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Feliz Segunda-Feira
André - 31 janeiro 2011 - 11:59
Kaley Cuoco
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Finais forçados e outras drogas
André - 30 janeiro 2011 - 21:58

Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs)
3/5

Direção: Edward Zwick
Roteiro: Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz, baseados no livro O Amor é O Melhor Remédio, de Jamie Reidy

Elenco
Jake Gyllenhaal (Jamie Randall)
Anne Hathaway (Maggie Murdock)
Oliver Platt (Bruce Winston)
Josh Gad (Josh Randall)

Estamos no ano de 1996. Jamie é um sujeito carismático e divertido que trabalha como representante de uma empresa farmacêutica. Maggie é uma moça carismática e divertida que, ao que parece, trabalha em um café ou algo semelhante. Eventualmente o caminho de ambos acaba se cruzando, e daí descobrimos que o irmão de Jamie foi chutado pela mulher, que Maggie tem Parkinson, que Jamie quer crescer na empresa, que os representantes farmacêuticos utilizam-se de diversas artimanhas, que o Viagra foi inventado, que a Anne Hathaway tem um corpo deslumbrante e que finais piegas continuam estragando bons filmes.

Quando fez o otimo Jerry Maguire (curiosamente em 1996), Cameron Crowe brincou com algumas convenções presentes em comédias românticas, incluindo aí o famoso discurso do "depois de duas horas de filme só descobri agora que realmente te amo" no final (se vocês já assistiram ao filme, sabem qual é a cena). Pois bem, se tivesse algum Cameron Crowe na produção, este O Amor e Outra Drogas poderia conquistar muito mais do que o título de comédia romântica legalzinha - afinal, a coisa segue por um belo caminho até o final, quando, no melhor estilo ROBERTO BAGGIO, o filme isola a pelota e perde a sua chance de ser relevante.

"Been there, done that" (Baggio, sobre Amor e Outras Drogas)

Não que tudo até lá seja uma conexão banda larga: tentando transitar entre ao menos quatro diferentes tramas (o romance dos pombinhos, o mal de parkinson, o crescimento na empresa e a família de Jamie), o roteiro tira a carta "Revés" na maior parte delas. Quando Jamie alcança alguma conquista profissional, por exemplo, a coisa parece tão fácil - já que o filme não gasta tempo suficiente na trama - que o espectador só consegue fazer aquele cara de mulher durante o sexo, tipo "mas já?". Da mesma forma, as crises de Parkinson só realmente atingem Maggie quando a história precisa de algum conflito dramático, sumindo da película assim que a vaca já foi pro brejo no relacionamento dela com Jamie. E a presença de Josh Randall, irmão de Jamie, só consegue ser uma tradução visual para a famosa sigla internética "WTF?", sendo responsável inclusive por uma das cenas mais bizarras de dispensáveis do ano (ok, o ano só começou agora, mas dizer "do ano" dá a força necessária pra frase).

Entretanto, e este é um grande "entretanto", quando se concentra na relação entre Jamie e Maggie o filme abre seu caminho à força até o coração do público. Pra início de conversa, a forma como as duas personagens são apresentadas já as tornam interessantes: Jamie surge como vendedor em uma loja, carismático, dançando e conquistando clientes; e Maggie surge com um dos seios de fora. A partir daí, Amor e Outras Drogas desenvolve entre ambos uma relação adulta, construída a partir de cenas que ilustram bem a intimidade do casal, como a conversa no sofá, as conversas na cama, e, claro, o sexo intenso. Ajuda bastante tudo ser fotografado em cores quentes como se não houvesse amanhã, transmitindo ainda mais o calor e a paixão entre o casal - e vejam como até mesmo o desorganizado apartamento de Maggie surge aconchegante, agindo como uma espécie de "refúgio" onde eles podem fazer o que quiserem, falar o que quiserem e conseguem viver em seu próprio mundinho, sem preocupações externas. Caberia dizer aqui também que tais cenas possuem uma lacrimejante mise en scène, mas, com Maggie nua ou seminua em quadro, isso não é mais um mérito do que uma obrigação.

Claro que a coisa só dá certo porque Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway venderam a alma ao diabo em troca da química perfeita e total, e parecem estar realmente possuir aquele laço único que une homem e mulher (além da gravidez, digo). Além disso, Gyllenhaal mostra-se bastante à vontade tanto em cenas mais intimistas como quando Jamie precisa TAGARELAR com médicos e secretárias, exibindo um ótimo timing cômico e carisma de sobra. Já Anne Hathaway desfila uma beleza arrebatadora pra lá e pra cá, fazendo com que não apenas o protagonista se apaixone perdidamente por ela, mas também o público. Cada piadinha, cada trejeito, cada sorriso são como uma injeção de CRACK que deixa a galera extasiada só em ver a atriz. Fico questionando que tipo de iluminação BÍBLICA usaram pra rodar as cenas, pois a moça deve eclipsar até o Sol, que dirá alguns holofotes fanfarrões.

Assim, é uma pena que Amor e Outras Drogas acabe de uma forma tão piegas que até os fabricantes do bombom "Sonho de Valsa" recusariam o terceiro ato como comercial para o produto. Mais do que isso, a película se mostra extremamente apelativa ao usar o mal de Parkinson como desculpa para causar um conflito que resulta no final piegas já citado. O resultado com certeza seria bem melhor se as tramas tivessem menos importância, deixando que a relação entre Jamie e Maggie fosse o único fio condutor da narrativa e a luta dela contra o Parkinson tivesse alguma relevância dramática. Ou se o diretor botasse mais cenas de Anne Hathaway como veio ao mundo.

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Crônicas da Discoteca - 2
André - 27 janeiro 2011 - 19:54
A vida é repleta de momentos de definição. Tem o primeiro beijo, a primeira transa, o primeiro carro, a primeira vez que o cara torce contra a seleção de futebol de seu próprio país. E, nessa dança do Tom Hanks no piano que eu chamo de vida, um dos momentos de definição possui um nome bastante conhecido e estiloso: Basket Case. Exatamente. Se, como eu já falei, a trilha sonora de Godzilla foi a criação e o rascunho da minha paixão por música, Basket Case foi a ARTE-FINAL que imprimiu de vez essa característica no meu coração. Ainda lembro de uma viagem do colégio para Santa Catarina na oitava série onde, enquanto todos faziam arruaças pelo ônibus, eu, com um DISCMAN à tiracolo, fazia o Dookie girar feito um carrossel anabolizado, ouvindo e reouvindo a canção número sete (vocês já repararam que a canção número sete normalmente é uma das melhores dos discos?). Claro que acabei descobrindo muito mais, como o refrão grudento de She, a letra esquisita de Having a Blast, a explosão de Burnout, o hino When I Come Around, o poder total em Emenius Sleepus e a incapacidade do Billy Joe de articular palavras.

Uma vez de volta a Porto Alegre me senti compelido em virar fã do Green Day. Mas curiosamente não fui atrás do Dookie, e sim do Nimrod, pois na época a baladaça Time Of Your Life tocava até em elevadores. E, como a  banda estava em chamas, canções tipo Uptight/Last Ride In, The Grouch, Redundant, Scattered e outras tomaram meu coração de assalto. Havia até mesmo a tradução musical da expressão "verdade absoluta" com Nice Guys Finish Last. E a endiabrada Worry Rock, com suas notas fáceis e vocal cativante que, até hoje, é uma das minhas favoritas. Daí eu, na época magrelo, meio nerd e tendo um aproveitamento ridículo com o sexo oposto, comecei a achar que era punk. Não que eu tenha feito um moicano ou coisa do gênero, mas sabe como é, eu me considerava esperto por gostar de música underground (provavelmente pra compensar a história do sexo oposto). E atirava aos tigres qualquer pessoa que ousasse chamar a banda de "pop". Ora, o que é isso? Green Day é punk, cara. É anti-mainstream. É a revolução dos oprimidos! Eles xingam na televisão, pô!

Eis que inevitavelmente - e contra a minha vontade - cresci. E nesse processo o Green Day, como diversas coisas da adolescência, ficou pra trás - até porque a atitude antes considerada "rebelde" passou a soar apenas como idiota e parte de uma cuidadosa construção de imagem. Entretanto, quando fiquei velho o suficiente para entender o significado da palavra "saudosismo", voltei às audições da banda californiana, se não com a mesma frequência, ao menos com o mesmo apreço por cada nota. Até mesmo os dois últimos discos, American Idiot e 21st Century Breakdown, se mostraram bem melhores do que eu imaginava, o que culminou com uma ida ao épico e devastador show do Green Day em Porto Alegre. Prova de que música boa consegue atingir a gente de duas formas diferentes em duas etapas diferentes da vida. E, seja na juventude ou na pós-juventude, é impossível ouvir tais canções sem fechar os olhos e cantar junto.

É claro que o já citado processo de ADULTIZAÇÃO que deixou a banda meio de lado na minha vida veio com novos sons, novas descobertas, novas sensações. Mas isso vocês descobrirão apenas no post Crônicas da Discoteca III ou Quem são esses caras de camisa de flanela e que não penteiam os cabelos?

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Indicados ao Oscar 2011
André - 25 janeiro 2011 - 13:53

Melhor Filme
Cisne Negro - O Vencedor - A Origem - O Discurso do Rei - A Rede Social - Minhas Mães e Meu Pai - Toy Story 3 - Bravura Indômita - Inverno da Alma - 127 Horas

Minhas Mães e Meu Pai foi indicado apenas pela famosa Síndrome de Pequena Miss Sunshine. E O Escritor Fantasma não ser indicado é uma clara punição por Polanski ter feito sexo com uma menor de idade na década de 70.

Melhor Diretor
Darren Aronofsky (Cisne Negro) - David Fincher (A Rede Social) - Tom Hooper (O Discurso do Rei) - David O. Russel (O Vencedor) - Bróders Coen (Bravura Indômita)

Estou organizando uma multidão furiosa com tochas para queimar o Kodak Theater pela ausência de Christopher Nolan na lista. Interessados devem levar seus próprios isqueiros.

Melhor Ator
Jeff Bridges (Bravura Indômita) - Jesse Eisenberg (A Rede Social) - Colin Firth (O Discurso do Rei) - James Franco (127 Horas) - Javier Bardem (Biutiful)

Colin Firth já estaria com a taça na mão se Jeff Bridges não usasse um tapa-olho em Bravura Indômita, o que o bota em condições iguais na corrida. Franco sairá derrotado porque apresentará o Oscar, e ficar ao lado da Anne Hathaway já é por si só um prêmio.

Melhor Atriz
Nicole Kidman (Reencontrando a Felicidade) - Jennifer Lawrence (Inverno da Alma) - Natalie Portman (Cisne Negro) - Michelle Williams (Blue Valentine) - Annette Benning (Minhas Mães e Meu Pai)

Natalie Portman vencerá, e seu sorriso no palco será tão doce que fará chover CHOCOLATE BRANCO.

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Feliz Segunda-Feira
André - 24 janeiro 2011 - 02:47
Kate Winslet
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Sr. e Sra. Tédio
André - - 01:08

O Turista (The Tourist)
1/5

Direção: Florian Henckel von Donnersmarck
Roteiro: Florian Henckel von Donnersmarck, Christopher McQuarrie, Julian Fellowes

Elenco
Johnny Depp (Frank Tupelo)
Angelina Jolie (Elise Clifton-Ward)
Paul Betanny (inspetor John Acheson) 

Elise é uma moça de lábios grossos que está sendo perseguida pela Interpol porque eles querem capturar o namoradinho da moça, um sujeito que andou sonegando impostos a torto e a direito por aí. Então ela acaba cruzando com um turista em Veneza e, a partir daí, os dois passam a ser perseguidos pela Interpol, embora quem realmente devesse cuidar do caso fosse a P.I.F.I.A (Polícia contra a Idiotice, Falta de Imaginação e Amadorismo em filmes).

Em 2002 Sr. e Sra. Smith, um filme de espionagem estrelado por duas grandes celebridades da época - sendo que ambos eram o sonho de consumo de seu respectivo sexo oposto - causou FRENESI por colocar frente a frente Brad Pitt e Angelina Jolie. No entanto, apesar de ter ficado nas manchetes mais pela questão de "será que o Pitt tá pegando a Jolie" do que qualquer coisa, Sr. e Sra. Smith funciona bem como diversão descompromissada e arrecadou baldes de dinheiro por esse mundão afora. Daí vieram com esse O Turista, substituindo Pitt por Depp e tentando fazer algo também DESCOLADO e CHARMOSO, mas conseguindo apenas chafurdar na lama do fracasso e cozinhar bolos recheados de derrota.

Precisava de um barco bem maior que esse pra impedir o filme de afundar, filha.

A trama simples não seria um problema caso ela não tropeçasse em pedras e caísse de fuça no chão o tempo todo (precisávamos mesmo de MAIS UM vilão matando um capanga seu que comete um erro? Aliás, por que a Interpol vai atrás do cara que sonega impostos mas nem se preocupa com um gângster que mata gente adoidado? E precisava alguém dizer que a esposa de Frank morreu se isso não será abordado NENHUMA vez ao longo da trama? E que reviravolta estapafúrdia é aquela no final, que contradiz muitas das coisas vistas na película?). Como se não fosse o suficiente, o público ainda tem que lidar com aquele que é provavelmente o casal mais desinteressante da história do cinema. Tipo, em nenhum momento Frank e Alice fazem absolutamente NADA que justifique o interesse que um tem pelo outro, como se estivessem juntos apenas por uma questão de "oh, somos os protagonistas do filme, temos que ficar juntos". O que é ainda pior, já que, quando juntos, eles apenas ficam tentando parecer misteriosos e profundos, dando com os burros na água todas as vezes - e diálogos constrangedores como "eu não me arrependo de ter beijado você" só pioram tudo.

Sabendo que tem em cena duas estrelas que homens e mulheres veneram, o diretor não economiza em closes, provavelmente na vã esperança de que olhar para o rosto dos atores por muito tempo fará o público esquecer a lambança que é o filme. Pensando bem,  O Turista é meio que como um museu de cera, onde a ideia é apenas deixar as pessoas olhando pra famosos que não fazem nada além de serem olhados. A preguiça é tanta que nem as poucas cenas de ação conseguem ser interessantes (percebam que a perseguição no telhado possui enquadramentos dignos do seriado do BATMAN nos anos 60). E olha que a história se passa em Veneza, uma cidade fotogênica por natureza e que oferece uma pá de possibilidades pra fazer sequências inesquecíveis, tanto de ação quanto de romance.

Mas o cacique da tribo de problemas presente em O Turista está justamente na sua dupla de protagonistas: a falta de química entre Depp e Jolie é tão devastadora que, imagino, os atores gravaram suas cenas individualmente sem jamais contracenar um com o outro, sendo unidos apenas na pós-produção. Além disso, Jolie mantém sempre a expressão de "eu sou gostosa", tornando sua personagem ainda mais murrinha e totalmente apática ao que acontece (apenas ter lábios grossos não é o suficiente pra ser sensual, moça). Já Depp, infinitamente mais talentoso, mantém o tom de voz baixo e uma postura contida que combinam perfeitamente com a situação na qual Frank se encontra - mas, apesar de ser o responsável pelos raríssimos momentos de humor (aliás, "raríssimos" não define a situação tão bem quanto "correndo risco de extinção"), o ator pouco pode fazer com uma personagem que não faz nada em uma história que simplesmente não acontece.

Ao que tudo indica a ideia da película era basicamente ser uma edição de Caras com movimento, mostrando duas pessoas famosas em uma cidade européia bonita, e tentar se passar por filme inteligente com aquela reviravolta no final. Acontece que a virada realmente pega o espectador de surpresa, mas apenas porque ele já havia imaginado aquela hipótese e a descartado por ser um mar de implausibilidade com ondas de contradição. E fecha a história de forma tão patética e novelesca que, no lugar de Jolie e Depp, talvez o filme devesse ter colocado nomes como Toni Ramos e Glória Pires.

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Os globos da morte
André - 21 janeiro 2011 - 20:20
Quando eu era pequeno e ia ao circo - e na época o circo era formado por artistas, e não por jornalistas -, uma das atrações que mais me impressionavam era o Globo da Morte. Basicamente, era um enorme globo gradeado e recheado com um grande número de pessoas pilotando MOTOCAS ali dentro (ou seja, gente andando em círculos, o que me leva a concluir que o único nome mais pertinente do que "Globo da Morte" é "vida"). E, como vocês podem imaginar, o grau de perigo da atração era algo próximo a invadir o Iraque com um ESTILINGUE ou usar transporte coletivo, pois os caras andavam pra cima e pra baixo do globo em velocidades absurdas, faziam looping, ficavam de lado, tudo isso perfeitamente sincronizado pra que as motos não se batessem. Eu saía de lá impressionado, porque mesmo com todas as seguranças e medidas de precaução os sujeitos estavam arriscando a vida ali. Presenciar um ato de tamanha coragem e bravura é estonteante, e eu tinha bastante certeza que, no caso deles, Deus não colocara nenhuma colher de "medo" na formação desse grande buffet que é o caráter.

Hoje em dia fico imaginando essas pessoas caminhando na rua, indo pagar contas, esperando o sinal fechar pra atravessar a rua, fazendo as coisas normais que todos nós fazemos. E estou certo de que, ao ver o que os motoqueiros fazem no trânsito atualmente, esses paladinos da coragem, que arriscavam a vida diariamente, sacodem negativamente a cabeça e pensam "esses caras são loucos".
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Anne Hathaway como Mulher-Gato
André - 19 janeiro 2011 - 17:58
A atriz Anne Hathaway foi escalada para viver a Mulher-Gato no próximo filme do Batman, que dá continuidade ao avassalador Batman - O Cavaleiro das Trevas. Como a repercussão da notícia no Twitter não me pareceu DIGNA, conclui que as pessoas ainda não entenderam bem a notícia e resolvi ilustrar a situação:

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Globo de Ouro 2011
André - 17 janeiro 2011 - 23:41

Melhor Filme de Drama - A Rede Social
Como a maioria das empresas está apostando em estratégias de comunicação nas redes sociais, a HFPA (Hollywood Foreing Press Association) resolveu não ficar pra trás.

Melhor Diretor - David Fincher
Foi uma escolha do tipo "ok, desculpe pelos 4 ou 5 prêmios que deveríamos ter entregado a você e não entregamos".

Melhor Ator de Drama - Colin Firth (O Discurso do Rei)
Ainda não assisti ao filme, mas, pelo sobrenome do cara, seria bem irônico se ele ficasse em segundo.

Melhor Atriz de Drama - Natalie Portman (Cisne Negro)
Porque ela é a Natalie Portman. Ponto final.

Melhor Ator Coadjuvante - Christian Bale (O Vencedor)
O cara é o Batman e o Psicopata Americano. Eu também teria medo dele e entregaria na hora não só o prêmio, mas também a carteira e o carro.

Melhotr Atriz Coadjuvante - Melissa Leo (O Vencedor)
Não vi o filme, mas, ainda nos trocadilhos com nomes, a HFPA claramente não quis deixar o talento da Melissa AO LÉU.

Melhor Comédia ou Musical - Minhas Mães e Meu Pai
O filme é medíocre, e a única justificativa para o nome da categoria é o fato de todos os indicados serem RISÍVEIS.

Melhor Ator de Comédia ou Musical - Paul Giamatti (A Minha Versão do Amor)
Ainda não assisti ao filme, mas foi merecido porque Giamatti é como o Romário: baixinho e talentoso.

Melhor Atriz de Comédia ou Musical - Annette Bening (Minhas Mães e Meu Pai)
Comédia mesmo é os caras não premiarem a Julianne Moore, que dividiu as telas com a Annette Bening e a fez COMER POEIRA.

Melhor Filme Estrangeiro - In a Better World (Dinamarca)
Não sei sobre o que VERSA a película, mas "In a Better World" é de fato o pensamento que os brasileiros têm na cabeça antes de se mudarem pra países como a Dinamarca.

Melhor Canção - You Haven't Seen Me (Burlesque)
Better Days, música do Eddie Vedder pro chatíssimo Comer, Rezar, Amar, é tão superior que a própria canção vencedora do prêmio ficou com vergonha de sua inferioridade e se auto-denominou "vocês nem me viram".

Melhor Trilha Sonora - Trent Reznor e Atticus Ross (A Rede Social)
Não premiar a trilha de Como Treinar Seu Dragão aqui é crime federal e os responsáveis pelo Globo de Ouro serão devidamente julgados e enforcados.

Melhor Filme de Animação - Toy Story 3
Toy Story 3 é descomunal e mais uma prova de que a Pixar vive dopada (única explicação possível). Mas, em 2010, Toy Story 3 tem que pedir a benção pra Como Treinar Seu Dragão.

Melhor Roteiro Original - Aaron Sorkin, por A Rede Social
Ok, o roteiro do Sorkin na real é adaptado. Mas como ele imprime cada diálogo da IMPRESSORA DA BELEZA DEFINITIVA E INSUPERÁVEL, é merecido.

Melhor Série de Drama para Televisão - Boardwalk Empire
Martin Scorsese + Steve Buscemi = vitória.

Melhor Atriz de Drama para Televisão - Katey Sagal (Sons of Anarchy)
A moça merecia algum alento depois de aguentar Al Bundy em Married With Children.

Melhor Ator de Drama para Televisão - Steve Buscemi (Boardwalk Empire)
Desde Cães de Aluguel o Mr. Pink sempre sai com o prêmio.

Melhor Série de Comédia ou Musical para Televisão - Glee
Community sequer foi indicada. Prevejo fracasso total da humanidade até 2012.

Melhor Atriz de Comédia ou Musical para Televisão - Laura Linney (The Big C.)
Laura Linney é gata e conseguiu atuar de igual para igual com Philip Seymour Hoffman em A Família Savage. Respeito.

Melhor Ator de Comédia ou Musical para Televisão - Jim Parsons (The Big Bang Theory)
A atual temporada de The Big Bang Theory está uma desgraça, e boa parte da culpa cabe ao Sheldon. E os caras ainda me premiam o sujeito. Fundo do poço.

Melhor Minissérie de Televisão - Carlos
É sobre Carlos, o Chacal. E um cara com apelido de "o Chacal" merece cada prêmio que recebe.

Melhor Ator em Minissérie de Televisão - Al Pacino (You Don't Know Jack)
HUA!

Melhor Atriz em Minissérie de Televisão - Claire Danes (Temple Grandin)
Deixem esse prêmio de lado e jamais esqueçam de Claire Danes no filme Romeu + Julieta:


Melhor Atriz Coadjuvante em Televisão - Jane Lynch (Glee)
Como o nome "Lynch" ali indica, esse prêmio não faz sentido nenhum.

Melhor Ator Coadjuvante em Televisão - Chris Colfer (Glee)
Ficam dando prêmios pra Glee, daí daqui a 10 anos a gurizada tenta resolver seus problemas DANÇANDO e CANTANDO e ninguém sabe o motivo.

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Feliz Segunda-Feira
André - - 12:22
Mila Kunis (via @Ghuyer)
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Só no movimento
André - - 12:20

Incontrolável (Unstoppable)
3/5

Direção: Tony Scott
Roteiro: Mark Bomback

Elenco
Denzel Washington (Frank)
Chris Pine (Will)
Rosario Dawson (Connie)
Trem

Graças a uma série de situações digna de uma comédia de erros - ou da seleção francesa -, um trem carregando diversos vagões com acetato de clichêssio (ou seja, típica substância química hollywoodiana que está louca pra explodir) sai desgovernado tocando o terror trilhos afora. É então que dois empregados da companhia TREMZÍSTICA, o experiente Frank e o novato Will (com a ajuda da Connie na sala de controle), decidem acabar com a balbúrdia e partem pra tentar parar o trem.

Nos últimos anos, o diretor Tony Scott e sua namorada Denzel Washington estiveram juntos em diversos filmes, explorando sempre o mesmo tema: o mal de Parkinson (única explicação possível para a eterna câmera sacolejante que Scott usa até quando grava o aniversário de seus filhos). Entretanto, apesar da trama simples, Incontrolável conta com um elenco carismático e um roteiro com mais acertos do que erros, transformando-se no melhor trabalho do diretor desde o ótimo Jogo de Espiões, de 2001.

A SACOLEJÂNCIA da câmera é tanta que até as imagens paradas do filme estão em movimento.

O roteiro começa tentando descarrilhar tudo ao construir a situação de uma maneira forçada, apostando que, só porque o espectador acredita em discursos de políticos, então vai acreditar na série de eventos forçados que levam ao início do FUZUÊ. Da mesma forma, aparentemente pouco à vontade com a falta de adrenalina por muito tempo, Mark Bomback coloca cenas de ação sem nenhum sentido, como a dos cavalos na frente do trem e carros capotando aos quatro ventos. Entretanto, quando o filme se apega mais nos bastidores, nos planejamentos, nas decisões, funciona e funciona bem. Os diálogos são rápidos e urgentes, transmitindo ao público a tensão da galera, e a dinâmica entre Frank e Will (e entre estes e Connie), apesar de batida, dá conta do recado. Nada espetacular, mas cativante e crível o suficiente para que o público enxergue as personagens como mais do que "coadjuvantes do trem que pode explodir".

Mais uma vez Scott aparentemente filmou tudo durante um TERREMOTO, pois a câmera a todo tempo fica balançando e os cortes são tão rápidos que por diversas vezes quebram a barreira do som. Está lá também aquela tradicional fotografia dessaturada, granulada, ajudando a dar um clima de realismo e urgência à coisa toda. Mas a verdade é que esse tipo de direção acaba mais atrapalhando do que ajudando, já que deixa o espectador meio perdido durante as cenas de ação - e, se o público não sabe exatamente o que está acontecendo, o suspense que a cena poderia criar é desperdiçado (e muitos planos acabam se repetindo). Ainda assim é interessante a ideia de mostrar diversos eventos pelo visão das câmeras de jornalistas e emissoras de TV, conferindo dinâmica a um trama que, em sua essência, não possui muitas reviravoltas (não há como chegar no final e dizer algo tipo "minha nossa, o trem também era um fantasma!").

Mas a força da película reside mesmo na dinâmica do elenco: se por um lado Chris Pine não consegue fazer muito como o "novato durão e metido a herói que possui uma história de fundo extremamente forçada", por outro Denzel Washington se encarrega de distribuir carisma e experiência a torto e a direito (percebam como seu tom de voz controlado reforça a impressão de que ele sempre sabe o que fazer). Mas é Rosario Dawson que cria uma empatia maior com o espectador ao liderar a operação, sofrer com os percalços, se preocupar com Frank e Will, e por aí vai. A moça transborda naturalidade no papel, e acaba se tornando o centro emocional com o qual o público se identifica.

Isso tudo dá um pouco mais de vida a Incontrolável, já que o foco não é apenas no trem descontrolado, mas também nas pessoas descontroladas tentando parar o trem descontrolado. Uma abordagem muito mais coerente e divertida, que transforma a película em um bom passatempo e coloca o cinema de Tony Scott novamente NOS TRILHOS.

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Immortality
André - 14 janeiro 2011 - 10:58
Immortality sempre me intrigou bastante. É uma das músicas mais tristes do Pearl Jam e possui uma das letras mais elaboradas da banda. Muitos inclusive dizem que é sobre Kurt Cobain. E embora Eddie Vedder meio que tenha negado isso, o vocalista admitiu alguns paralelos entre ele e o ex-líder do Nirvana, dizendo que a música pode oferecer esse tipo de leitura. Então, para fins de análise, vamos assumir que Immortality não é uma canção sobre o Kurt Cobain em si, e sim sobre o que aconteceu com ele e como isso afetou Vedder, que estava sob uma pressão semelhante e possivelmente deveria assumir o manto de "novo Kurt Cobain" após o suicídio do ex-vocalista do Nirvana (essa hipótese ganha força quando lembramos que o tema da exploração da mídia é bastante recorrente no disco Vitalogy). Então aqui vocês encontram a letra original, logo abaixo há um vídeo da canção e, após isso, os versos da música traduzidos, cada um com sua respectiva análise:



Abandonar é a palavra
Vingança não tem lugar perto dela
Não consigo encontrar um conforto nesse mundo

No primeiro verso Eddie deixa clara o paradoxo da solidão quando se é famoso. Sente-se abandonado, pois não há mais como distinguir entre, por exemplo, amizade real e amizade por interesse - algo tão desolador que nem mesmo o sentimento de vingança consegue ser tão cruel. Isolados dentro de sua "bolha de sucesso", Eddie e Kurt não sabem a quem recorrer ou no que se agarrar para se manterem estáveis.

Lágrima artificial
Vaso quebrado, que venha o próximo voluntário
Vulnerável, a sabedoria não pode participar

Aqui Eddie ilustra a falsidade da mídia, que chora de forma politicamente correta por um artista que se foi, mas que, como o pote de ouro se quebrou, está apenas à espera do próximo Kurt Cobain para sugá-lo e satisfazer seus bolsos. E que dentro desse mundo artificial, repleto de imediatismos, tendências e exploração, não há espaço para sentimentos verdadeiros.

Um rebelde acha um lar
E um desejo ao qual se apegar
Mas há uma armadilha no sol
Imortalidade

Vindos de famílias disfuncionais, Eddie e Kurt encontraram na música um lugar para se sentirem seguros, algo que eles amam incondicionalmente. Entretanto, a meteórica ascensão das duas bandas revelou diversos aspectos desse mundo que eles até então desconheciam e que podem derrubá-los (os temas de exploração, solidão, superficialidade, e todos os outros tratados nessa canção).

Tão privilegiado quanto uma prostituta
Vítimas em demanda para um espetáculo público
Varrido pra fora pelas frestas debaixo da porta

Mais uma ilustração da pessoa enquanto produto: a indústria suga deles o que quer, oferece ao público o circo de celebridades que tanto gosta (impossível não pensar na relação entre Kurt e Courtney aqui) e depois, quando não há mais o que explorar, joga os artistas fora como uma prostituta após uma noite de sexo (o que também abrange a questão de se vender). E joga fora de forma silenciosa, sem alarde, aos poucos varrendo do mainstream aquilo que não mais interessa.

Mais sagrado que tu, como?
Rendido e executado de qualquer jeito
Rabisco dissolvido, caixa de cigarros no chão.

Neste verso Eddie continua interrogando sobre as prioridades da indústria e imprensa, onde a imagem mais vendável de determinada pessoa subjuga o que ela realmente é (isso fica claro na canção Corduroy, do mesmo disco, onde Eddie canta Take my hand / not my picture. Atualmente o verso encontra respaldo na cantora Amy Winehouse e na atriz Lindsay Lohan: ninguém sabe se elas são ou não talentosas, apenas que entram em confusões dia após dia). A segunda frase completa o "varrido pra fora pelas frestas debaixo da porta" do verso anterior, enquanto o final mostra que Eddie e Kurt eram pouco mais do que rabiscos, prontos para serem apagados assim que fosse necessário.

Um rebelde acha um lar
E um desejo ao qual se apegar
Mas há uma armadilha no sol
Imortalidade

Mesma coisa do primeiro refrão.

Eu não consigo interromper o pensamento
Estou correndo no escuro
Vem se aproximando uma bifurcação
Todos os bons rebeldes precisam decidir

Assim como Kurt, Eddie estava preso a essa posição de quase messias, de porta-voz de uma geração, preso a essa fama absoluta que lhe privava de coisas importantes, que o deixava no escuro com relação a tudo que realmente faz a diferença na vida. Então chegou o momento de decidir: ou se afasta e deixa toda essa loucura para trás, ou se deixa levar e é engolido pelo furacão do mainstream que arrasa tudo que vê pela frente.

Oh, despojado e vendido, mãe
Antebraço leiloado
E pêlos de barba na pia

Aqui a coisa começa a ficar cada vez mais intensa, e Eddie ilustra todos os temas do quarto verso (imagem x conteúdo) de forma mais brutal, mais direta. Nada é sagrado, qualquer parte que possa ser vendida por algum valor é leiloada, e o comportamento precisa ser adequado ao que a indústria necessita (no caso, tirar a barba é deixar um visual mais limpo, mais acessível, mais vendável, além de uma metáfora pra reprimir instintos naturais e apará-los de acordo com a proposta comportamental vigente).

Rebeldes seguem em frente
Não podem ficar por muito tempo
Alguns morrem apenas para viver

No último e mais triste verso, Eddie diz que optou por se afastar da loucura, pois ficar muito tempo nessa estrada cobra um preço alto demais - o que refletiu em todo o comportamento do Pearl Jam ao longo da carreira (quebra de contrato e processo contra a Ticketmaster, boicote à imprensa, ausência de videoclipes e entrevistas, comunicar-se com os fãs diretamente através de canais como o fã-clube, etc). Já a última frase da canção faz clara alusão a alguém que não conseguiu se distanciar, que foi soterrado pelo sucesso. E preso nesse mundo artificial, repugnante, onde ninguém pode ser quem realmente é, a única forma que Kurt Cobain encontrou de viver consigo mesmo foi se matar. Assim termina o paralelo entre Eddie e Kurt: um conseguiu se manter, o outro, mesmo após sua morte, continua explorado de forma impiedosa por quem, na superfície, finge que o venera.
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Feliz Segunda-Feira
André - 10 janeiro 2011 - 15:45
Jennifer Aninston
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A melhor idade e o pior filme
André - - 00:29
Além da Vida (Hereafter)
2/5

Roteiro: Peter Morgan
Direção: Clint Eastwood

Elenco
Cécile de France (Marie LeLay)
Matt Damon (George Lonegan)
Frankie McLaren (Jason)
Bryce Dallas Howard (Melanie)

O filme segue três diferentes histórias envolvendo o além-vida: uma mulher que tem uma experiência de quase-morte durante um tsunami busca entender mais sobre o assunto; um garoto que perdeu o irmão gêmeo busca uma forma de falar com ele novamente; e um vidente tenta levar uma vida normal mesmo que seu dom atrapalhe e seu amigo Ben Affleck esteja mais na crista da onda atualmente.

É interessante que, aos 80 anos, Clint Eastwood esteja explorando temas relativos à melhor idade (abraço, publicitários), como o próprio envelhecimento em Gran Torino e a inevitabilidade da morte neste Além da Vida. Infelizmente a expressão "vida" ficou apenas no título, e o mais novo filme do diretor, ao invés de discutir apropriadamente as complexas questões do além-vida e da quase-morte, joga o espectador em uma experiência de extremo-tédio.

Cécile de France e uma figurante fugindo da originalidade e da competência.

Começa que o roteiro de Peter Morgan se enamora das soluções fáceis como se não houvesse amanhã, utilizando diversos atalhos para amarrar a história sem perceber que essa opção SALAFRÁRIA torna os acontecimentos forçados. Assim, por exemplo, quando George recebe uma ligação e Melanie escuta, o público não deixa de pensar que, dado o tom novelesco de tal recurso, alguém vai entrar ali e dizer que o casal não pode ficar junto porque eles são PRIMOS ou algo do gênero. Da mesma forma, o irmão de George surge apenas pra ficar irracionalmente insistindo em algo que o protagonista já descartou, transformando a personagem em nada mais do que um ASSIS (do Ronaldinho) com mais cabelo. Com esse tipo de chocarrice espalhado por todo o filme, fica difícil para o espectador se envolver nas tramóias, e assim o longa se arrasta arduamente feito a novela da volta do Ronaldinho ao Brasil.

Clint Eastwood se apoia bem na velha fotografia dessaturada, jogando o filme na sobriedade total. Às vezes soa até ligeiramente forçado (em uma cena George entra num quarto escuro de hotel, vai até a cozinha, acende a luz e volta para o quarto escuro), mas não há como negar que completa o tema do filme feito duas pecinhas de Lego. Pena que a história não esteja à altura, e assim os closes e enquadramentos pouco fazem além de, sabe, mostrar gente chata fazendo coisas chatas. Mas como sou justo, irei citar aqui a brilhante e tensa cena inicial, onde o diretor mostra os efeitos de um tsunami sem medo de ser feliz, deixando a câmera chacoalhando no meio da balbúrdia enquanto a água toca o terror pra lá e pra cá - nada de ficar "vendo de longe", que nem o Roland GURI DE APARTAMENTO Emmerich faz (minha teoria é que Eastwood ficou sabendo de um tsunami de verdade, botou uma câmera numa caixa de madeira e se tocou pra lá pra filmar. E ei, ele é o CLINT EASTWOOD. Ele conseguiria fazer isso a mesma facilidade com que range os dentes).

Sabotado por um roteiro que sequer disputaria a SULAMERICANA, o elenco pouco pode fazer: enquanto Matt Damon se mantém acertadamente cabisbaixo e com a voz também baixa, feito um funcionário público (o que combina com a personalidade contida de George), Cécile de France consegue emanar um certo carisma, ainda que sua história seja das mais murrinhas. Já Frankie McLaren, como Jason, navega por um mar de fracassos tão grande que, no seu próximo filme, o guri deve interpretar um boneco de cera. Pena que Bryce Dallas Howard seja logo LIMADA da história, já que Melanie é a única coisa que traz um pouco de redenção ao filme (e a saída da moça é um daqueles momentos de inexplicável ausência de noção por parte da película).

Além da Vida tem uma ideia promissora, que, se bem trabalhada, poderia resultar em um daqueles filmes onde as pessoas saem da sessão chorando pitangas e dizendo "esse filme mudou minha vida, vou aproveitar mais os bons momentos a partir de agora". Só que o destino, esse garoto inquieto que vive atirando pedras nas janelas alheias, olhou pra Clint Eastwood e disse "não". E o que sobrou foram três tramas chatas, três personagens desinteressantes e uma película sobre o fim da vida que, paradoxalmente, vale apenas pelos seus minutos iniciais.

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O Top 10 da década (2001-2010)
André - 07 janeiro 2011 - 13:52

Uma das principais consequências de um final de ano e/ou década é o surgimento dos mais diversos tipo de lista. Os melhores, os piores, os mais importantes, os mais bonitos, e por aí vai. Talvez isso ocorra por uma necessidade que o ser humano tem de classificar e comparar as coisas, ou porque assistimos a tantas partidas de futebol que o modo MELHORES MOMENTOS já está enraizado em cada um de nós.

De qualquer jeito, listas são sempre legais. E, como não poderia deixar de ser, vou com a maré e disponibilizo abaixo, após muitos conflitos internos que irão resultar em anos de terapia, os dez melhores filmes da última década.

10 - Sinédoque, Nova Iorque (Charlie Kaufman)
Após chamar a atenção com o bizarrão Quero Ser John Malkovich e virar idolozinho underground com o espetacular Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, o roteirista Charlie Kaufman arregaçou as mangas e resolveu dirigir seu primeiro filme - e, tomado pela subjetividade total, realizou uma obra fascinante, complexa, que varre a mente do espectador com suas ideias, conceitos, estrutura, atuações e mais. Tendo como ápice o próprio Kaufman dirigindo o filme onde um diretor dirige outro diretor que dirige outro..., Sinédoque, Nova Iorque é uma película de rara inteligência e sensibilidade. Kaufman, seu safado, você conseguiu de novo.

9 - Filhos da Esperança (Alfonso Cuáron)
Mais um pra lista dos que imaginam o futuro como um grande bolo recheado de preconceito, violência e com camadas de segregação social. Exceto, claro, que este filme não é apenas "mais um": além de uma direção e fotografia devastadoras, responsáveis por 3 planos-sequência que dá vontade de pedir em casamento, Filhos da Esperança possui em sua trama um gigantesco estoque de questionamentos políticos, que, mesmo em uma narrativa situada em 2027, são pertinentes para os dias atuais. E é impossível não ser cativado por um filme que possui o Michael Caine no elenco.

8 - Wall-E (Andrew Stanton)
Wall-E é uma animação que não foi produzida por computação gráfica, e sim por VARINHAS MÁGICAS. Só isso explica tanta sensibilidade, tanta diversão e tanta magia na história desse robozinho. Impressionante como um casal com tão poucos diálogos possa transbordar carisma e encantar o espectador. Se você conhece alguém que assistiu a Wall-E e não teve que pedir lágrimas alheias pra conseguir chorar todo o necessário, essa pessoa não tem alma.

7 - Zodíaco (David Fincher)
David Fincher é o mestre do universo (ok, ele divide o condomínio com Christopher Nolan e Renato Portaluppi). Neste Zodíaco o diretor simplesmente mandou às favas quem esperava um Se7en 2 e fez uma história sobre uma investigação realista, plausível, com personagens tão humanos quanto eu, você ou o robôzinho do filme citado acima. Tipo, é um filme de quase TRÊS horas sobre pessoas ANALISANDO PAPÉIS. E Fincher faz disso uma obra-prima. Merece o título, né?

Um ambicioso, intenso e vitorioso estudo de personagens, este O Assassinato de Jesse James... é mais uma prova de que Brad Pitt, além de excelente ator, é um cara legal que só se envolve com projetos legais. A narrativa é lenta, contemplativa, cadenciada, construindo aos poucos e de forma brilhante o confronto entre seus dois protagonistas (Pitt e Casey Affleck, ambos geniais). O trabalho é tão amigo da palavra "sucesso" que, ao final, o aparente paradoxo contido no título passa a soar como a coisa mais natural e verdadeira do mundo.


5 - Dogville (Lars von Trier)
Após romper com a ideologia do Dogma 95 no belo e perturbador Dançando no Escuro, o diretor Lars von Trier bebeu doses homéricas de inspiração e veio com este Dogville. Conhecida também como "aquele filme que não tem cenários", a película é um passeio visceral pelo ser humano, pelo que nos leva a fazer coisas horríveis, pela forma como o meio determina o sujeito. Contando com uma sensacional galeria de personagens, uma atuação épica de Nicole Kidman e um roteiro vencedor, Dogville deixa o espectador de queixo caído após suas três horas de duração.

4 - Batman - O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan)
É o Clube da Luta dos heróis. Um filme poderoso, intenso, que de tão desgastante deixa o espectador PEDINDO ÁGUA ao final da sessão. Nolan contrastou de forma perfeita a figura sólida do Batman, obcecado por controle, com a do Coringa (Heath Ledger, em uma interpretação inesquecível), obcecado pelo caos absoluto. O resultado disso é um confronto que ganha contornos épicos, tanto no plano da ação quanto no psicológico, e cresce exponencialmente até o seu apoteótico final, quando os planos do Coringa são realmente revelados e Batman toma uma decisão comovente e que definirá pra sempre a expressão "herói".

3 - O Lutador (Darren Aronofsky)
O Lutador é prova irrefutável do talento de Aronofsky como contador de histórias. Um filme tão ou mais comovente do que qualquer vídeo de cachorrinhos no YouTube, cujo trágico protagonista consegue conquistar o espectador sem perdão nenhum. Anabolizada com uma atuação BÍBLICA de Mickey Rourke, a película torna-se envolvente, emocionante, devastadora, digna de adjetivos ainda não inventados pela língua portuguesa. E, para fechar, ainda conta com uma canção desumana do Bruce Springsteen tocando durante os créditos. Lágrimas eternas.

2 - Encontros e Desencontros (Sofia Coppola)
Esqueçam a tragédia que é o título em português da película: Encontros e Desencontros é um filme único, de uma sensibilidade cativante e que constrói a relação entre Bob (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johansson) com calma, deixando que o espectador se apaixone por eles aos poucos. E acreditem, à medida que os dois vão se conhecendo, se descobrindo, é simplesmente impossível não ficar com vontade de abraçar a TV/tela do cinema. A complexidade de construir uma relação tão crível e verdadeira é enorme, mas Sofia tira isso de letra. Cada diálogo aproxima Bob de Charlotte e o público de ambos, de modo que a privacidade oferecida pela diretora/roteirista ao casal no final soa mais do que justa, merecida. E se ainda existisse alguma beleza nesse mundão de Deus, o DVD de Encontros e Desencontros viria em uma caixinha com o formato do rosto da Scarlett Johansson.

1 - O Senhor dos Anéis (Peter Jackson)
Certo, eu sei que são três filmes, mas como eles contam uma história só, resolvi juntar tudo aqui. E que história: Kubric classificou a obra-prima de Tolkien como "infilmável", mas de algum lugar Peter Jackson levantou e gritou "DESAFIO ACEITO". Cercou-se de excelentes atores, trabalhou à exaustão no roteiro, utilizou sua própria empresa de efeitos digitais, pegou o espírito dos livros e pronto, mãos à obra. E o desgraçado conseguiu. Traduziu os livros fielmente para as telas, fazendo as alterações e ajustes necessários. Não se intimidou em realizar as batalhas mais épicas que o cinema já viu. Não se deslumbrou com os efeitos especiais e manteve as atuações e a história sempre em primeiro plano. Assim, fez o que Kubric julgava impossível e colocou de vez a Trilogia do Anel na história do cinema e da cultura pop - não pela quantidade de Oscars recebidos, mas sim pela quantidade de pessoas que, ao final de O Retorno do Rei, choraram no cantinho porque não haveria mais Terra-Média a ser visitada.

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A arte de escrever sobre viagens
André - 04 janeiro 2011 - 19:45

Atlas - Jorge Luís Borges
Cada um dos textos que compõe este Atlas é uma parte do corpo de Afrodite impressa. Porque somente isso explica o verdadeiro BIG BANG de beleza contido em cada frase, cada palavra, cada ideia. Borges viajou pelo mundo quando já estava cego e, ainda assim, traz uma visão única e cativante dos lugares pelos quais passou. Associa as cidades com autores, obras, utiliza sua cultura desumana para construir retratos lacrimejantes de suas andanças pelo mundo ao lado de sua companheira, Maria Kodama. Caminhar por entre as páginas do livro é uma experiência única, que contempla todos os sentidos do leitor e faz com que, ao final da leitura, ele fique com a sensação de que realmente esteve ao lado de Borges em alguns daqueles passos. Genialidade no seu nível mais arrebatador.

Uma vez escrevi num prólogo Veneza de cristal e de crepúsculo. Para mim, Crepúsculo e Veneza são duas palavras quase sinônimas, mas nosso crepúsculo perdeu a luz e teme a noite e o de Veneza é um crepúsculo delicado e eterno, sem antes nem depois.

A Arte de Escrever - Schopenhauer
Apesar de parecer motivado por esse grande motor 2.0 que é o RECALQUE, A Arte de Escrever consegue ser dinâmico, engraçado e pertinente. Schopenhauer não apenas solta o verbo, mas também o instiga a atacar um pouco de tudo, desde os escritores alemães da época até a língua francesa. E se por um lado o filósofo uma ou outra vez se contradiz ou faz o que condena nessa coletânea de ensaios, por outro as ideias expostas continuam válidas até hoje, e muitas das suas reflexões a respeito de escritores, línguas, literatura, indústria, crítica, imprensa e etc deixam o leitor matutando a coisa toda na sua cabeça.

Uma impertinência especialmente ridícula da parte de tais críticos anônimos é o fato de eles, como os reis, falarem usando o "nós", quando deveriam usar não só o singular, mas até o diminutivo, ou mesmo o humilhativo, por exemplo: "Minha lamentável pequenez, minha covarde embustice, minha incompetência disfarçada, minha limitada velhacaria" etc.

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Feliz Segunda-Feira
André - 03 janeiro 2011 - 11:08
Fernanda Machado
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