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Jogos, trapaças e um detetive brilhante
André - 10 janeiro 2010 - 22:56
Sherlock Holmes
4/5

Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Michael Robert Johnson, Anthony Peckham, Simon Kinberg, baseados em... ah, vocês sabem.

Elenco
Robert Downey Jr. (Sherlock Holmes)
Jude Law (John Watson)
Rachel McAdams (Irene Adler)
Mark Strong (vilão com cara de mau e um dente torto)

Sherlock Holmes, o segundo maior detetive da história (abraço, Poirot), e seu bróder Watson se envolvem em um caso aparentemente sobrenatural, onde um lorde lá planeja um ataque que vai sacolejar toda a Inglaterra. Claro, isso implica em muitas reviravoltas, diálogos afiados, cenas de ação e, como não poderia deixar de ser, um cachorro.

Após Christopher Nolan e J.J. Abrams darem Ctrl + Alt + Del em duas franquias lucrativas (Batman e Star Trek, respectivamente) e as apresentarem de forma renovada para a geração MSN, algum produtor esperto teve o insight de renovar também aquele detetive famoso que usa um chapéu tipo o do Chaves e fuma cachimbo. E quem melhor para fazer isso do que Guy Ritchie? Afinal, ele é conhecido pela galera mais nova, pois precedeu Jesus Luz no posto de fornicador da Madonna (ele também fez dois filmes geniais, mais isso é irrelevante).

Entretanto, Ritchie não foi tão corajoso quanto Nolan e Abrams (ou não teve tanta liberdade por parte dos produtores - aqueles caras que ficam em uma sala escura rindo maquiavelicamente e botando o Adam Sandler em filmes), pois Sherlock Holmes tem alguns momentos claramente colocados ali para BLOCKBUSTERIAR o público: a tentativa de fazer uma luta "grandiosa" no clímax, a trama envolvendo a mudança de Watson e seu BROTO, um vilão tão motivado quanto um funcionário público, enfim, essas coisas que acabam destoando do resto. Também senti falta de uma linha narrativa central mais forte, pois determinadas cenas pareciam um tanto aleatórias, e a certa altura quando alguém fala "você jamais desvendará esse enigma", eu me peguei pensando "enigma? Qual é o enigma? Tomara que ele tenha a ver com a Rachel McAdams deitada nua em uma cama, e surjam milhares de Rachels McAdams pra deitar com ela, e...".

No geral, entretanto, o roteiro se mostra calibrado e pronto pra encher a cara. As sequências são agéis, criativas, os diálogos são inspirados, o humor está presente na medida certa (pertinente, sem soar forçado. Ou seja, nada daquela história de, no meio da maior cena dramática do universo, o cara que é o alívio cômico do filme fazer uma piada envolvendo a expressão "pum"). Visualmente, então, a coisa é ainda mais impressionante: com uma direção de arte monstruosa, Sherlock Holmes constrói uma Londres suja, quase monocromática, que salienta o clima UNDERGROUND da película. Na verdade, acredito sinceramente que a maior parte do orçamento foi gasta construindo uma máquina do tempo para voltar até a Londres vitoriana, SEQUESTRAR a cidade inteira e colocá-la em um estúdio da Warner. De resto, o ex da Madonna mostra que ainda entende do RISCADO, embora mantenha-se mais contido em termos de enquadramentos, planos, edição e cenas colossalmente vikings do que em suas obras anteriores - com exceção de um ou outro plano onde o cara solta mais a franga, o filme é conduzido de forma segura e eficaz (afinal, o grande astro aqui é um detetive extremamente racional e lógico, e fugir dessa característica na linguagem acabaria destoando). E os momentos onde Sherlock Holmes planeja seus ataques antes de entrar de vez na briga superam a TEORIA DA RELATIVIDADE em termos de genialidade.

Por falar em detetive, a melhor sacada da produção foi botar o Robert Downey Jr. no papel. Sério. Completamente em chamas, ele cria uma personagem inquieta, de olhos levemente arregalados, como se estivesse atento a tudo que acontece no recinto (inclusive fiquei com medo de jogar um papel no chão na sala de cinema, o detetive perceber e me denunciar), mas também extremamente carismática. Não há como não gostar do sujeito, e é esse o grande trunfo do filme: Robert Downey Jr. criou um protagonista absurdamente interessante. Apenas uma produção é muito pouco para ele, a galera vai querer mais. E assim está criada uma base sólida sobre a qual pode se sustentar uma franquia.

O resto do elenco está ali para dar suporte (é como um time escalado com um meia e dez volantes). Jude Law faz um Watson meio, bem... meio Jude Law demais. Não chega a comprometer, mas é aniquilado pelo Downey Jr. toda vez que ambos estão em cena. Mark Strong cumpre bem seu trabalho de ser um boneco de cera em quem o mocinho pode bater. E Rachel McAdams, embora tenha um papel bastante unidimensional, faz chover pedaços de chocolate na sala de cinema toda vez que sorri.

Sherlock Holmes faz juz à fama de seu protagonista. É inteligente, é divertido, é Rachel McAdams, é engraçado, é um bom exemplo de que blockbusters não são crias do demônio e podem sim ser criativos dentro de seu esquema. E agora que as bases já estão FUNDADAS, a inevitável continuação pode crescer ainda mais e se tornar uma película digna de comprar o DVD e fazer citações em rodas de amigos. E se eu acho que Guy Ritchie e Robert Downey Jr. tem culhões pra fazer isso? Elementar, meu caros leitores.

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