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Ben Affleck na direção certa
André - 01 novembro 2010 - 00:05

Atração Perigosa (The Town)
4/5

Direção: Ben Affleck
Roteiro: Peter Craig, Ben Affleck e Aaron Stockard, baseado em livro de Chuck Hogan

Elenco
Ben Affleck (Doug MacRay)
Rebecca Hall (Claire Keeseey)
Jeremy Renner (James Coughlin)
Jon Hamm (agente do FBI que ninguém vai lembrar do nome)

Doug MacRay é habitante de Charlestown, cidade de Boston onde o point da galera é assaltar carros-fortes e bancos. Daí um dia, após assaltar mais um banco, ele acaba enamorado e se envolvendo com a gerente do dito-cujo, enquanto seus "trabalhos" vão ficando cada vez mais perigosos e arriscados. Sabe quando o cara começa a sair com uma garota e esconde dela algumas coisinhas não muito legais? É a mesma coisa, só que envolvendo o FBI.

Quem conhece o trabalho do Ben Affleck, sabe que a carreira dele se resume mais ou menos a "roteiro de Gênio Indomável e obras que corretamente não possuem a palavra "gênio" no título". Por isso é uma surpresa que Ben não apenas tenha co-escrito e dirigido este Atração Perigosa (mais uma vítima desse serial killer chamado "tradução de títulos"), como o tenha feito de fora competente, eficiente e assaz cativante.

Ou talvez os defeitos estejam escondidos debaixo dos lábios carnudos da Rebecca hall.

Já no início da película os letterings nos informam que Charlestown será quase uma personagem própria, exercendo sua influência negativa sobre a turminha que por lá circula, como se a única opção da cidade fosse virar fora-da-lei - tipo a torcida do Corinthians, mas com mais estilo. Da mesma forma, o roteiro se apressa em identificar MacRay como um sujeito da paz, seja através de diálogos ("ninguém precisa se machucar no assalto") ou informando o público de que ele excluiu o vício em drogas e álcool da sua lista de amigos no Orkut. Isso ajuda o espectador a estabelecer uma conexão com ele, já que essas "pistas" a respeito da personalidade do sujeito fazem com que a gente acredite que ele realmente é um cara legal. A partir daí a história vai sendo construída com calma, tomando um chimarrão, deixando que o público conheça as personagens e vá se envolvendo com os conflitos que começam a surgir. Uma pena que no final do segundo ato, para fechar o cerco e criar uma cena de tensão total, o roteiro declare derrota e apele para uma situação forçada, que acaba destoando do belo trabalho feito até ali. Nada que chegue a comprometer o resultado final, mas é aquele negócio né, mesmo ganhando bem ninguém gosta de tomar gol.

Em sua segunda incursão como diretor, Ben Affleck aposta numa fotografia ligeiramente granulada e que ora realça os tons pastéis das árvores de outono, ora dá ênfase às cores frias que permeiam a noite. Com isso, Affleck faz a melancolia tomar o filme de assalto, construindo uma atmosfera triste que abraça Charlestown como se não houvesse amanhã (e que não apenas ilustra como complementa a relação entre Doug e Claire). A câmera fica sempre na mão, pra andar de mãos dadas com aquele estilo meio "real e sujo" proposto pela fotografia, tremendo com maior ou menor intensidade de acordo com a instabilidade da situação - e o amiguinho do Matt Damon consegue não apenas criar ótimas sequências de ação (aquela perseguição de carros é tensa), como se dá ao luxo de ser SENSÍVEL eventualmente (como no plano onde Doug vê seu pai através de um vidro, e enxerga de leve também seu próprio reflexo). Pra completar esse climão de "vivemos em um buraco", a trilha minimalista vem sempre com acordes solitários, casando e viajando em lua-de-mel com o resto da direção de arte.

Apesar de atuar de forma acertadamente contida e realizar bem o papel de condutor da narrativa, Ben Affleck eventualmente é vítima de sua tradicional inexpressividade ao longo da projeção. Entretanto, o jeito tranquilo de Doug contrasta bem com a empolgação CHEERLEADERIANA de seu companheiro James Coughlin, que, contando com uma atuação enérgica de Jeremy Renner, torna-se um dos grandes destaques do filme. Enquanto isso, Rebecca Hall descarrega carisma com seus pequenos trejeitos e torna o mundo um lugar melhor com sua beleza desnorteadora. O resto do elenco resume-se a não cair de joelhos na frente da moça, realizando sua função com competência.

Atração Perigosa é uma boa surpresa, ainda mais vinda do cara que não conseguiu mostrar emoção nem quando estava dando uns amassos na Liv Tyler em Armagedom. Tudo bem, pode não ser um novo Gênio Indomável, mas com certeza é um passo à frente que Ben Affleck dá em um carreira com mais baixos do que alto. Prova total de que não podemos julgar um livro pela sua capa - ou de que realmente é possível tirar leite de pedra.

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