Tenho sérios problemas com essas "áreas vips" que andam colocando na frente do palco em shows monumentais por esse Brasilzão afora (claro que os publicitários inventam nomes mais palatáveis, como o "gramado premium" no vindouro show do Paul McCartney. Orgulho da classe).
O principal problema, óbvio, é que eu nunca tenho dinheiro para desfrutar de tais luxos. Porque os preços não são abusivos, eles são ESTUPRADORES. É mais ou menos como se eu oferecesse pra vocês um sorvete de uma bola a R$ 1 e um sorvete de 3 bolas a R$ 520,00. Simplesmente inviável. Deve sair mais barato contratar alguém pra sequestrar o músico e levar ele pra tocar em algum momento importante da minha vida, como quando eu venci o prêmio de "futebolista do ano" no modo Rumo ao Estrelato do PES 2010 (está tudo bem, vocês não precisam se levantar nem aplaudir).
O outro problema é que, como eu, muita gente nunca tem dinheiro pra desfrutar de tais luxos. E muitas pessoas desse grupo de muita gente são muito fãs do artista em questão. E o que acontece? Elas vendem a alma ao diabo (ou, pior, fazem hora extra) pra conseguir a grana ou simplesmente se contentam com uma posição menos favorecida no local.
No final das contas, metade das pessoas estão no "gramado premium" por CULHÕES e a outra metade porque pode. Porque é status. Porque é um "evento imperdível". E quando o show começa detonando tudo, a galera mais perto do palco não é a que está pulando alucinada e derretendo seu coração em forma de lágrimas, mas sim quem olha pro lado e diz "puxa, que legal, né?" (ok, estou generalizando, mas em tempos de trevas as generalizações se fazem necessárias). Não é mais necessário madrugar no estádio, acampar, fazer aquelas loucuras que soam tão bem quando contadas de forma exagerada nos dias seguintes: agora, só é necessário ter a quantia suficiente da moeda corrente e pronto, tá garantido.
Ou seja, novamente o dinheiro sobrepuja a paixão.
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