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Expressão Digital
Kleiton - 07 fevereiro 2007 - 11:00
Tá cada vez mais evidente que a televisão - aquela, da grade de programação fechada, aquela do sistema um-muitos, aquela dos programas de auditório e das novelas de horários fixos - está agonizante. Tem gente que tá dando uma expectativa de mais 5 anos pra nossa boa(?) e velha TV, o que me parece bem razoável. Ela vem perdendo força aos poucos, e quem chega pra jogar a âncora pro afogado é a internet.

A verdade é que, por enquanto, a única vantagem que a internet tá levando é não apresentar intervalos comerciais. A oferta de conteúdo, apesar de enorme (olhem a quantidade de vídeos no YouTube), não apresenta a mesma qualidade que a sua concorrente analógica, mesmo com a facilidade de produção (celulares e câmeras digitais) e edição do material. De praxe, as coisas com qualidade comparável estão na área da publicidade (vide os filmes da Pirelli e da BMW). Ou seja, investimentos que terão, a curto ou longo prazo, um retorno financeiro . Mas fazer TV na internet ainda não virou moda.

Um exemplo de emissora que tá acompanhando as mudanças é a MTV. Ela já parou de passar videoclipes porque viu que seu público quer mais conteúdo. Clipe, agora, só na internet, permitindo também participação da audiência e toda essa lenga-lenga da web. Pra quem quer atingir o público jovem, é um prato cheio.

Eu me pergunto: onde está o jornalismo nisso tudo? OK, a CBS tá colocando conteúdo exclusivo no YouTube, mas até agora é a única rede que eu conheço que tá trabalhando assim. Onde estão as grandes? BBC, NBC, FOX News, Globo, Band, SBT? Notícia na web também funciona: ainda mais se eu puder escolher me informar sobre a cena política ou sobre o Big Brother. E usar a internet como ferramenta é muito mais fácil do que brigar contra ela.

Acho que o grande problema que se estabelece é como fazer dinheiro com essa nova TV. Hoje, a velha TV se sustenta com a publicidade, interropendo o jornal pra vender geladeira. Na internet, interromper um vídeo no YouTube para vender um produto (mesmo que seja um iPhone!) é perder o espectador. E se na velha TV isso não é um grande risco (porque, mesmo com TV por assinatura, as opções ainda são escassas), na web é a morte. Ele tem milhares de outras opções, talvez até melhores... Porque ele ficaria aturando um paulista chato gritando "quer pagar quanto?! quer pagar quanto?!" no meio do seu vídeo?

A grande questão, agora, é descobrir como produzir conteúdo de qualidade e ganhar dinheiro com isso. Merchandising? É uma primeira idéia, mas ainda está muito vinculado ao modo-de-fazer dessa TV agonizante, e não acredito que vingue. Na verdade, existem grandes chances de que surjam meios ainda mais estranhos de ganhar dinheiro com a web (como se ganhar dinheiro por clicagem no Google AdSense já não fosse estranho o suficiente).

A verdade é que ainda estamos engatinhando nesse mundo híbrido entre TV e internet.

(PS: Quem tiver mais informações sobre conteúdo audiovisual jornalístico na web, manda bala nos comentários. Não consegui pesquisar muito, mas achei realmente estranho encontrar tão pouca coisa. E mais: eu sei que essa discussão tem tudo pra se encaminhar pra TV digital, mas vai ficar pra um próximo post.)

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