Confesso, não sou muito fã da TV aberta. Vejam bem, não é que eu sou exigente com os programas, mas só que, sabe, para sobreviver a meia hora de qualquer um deles, eu tenho que criar uma história completamente diferente na minha cabeça e prestar atenção nela. E acreditem, se na minha história não tiver algo como a Scarlett Johansson vestindo apenas uma calcinha do Grêmio, fracassarei na empreitada de chegar até o final de algo como o Fantástico. Na verdade, penso que a programação da TV aberta deveria ser usada como acelerador de partículas, pois não passa de um grande vácuo.
Esses dias, por exemplo, assisti uma minissérie nova da Globo. Não sei o nome (aliás, não lembrar nomes é intrínseco aos homens. Mas divago). Mas ela começava com um desabamento de terra que extinguia do planeta uma bela pousada em Angra dos Reis. Na virada do ano, isso. Então apareciam bombeiros, paramédicos, jornalistas, todo o clichê que tem quando um desabamento de terra extingue do planeta uma bela pousada em Angra dos Reis. Até aí ok, um pouco de drama é bom pra captar a atenção do espectador. Só que depois, como em qualquer novela, a Globo pegou o drama e deu a ele um porre de uísque com energético. Focaram em uma guria que morreu e era filha dos donos, mostraram flashbacks dela tocando violão, conversando, enfim, sendo normal, em uma tentativa desesperada de arrancar lágrimas dos espectadores. Afinal, se faz a pessoa chorar, é algo profundo.
Tivessem centrado a trama nos acontecimentos, talvez ficasse mais interessante e pertinente. Maldita mania de querer transformar sofrimento em ainda mais sofrimento. Já imaginou se essa coisa toda tivesse acontecido de verdade? |