uno, dos, tres...
André
Bruno
Kleiton
Laura
Leandro
Rafael
Thiago
14

hello, hello!
Cão Uivador
Dilbert blog
Forasteiro RS
GPF
Improfícuo
La'Máfia Trumpi
Limão com sal
Malvados
Moldura Digital
Notórios Infames
PBF archive
Wonderpree

hola!
Ready for the laughing gas
Série "Todo Mundo em uma Ilha"
Redes sociais, frases sofríveis
Scorsese na cabeça
Post exclusivo
Quem é vivo, às vezes, quem sabe, aparece..
Série "Todo Mundo em uma Ilha"
Nick Hornby, cadê você?
Apartamentoheid
Série "Todo Mundo em uma Ilha"

Swinging to the music
A 14 Km/seg
Expressão Digital
Peliculosidade
Suando a 14
Tá tudo interligado
Cataclisma14 no Pan
Libertadores 2007

dónde estás?


all this can be yours...





RSS
Dragões completamente em chamas
André - 28 março 2010 - 19:33
Como Treinar seu Dragão (How to Train Your Dragon)
5/5

Direção: Dean DeBlois e Chris Sanders
Roteiro: Dean DeBlois e Chris Sanders, baseado em livro de Cressida Cowell

Elenco
Jay Baruchel (voz do Soluço)
Gerard Butler (voz do Stóico)
America Ferrera (voz da Astrid)
Jonah Hill (voz do Melequento)

Desde que Toy Story inaugurou o mercado dos longa-metragens de animação computadorizada, a Pixar utilizou-se de algum código da Konami e largou na frente, deixando o resto da galera comendo poeira. Só que em algum momento a Dreamworks percebeu que não bastava colocar um ogro verde parodiando cenas de filmes para fazer algo memorável, e decidiu que ia tocar o terror pra cima da Disney. Porque este Como Treinar Seu Dragão é um salto, uma catapulta, um BURACO DE MINHOCA de qualidade em relação ao que a empresa estava apresentando. E a Pixar deve estar sentindo bafo quente de dragão no cangote.

Já no início somos apresentados aos problemas da vila, que sofre ataques constantes de mulheres feias dragões (por outro lado, devem ter poucos mosquitos por lá). E ao mesmo tempo que isso estabelece a posição dos vikings enquanto predadores dos animais, apresenta Soluço como um pirralho espirituoso e sensível que destoa daquele mundo. Por isso, não é surpresa quando, ao invés de matar um dragão Fúria da Noite (apelidado mais tarde de Banguela. Ah, as crianças e sua criatividade...), o guri se torna bróder dele. Da mesma forma, vamos percebendo a inteligência daquele garoto ao perceber diversos detalhes, interpretá-los, aplicar seu conhecimento, construir sua própria personalidade, que não é o que esperavam dele (e nem mesmo o que ele queria no início), mas sim o caminho que ele descobre no meio das dificuldades. Um avassalador trabalho de construção de personagem, que faria Tchekov chorar no cantinho de inveja.

Já o visual é completamente desnorteador, tanto pelos efeitos 3D (também conhecidos como "cuidado, está vindo na nossa direção!") como pela qualidade da animação - percebam a fluidez com que as barbas e cabelos dos vikings se movimentam, e também a preocupação com os PÊLOS DOS BRAÇOS das personagens, o que denota uma muito bem-vinda obsessão de CONTROLAR A NATUREZA por parte dos diretores. Da mesma forma, a aldeia viking, localizada em uma estrutura irregular de rochas, cujas construções são feitas à base de madeira e pedras, torna-se não apenas sem vida como também opressiva. Mesmo os grandes salões são tão envoltos em sombras quanto a Igreja Católica, o que também ajuda no contraste com Soluço, que é um molecote com cabelo stáile e pra lá de empolgado (não à toa o lugar onde ele e Banguela fazem amizade é repleto de verde, rios, sol, pássaros cantando e Scarletts Johanssons correndo nuas pela RELVA). E o trabalho da direção de arte é tão enveredado com o roteiro que, conforme a percepção dos vikings se altera ao longo da narrativa, a aldeia ganha uma atmosfera completamente diferente.

Também faz-se necessário reverenciar o trabalho dos diretores Dean DeBlois e Chris Sanders: totalmente alucinados, com ambições JAMESCAMERONIANAS, eles criam sequências que levam a expressão "poesia visual" ao ponto de ruptura, que pegam a expressão "grandiosidade" e a devoram como se fosse uma CAIXA DE BIS. Impossível não ter os batimentos cardíacos descompassados enquanto Soluço e Banguela sobrevoam paisagens sensacionais, derrapam nos mares, tocam nas nuvens, em inacreditáveis planos abertos que enchem os olhos e dão nós nas gargantas dos espectadores. Uma das melhores utilizações não apenas do 3D, mas também das oportunidades oferecidas pela animação (a câmera segue o menino e o dragão onde eles forem, sobe, desce, dá a volta, sem medo de ser feliz). Como se tamanha beleza não fosse o suficiente para ABATER o público, a trilha sonora dispara melodias épicas sem perdão, praticamente obrigando o pessoal da sala de cinema a despejar adrenalina no formato de lágrimas.

Como Treinar seu Dragão é puro deleite visual, mas também uma comovente história de crescimento e aprendizado. Possui uma profundidade até então inédita nas produções da Dreamworks, transmitindo sua mensagem de forma cativante, sincera e verdadeira (há uma preocupação em evitar as "concessões felizes", tão presentes em blockbusters). Fazer o paralelo com Coração de Dragão, outra espetacular obra onde homem e réptil alado forjam uma amizade singela diante de circunstâncias desfavoráveis, é inevitável, o que não deixa de ser um elogio. Porque esse Como Treinar seu Dragão é uma verdadeira experiência que faz a galera acreditar na tão clichê e abandonada expressão "a magia do cinema".

Marcadores:

Comentários: 0