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Wake me up when the show ends
André - 14 outubro 2010 - 21:14
Eu seu livro Proust Was a Neuroscientist (sobre o qual já comentei aqui), o neurocientista e blogueiro Jonah Lehrer explica que a música é uma espécie de sobrecarga no nosso cérebro: a tendência das células cinzentas (abraço, Poirot) é se concentrar no som de apenas um instrumento - entretanto, como é informação demais pro dito-cujo, ele abandona essa tentativa fracassada de focar em apenas um som e passa a se concentrar na relação entre eles, e daí sim vem a música como a conhecemos. No mesmo livro o sujeito ainda explica que mente e corpo não são coisas distintas (como acreditavam alguns filósofos da idade média e alguns marombeiros do século XXI), pois as vezes um sentimento não se restringe à interpretação que o cérebro faz de impulsos nervosos. E ele dá como exemplo o medo, uma sensação que não existe sem alguns sintomas físicos como coração palpitando, pernas tremendo e vontade total de entrar naquele que é o bunker mais seguro de todos os tempos, o espaço debaixo dos cobertores.

Digo isso porque foi o que aconteceu no show do Green Day, ontem. A certa altura, a música chegou em um nível tão espetacular, a atmosfera chegou em um nível tão épico, ficou tudo tão devastador que foi demais pra qualquer mente conseguir processar tudo aquilo. E enquanto a cabeça conseguia apenas perceber as relações entre o som no volume ANIQUILADOR, as explosões, as labaredas, os fogos e a bazuca de camisetas (eu disse BAZUCA DE CAMISETAS), o corpo se deu conta disso e passou a dar voz a um sentimento de VITÓRIA que a mente não tinha tempo pra conceber. Estou falando daquele arrepio que começa na altura da cintura, vai subindo pelas costas espalhando emoção pelo mundo inteiro, em um crescendo descomunal, até que se torna tão intenso que é preciso liberá-lo fisicamente através de lágrimas.

Tenho certeza que Jonah Lehrer chegaria mais ou menos às mesma conclusões, talvez com um pouco mais de propriedade e elaborando um pouco mais seus argumentos. Mas aposto que ele não percebeu nada disso porque estava no meio de uma descomunal roda punk. E ei, quem pode culpá-lo?

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