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Jogando com a realidade
André - 09 outubro 2010 - 00:11
As pessoas estão sempre reclamando que o mundo está cada vez piorando mais - afinal, reclamar é uma das características mais nobres e intrínsecas ao ser humano, e não é como se o mundo, tal qual o Silas, pudesse reclamar que não fez nada pra merecer tais palavras. Mas daí chega alguém e diz que a sociedade sempre foi assim, que é tudo farinha do mesmo saco, e cita algum período ou evento da história pra justificar (idade média, império romano, Grécia antiga, Brasileirão por pontos corridos) porque, bem, porque nenhum de nós viveu naquela época e pode desdizer isso. Entretanto, existem fortes evidências de que jamais a balbúrdia havia tocado tanto o terror na galera: os videogames.

Vejam bem, vocês se lembram como eram os jogos de videogame no início de tudo? Um porco espinho descolado com tênis vermelho e que é mais rápido do que uma MÁ NOTÍCIA; um encanador que enfrenta bichinhos parecidos com CARAMELOS e é amigo de um dinossauro; um herói que vence seus inimigos na base do pedra, papel e tesoura, e por aí vai. Quer dizer, era como um roteiro de LOST, apenas um pouco mais coerente. Daí a galera chegava do colégio estressada após tantos conflitos e considerações sociais, e era transportada para um mundo que só existia no videogame.

Mas nos últimos anos alguém aí descobriu que videogame dava dinheiro, e resolveu transformar a indústria em algo sério. Os jogos viraram games, os jogadores viraram gamers, e, principalmente, os fabricantes estão possuídos pela ideia de emular a realidade. E dá-lhe falar sobre a "física do jogo", tentando simular os acontecimentos reais dentro de existências virtuais, buscando "transmitir a experiência mais real possível" para o jogador. Eles basicamente estão querendo recriar tudo ali na telinha, pra que as pessoas basicamente paguem não pra jogar, mas pra viver.

E se, ao contrário do que ocorria antes, o mundo para o qual as pessoas tentam escapar despreocupadamente está tentando roubar a camiseta de titular da realidade, deve ser porque a verdadeira realidade encheu o saco e resolveu chutar o balde de vez.
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