Esses dias estava pensando sobre a palavra "exclusivo", que os anúncios costumam usar para atrair os consumidores, algumas festas usam pra fazer seus convidados sentirem-se mais importantes, enfim, uma palavra que apela ao tradicional instinto humano de querer ficar na CRISTA DA ONDA.
O engraçado é que a galera não parou pra pensar muito na expressão em si. Tipo, "exclusivo". Vem de "excluir". Reflitam. Não é "inclusivo". Ou seja, naquela festa onde apenas o sujeito e mais noventa pessoas foram convidadas, incluindo a morena cujo decote instiga mais do que a última temporada de LOST, não é que o cara foi "bom" o suficiente pra ser incluído; ele apenas não fez parte dos "excluídos" (a morena, sim, fez por merecer. Deus abençoe os seios fartos). Então a tal festa é quase a mesma coisa que uma triagem médica, com exceção de que tem muito mais substâncias químicas e pessoas doentes na festa.
O que nos leva a toda uma cultura de exclusão. Todo mundo quer ser exclusivo, e daí podemos inferir que todo mundo quer excluir os outros. Egoísmo em nível 99 no Winning Eleven. Quando os anúncios dizem "promoção exclusiva", eles já estão dizendo "ok, essa promoção não é pro fulano, mas não vamos fazer muito alarde a respeito". As festas idem. Sei que eles acham que estão na verdade chamando diretamente a alguém, e massageando o ego dessa pessoa, que por sua vez também acha que possui um brilho especial, e assim por diante, mas não é. Basicamente, o que fazem é apenas empurrar o resto da galera um passo pra trás quando alguém pergunta "quem quer ser convidado pra festa/participar da promoção, dê um passo à frente".
Então lembre-se: você não é um floco de neve especial (abraço, Tyler Durden). Você não passa de um grande excluidor, assim como eu e todo mundo, e todas as vezes que pensou que era especial, na verdade você estava privando outros de alguma coisa. E boa parte da construção do ego através de sentimentos como orgulho, altivez e individualidade estão diretamente relacionados com uma sensação agradável de excluir pessoas. Passamos a vida assim. Não me surpreende, então, que sejamos capazes de atos tão estúpidos, tão mesquinhos, tão bestiais. É algo inclusivo a nós, humanos. |