Barney Ross e seu time de mercenários são contratados pela CIA pra tocar o terror em cima de um ditador ali na América do Sul. Lá eles encontram uma moça sexy e latina, porque todas as latinas dos filmes são sexy, e, como são um bando de FRUTINHAS, resolvem largar a missão e ajudar ela a tornar a ilha de Vilena um lugar melhor.
Depois de um trabalho, um bando de caras, em um veículo, relaxa contando piadas provocativas, tomando cerveja e fumando charuto. Tipo uma sexta-feira comum, né? Só que aqui eles fizeram isso depois de ter feito dezenas de TERRORISTAS ALEATÓRIOS abotoarem o paletó. Era bem esse clima de CROMOSSOMO Y que o Stallone queria passar, reunindo pesos-pesados do gênero de ação. Mas em algum momento a testosterona deu com os burros n'água, e a única coisa viking do filme foi mesmo a lista de nomes no cartaz promocional.
"Solte a arma ou leva um tiro de botox na fuça".
A história deve ter sido encontrada pronta na internet, mas convenhamos, a trama não possui lá tanta relevância nesse caso. O problema principal em Os Mercenários, com relação ao roteiro, é a absoluta inexistência de qualquer frase de efeito devastadora. Você é a doença e eu sou a cura, Hasta la vista, baby ou (o plano é) Resgatar a fulana. Matar o resto são substituídas por genialiades como ok, é a sua mãe e vamos voar. Além disso, o botox que Stallone tanto usou o deixou cego para lacunas gritantes na hora de criar a BRODERZICE das personagens. Tipo, os dois protagonistas parecem simplesmente estar ali porque o roteiro quer, e não porque eles curtem detonar vilões estereotipados no sábado de noite e fazer um CHURRAS no domingo pra assistir ao jogo do Grêmio. Aliás, sequer há uma diferenciação entre eles, quer por especialidade ou caráter: são todos brutamontes (decisão acertada) sem noção nenhuma (decisão acertada) mas que muitas vezes se confundem na tela (decisão DESACERTADA).
Confesso que também me incomodou a fotografia ligeiramente granulada, que tenta conferir um tom "real" a algo que é absurdo por natureza (e contrasta totalmente com as cenas de tripas sendo atiradas pra todo lado, que são quase num nível
Kill Bill). Pior que isso só a famosa câmera-Parkinson, com suas tremidas e zooms alucinados (eu o almadiçôo,
Riddley Scott!), tornando impossível para o espectador identificar QUALQUER COISA que está em cena. Daí tudo aquilo que a película justamente teria de melhor, a "ação descerebrada", ganha a intensidade de um programa sobre culinária (quem é que chama o Jet Li pra um filme e dá uma metralhadora pro cara, ao invés de jogar ele no KUNG FU FIGHTING total?). Pra completar, os efeitos especiais são apenas corretos, embora falhem miseravelmente em uma cena onde um sujeito fica literalmente em chamas.
No elenco, destacam-se a boa presença de cena de Statham e a participação de Mickey Rourke, que tira leite de pedra nas poucas cenas em que aparece. O resto se propõe a disparar armas e soltar uma ou outra piada fraca de vez em quando, e se Stallone consegue algum destaque como ator, é só por causa das suas sobrancelhas extremamente estranhas e que parecem desenhadas. Bizarrice total, carisma zero.
Todo o TITITI em torno de Os Mercenários era por causa da reunião do elenco, da promessa de ser testosterona impressa em um filme, e coisa e tal. Mas na verdade a película acaba mostrando um bando de sujeitos que fazem tudo por causa de uma MINA e de uma moral sentimentalóide. Mesmo acompanhado de tantos especialistas em manejar pistolas, facas, revólveres e até bazucas, Stallone conseguiu a proeza de errar o alvo.