Essa coisa de usar o computador como uma "central de comando" pra tudo (trabalho, lazer, faculdade) acaba tendo repercussões interessantes na vida das pessoas; algumas delas, bizarras. Dentre elas, a mais explícita é estimular a criação de um universo particular ao redor do PC, com gadgets e outras besteiras que só vendo pra acreditar.
Nas últimas semanas tenho feito algumas visitas ao ThinkGeek. Esse site tem praticamente todo o tipo de besteira que se possa imaginar para transformar o entorno do seu micro numa verdadeira Disneylândia em miniatura. Ali dá pra encontrar, por exemplo, o Snowbot: um boneco de neve com duas cores de visor, braços articulados e o "autêntico som snowbot", seja lá o queisso queira dizer.
Nesse mesmo site, está disponível também o Cube World Digital Stick People: bonequinhos-palito digitais que vivem em cubos e podem interagir uns com os outros, se colocados em contato através de magnetos existentes nas laterais dos cubos. Ou então o USB Missile Laucher: um lançador de mísseis controlado pelo PC - ligado em uma porta USB - para infernizar a vida dos seus colegas de trabalho, com mísseis que atingem até 2,5m de distância.
Outra maravilha encontrada na internet pra "alegrar" sua área de trabalho (não a do Windows, mas a de verdade) são os Humping Dogs. Essas ternas e meigas criaturas, quando ligadas a uma porta USB qualquer, docilmente copulam com o seu PC, como se este fosse uma singela cadelinha no cio. E não se iluda: eles só têm essa função, não servindo como pen drives ou algo que o valha. Como diz o site, "They live to hump; they hump to live".
Fica evidente a inutilidade de cada produto que eu citei acima. Como bem disse o Leandro na coluna de ontem (citando o Castells), é tudo um reflexo da sociedade. Ou seja: apesar de ter um potencial incrível, o mundo digital também está cheio de gente desocupada com tempo de sobra pra criar porcarias. Exatamente como no mundo real.
Jogo 2/14 Estádio Olímpico Monumental, Porto Alegre, Rio Grande do Sul Gols: Pois é... será que chove?
Pra quem não sabe, teve um blecaute no início do jogo. Ficou tudo apagado. No início tudo bem, até que estava controlado. Mas logo ninguém mais sabia pra onde ir, se subia, se ficava... tudo completamente escuro. E o pior é que não conseguiram arrumar, pois em nenhum momento funcionou como deveria. Ninguém enxergava nada, e isso deve ter deixado a gurizada nervosa, porque aconteceu cada rateada lá que nem vou citar aqui porque este é um blog de nível. Até mesmo o pessoal que devia acalmar todo mundo e organizar as coisas cedeu à escuridão, errando praticamente tudo aquilo que se propôs a fazer. Claro que apareceram umas três luzes, além de uma que piscava de vez em quando e outra que surgiu bem depois delas. Mas no geral, o resto eram apenas sombras.
Ah, e faltou luz no estádio também. Mas isso foi antes do jogo.
(na minha visão gremista e parcial)
Uma partida depois de Inter x Nacional, que parecia que seria a mais bizarra da dupla Gre-Nal na Libertadores, somos apresentados a Grêmio x Cúcuta, que honrou os maiores clássicos da terceira divisão da China. Lances bizarros, jogadas bizonhas e o maior número de passes errados por minuto do ano fizeram deste jogo uma obra-prima digna de Ed Wood. Entre os melhores lances estão a furada-seguida-de-escorregão-e-queda de Carlos Eduardo e o chute-de-canela-que-passou-longe-pra-dedéu de Sandro, com direito a "uhhhhh!" da torcida.
Parece que o blecaute que atrasou o jogo em quase uma hora contagiou a equipe gremista. Eles bem que tentaram, mas após dez minutos de bom futebol acabaram se perdendo e chegaram a ser mais ameaçados do que a ameaçar, particularmente no segundo tempo. Que fique bem claro: o Cúcuta é muito ruim [Nota do blogueiro: fato], e parece que foi justamente essa disparidade que prejudicou o Grêmio. Parece que todos os gremistas (jogadores e torcedores) achavam que o time iria esmagar os colombianos, e essa super-confiança, com o passar dos minutos, transformou-se em desespero. Tanto desespero levou a torcida, que no início deu um show de incentivo, a vaiar a equipe lá pelo meio do segundo tempo.
Os gremistas precisam ter consciência que Gauchão não é Libertadores e vice-versa - aliás, já deveriam saber. Porque o maior adversário do Grêmio é justamente o nervosismo que ele mesmo se impõe, graças à grande campanha do início do ano. Ainda bem que pelo menos desse mal o Inter não sofre.
A melhor fonte de informação sobre um filme são as pessoas que já o viram. Essas pessoas podem ser desde um aclamado crítico de cinema que escreve no jornal até o teu amigo que resenha sobre filmes num blog. O mesmo vale para a indicação de um livro, uma banda, um lugar, um restaurante, etc; sempre procuramos por opiniões de pessoas.
Mas não quaisquer pessoas. Pois com o tempo elegemos aquelas de confiança para cada tipo de assunto - filmes, literatura, música, turismo; sabemos a quem recorrer e, na maioria das vezes, são pessoas do nosso convívio social. Uma das coisas mais legais que vejo na internet é a possibilidade de considerar opiniões não apenas de amigos e conhecidos, mas também daqueles que nunca vimos antes.
Há tempos, por exemplo, espero pelo lançamento no Brasil do novo filme do Michel Gondry, "Science of Sleep". Sou fã desse diretor desde a época que ele só fazia videoclipes legais, mas minha ansiedade se deve principalmente porque li em vários sites e blogs opiniões muito boas de quem teve a sorte de assistir ao filme (que, espero, chegará aos cinemas brasileiros ainda em 2007). Essas opiniões vêem de pessoas que eu nunca vi na vida - e provavelmente nunca vou ver - mas que são tão ou mais fãs do Gondry que eu. E só isto já basta para eu dar-lhes crédito e ficar nessa ansiedade.
Além dos blogs, há sites na internet que utilizam recomendações dos próprios usuários para classificar a relevância de seus conteúdos. Esse método, chamado Folksonomia (en), se baseia no elemento humano e, na minha opinião, contrapõe-se ao ideal de Inteligência Artificial. Afinal, quem é melhor para julgar se um video do YouTube é interessante: um robô programado para cruzar informações ou milhares de pessoas que já o assistiram e disseram "isso é interessante"?
O Google sempre apresenta resultados relevantes porque ele é baseado num sistema chamado PageRank, que "varre" a internet frequëntemente e classifica os sites de acordo suas referências em outros; quanto mais linkado um site for, mais relevante ele é para o Google. Faz sentido, não? Da mesma forma, os videos mais legais (e curiosos, e absurdos, e emocionantes, e bizzaros, e polêmicos, etc) que encontro no YouTube são aqueles listados nas páginas mais vistos, mais votados e mais "favoritados".
Aliás, um site que eu tenho usado bastante e que já recomendei para alguns aqui no blog é o del.icio.us. Basicamente, ele é uma rede social de troca de bookmarks - sites favoritos. A primeira vantagem é óbvia: ter um "Meus favoritos" on-line acessível de qualquer computador. Mas o principal atrativo é que, ao fazer uma pesquisa no del.icio.us, a relevância dos resultados vem dos sites mais "favoritados" por todas as pessoas que lá compartilham seus links. Genial, e por isso foi comprado ano passado pelo Yahoo! (que há alguns anos perdeu o 1º lugar para o Google entre os sites de busca - por que será?). Há ainda outros sites de votação de relevância para notícias enviadas pelos usuários, como o Digg (sobre tecnlogia, principalmente) e o brasileiro Overmundo (sobre cultura).
Por último, o exemplo máximo de Inteligência Humana contribuindo com informações - a mega-bem-sucedida enciclopedia Wikipedia, cujo conteúdo foi construído por internautas do mundo inteiro, e que continua aberta para que qualquer um possa adicionar novos dados ou modificar os já existentes.
O sociólogo Manuel Castells (tô lendo pra minha mono!) afirma que a internet nada mais é do que um reflexo da própria sociedade: seu comportamento, suas atitudes, seus interesses no mundo real são os mesmos no virtual. Então, já que a rede elimina as fronteiras da distância, vamos abusar do elemento humano! Leu um post bacana em um blog qualquer? Escreva um comentário e contribua com a discussão! Viu um video legal no YouTube? Classifique-o com 5 estrelas e, se valer a pena, adicione aos seus favoritos. Descobriu uma banda nova? Uma banda velha? Recomende o CD no site da loja que você comprou, para que outras pessoas possam ler. Dê testemunhos úteis no Orkut (!) Escreva sobre um filme legal no seu blog! Você não tem um? Então cria (é de graça) e passe a recomendar tudo que achar que mereça ser! Seja ciberativo! Você estará contribuindo para o aperfeiçoamento da melhor fonte de informações já inventada: as pessoas!
Porque a internet não uma rede mundial de computadores, mas de pessoas.
Hoje eu tive mais um sinal de que o mercado publicitário precisa de mim. Alias, só depende dele me oferecer pelo menos quatro dígitos!
O caso é que resolvi pela enésima vez voltar pra academia. Entre duas séries dos fatídicos abdominais não pude – e nem tentei – não reparar na mina que fazia agachamento na mesma sala.
Reparei num detalhe inusitado: a garrafinha d’água dela. Era da Gol! As linhas aéreas! Qual a relação entre uma companhia aérea e uma sessão de esteira? E olha que o slogan deles é “As Linhas Aéreas Inteligentes.” O que eles querem passar com aquela garrafa? Fui bonzinho, tentei criar um elo. O melhor que pude fazer foi “Praticando atividades físicas você vai virar um avião!”
Serio, as ações de marketing podiam ser mais elaboradas. Ta, de repente há certa base de pesquisa na confecção da garrafinha d’água da Gol, e talvez eu esteja escrevendo besteira. Mas não faria uma ação dessa até que me provem o contrário.
Bom, se o Kleiton fez a coluna dele um pouco diferente semana passada, também vou aderir à moda: ao invés de fazer uma das minhas críticas geniais e espetaculares sobre algum filme, vou falar sobre o Oscar. Como não são todas as pessoas que sabem exatamente como funciona cada categoria, colocarei aqui um resumo do que significa cada prêmio.
Filme - O nome na real tá errado, devia ser "Melhor Produção". Premia justamente aqueles estúdios que mais gastam com marketing DEPOIS da indicação. Também chamado de Prêmio "Como assim Shakespeare Apaixonado?";
Diretor - Típico chefe: fica sentado dando ordens pra, no final do dia, receber os louros pelo trabalho de todo mundo;
Ator - Prêmio em que a Academia premia aquele cara que melhor te enganou fingindo que é outra pessoa;
Atriz - Prêmio que as mulheres bonitas precisam ficar feias pra ganhar;
Ator Coadjuvante - O equivalente cinematográfico à eleição da Placar de Melhor Lateral Esquerdo;
Atriz Coadjuvante - Prêmio que as mulheres bonitas não precisam ficar feias pra ganhar;
Roteiro Original - Normalmente o mais estranho possível, obrigado;
Roteiro Adaptado - Conhecido como "Tem preguiça de ler o livro? Então assista ao filme";
Filme Estrangeiro - O Oscar sendo politicamente correto;
Animação - Ah, nem a pau que um segmento responsável por algumas das maiores bilheterias dos últimos anos ia ficar de fora, né?
Fotografia - A pessoa que precisa se preocupar com iluminação, cores, filtros e etc, embora tudo vá ser arrumado depois no computador mesmo;
Direção de Arte - Nome bonito pra um bando de decoradores reunidos;
Figurino - Nome bonito para um bando de estilistas reunidos;
Edição - Aquele integrante da equipe que tenta a todo custo transformar o filme em um videoclipe;
Maquiagem - Curiosamente, aqui é usada para enfeiar, e não embelezar;
Trilha Sonora - O pessoal que chegou mais perto de estourar os teus tímpanos na sala de projeção;
Som - O pessoal que chegou mais perto de estourar os teus tímpanos na sala de projeção²;
Edição de Som - O pessoal que chegou mais perto de estourar os teus tímpanos na sala de projeção³;
Canção Original - Este é, na verdade, o prêmio mais respeitado da indústria fonográfica, pois qualquer pessoa que consiga batucar ouvindo uma música já ganha um Grammy;
Efeitos Visuais - A velha história de "Quem vê cara não vê coração": faça um filme visualmente bonito para esconder a fragilidade da história;
Curta-Metragem - Categoria dos pobres, ou seja, quem não tem grana pra fazer um longa;
Documentário - Premia o cara que chegou mais perto de te convencer que a opinião DELE é a certa;
Documentário Curta-Metragem - Nome bonito para reportagens de jornalismo;
Curta-Metragem de Animação - O equivalente a um "Peneirão" no futebol: os que passarem ganham chances nos grandes projetos.
Ontem no aniversário do meu irmão, motivo pelo qual tive de ser muito bem substituído pelo André na Suando a 14, a família toda se reuniu. E eu tive a sempre enriquecedora oportunidade de conversar com as pessoas mais experientes do meu clã.
É fascinante o contato com pessoas que têm muito a nos ensinar e que fazem isso com um prazer espontâneo notável. Pessoas que estão muito na nossa frente na corrida da vida e que riem quando tentamos dar uma volta neles, pois lembram que na nossa idade tentavam os mesmos truques.
Em algumas das histórias que eles contam, consigo por vício ter uma visão publicitária da situação. É o caso desse episódio curto que sobre o qual um detalhe mínimo deu nome a esse post.
Meu tio falava sobre sua infância no inicio de década de 50, em Caxias do Sul. Poderia ser em qualquer outra cidade gaúcha na época, inclusive Porto Alegre, afinal me pareceu bem genérica a história. Ele conta que depois de passar a tarde correndo na praça, ia sempre no armazém do bairro. Um casebre, com os produtos pendendo do teto, e apenas duas opções: pão de banha e pão sovado.
O lanche dele era o pão de banha, amassado e assado de forma mais do que artesanal, amadora, grosseira; cortado ao meio, com uma manteiga caseira rígida que não vinha em tabletes, mas no tamanho e forma dos recipientes onde era preparada. A manteiga se derretia apenas no contato com aquele pão salgado. Sobre a manteiga, uma lasca de mortadela que sobrava no pão completava o sanduíche; a mortadela gigantesca ficava exposta no balcão, às moscas, e era fatiada na hora do preparo do rango.
Muitas pessoas por aí acreditam que coragem não é não ter medo, e sim enfrentar o medo. Embora bastante batida, essa definição faz sentido: é impossível existir alguém que não tema absolutamente nada.
Este ano, na viagem para Santa Catarina, fiz diferente do ano passado: ao invés de ficar olhando o mar enquanto o resto do pessoal subia na trilha de uma das montanhas da Praia Brava do Guga, resolvi ir junto. E não é nenhum segredo que eu simplesmente me cago de medo de altura, mas coragem não é enfrentar o que tememos? Então vamos lá.
Pela metade, mais ou menos, eu já tinha me arrependido, pois as coisas lá embaixo estavam ficando relativamente pequenas. Para piorar, o Bruno e o Leandro resolveram subir em uma pedra na ponta do troço, sem absolutamente proteção nenhuma. Assim, sentei e me agarrei a uma outra pedra (bem longe do PENHASCO, diga-se de passagem), pois os sintomas conhecidos já estavam em ação: tontura, suor, enjôo e nervosismo. Decidi então que ia voltar, só que isso implicava em ficar de pé mais uma vez (lembrem-se: quanto mais alto, pior). Foi aí que o meu instinto de sobrevivência insistiu para que eu me amarrasse em uma árvore utilizando a camiseta como corda e ligasse pros bombeiros - mas felizmente o superego, provavelmente envergonhado, fez com que eu conseguisse caminhar até a praia. Não sem algum nervosismo, admito.
O mais perto disso que achei foi a acrofobia, mas é claro que não estou me diagnosticando. Na verdade a idéia do post é a seguinte: essa é uma limitação minha e, mesmo existindo terapias e etcéteras que prometem solução, não vejo saída. Tentei sobrepujar algo que eu temia, mas desta vez falhei. E, acreditem, isso não me incomoda nem um pouco, pois o meu medo me deixa (prudentemente) longe de lugares altos e rende histórias engraçadas. "Nunca seja completo", já disse Tyler em Clube da Luta. Pra mim faz sentido essa "acrofobia", e o legal é que eu realmente não vejo problema nenhum nisso. Talvez aceitar essa história toda tranquilamente seja uma evolução da minha pessoa.
Ou talvez, da próxima vez que for enfrentar um medo, eu não deixe a garrafa de vodka em casa.
O Barcelona, dizem, tem mais de 100 mil sócios (134 mil para ser mais exato). O Camp Nou, um estádio cinco estrelas, possui exatos 120 mil e 600 lugares (foi o pessoal da Wikipédia que contou, qualquer coisa reclamem com eles). Notaram algum problema? Uma ligeira diferença de números entre os sócios e a capacidade do lugar (14 mil, lógico, não podia ser outro número)?
A moda agora é fazer clubes-empresa, que possam gerar mais receitas relacionadas ao futebol. Ou seja, tratar o esporte todo como pura e simplesmente um negócio... um entretenimento. Pois é isso que o Barcelona é: uma equipe globalizada, pronta para faturar dinheiro em qualquer lugar do mundo. Um time de Globetrotters, cujo objetivo não é apenas vencer, mas exibir seus jogadores para o público.
Claro que isso não é intrínseco ao clube catalão. Posso citar também Chelsea, Arsenal, Real Madrid, entre outros. E logo esse grupo vai crescer, pois mais receitas é igual a mais jogadores que é igual a mais títulos que é igual a mais torcedores. Que é igual a mais receita.
Porém essa pretensa "evolução" pode ter um preço (sem trocadilhos): será que transformar o time em uma empresa de negócios e entretenimento não mata os valores essenciais do esporte? Quero dizer, a Juventus pra mim é uma equipe que tem muito mais amor à camiseta do que, digamos, o Real. A mesmo coisa com Manchester United e Arsenal. E não estou falando aqui apenas da raça dos jogadores, mas também da identificação: a Juve é o Baggio, o Del Piero. O Milan, o Maldini. O Manchester é o Giggs, Neville, Scholes. O Barcelona é... é... Não há uma referência atual.
Até mesmo os clubes brasileiros já deviam ter se transformado em empresas também, mas há sempre aquelas décadas de defasagem. Como se isso fosse mudar alguma coisa: os europeus continuariam comprando nossos craques a preço de pau-brasil e formando dream teams que conquistarão tudo o que é possível, mas para si mesmo. Os torcedores são apenas testemunhas.
Cada vez se vê mais negócio e menos esporte. Mais entretenimento e menos emoção. Mais fair play e menos dedicação. Quanto vale um ídolo cuja única identificação com o clube é vestir a mesma camiseta que o resto do time? Não quero dar uma de 'romântico' e saudosista porque algumas mudanças são inevitáveis. Mas transformar os clubes em empresas com o único objetivo de aumentar o faturamento é matar aquele esforço a mais, que ninguém sabe de onde vem, que não tem nenhuma explicação a não ser a paixão por uma camiseta. E isso, certamente, não tem preço.
O nosso bom e velho arqui-rival debuta na Libertadores 2007 da melhor forma possível: tomando 3 x 1 de virada do time meia boca do Nacional, numa partida que certamente estará entre as 3 mais feias e mal jogadas do ano (junto com o Ulbra 3 x 1 Inter do gauchão - resultado coincidente - e com algum jogo da série B do campeonato sergipano de juniores).
O time do Nacional mostrou que tem espírito de Libertadores: muitos carrinhos, todos eles visando a perna do adversário, e muitos agarrões pra matar jogada no meio campo - um deles acarretando a expulsão de Rodriguez. Só senti falta de alguma garrafa de Patrícia voando da arquibancada.
Do Inter, não há muito o que se falar: Gabiru mostrou que vai sobreviver no Inter só pelo gol contra o Barcelona, Fernandão mostrou que está velho e Clemer mostrou que "sair-do-gol" é seu nome do meio.
Melhor pra nós.
(na minha visão gremista e parcial)
E o Inter estreou na Libertadores... e com derrota. Todo mundo sabia que ia ser difícil, mas jogar mal ajudou um bocado o serviço do Nacional (que aliás também não jogou bem). Desde o início o time do Beira-Rio não conseguiu se impor, limitando-se a assistir o time adversário tentar jogar. Clemer, em mais uma noite terrível, ameaçava a toda hora a meta gaúcha com suas saídas atrapalhadas à la Dida. Mas ainda no primeiro tempo o Inter achou um gol com uma bola parada, quando Hidalgo acertou uma bomba no rebote.
O segundo tempo chegou, tão ruim quanto o primeiro, com a diferença de que antes do seu primeiro terço já havia um jogador a menos: Rodríguez foi expulso ao puxar Iarley e receber o segundo cartão amarelo. Parecia que tudo conspirava a favor do Inter. Mas aí entrou em campo o fator Clemer.
Tudo bem que o goleiro colorado fez uma bela defesa no primeiro tempo, mas ele NO MÍNIMO colaborou para os dois primeiros gols do Nacional, acontecidos em três minutos. Wellington Monteiro seria expulso e o time uruguaio ainda faria o terceiro gol (em condição irregular, mas isso não importa), deixando o Inter em último em um grupo em que o Nacional não é o adversário mais forte. É só lembrar que o colorado ainda tem pela frente o Emelec na altitude e o sempre argentino Vélez.
Hoje vou me dar ao luxo de não falar sobre a vida digital, contrariando qualquer expectativa de algum leitor cativo (se é que tenho algum). Nada de IPhones nem de laptops nem de YouTube. Cheguei em Porto Alegre depois de um feriadão de carnaval em Garopaba e, mesmo acordando às 4h30 da manhã, mesmo depois de quase 7 horas de viagem, mesmo depois de ter que vir trabalhar, estava com o ânimo renovado.
Resolvi não falar da vida digital porque esse tipo de viagem nos faz ver que, mesmo sendo uma grande facilitadora das nossas vidas, a tecnologia exige que nos mantenhamos afastados dela às vezes, simplesmente pra relaxar. Não vi sequer um computador entre sábado e quarta de manhã, não liguei o celular até que estivesse em solo gaúcho, desisti da idéia de postar coisas lá de Garopaba aqui no blog. Desintoxiquei um pouco. E recomendo.
As pessoas com quem me relacionei nesse período não eram avatares nem sorriam assim . Elas eram de carne e osso, e o sorriso delas vinha acompanhado daquele som engraçado que só as pessoas fazem quando sorriem. A paisagem não era um wallpaper editado no Photoshop, mas uma vista para o mar, um mar verde e cercado de montanhas com mata nativa. Uma praia com uma areia gostosa de pisar, e com um cheiro de praia que nenhum computador vai conseguir reproduzir, nem em milhares de anos de evolução tecnológica. Porque isso faz parte daquela já comentadafist life, que é realmente muito melhor.
O residencial onde estávamos hospedados ficava perto do palco montado para receber alguns shows organizados para as noites de carnaval. Dentre as atrações, Negritude Jr e Chocolate Sensual. Me perguntei por que raios eu não tinha levado o maldito mp3player.
É isso aí. Como nem todo dia é feriado, a maioria do pessoal aqui do blog aproveitou o carnaval pra dar umas bandas lá por floripa, um ótimo lugar para fazer festa descansar e encher a cara planejar o futuro desse troço. Pedimos desculpas aos milhares de leitores por não ter avisado antes. Não é falta de consideração, só a conhecida síndrome "deixa-tudo-pra-última-hora-e-sai-na-última-hora-deixando-tudo-pra-trás". Se bem que o ano só começa mesmo depois do carnaval, né?
Mas agora estamos de volta com novas idéias, novas sugestões, novos pensamentos, novos conceitos, novos horizontes, novas piadas infames.
*Eu queria acabar o post com uma foto de Floripa, o que seria muito legal e provaria que falei a verdade durante todo o texto. No entanto, sou pobre, não tenho máquina e quem tem ainda não voltou (depois o leandro edita, bota a dita-cuja e risca essa frase). Aguardem que em breve colocaremos as fotos, as informações, os relatos e, principalmente, as queimações de filme que aconteceram em Santa Catarina. Diversão garantida para toda a família.
Jogo 1 / 14 Estádio La Olla, Assunción, Paraguai Gol: Lucas, 7' 2T
Foi só o primeiro. Teve pedra no campo, cartão amarelo que devia ser vermelho, briga de torcida e o escambau, e foi só o primeiro. Lucas, Patrício e Saja jogando o jogo de suas vidas, e foi só o primeiro.
O Grêmio ganhou porque é mais time; ganhou porque soube ter calma na hora de ter calma, e fazer muita cera na hora de fazer cera; porque tem um sub20 que joga mais do que qualquer jogador da seleção profissional e um goleiro que, mesmo depois de 3 defesas importantíssimas, defendeu um pênalti aos 45 do segundo tempo, levantou com calma e só faltou dizer "só estou fazendo meu trabalho, pessoal". Mas mais do que isso: o Grêmio ganhou do Cerro Porteño fora de casa porque é o Grêmio, e basta.
Continuamos invictos. Continuamos sem levar gols. Continuamos 100% em 2007.
(na minha visão gremista e parcial)
Muitos mitos são construídos - e destruídos - no futebol. Um bom exemplo é a Celeste Uruguaia, campeã do mundo em 1930 e 1950 e medalha de ouro nas Olimpíadas de 1924 e 1928; o mundo do futebol a considerava a verdadeira praticante do "futebol-arte", termo hoje tão caro para a Seleção Canarinho. Atualmente o Uruguai fica no máximo com o título de "praticante de futebol-arte marcial".
Outro mito bem conhecido é o de que o Grêmio - assim como o Corinthians - conquista títulos e vence jogos na raça, em jogos dramáticos, contra tudo e contra todos, etc. Mito ou não, a verdade é que o que houve ontem no Paraguai foi algo digno para corroborar essa tese: o tricolor enfrentou uma guerra e saiu vitorioso. Bem verdade que em alguns momentos jogou mal, correndo riscos demais - principalmente no fim do jogo, quando o Cerro chegou a perder um pênalti com a uva do Ramírez. Em compensação, cansou de perder gols e soube manter o sangue frio, mesmo sob a chuva de garrafas d'água (?) e pedras que caiu em Assunção. Aplausos para Lucas, Saja e Carlos Eduardo e vaias para a torcida gremista - mais uma vez -, que protagonizou cenas lamentáveis arremessando e levando assentos (?).
Provando que além de um elenco equilibrado tem também a garra da superação, o Grêmio sai desta primeira rodada líder e líder deve ficar até o fim da 1ª fase, dado o futebol lamentável dos outros participantes da sua chave. Com ou sem mito, o Grêmio foi um titã ontem à noite. Pena que o jogo não acabou.
O Cataclisma 14, como um dos principais blogs em atividade atualmente, não poderia deixar de fazer a cobertura do torneio de clubes mais importante da América do Sul. Ainda mais quando o imortal tricolor e seu arqui-rival chegam ao campeonato com - teoricamente - boas chances (o Grêmio, vindo de 6 vitórias do gauchão, sem tomar gols; o Inter, vindo de um mundial interclubes no ano passado).
Reforçando cada vez mais o seu caráter democrático, o Cataclisma 14 inova na cobertura da Libertadores 2007. Junta-se ao plantel gremista de blogueiros cataclísmicos o colorado Valter, recebendo tal oportunidade pelos méritos de: (1) ser um dos poucos colorados sensatos que conhecemos, embora isso pareça um enorme paradoxo; e (2) visitar e comentar com freqüência nosso site, sendo um dos principais colaboradores para nossas mil visitas mensais.
Estaremos aqui, sempre nos jogos da dupla gre-nal, com análises tão ou mais competentes que as do Casagrande. A cada gol, a cada falta, a cada garrafa de Norteña ou Polar jogada no campo, a cada fratura exposta punida com cartão amarelo: estaremos aqui para mostrar que, mesmo depois de 3 anos, a Libertadores pode voltar a ser o que era.
É chegada a hora. Depois de 4 anos o Grêmio volta ao seu habitat natural. Não é só a nação tricolor que está feliz com isso, a libertadores sentiu falta do Imortal. Basta ver o que aconteceu com ela nessas três edições de ausência: um campeão colombiano, e um pequeno da Colômbia! E duas finais brasileiras. Nada contra o título do Inter, aliás não engoli ainda, mas não é por ele que estou escrevendo sobre a deterioração do torneio. Só que esses fatos descaracterizam e banalizam a Libertadores da América.
Não poderia ter sido em melhor momento esse retorno, que tem tudo para ser em grande estilo. Os grandes da Argentina participando, e dos brasileiros a maioria já levantou a taça. Esta edição da maior competição de clubes da América promete muito com tantos grandes disputando. Lembra a Copa do México, que reuniu 7 títulos entre os 4 semifinalistas, e só não estavam presentes naquela fase todos os campeões da época por falta de espaço para a Inglaterra, que caiu nas quartas num jogaço, perdendo a revanche da final da copa anterior pra Alemanha por 3 a 2.
São jogos memoráveis como estes que se espera da Libertadores que, como a Copa do México, deve ser a maior de todos os tempos.
Teorias mostram que o Grêmio não vai ser coadjuvante nessa sua décima primeira participação (décima primeira em 104 anos! Parem para pensar, é mais de 10% da vida disputando o torneio, o Grêmio é definitivamente parte fundamental da história da Libertadores).
A primeira delas: a cada 12 anos o Grêmio disputa o Mundial de Clubes, e pra isso conquista a América. Jogou em 1983 e em 1995; olhem o calendário...
A outra: o Grêmio, conhecido como o mais argentino dos clubes brasileiros por estilo e tradição, mostra para os mais atentos uma relação é com a campanha da Itália nas Copas. Em 1982, Itália campeã do mundo contra um time alemão; em 1983, Grêmio campeão do mundo contra um time alemão. Em 1994, Itália vice nos pênaltis; em 1995, Grêmio vice nos pênaltis. Em 2006, Itália campeã de novo; em 2007...
O time atual, aguerrido, ainda não inspira confiança completa, mas como o clube já ganhou a Libertadores jogando bonito (Renato, Tarcíso e Caju) e jogando duro (Dinho, Goiano e Rivarola), sabe o caminho. De repente ganha do jeito que falta: na sorte. O certo é que quando o Grêmio entra em campo para disputar uma partida de Libertadores é um momento místico, quisá sagrado. A expectativa é grande! Tudo começa hoje ás 22h45.
Olha aqui ó... tá na hora de banir os estilistas "fashion" do futebol, "pelamordedeus"... será que é tão dificil fazer uma camiseta tricolor, como aquela lá do centenário, por exemplo? Ou simplesmente uma camiseta tricolor sem uma manga preta sobrando?? Que saco!! Quem é que inventa essas babaquices? Eu já digo agora, estava esperando uma bela camiseta, pra honrar o título de campeão, mas esse uniforme chinfrin, ao estilo Paraná Futebol Clube, me tirou um bocado de esperanças.. Isso é camiseta de perdedor!
O motoqueiro Ben acorda em uma lata de lixo grande, ao lado de um bar, sem lembrar de nada que aconteceu. Ao sair, percebe que o bar está no meio do nada - o único vestígio de civilização por perto é a sua moto, estacionada no canto. Educadamente bate na porta, mas ninguém abre. Educadamente dá um pedalaço na porta, quebrando a entrada e abrindo caminho.
Lá dentro, só o barman, um gordo repugnante cheio de tatuagens e com um piercing em formato de argola no nariz. As mesas todas estão vazias. Com passos firmes, ele se aproxima do balcão e faz perguntas, mas o dono do bar, limpando copos, diz que não sabe de nada. Ben, então, se aproxima um pouco mais. Com a voz rouca e calma, inicia o seguinte diálogo:
- Sabe o que também ficaria legal no seu nariz?
- O que? - assim que o Barman responde, em um movimento rápido o motoqueiro pega ele pelo piercing do nariz e enfia a cara do sujeito na mesa.
- O balcão.
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Um jogo de computador que começa dessa forma só pode ser ducaralho. Lançado em 1995, Full Throttle faz parte da galeria de Adventures da famosa Lucasarts. Com um roteiro inteligente e engraçado e muitos quebra-cabeças criativos, certamente desbanca muita coisa eletrônica que foi feita nos últimos doze anos.
Além do mais, como não gostar de comandar um personagem que, ao inclinar a moto a trezentos quilômetros por hora, diz o seguinte:
A maioria das pessoas conhece as minhas preocupações sociais. Muito embora às vezes soem um tanto hipócritas e utópicas, elas realmente existem. Até porque num país como o nosso, pra fechar os olhos pros problemas sociais, só mesmo embarcando no ônibus, ligando o mp3player e não olhando pela janela.
Ok, ok. A relação entre tecnologia e problemas sociais não se resume a isso. Muito pelo contrário, acredito que a tecnologia pode mudar a realidade de pessoas; permitir acesso universal à internet é permitir acesso universal à informação, e não a uma informação filtrada pelo agendasetting e recebida em massa pela telinha da TV, mas a uma informação livre, onde o "filtro" é pessoal e intransferível. E o caminho pra isso é democratizar o computador.
Por isso eu acredito no projeto One Laptop Per Child (OLPC). Acredito que permitir o acesso gradual à tecnologia para as crianças é permitir que elas se formem adultos melhores e mais preparados, mais adaptados ao mundo. Utilizar esse laptop pode permitir que essas crianças criem e reforçem laços com seus colegas. Pode permitir uma nova forma de construção de conhecimento, muito mais complexa e, exatamente por isso, mais eficiente. Pode permitir que essas crianças se expressem (blogs, flogs, foruns), que repensem sua visão de mundo, ou então que a construam de uma forma mais plural.
Mas também não acho que o OLPC seja perfeito nem nada disso. A utilização desses laptops vai exigir um orientador, um professor que saiba indicar o caminho, propor atividades, fazer com que as crianças possam tirar proveito máximo dessa experiência. MSN, Orkut, putaria: acho até que tudo isso pode ser válido e fazer parte do processo, se ao mesmo tempo elas estiverem sendo educadas para a contrução colaborativa de conhecimento, para o novo way of life do digital, do virtual, da conectividade. Sem orientação, não acredito que esse projeto possa sair do papel.
Existem críticas sobre ser um investimento supérfluo - que o dinheiro (público) seria melhor investido em escolas, creches e bibliotecas, ao invés de laptops. Concordo, é óbvio. Mas ainda acho que seja melhor um laptop do que dinheiro desviado, do que salário de deputado, do que obra superfaturada.
Ah, e o mais grave de todos os problemas: não adianta dar laptop pra quem não tem o que comer. Desigualdade social, gente vivendo abaixo da linha da miséria, famintos aos milhões: são problemas que existem no caminho, e que não serão resolvidos tão cedo.
Mas o OLPC não pode resolver todos os problemas do mundo.
Buenas, não fiz minha coluna no domingo pois não tinha mesmo o que falar. Mas lendo o jornal hoje, eu comecei a dar risadas com um fato (uma opinião) muito verdadeiro.
As notícias hoje são ótimas.
Primeiro, sobre o Grêmio, comentam a ausencia de Léo Lima na primeira relação de atletas para a libertadores deste ano. Não tenho nada contra ele, mas nada a favor também. Como disse uma vez o Thiago, ele é... "carioca" e joga como tal. É como o Flamengo, sabe né? Tem dias que impressiona, mas, de útil, fez muito pouco. Acho muito bom que o Grêmio se feche e ganhe mesmo pelo grupo que tem. Foi assim na Série B, no Gauchão passado, e no Brasileirão 2006. Isso mostra que, no todo, o Grêmio está nas mãos de seu técnico, e eu confio nele.
A segunda notícia, também do Grêmio, mostra que o Ramón vai jogar com a camisa 18. Graças!! Eu abri um sorriso enorme ao ver o número dele... A média de passes acertados deve subir daqui pra frente. Assim, o Grêmio da Libertadores deve jogar com 3 volantes, porém, os mais desavisados adversários que se cuidem: dois deles marcam gols e armam boas jogadas. Acredito que o Grêmio, com cara de "time fechado", vai surpreender e muito neste ano, defendendo com 4 zagueiros e 3 volantes, atacando com 2 volantes, 1 armador, e 2 atacantes.
Aposto uma caixa de Bohemia que esse ano a gente leva!!
A terceira notícia é que, não bastasse a debandada do meio do ano passado (Tinga, Sobis, Fabinho, que eu lembre), o Internacional continua perdendo mais gente do que recebendo (Fabiano Eller sai, Christian chega). O time, de campanha "pífia" no gauchão, quase como o nome do seu ilustre presidente, Vitório "Cacalo clone" Píffero, vem fazendo péssimas avalições de si mesmo. O time que vai começar a libertadores deste ano simplesmente esqueceu que sem, ao menos, 1 bom armador, realmente de posição, a coisa não deslancha. Abel deve revesar a "garotada" na posição, começando, nada menos, com Gabiru! Fantástico. O "cracásso" de bola que deu o título mundial ao clube...
Aposto umas tres latinhas de Bohemias, da caixa que vou ganhar pela aposta anterior, que o colorado não chega nas semi-finais da libertadores deste ano...
Quarta e genial notícia, sobre a afirmação "chuta balde" de Michael Schumacher (agora sim falando de Fórmula 1), em resposta a pergunta se ele disputaria uma temporada na Nascar, assim como o ex-companheiro de F1, Juan Pablo Montoya:
"O que é excitante lá? Eu não vejo nada, apenas dar voltas em ovais."
É o terceiro, depois de eu e seu Wanderley (meu avô), a fazer este comentário publicamente. Com uma única diferença: substituição da palavra "nada" pela expressão "merda nenhuma" no meio da frase, de uso muito corriqueiro pelas nossas bandas. Mas enfim, acho que ele disse - quase - tudo!
Sempre tive problemas com fones de ouvido. Quando eu era criança não tinha muita paciência de ficar arrumando os fones dentro das orelhas sem deixar cair, sem ficar coçando, sem ficar suficientemente confortável pra ouvir. Lembro de várias vezes ter tentado ignorar esse incômodo e ouvir música no radinho FM - depois walkman, depois diskman - como todos meus amigos faziam, mas nunca me acostumava e, de tanto me frustrar, acabei desistindo.
Quando troquei de estágio ano passado, porém, essa aversão mudou. Até então, trabalhava numa sala pequena com apenas 3 pessoas, compartilhando gostos musicais e caixinhas acústicas. Agora somos 9 e, apesar de os gostos continuarem parecidos, nem sempre todo mundo quer ou pode ouvir música ao mesmo tempo. Ou no mesmo volume. Usar fones de ouvido no trabalho, assim, acaba sendo a solução mais justa. Então, tive que ceder...
Para minha surpresa, os fones agora caíram bem. Ou melhor, não caíram (tum dum dum pisshh!). Será porque minhas orelhas cresceram bastante desde a última tentativa? Pode ser. Mas o fato é que eles deixaram de ser problema e acabei criando um hábito, que virou vício depois que ganhei um mp3player de Natal da minha mãe.
Pois bem, a liberdade é um caminho sem volta. Quando se pode ter à disposição uma emissora de rádio portátil e completamente personalizada, nem dá vontade escutar FM; sempre as mesmas músicas, aquelas que você não gosta, tocando o dia inteiro, e ainda com um locutor e seus intervalos comerciais... Muito chato, muito século XX.
Esta semana montarei um CD com a trilha sonora para o nosso próximo Carnaval. Serão no mínimo 14 (!) horas de estrada só com as músicas que nós curtimos, que nós escolhemos e sem "pausa para uma mensagem do patrocinador". Quando se pode ter à disposição um gravador de CD e internet pra baixar (quase) qualquer música... pode mandar enterrar a rádio FM.
Tudo bem, enterrar é um exagero. As FMs tem bastante vida pela frente, pois ainda não há o que substitua uma transmissão ao vivo. O que há, no entanto, é uma mudança de hábito em andamento: estamos ouvindo e consumindo música de um jeito novo e diferente.
A Rádio da Unisinos, na época do meu antigo estágio, tinha uma programação muito boa, mas como não pegava em Porto Alegre via FM, ouvíamos pela internet. Depois conheci a AccuRadio, que é muito boa pra se conhecer músicas novas. Basta escolher entre as dezenas de estações/gêneros musicais (e atualmente centenas de subgêneros) e ficar ouvindo; se a música não estiver agradando é só pular para a próxima. A Accuradio mostra o nome da música, da banda e do album, além de um link para comprar o CD pela internet, caso você se interesse. Esse link, aliás, leva para a Amazon, que é recheada de críticas e resenhas sobre a banda que você está ouvindo. Era viciante.
Agora, no novo estágio, o que eu mais tenho usado são webradios onde posso escolher as músicas que vão tocar. Acho a Rádio UOL, por exemplo, muito boa para procurar músicas nacionais, pois tem um acervo de álbuns bem grande. Mas para internacionais não conheço melhor que o Radio.Blog.Club. Nele, basta digitar o nome da música, clicar e ouvir, mas o melhor é poder montar um playlist - uma sequencia de músicas que você mesmo escolhe. Fazendo um cadastro no RadioBlog dá pra salvar vários playlists e acessá-los do trabalho, de casa, de qualquer computador.
Uma novidade que conheço há tempos mas só agora começo a experimentar são os podcasts. Ou, numa definição que inventei agora, "arquivos de áudio sobre temas de meu interesse, produzidos por qualquer pessoa, e que podem ser baixados de graça na internet". E que, é claro, eu posso ouvir quando, onde e no volume que eu quiser - mas isso já não é mais novidade. No momento, o que mais tenho baixado são podcasts do Lost in Lost; o autor, Carlos Alexandre Monteiro, é viciadáço em Lost e acompanha a série pela internet, assim como eu, o André e muita gente por aí. Seu blog é completíssimo - pra quem curte Lost, obviamente - e seu podcast é semanal, sempre comentando o último episódio da 3ª temporada - ainda inédita no Brasil.
Uma revolução? Acho que não é pra tanto. Quem sabe, talvez, no dia em que o rádio do meu carro e meu mp3player puderem acessar e funcionar como webradios... É o que prometem com o rádio digital e o iPhone! Até lá, a melhor maneira de ilustrar essa transição que está acontecendo (e encerrar de vez esse post gigante) é comentar a excelente campanha de verão da rádio Ipanema FM: um cover hilário, anti-veranista, de "Total Eclypse Of The Heart". Está no ar desde janeiro, mas eu só fui ouvir pela internet...
Pois é. Coloco os fones de ouvido, conecto e digo: sinto muito, Ipanema, sem liberdade é que não dá.
Elenco: Josh Hartnett (Slevin Kelevra) Bruce Willis (Mr. Goodkat) Lucy Liu (Lindsey) Morgan Freeman (Chefe) Ben Kingsley (Rabino)
Queria ter assistido esse filme quando ele foi lançado, em 2006. Certamente entraria na lista dos melhores.
Slevin Kelevra é um azarado: perdeu o emprego, o apartamento e sua namorada o deixou. Para descansar um pouco desse caos, é convidado por seu bróder Nick a passar uma temporada com ele em Nova Iorque. Mas, ao chegar e encontrar o apartamento vazio, Slevin começa a fazer algumas perguntas: onde está seu amigo? Por que o apartamento está vazio? E, principalmente, por que os chefes do submundo - a quem seu amigo deve dinheiro - e um assasino profissional estão achando que ele é Nick? Ah, é importante dizer: Slevin sofre de "Atarexia", doença (inventada, pois na verdade faz referência a um termo filosófico) que o impede de se preocupar com as coisas, por maiores que sejam. A explicação é importante porque, embora o filme nunca se proponha a passar em um mundo "real", dessa forma aceitamos naturalmente a forma traquila com a qual o protagonista lida com as ameaças.
Então "Xeque-Mate" é, desde o início, um filme original e criativo, pois busca alternativas diferentes àquelas tão comuns em filmes policiais. É claro, pode-se fazer algumas relações: os nomes que na verdade são apelidos (Chefe, Rabino...) e o humor negro extraído de situações improváveis têm paralelos com os filmes de Guy Ritchie e Tarantino.
No entanto, esta é uma obra de personalidade própria: busca, desde o início, fazer o espectador acreditar naquele universo e naquelas situações (algo que a direção segura, onde até mesmo os movimentos/efeitos mais rebuscados parecem naturais, faz com competência). Desta forma uma história que começa relativamente simples e descompromissada vai ganhando força e surpreendendo, seja pelas reviravoltas ou pela leve mudança de tom no clima (conforme as coisas se complicam, ele torna-se mais denso).
Essa "naturalidade" não seria possível se não houvesse um bom elenco: enquanto Morgan Freeman e Ben Kingsley fazem um trabalho competente como os gângsters, Bruce Willis surge, mais uma vez, como um frio e ameaçador assassino - e reparem que apenas a presença dele em cena já é o suficiente para deixar o espectador em alerta. E, se Lucy Liu contagia como a carismática Lindsey, Josh Hartnett consegue demonstrar suas emoções por ela sem exageros, ao mesmo tempo em que age despreocupadamente com relação aos perigos e ameaças.
Mas o grande astro mesmo aqui é o roteiro, desde os pequenos detalhes da história até os afiados diálogos (quando Slevin flagra sua namorada transando com outro cara e ouve a desculpa "Foi um acidente", responde com naturalidade "Como assim? Tipo, você caiu e ele tropeçou?"). Isso torna a dinâmica entre as personagems engraçada e informativa, oferecendo informações-chave em meio à conversas absurdas que, soando de forma absolutamente natural, trazem uma divertida irreverência que não deixa de tirar sarro dos clichês do gênero (como o Chefe falando "Não preciso dizer a você que, se não conseguir o dinheiro, é um homem morto, certo?", ao passo que Slevin responde "Acho que você acabou de dizer"). E, conforme a inteligente trama vai se desenvolvendo de forma fluida e coerente, descobrimos que há muito mais nestes personagens do que imaginamos no início.
A história toda é como um Kansas City Shuffle, golpe onde o alvo olha para a esquerda quando deveria estar olhando para a direita. É bom sempre olhar para os dois lados, já diziam nossas mães. E, aparentemente, elas estavam certas.
Para quem não sabe, na Guerra Coca X Pepsi, eu sempre fui partidário da Pepsi. Não pelo institnto humanitário de torcer pelo mais fraco. Não para ser "O" diferente, que vai contra o senso-comum. Não porque a Pepsi é azul e a Coca é vermelha. Não porque o Capitalismo ganhou esse nome começado por C para poder ser escrito com a fonte clássica da Coca-cola. Acreditem! É gosto mesmo!
Essa briga eterna teve um Round recente. Ambas lançaram suas versões sem açucar. O antagonismo é tamanho que, provavelmente sem saber uma da outra (?) , a da Pepsi chama MAX e a da Coca chama ZERO.
Provei das duas. Sem querer, mais provei. A zero num almoço na casa do meu tio, a max no sítio; sem pagar por nenhuma, o que significa um passo a frente do Kleiton (segundo parágrafo) na questão de testar produtos novos.
Veredicto: a Zero é ruim, mas é mais parecida com a Coca do que a Max em relação à Pepsi, o que dá vantagem para a versão da líder, e me faz inverter a preferência.
Na minha infância em São Paulo, vendiam umas balas de cola; nao sei se tinha aqui tambem, mas se alguém se lembra do gosto delas, com certeza essa lembrança não é muito agradável. E tomar a Pepsi Max, me remeteu àquela sensação traumática de pôr uma daquelas fatídicas balinhas na boca, como em "O Livro do Riso e do Esquecimento" do tcheco (Nedved) Milan Kundera, onde o autor disserta sobre como determinadas sensações e experiências revivem em nossa mente outras sensações e experiências remotas.
Daí lembrei também que só prefiro a Pepsi se comparada à Coca. Que bom mesmo é Sprite. Que ninguém nao gosta de Sprite. Que Sprite fica bom até com Vódega.
Receber o convite pra formatura fabicana desse semestre foi foda.
Ver um baita pessoal que no fim de 2002 eu conheci lá na sala 408, com quem eu tomei trote e tragos junto, lembrar de tudo como um filme na cabeça foi foda. Pensar que ainda tenho mais um ano pela frente foi muito foda mesmo. E ver a foto do Gabriel lá, a homenagem, o texto da Carol Bensimon, foi talvez o mais foda de tudo.
Apesar disso, to feliz pelo pessoal que tá encerrando uma fase e começando outra, e feliz por saber que ainda tenho amigos que vão comigo até o fim do ano. Mas essas coisas sempre me dão um certo aperto no peito, aquela coisa do "por que eu não fiz minhas eletivas no 2o semestre?", aquilo de querer pegar todas as horas não aproveitadas entre 2003 e 2006 e fazer tudo diferente.
Estudo diz que videogames são bons para os olhos [do Terra]
Como já foi falado aqui, a revolução tá chegando. Falta pouco pra descobrirem as propriedades medicinais das guloseimas modernas, como salgadinhos, chicletes e isopores em geral.
Numa semana cheia de amistosos internacionais, eu poderia muito bem listar aqui uns 14! motivos pelos quais a colônia jamais vai virar metrópole. Mas os acontecimentos na velha bota foram muito mais marcantes do que um amistosinho marcado para dar retorno financeiro a uma multinacional que resolveu dar um estádio de presente para um time inglês.
Briga de torcida deve ter nascido antes do futebol, afinal houve uma época (século XXI?) em que bater era tudo que o homem sabia fazer. Mas é claro que uma morte em um jogo de futebol sempre choca.
Soube de toda confusão pelo MSN, através da minha personal correspondente internacional. Depois de ver as fotos, lembrei nitidamente do jogo mais quente que eu já fui e essa relação me fez dar uma importância ainda maior ao fato.
As autoridades italianas agiram rápido, não se jogou futebol na Itália durante toda a semana, das categorias de base e divisões inferiores até o amistoso da Azurra contra a Romênia, tudo suspenso. E um povo mais apaixonado por futebol do que nós está órfão.
Acho que este ato da federação não vai fazer tanta diferença assim no comportamento dos torcedores que voltarem para os estádios italianos semana que vem. Foi mais uma bomba de efeito moral do que um tiro de bazuca. Pouca coisa de efetivo está se fazendo para mudar a situação, nada além de reuniões estéreis e discursos vazios.
O que eu penso sobre isso tudo, já disse aqui mesmo: é uma minoria que tumultua, tratando com respeito o verdadeiro torcedor e punindo a meia dúzia culpada, casos como o da Sicília desta sexta não se repetirão.
Tá cada vez mais evidente que a televisão - aquela, da grade de programação fechada, aquela do sistema um-muitos, aquela dos programas de auditório e das novelas de horários fixos - está agonizante. Tem gente que tá dando uma expectativa de mais 5 anos pra nossa boa(?) e velha TV, o que me parece bem razoável. Ela vem perdendo força aos poucos, e quem chega pra jogar a âncora pro afogado é a internet.
A verdade é que, por enquanto, a única vantagem que a internet tá levando é não apresentar intervalos comerciais. A oferta de conteúdo, apesar de enorme (olhem a quantidade de vídeos no YouTube), não apresenta a mesma qualidade que a sua concorrente analógica, mesmo com a facilidade de produção (celulares e câmeras digitais) e edição do material. De praxe, as coisas com qualidade comparável estão na área da publicidade (vide os filmes da Pirelli e da BMW). Ou seja, investimentos que terão, a curto ou longo prazo, um retorno financeiro . Mas fazer TV na internet ainda não virou moda.
Um exemplo de emissora que tá acompanhando as mudanças é a MTV. Ela já parou de passar videoclipes porque viu que seu público quer mais conteúdo. Clipe, agora, só na internet, permitindo também participação da audiência e toda essa lenga-lenga da web. Pra quem quer atingir o público jovem, é um prato cheio.
Eu me pergunto: onde está o jornalismo nisso tudo? OK, a CBS tá colocando conteúdo exclusivo no YouTube, mas até agora é a única rede que eu conheço que tá trabalhando assim. Onde estão as grandes? BBC, NBC, FOX News, Globo, Band, SBT? Notícia na web também funciona: ainda mais se eu puder escolher me informar sobre a cena política ou sobre o Big Brother. E usar a internet como ferramenta é muito mais fácil do que brigar contra ela.
Acho que o grande problema que se estabelece é como fazer dinheiro com essa nova TV. Hoje, a velha TV se sustenta com a publicidade, interropendo o jornal pra vender geladeira. Na internet, interromper um vídeo no YouTube para vender um produto (mesmo que seja um iPhone!) é perder o espectador. E se na velha TV isso não é um grande risco (porque, mesmo com TV por assinatura, as opções ainda são escassas), na web é a morte. Ele tem milhares de outras opções, talvez até melhores... Porque ele ficaria aturando um paulista chato gritando "quer pagar quanto?! quer pagar quanto?!" no meio do seu vídeo?
A grande questão, agora, é descobrir como produzir conteúdo de qualidade e ganhar dinheiro com isso. Merchandising? É uma primeira idéia, mas ainda está muito vinculado ao modo-de-fazer dessa TV agonizante, e não acredito que vingue. Na verdade, existem grandes chances de que surjam meios ainda mais estranhos de ganhar dinheiro com a web (como se ganhar dinheiro por clicagem no Google AdSense já não fosse estranho o suficiente).
A verdade é que ainda estamos engatinhando nesse mundo híbrido entre TV e internet.
(PS: Quem tiver mais informações sobre conteúdo audiovisual jornalístico na web, manda bala nos comentários. Não consegui pesquisar muito, mas achei realmente estranho encontrar tão pouca coisa. E mais: eu sei que essa discussão tem tudo pra se encaminhar pra TV digital, mas vai ficar pra um próximo post.)
A senhora Jaeyaena Beurraheng é analfabeta e faz parte de uma minoria Um exílio forçado com direito a mendigagem, recolhimento e internação Erra o ônibus, volta pra casa 25 anos depois A odisséia de uma tailandesa
BANGKOK - Errar de ônibus pode sair caro. E forçar alguém a um exílio de 25 longos anos, na mendigagem e até na prisão. Jaeyaena Beurraheng, hoje com 76 anos, 25 anos atrás foi encontrar uns amigos na Malásia. Jaeyaena faz parte de uma minoria muçulmana do extremo sul do país que não fala tailandês. Se despediu de todos, subiu no ônibus que, mesmo sem saber ler por ser analfabeta, imaginava que a levaria pra casa, na província de Narathiwat. Mas o destino foi inclemente, e a senhora, na época com 50 anos, foi parar em Bangkok, 1200 km ao norte da sua cidade.
Consciente do erro, subiu em outro ônibus, de novo sem poder ler o destino nem pedir informações, porque ninguém no norte da Tailândia entende a sua língua, o malaio. E novamente foi levada para mais longe da sua casa, em Chiang Mai: tinha percorrido mais 700 km para o norte. Sempre mais pro norte, sem poder comunicar-se com ninguém nem mandar uma carta ou nada semelhante para casa, Jaeyaena se resignou.
Por cinco anos viveu como uma mendiga, pedindo comida e dormindo a céu aberto. Como se nãp fosse suficiente, foi recolhida e enviada para um centro que acolhia sem-tetos. Isso em 1987. Nesse centro, acharam que ela era muda. Depois de 20 anos, a luz no fim do túnel. Um certo dia, sem saber se era realidade ou imaginação, Jaeyaena teve a impressão de ter ouvido alguém falando na sua língua. Tinha razão: eram três estudantes muçulmanos de Narathiwat, que trabalhavam no local.
Ela chora, ri, fica fascinada, e corre até eles falando frases soltas e quase sem sentido, devido aos 25 anos sem falar o próprio idioma. Os estudantes a ouvem e explicam tudo ao responsável pelo centro. Finalmente, depois de um quarto de século, a mulher volta para casa, onde pode novamente encontrar os oito filhos, abraçando também os vários netos que haviam nascido nesse meio-tempo.
"Só no momento em que os três estudantes a encontraram e ela começou a falar, descobrimos que não era muda", dise Jintana Satjang, diretora do centro. O azar de Jaeyaena, que resultou nessa odisséia absurda, foi ter nascido numa das três regiões ao sul do país, anexas à Tailândia há um século, que mantiveram suas peculiaridades culturais - 8% dos habitantes dessas regiões é de origem muçulmana, e fala o malaio como língua mãe. E raramente pega um ônibus pra ir ao norte do país.
Então... Ver conteúdo na internet acaba sendo comum hoje em dia. Não quero dizer que isso seja hábito, ou que seja incentivável, mas com a quantidade de informação acaba sendo difícil filtrar. O que eu me apavoro não é com a juventude transviada que assiste videozinhos como o da Daniela... O que me apavora é o fato de a gente sair num domingo à tarde pra dar uma volta na Lima e Silva e se deparar, em frente ao (BOI)Olaria crianças com 13 anos (sério, acreditem) em casaisinhos de meninos, ou casaisinhos de meninas. Guris de 13 anos se beijando e meninas com a mesma idade se amassando. Homofibia? De forma alguma. Nunca. O que quero dizer é que realmente há algo de estranho quando vemos crianças dessa idade atiradas, muitas vezes bêbadas ou até chapadas, na calçada e se agarrando na frente de todo mundo, de forma que às vezes nem namorados que há tempos já estão juntos o fazem na frente dos outros. Ou ainda... me apavorei em duas situações esse ano: voltando de uma festa na qual trabalhei, indo para o centro de carona com um colega, passo e avisto duas meninas, a mais velha não tinha 12 anos... se prostituindo na esquina da Farrapos. E há uns 8 metros delas, um menino que deve ter em torno de uns 17 anos, provavelmente irmão mais velho, sendo o "cafetão" das duas. Cara, isso é deprimente. Não conheço a condição de vida ou a necessidade que levou essas crianças pra lá. Não vou julgar dizendo "safadas" ou qualquer coisa do tipo, por que realmente nao se sabe quem colocou elas ali. Mas o guri dessa idade agir como cafetão... sério, o que esse cara vai ser aos 20? Juventude transviada criada à base de muito FUNK e novelas da Globo que pregam aborto e coisas do tipo para jovens... Futuro negro...
Privacidade e internet são duas coisas que, juntas, ainda não se resolveram. Direito básico de todo cidadão, a primeira tem suas regras, leis e limites bem definidos até a chegada da segunda, ágil, cheia de informação e onipresente.
Por exemplo. Sempre que eu vou ao supermercado (*) pago a conta com cartão de débito. É mais prático que andar com dinheiro na carteira, mais seguro porque o ladrão não faz nada sem a senha, e mais barato porque o banco não cobra taxa de saque. Graças à rede bancária (internet), basta digitar minha senha para que 2 pilas sejam debitados da minha conta ali na banca de jornal da esquina. Viva a tecnologia.
Voltando ao supermercado e à privacidade. Pelo menos 3 vezes por semana faço compras no mesmo lugar e pago com o mesmo cartão de débito. No extrato do banco vem discriminado apenas o nome do estabelecimento e o valor total debitado. Mas eu tenho algumas dúvidas. O supermercado pode ficar com as informações das minhas compras? Se sim, ele fica? E se fica, ele armazena esses dados e cruza com todas as compras que eu faço pagando com o mesmo cartão de débito? Quem souber responder bota aí nos comentários.
Seguindo um pouco mais adiante. Quando você visita um site de comércio eletrônico pela segunda vez, ele se baseia em produtos que você pesquisou anteriormente e evita, assim, te oferecer uma máquina de lavar roupa ao invés de livros sobre webdesign. Com ofertas mais relevantes, aumentam as chances de se encontrar o que se procura. Viva a personalização.
Pois bem, se o supermercado te oferecer brindes e descontos em troca de poder guardar os dados de suas compras, você toparia cedê-los? Nem por um ingresso de cinema? Um vale pipoca ou isenção de estacionamento?
Percebam que, tanto no supermercado quanto no site de compras, vantagens são oferecidas em troca de se abrir mão da privacidade. Vários serviços na internet, como Yahoo! Mail, Hotmail, Gmail, orkut, YouTube, Blogger, MSN, etc, possuem "Condições de uso", onde concordamos ceder, de alguma forma, informações pessoais em troca de seu uso gratuito.
Por enquanto acho o modelo justo. Um circuito interno de TV garante um passeio seguro pelo Shopping (*), mas pode servir para observar as lojas que eu visito; área de cobertura nacional e internacional permitem que meu celular funcione onde quer que eu vá, mas também que a companhia telefônica (*) saiba exatamente onde eu estou, ou estive. Nada é de graça.
Independente disso, acredito que quando as redes dos bancos, das lojas, dos circuitos de TV e dos celulares estiverem de alguma forma interligadas, a questão da privacidade terá que ser repensada. Pois invadir sua privacidade será inevitável:
"Cerca de quatro em cada dez adolescentes norte-americanos com idades entre 10 e 17 anos já viram pornografia enquanto navegavam pela Internet. Segundo pesquisa, dois terços deles afirmaram que viram conteúdo adulto sem terem intenção." [Terra]
Mais Estranho que a Ficção (Stranger Than Fiction) 5/5
Direção: Marc Foster
Roteiro: Zach Helm
Elenco:
Will Ferrell (Harold Crick)
Denise Hughes (Carla)
Tony Hale (Dave)
Maggie Gyllenhaal (Ana Pascal)
Emma Thompson (Kay Eiffel)
Queen Latifah (Penny Escher)
Tom Hulce (Dr. Cayly)
Linda Hunt (Dr. Mittag-Leffler)
Dustin Hoffman (Prof. Jules Hilbert)
Será que aquela voz que eu sempre ouvi dizendo "Vai lá e chuta esse gato, não vai dar nada!" não era loucura?
Harold Crick é um funcionário da receita federal, um cara metódico² que conta as escovadas de dente de manhã, os passos até o ônibus, o tempo do trajeto... enfim, uma pessoa como qualquer outra. Até que, certo dia, ele começa a ouvir uma voz que narra não apenas seus atos, mas também suas idéias. Como ninguém mais parece ouvir, ele começa a investigar tal acontecimento com a ajuda de um professor de literatura, sendo apressado quando a voz diz que ele pode morrer subitamente. Começa então uma corrida para descobrir quem é a escritora que está narrando e se ela realmente pretende matá-lo.
Convenhamos: a premissa é ducaralho. No entanto, vários filmes que tinham ótimas premissas acabaram em fiasco. Portanto, a primeira decisão acertada do filme é não tentar explicar 'cientificamente' o porquê de Harold ouvir a voz. Não há palavras mágicas, biscoitos da sorte, maldições, profecias ou aranhas radioativas. A coisa simplesmete acontece. Ponto.
A partir daí, o diretor Marc Foster, apoiado pelo excelente roteiro de Zack Helm (do também sensacional O Sol de Cada Manhã), conta a história de um homem que é obrigado a mudar seus hábitos para conseguir ter uma idéia do que está acontecendo. Eu sei, parece batido. Mas o filme todo é permeado por uma atmosfera tranquila, ganhando tensão apenas no final. Ou seja, a trama flui. De forma impressionante. Auxiliado por recursos visuais extremamente criativos, conseguimos mergulhar no mundo daquele homem, acreditanto junto com ele que essa situação improvável é real.
E aqui devo dizer que nada disso iria adiantar se não fosse por Will Ferrell. Longe do histrionismo e exagero habitual, ele nos brinda com uma atuação minimalista e cativante, fazendo com que realmente possamos nos importar com Harold Crick, rir de suas trapalhadas e temer pelo seu destino. Através de uma química perfeita com as outras personagens (principalmente a confeiteira interpretada por Maggie Gyllenhaal e o fantástico professor a quem Dustin Hoffman dá vida), constroem-se ali verdadeiros laços de relacionamento, tornando assim a história mais densa e passível de identificação por parte do espectador.
Chegamos, então, ao único ponto que incomoda um pouco: o final. Desde o início, tive medo que o roteiro não conseguisse amarrar as pontas de forma convincente, como acontece com outros; no entanto, o filme segue sempre para um desfecho coerente - e, se eu digo que ele incomoda um pouco, é apenas porque a decisão dos autores foi torná-lo um final feliz, que constrasta um pouco com a lógica e com a leve melancolia que volta e meia dá as caras.
Mas a história toda é tão bem construída, tão bem conduzida que quando chega o final, apesar de pensarmos que essa escolha não é exatamente a correta, sentimos uma sensação de alívio pelas personagens. Porque, no final das contas, somos exatamente como eles: um pouco diferentes, um pouco malucos, só tentando sobreviver.
Então está acertado, eu falo de fórmula 1. Uma pena que não tenho muito o que falar nestes tempos de recesso... talvez um pouco mais de história, então. Mas eu achei interessante fazer um misto hoje do presente e do passado.
Espero queminha escolha por esse assunto agrade daqui pra frente. ;)
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Quem vê ali num site de esportes a foto dos dois pilotos da Williams, junto ao texto que fala dos planos da equipe para 2007, deve ficar meio desconfiado. Pior, no portal "Terra" há uma foto que esclarece a coisa sob o ponto de vista do maior interessado: Frank Wiliams andando em sua cadeirinha de rodas, cabisbaixo e de costas..
Pra quem já teve Alain Prost, Nelson Piquet, Ayrton Senna (mesmo que pouco), o "leão" Nigel Mansell, e outros bons pilotos no cockpit, ter de apostar em Mark Webber e Nico Rosberg é meio... chato. Não tenho nada contra o Nico, afinal é o seu segundo ano na categoria, mas o Webber se mostrou o típico sucessor do Barrichello. Aliás, nada contra o Barrichello, mas ele vem de uma linhagem antiga de pilotos, tipo Johnny Herbert, Ricardo Patrese, que mostram um ótimo serviço em equipes pequenas, com boas colocações, porém nas grandes continuam mostrando o mesmo serviço, com as mesmas conquistas, aí a coisa não é tão boa.
Na verdade os dois maiores ícones nesse perfil, ao meu ver, correram juntos certa época: Jean Alesi e Gerhard Berger. Não quero falar mal deles, a culpa não é deles de serem assim, mas de seus chefes que não aprenderam nunca que eles eram "segundos" pilotos, e não poderiam ter a responsabilidade de "primeiros" pilotos.
Buenas, o tio Frank deve estar pensando algo desse tipo. O primeiro piloto dele é o Webber, que nos primeiros tempos de Jaguar fazia resultados de 4º e 5º lugares, incríveis com aquela "bomba" que virou a Jaguar depois que Jack Stewart vendeu como a promissora Stewart. Acontece que ele foi pra Williams e.... continuou fazendo a mesma coisa. Pra Williams, que já ganhou 9 campeonatos se não me engano (podem me corrigir nos coments), isso é muito pouco. Acho que Frank aposta mesmo é que o Nico passe logo a fase de piloto principiante, que vive catando grama pra dentro da pista, e comece a fazer "pódiums". A Williams de 2006 não fez nenhum "pódium".
O motor de 2007 é Toyota, mas ninguém viu ele até agora. Se depender do Tio Frank ninguém verá mesmo (um inglês colocando motor Japa no carro? hihihi..) Eu acredito que o motor seja bom, mas não uma maravilha que dê "pódiums" à Webber. O melhor da Toyota acredito que seja o chassi, que já deu muitas alegrias à fábrica na F-Indi.
De qualquer forma, desejo sorte ao Tio Frank. Andar naquela cadeira de rodas e não poder dar uns "petelecos" na cabeça alta dos pilotos deve ser muito foda..
- Gosto das pessoas que dizem as coisas na cara e não quando saem. Por isso nunca dou assunto aos jogadores que falam quando saem. Tem pouco valor essa gente, esse é o meu pensamento. Eu muitas vezes disse o que pensava na cara.
Isso foi o que Capello falou a respeito da saída de Ronaldo do Real Madrid, fazendo referência também às declarações que o jogador deu assim que a transferência foi acertada.
Já vi tudo: a mídia vai "demonizar" o técnico italiano, botando nele a culpa pela saída e pela má fase do ex da Cicarelli. A real (sem trocadilhos) é que o Ronaldo larga fora quando a coisa aperta: foi assim com a Inter, foi assim com o time espanhol. Quero ver se, quando o Fenômeno for reserva de Inzaghi e Gilardino, a trupe de admiradores do "bom futebol" vai também cair em cima do Ancelotti, dizendo que ele tá escalando mal, que ele tá querendo prejudicar o jogador, etc... Lembro de ter visto em algum lugar - e agora não me lembro se foi opinião de fã ou na mídia especializada (aliás, dá no mesmo) - a brilhante conclusão que Capello não gosta de brasileiros, porque não escalava nem Ronaldo nem Robinho.
Por isso, acho que o técnico italiano foi muito educado. Legal seria algo tipo "Quem deu essas declarações? Ronaldo? Ah, sim, sim... o gordinho, né?".
Muita gente diz que o Brasil deveria seguir as competições da Europa, com temporadas desde o meio do ano atravessando o reveillon. Pra mim o calendário do futebol brasileiro não poderia ser mais adequado: começa com as competições menos importantes para o público geral, porém as mais gostosas para os fanáticos. Os estaduais.
Chamados no aumentativo não por acaso, os certames regionais contam com o carinho do torcedor por reunirem características peculiares, entre as quais:
1 Davi x Golias: é a única oportunidade de times pequenos do interior enfrentarem os times que movem multidões de seguidores com certo equilíbrio. Afinal, enquanto os clubes de pouca expressão passam por dificuldades e só tem atividades durante um semestre por ano, não tendo outra preocupação senão este campeonato podendo assim focar sua preparação; os poderosos tem suas prioridades, e seus atletas estão (voltando das férias, onde diminuem a carga de exercícios e aumentam a de alimentação) gordos!
2 Guerra dos Mundos: Grande parte das pessoas torce para um time grande mas cultiva um sentimento de carinho e simpatia pelo time de sua cidade. E este sentimento não é ambíguo, pois enquanto o timão disputa títulos da serie A e nos representa fora do país, o timinho do coração sobrevive, e esporadicamente faz uma boa campanha na terceira divisão ou aparece no noticiário como surpresa, passando da primeira fase da Copa do Brasil. Estes mundos paralelos e tão distintos se fundem no regional, e os torcedores experimentam uma sensação nova de comemorar com certo pesar, como aconteceu comigo ontem na vitória do Grêmio sobre o Esportivo, em Bento, cidade do meu pai.
3 Roupa suja se lava em casa: por mais que um time cresça, por mais longe que ele vá, por maiores que sejam suas conquistas, sua origem é o campeonato de sua aldeia. É onde nasceu e onde foi criando raízes e identidade, e onde surgem as maiores rivalidades. O estadual é o encontro marcado, certo, anual com o eterno inimigo, e no cenário onde tudo começou. Um título internacional é questão de glória, prestígio e orgulho. Um estadual é questão de honra!