uno, dos, tres...
André
Bruno
Kleiton
Laura
Leandro
Rafael
Thiago
14

hello, hello!
Cão Uivador
Dilbert blog
Forasteiro RS
GPF
Improfícuo
La'Máfia Trumpi
Limão com sal
Malvados
Moldura Digital
Notórios Infames
PBF archive
Wonderpree

hola!
Otimizando o pessimismo digital
Where I stop and turn and I go for a ride
Feliz Segunda-Feira
Levando na esportiva
Feliz Segunda-Feira
Ben Affleck na direção certa
OFERTA DE EMPREGO TEMPORÁRIO
Jogando com sonhos
Feliz Segunda-Feira
A crise dos sessenta

Swinging to the music
A 14 Km/seg
Expressão Digital
Peliculosidade
Suando a 14
Tá tudo interligado
Cataclisma14 no Pan
Libertadores 2007

dónde estás?


all this can be yours...





RSS
Um parto de sessão
André - 14 novembro 2010 - 23:38

Um Parto de Viagem (Due Date)
2/5

Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips, Alan R. Cohen, Alan Freedland e Adam Sztykiel

Elenco
Robert Downey Jr. (Pete Higman)
Zack Galifianakis (Ethan Trembley)

Após perder um vôo e ilustrar a expressão "roteirista preguiçoso", Peter Highman se junta ao estranho Ethan Trembley em uma viagem para cruzar o país a tempo de ver seu filho nascer. Mas é claro que no trajeto acabam acontecendo muitas chocarrices, tornando o filme um grande remendo de situações tão ou mais estranhas quanto qualquer programa televisivo japonês.

Famoso pelo excelente Se Beber, Não Case (cujo título original é The Hangover, mas deveria ser Cromossomo Y), o diretor Todd Phillips agora resolveu experimentar, trabalhando com um roteirista de 15 anos de idade que com certeza tinha maconha preenchendo cada SINAPSE de seu corpo. Pois essa é a única explicação para gastar 50 milhões de dólares e dois ótimos atores em um filme cuja criatividade vai até o nível "seria engraçado pra caralho se a gente mostrasse um cachorro se masturbando!".

Zack Galifianakis esperando a criatividade chegar.

O principal problema da película nem é a trama que, de tão forçada, pode ser acusada judicialmente de estupro. O principal problema é que o Zack SOBRENOMEESTRANHO fez sucesso com sua personagem esquisita e loser em Se Beber, Não Case. Então alguém achou uma ótima ideia simplesmente transportar ela pra este Um Parto de Viagem e dar ao sujeito uma importância quase tão grande quanto a que a mídia dá aos ex-BBBs. Ou seja, o filme é basicamente Ethan fazendo coisas idiotas que contrariam qualquer noção de realidade, sempre com cara de bobo, enquanto o irritadiço Peter atura tais façanhas. Só que as idiotices do Ethan não são engraçadas. São escatológicas, clichês, sexuais, clichês, implausíveis, clichês e contraditórias, mas não engraçadas. Porque o espectador sabe que sempre que o cara está em cena algo idiota vai acontecer, e nunca é pego de surpresa. Há sempre uma antecipação tipo "certo, vamos ver qual é a próxima idiotice". E isso, além de soar episódico, além de demonstrar que o filme foi pensado apenas como um monte de baboseiras que não tem nada a ver uma com a outra (em certo momento, por exemplo, Ethan diz que só consegue dormir caso se masturbe antes. Na cena seguinte, ele simplesmente cai no sono enquanto está dirigindo), faz com que o público não se interesse nem um pouco pelo barbudo estranho (afinal, ele sequer é uma personagem. Uma definição melhor seria "catalisador de situações adolescentes"). Só não é o fundo do poço total porque aqui e ali há diálogos realmente inspirados e Peter mostra-se uma personagem interessante e tridimensional, além de usar um óculos extremamente STÁILE.

Um Parto de Viagem segue por um visual bastante convencional, pelo menos no que diz respeito à linguagem, já que não há nada de convencional em enquadrar cachorros se masturbando. Tem também aqueles tradicionais planos com o carro andando e o sol se pondo ao fundo, passando por pontos turísticos, silêncio opressivo entre os viajantes após alguma cagada, enfim, a wikipédia toda dos road movies está lá. Por algumas vezes foge do tom (tipo a parte da alucinação dos dois no carro, que vira as costas e fica de mal com o resto da linguagem visual, pois contrasta com a fotografia dessaturada e que até então abraçava com carinho um tom de realismo), mas apenas em um ou outro momento. O que acaba se destacando mesmo é a descomunal trilha sonora, que não tem pudor nenhum em reunir gente do nível de Neil Young e Pink Floyd, tornando-se o único aspecto da produção digno do selo "correr alucinadamente e de braços abertos pela rua" de qualidade.

Como Peter Highman, Robert Downey Jr. mostra sua tradicional eficiência e carisma, que vêm junto com um ótimo timing cômico, tornando o sujeito alguém agradável e que carrega o público facilmente ao longo da projeção. Infelizmente ele carrega também Zack SOBRENOMEDIFÍCIL, que, apesar de ótimo ator, precisa se limitar a maneirismos estranhos e olhares patéticos porque ei, ISSO É ENGRAÇADO! Daí não tem Jonas que consiga resolver. Já o resto do elenco está ali apenas para interpretar figuras caricaturais e irritantes, então, como a produção não perdeu tempo pensando a respeito dos coadjuvantes, não perderemos tempo falando sobre eles.

Tal qual os horários de ônibus em Porto Alegre, Um Parto de Viagem falha com louvor em praticamente tudo que se propõe a fazer. Sem graça, sem emoção, sem criatividade e quase sem carisma. Considerando que essa película é um grande painel que abriga os dizeres "derrota" e que o filme anterior do diretor, Se Beber, Não Case, desce tão bem quanto uma cerveja gelada após o futebol, talvez o título em inglês The Hangover tenha ido para a obra errada.

Marcadores:

Comentários: 0