Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight) 5/5
Direção: Cristopher Nolan Roteiro: Cristopher e Jonathan Nolan, baseado em argumento de David S. Goyer
Elenco Christian Bale (Batman) Heath Ledger (Coringa) Michael Caine (Alfred) Aaron Eckhart (Harvey Dent) Maggie Gyllenhaal (Rachel Dawes) Morgan Freeman (Lucius Fox) Gary Oldman (Comissário Gordon)
Depois de se estabelecer em Gotham com os milhões de dólares arrecadados por Batman Begins, o homem-morcego dá as cartas na cidade, e os criminosos começam a ter medo do escuro. Mas eis que surge o palhaço do crime, pra virar o mundo do Batman de cabeça pra baixo e jogar tudo no caos.
Assim que as luzes se acenderam na sala de projeção, imediatamente associei O Cavaleiro das Trevas a outro filme. Tropa de Elite, pra ser mais exato. Não porque ambos os filmes tenham protagonistas torturados e amargurados com o que faze, mas sim porque, de certa forma, trabalham com a mesma lógica: se na película de José Padilha o Capitão Nascimento é nada mais do que um produto do meio, que surge unicamente como resposta às atitudes do tráfico, na obra de Cristopher Nolan o Coringa surge como a resposta às atitudes do Batman. O fato de existir um herói é que fez nascer o vilão.
E eis aí o grande trunfo do filme. Batman e Coringa são antagonistas, e se complementam. Duas aberrações fascinantes, colocadas de lados opostos, mas conectadas por uma bizarra relação de amor e ódio. Uma história que o diretor não tem medo de explorar e, com isso, cria uma série de conflitos dramáticos que se justificam. Quando Bruce Wayne se questiona sobre a inspiraçao que passa enquanto símbolo, o espectador sabe que ele foi atingido pela aparição do Coringa. Da mesma forma, os ataques absolutamente sem noção do palhaço do crime levam a um questionamento interessante: como não ultrapassar os limites quando se enfrenta alguém que não possui limites?
Contando com grandes coadjuvantes (e grandes atores nos papéis), O Cavaleiros das Trevas se mantém sempre tenso e interessante. A trama envolvendo Harvey Dent e Rachel Dawes é não apenas convicente, mas comovente. Alfred desfila seu humor afiado mais uma vez, enquanto o Comissario Gordon e Lucius Fox servem como a base segura da história, tipo os "Felipões" de Gotham City.
Mas o bicho pega mesmo é entre o guampudo e o cara que usa maquiagem (eis uma frase que não faz jus à quão viking o filme é). Mais uma vez, Christian Bale está perfeito como o playboy que gosta de caçar homens à noite (mais uma vez!): a forma como ele muda o tom da voz quando está dentro do uniforme é impressionante, e ajuda a criar o mito do herói. Tipo, não é surpresa que a galera se borre nas calças ao ver o cara. Seus movimentos também são contidos, como se sempre soubesse o que está fazendo.
Já sei, já sei o que todos os cinco leitores do blog estão se perguntando. E o Coringa? E a atuação de Heath Ledger?
Pois bem. O australiano está brilhante no papel. Sempre inquieto, com a cabeça levemente inclinada e passando a lingua bela boca, entre outros trejeitos. Assim, ajuda a demonstrar a instabilidade da personagem. E convence, porque nunca sabemos o que ele fará em seguida. O Coringa de Ledger é como uma página em branco, onde tudo pode acontecer, e isso torna a presença dele em cena quase incômoda, ainda que fascinante.
O único porém, a única ressalva que faço quanto ao filme, é justamente... no vilão. O cara tá assustador? Tá. Ele faz frente ao Batman? Faz. Mas o diretor optou por uma versão mais "palhaço assassino" do que "palhaço do crime". O Coringa ri muito pouco, não se diverte como deveria se divertir. É um psicopata, mas não aquele cara completamente insano. Faltou a ele justamente o que o palhaço do crime mais preza: diversão.Marcadores: Peliculosidade |