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Scorsese na cabeça
André - 21 março 2010 - 17:12
Ilha do Medo (Shutter Island)
4/5

Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Laeta Kalogridis, baseado em livro de Dennis Lehane.

Elenco
Leonardo DiCaprio (Teddy Daniels)
Mark Ruffalo (Chuck Aule)
Ben Kingsley (Dr. Cawley)
Michelle Williams (Dolores Chanal)

Em 1954, Teddy Daniels é um agente federal que vai para uma ilha isolada investigar uma paciente que tomou chá de sumiço. No entanto, para acompanhar o sucesso de LOST, coisas estranhas começam a acontecer na Ilha, e logo Teddy envolve-se em situações que colocarão em xeque sua própria sanidade.

Como sempre, o título brasileiro não faz jus ao original e à história - o correto seria algo como, por exemplo, Ilha do FREUD EM CHAMAS. Porque o que realmente toca o terror ali, com o perdão do trocadilho, é o desgaste psicológico no qual o protagonista é DESOVADO. É angustiante. Scorsese cria uma ambientação opressiva, que vai desgastando o espectador conforme a história se desenrola. Mais ou menos o equivalente a assistir uma convocação da seleção brasileira e torcer pro Gilberto Silva não ser chamado.

A tramóia já começa sinistra, com um navio surgindo no meio da névoa, e a primeira fala basicamente resume o filme. Daí a coisa engata em uma história intrincada, onde Teddy desconfia de tudo e de todos, e sai ESCARAFUCHANDO a ilha pra tentar descobrir a verdade. As motivações do protagonista sempre soam plausíveis, e a história envolve perfeitamente o espectador na paranóia que se forma na cabeça do Teddy, a não ser quando algum flashback se mete no meio e quebra um pouco o ritmo da narrativa (sim, eu sei que eles são importantes; sim, eu sei que eles são bonitos; sim, eu sei que eles possuem significados que vão fazer psicanalistas lamberem os beiços; mas aqui e ali eles não são tão orgânicos assim). Além do mais, o roteiro não se adequa a estruturas pré-concebidas, e a imprevisibilidade da trama mantém a engrenagem do filme rodando alucinadamente.

Claro que nada disso faz diferença, porque Martin Scorsese dirige película de forma tão emblemática que, caso a história fosse uma BULA DE REMÉDIO, ainda assim seria digna dos mais exacerbados elogios. É impressionante o domínio que o sujeito tem da narrativa - a cena em que Teddy caminha por um corredor escuro, por exemplo, é de uma tensão devastadora (Scorsese sabe que, enquadrando DiCaprio no canto, deixa um espaço que sugere que algo vai acontecer ali, e assim transforma o coração do espectador em uma bateria de escola de samba). Além do mais, busca sempre enquadramentos elegantes, nunca se rendendo a soluções ou sustos fáceis, seja em cenas mais íntimas ou mais violentas (o travelling na hora da execução dos nazistas é colossal. Fui obrigado a criar um sétimo sentido para apreciar a cena de forma adequada). Com exceção de um ou outro chroma key meio truncado, Ilha do Medo é visualmente irretocável, graças também à ótima direção de arte, que cria um mundo cinzento e sem vida, com exceção dos flashbacks (e um deles, de tão colorido, torna o momento ainda mais cruel e horrível). Para fechar a questão da ambientação, a trilha minimalista, com notas limpas e sem aquela barulheira súbita tão característica dos filmes de "terror", mantém o espectador em estado constante de "PUTAQUEPARIU ACABA LOGO COM ESSA TENSÃO".

Para não jogar pelo ralo tanto esforço em prol de um filmaço, Scorsese escolheu um elenco homogêneo: Mark Ruffalo demonstra tranquilidade e serenidade como Chuck Aule (e é dono de um aceno de cabeça no final que levaria às lágrimas até o zagueiro mais adepto da brutalidade física), Ben Kingsley atua de forma tão racional que torna o Dr. Cawley uma personagem ao mesmo tempo dúbia e confiável, e Michelle DAWSON'S CREEK Williams é extremamente gata. Só Leonardo DiCaprio exagera às vezes na intensidade, fazendo com que o drama de Teddy soe um pouco teatral.

Ilha do Medo é uma película de trama complexa, direção segura, elenco cativante, aspectos técnicos EM RIBA. E como se não bastasse, Scorsese ainda joga uma última linha de diálogo que eleva a discussão de realidade para outro nível. Sabe muito esse menino.

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