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Dormir, bocejar, se entediar
André - 03 outubro 2010 - 19:04
Comer, Rezar, Amar (Eat, Pray, Love)
1/5

Direção: Ryan Murphy
Roteiro: Ryan Murphy e Jennifer Salt, baseados no livro de Elizabeth Gilbert

Elenco
Julia Roberts (Elizabeth Gilbert)
Billy Crudup (Stephen)
James Franco (David Piccolo)
Javier Barden (Felipe)

Elizabeth Gilbert é uma escritora que, certo dia, visita um velho desdentado na Índia e percebe que sua vida é murrinha (não, eu também não entendi a ligação. Mas continuemos). Daí ela resolve viajar pra Itália, Índia e Bali, aprender coisas novas, encontrar a si mesmo e praticar todos aqueles clichês de auto-ajuda hollywoodianos.

Adaptar livros para o cinema não é bolinho, pois tudo de importante que no livro pode ser descrito (os pensamentos de uma personagem, por exemplo) tem que aparecer de alguma forma na telona. A solução mais simples? Usar alucinadamente narrações em off e personagens explicando de forma precisa o que está se passando com o protagonista/o que ele está sentindo. E o número de vezes que Comer, Rezar, Amar se utiliza desse artifício é quase maior do que o número de dentes que Julia Roberts tem na boca.

Não à toa esse pedaço de pizza tem oito metros de comprimento e recheio de OSSOS.

Vamos começar pelo problema principal: com poucos minutos de projeção, Elizabeth (Liz, para os íntimos) já está chorando as pitangas. Ela explica seu sentimentos em uma locução em off com algumas frases de efeito. E bem, é isso. O espectador é informado sobre o drama dela, ao invés de sentir. E aí qualquer tipo de envolvimento que o público poderia ter vai pro brejo. Quer dizer, se o motivo pelo qual Liz faz a mochilada não é bem desenvolvido, o arco dramático que a moça vai percorrer já está comprometido. Mas o próprio filme não se ajuda, colocando o tempo todo pessoas que dizem para Liz o que ela deve fazer para alcançar a "paz", o "equilíbrio" e outros conceitos que a gente vê todo dia na "sorte do Orkut". Pra piorar, diálogos constrangedores invadem o campo e tomam tudo de assalto ("olhe nos meus olhos e diga se me ama ou não", "você precisa perdoar a si mesma"), o que faz com que a película pareça ter oito semanas de duração. E as personagens parecem simplesmente colocadas ali pra mover a história pra frente, sem que nenhuma ganhe destaque ou tenha um pouco de carisma, como se fossem apresentadores de televisão espalhados pelo mundo.

Com tantas paisagens bonitas pra fotografar, o diretor RYAN SEILAOQUE estava com a faca, o queijo e uma morena de seios fartos nas mãos. Entretanto, tomado por algum espírito indie, inventou de filmar tudo com a luz estourada, eventualmente criando uma atmosfera "divina" em cima da Elizabeth, de alguns coadjuvantes, e... bem, em tudo que seja branco. A estratégia acaba se mostrando pior do que as do técnico Silas, pois mostra a urbana Nova Iorque com a mesma aura "mística" que as demais cidades (que, teoricamente, deveriam ser mais impressionantes, pois é onde Liz tem as epifanias de mudança de vida e tal). Também vive fazendo travellings e panorâmicas com sua câmera - o que até poderia ilustrar o constante "movimento" da protagonista, caso tais movimentos não fossem planejados pela arbitrariedade total. E ainda por cima o diretor aparentemente nunca tinha visitado nenhum dos países, pois metade do filme é composta por paigasens e monumentos simplesmente sendo filmados, que ele deve ter captado para guardar como recordação e mostrar aso seus amigos. Ao menos a direção de arte faz o seu papel e a trilha sonora, com Neil Young e Eddie Vedder (que são a mesma pessoa, apenas estão em diferentes épocas temporais), consegue um ou outro resquício de emoção.

Diante de um roteiro composto por todas as variações da palavra "FRACASSO", Julia Roberts gasta seu carisma fazendo com que o espectador não odeie a protagonista (falhando em boa parte do processo). Já o resto do elenco não é composto por personagens, mas sim de "sistemas de suporte para diálogos", que estão lá apenas para dizer verdades universais e traduzirem os sentimentos da Elizabeth. O único que consegue algum destaque é Billy Crudup, que, embora com poucas cenas, aqui e ali consegue fugir da obviedade.

No final das contas, embora pregue um pouco daquela coisa de carpe diem (abraço, Robbin Williams), Comer, Rezar, Amar é tão burocrático e sem sal quanto a vida que sua protagonista levava até querer sair por aí ATAZANANDO diversos países. E se for inspirar alguém a repensar sua vida, será graças à reflexão causada pela pessoa ter perdido duas horas da sua vida em algo tão desinteressante.

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