermione Granger)
Ralph Fiennes (Voldemort)
Helena Bonham Carter (Beatrix Lestrange)

Voldemort e sua turminha de delinquentes começam a tocar o terror não apenas no mundo cheio de situações e criaturas estranhas, mas também no mundo dos bruxos. Como o caos toma conta de tudo, o time do Harry Potter começa a se organizar pra combater seus inimigos com muitos feitiços e efeitos especiais de computador, mas Harry, Ron e Hermione acabam partindo em uma jornada diferente e solitária para dar cabo de seu réptil adversário.

Não há mais espaço para chocarrices no mundo harrypotteriano. Este Harry Potter e As Relíquias da Morte - Parte 1 mergulha a gurizada em um ambiente ainda mais melancólico e sombrio do que o anterior, Harry Potter e o Enigma do Príncipe. É quase como se o Ministério da Magia fosse comandado por Ricardo Teixeira. A tensão fiscaliza os protagonistas com uma intensidade digna de imposto de renda, e, se os momentos cômicos continuam presentes na história, é porque eles fazem um bom contraste com o clima BOTAFOGUENSE da projeção.

"O clima é sombrio, mas rola de dar uns amassos na Gina, né?"

Essa atmosfera toda já fica clara no início da película, quando vemos a gatinha Hermione realizando um doloroso sacrifício para proteger seus pais (tema que é abordado ao longo da produção de forma tão sutil, com a garota sempre aparatando para lugares onde esteve com os pais, que senti vontade de comprar um BUQUÊ DE FLORES pro filme). Aliás, a bruxinha dá uma de DILMA ROUSSEF e assume o comando da balbúrdia, tornando-se o centro dramático e narrativo da história, naquele que talvez seja o filme da série mais focado no seu trio de protagonistas e o que mais explora as relações entre eles - Ron, por exemplo, passa a ter mais voz dramática no contexto geral, a desejar mais o que realmente quer, e isso o coloca em conflito com Harry (o que é perfeitamente natural, considerando que eles estão vivendo uma situação de limite extremo, com o mundo como o conhecem estando na CAPA DA GAITA. E o fato da película não omitir tais características, mesmo tratando-se de um blockbuster, é mais um aspecto que demonstra sua vitória inquestionável). Paralelo a isso, Harry Potter e as Relíquias... também se torna mais silencioso, contemplativo, claramente criando a tensão e os sentimentos necessários para a BATALHA DO PELOPONESO que será a Parte 2. É como o longo suspiro antes do grande mergulho, ou o "não há nada errado, está tudo bem" dito por uma mulher antes de iniciar uma violenta discussão. Toda essa construção envolve o espectador na trama, obrigando o público a enfrentar e aceitar os defeitos e provações das turminha que tanto ama. Torna Harry, Ron e Hermione personagens tridimensionais. E abre espaço para diálogos sensacionais, como quando, após os três se separarem do resto da galera e verificarem que não há nenhum inimigo com eles no recinto, Hermione diz "estamos sozinhos".

Para acompanhar esse climão todo, o diretor David Yates investe em um visual que faz bastante uso das sombras e de cores sóbrias, além de uma fotografia dessaturada que confere realismo à película. Yates também liga o "modo Cruyff" e dirige o filme na elegância absoluta (o travelling circular que mostra os diversos Harrys é digno de BRINDES com cerveja), utilizando com competência efeitos especiais que teriam nível 99 no Winning Eleven (e que se integram à história, ao invés de simplesmente aparecerem como CGIs aleatórios dando banda pela produção). O diretor também se enamora de planos abertos, longos, enquadrando de longe um ou todos os protagonistas, o que ilustra a solidão e melancolia que tomou de assalto a galera (e há até espaço para alguns simbolismos: como não pensar em tudo que percorreram até ali ao ver Harry e Hermione literalmente caminhando sobre um caminho de pedras?), e acertadamente opta por uma câmera ligeiramente sacolejante em momentos de intensidade dramática ou quando a ação dá as caras - inclusive, é bom dizer, essas cenas de ação são extremamente bem coreografadas, sendo que a primeira de todas é uma aula de tensão que deixaria Jack Bauer chorando no cantinho. Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 ainda tem como melhor amiga uma direção de arte inspirada, que trabalha com locações e cenários sem vida, contribuindo com a ambientação do filme, além de uma trilha tensa, de acordes pesados, que vai fazer muita gente dormir encolhida na cama de noite.

Entrosados depois de anos jogando no mesmo time (sem conotações de orientação sexual aqui. Ok, talvez um pouco), o elenco principal mostra-se ainda mais afiado e intenso do que nos filmes anteriores: Daniel Radcliffe ilustra com competência toda a tensão e os conflitos nos quais Harry está inserido, sem carregar na dramaticidade ou transformar o filme em uma novela da Record; Rupert Grint continua com seu excelente timing cômico, mas agora também tem a chance de mostrar que pode ser levado a sério (além de sua tradicional cara de PIDÃO, digo) e faz de Ron uma personagem intensa; e Emma Watson cresce demais, ilustrando com pequenos trejeitos, sorrisos ou comportamentos a fragilidade que Hermione esconde por trás de toda sua inteligência - o momento onde ela dança com Harry é ENTERNECEDOR - sem com isso se distanciar das características que a bruxinha tinha nas outras películas. O resto do elenco, como de costume, é formado por atores ingleses cujo talento é proporcionalmente inverso ao dos jogadores de futebol ingleses, criando coadjuvantes marcantes, interessantes e que em momento algum destoam do resto. É uma equipe com competência tão homogênea que dá até pra sonhar como o mundo seria caso isso fosse transferido pras principais repartições públicas.

O único problema de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 é que ele não possui um final propriamente dito, ou seja, alguém na sessão que se considera muito engraçado certamente levantará após a projeção dizendo coisas como "ei, mas esse filme não tem final, rsrsrs". Fora isso, não apenas está à altura das expectativas como vai além, percorrendo caminhos que um blockbuster convencional não teria CULHÕES pra percorrer. E, assim, cria uma base sólida sobre a qual a parte 2 será construída, levando o público até metade do caminho e permitindo que a série possa ser encerrada com toda a grandiosidade que merece. E não é preciso ser bruxo ou usar de feitiços para perceber que este trem, tal qual o que leva a Hogwarts, segue em direção a um destino de pura magia.

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