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A melhor idade e o pior filme
André - 10 janeiro 2011 - 00:29
Além da Vida (Hereafter)
2/5

Roteiro: Peter Morgan
Direção: Clint Eastwood

Elenco
Cécile de France (Marie LeLay)
Matt Damon (George Lonegan)
Frankie McLaren (Jason)
Bryce Dallas Howard (Melanie)

O filme segue três diferentes histórias envolvendo o além-vida: uma mulher que tem uma experiência de quase-morte durante um tsunami busca entender mais sobre o assunto; um garoto que perdeu o irmão gêmeo busca uma forma de falar com ele novamente; e um vidente tenta levar uma vida normal mesmo que seu dom atrapalhe e seu amigo Ben Affleck esteja mais na crista da onda atualmente.

É interessante que, aos 80 anos, Clint Eastwood esteja explorando temas relativos à melhor idade (abraço, publicitários), como o próprio envelhecimento em Gran Torino e a inevitabilidade da morte neste Além da Vida. Infelizmente a expressão "vida" ficou apenas no título, e o mais novo filme do diretor, ao invés de discutir apropriadamente as complexas questões do além-vida e da quase-morte, joga o espectador em uma experiência de extremo-tédio.

Cécile de France e uma figurante fugindo da originalidade e da competência.

Começa que o roteiro de Peter Morgan se enamora das soluções fáceis como se não houvesse amanhã, utilizando diversos atalhos para amarrar a história sem perceber que essa opção SALAFRÁRIA torna os acontecimentos forçados. Assim, por exemplo, quando George recebe uma ligação e Melanie escuta, o público não deixa de pensar que, dado o tom novelesco de tal recurso, alguém vai entrar ali e dizer que o casal não pode ficar junto porque eles são PRIMOS ou algo do gênero. Da mesma forma, o irmão de George surge apenas pra ficar irracionalmente insistindo em algo que o protagonista já descartou, transformando a personagem em nada mais do que um ASSIS (do Ronaldinho) com mais cabelo. Com esse tipo de chocarrice espalhado por todo o filme, fica difícil para o espectador se envolver nas tramóias, e assim o longa se arrasta arduamente feito a novela da volta do Ronaldinho ao Brasil.

Clint Eastwood se apoia bem na velha fotografia dessaturada, jogando o filme na sobriedade total. Às vezes soa até ligeiramente forçado (em uma cena George entra num quarto escuro de hotel, vai até a cozinha, acende a luz e volta para o quarto escuro), mas não há como negar que completa o tema do filme feito duas pecinhas de Lego. Pena que a história não esteja à altura, e assim os closes e enquadramentos pouco fazem além de, sabe, mostrar gente chata fazendo coisas chatas. Mas como sou justo, irei citar aqui a brilhante e tensa cena inicial, onde o diretor mostra os efeitos de um tsunami sem medo de ser feliz, deixando a câmera chacoalhando no meio da balbúrdia enquanto a água toca o terror pra lá e pra cá - nada de ficar "vendo de longe", que nem o Roland GURI DE APARTAMENTO Emmerich faz (minha teoria é que Eastwood ficou sabendo de um tsunami de verdade, botou uma câmera numa caixa de madeira e se tocou pra lá pra filmar. E ei, ele é o CLINT EASTWOOD. Ele conseguiria fazer isso a mesma facilidade com que range os dentes).

Sabotado por um roteiro que sequer disputaria a SULAMERICANA, o elenco pouco pode fazer: enquanto Matt Damon se mantém acertadamente cabisbaixo e com a voz também baixa, feito um funcionário público (o que combina com a personalidade contida de George), Cécile de France consegue emanar um certo carisma, ainda que sua história seja das mais murrinhas. Já Frankie McLaren, como Jason, navega por um mar de fracassos tão grande que, no seu próximo filme, o guri deve interpretar um boneco de cera. Pena que Bryce Dallas Howard seja logo LIMADA da história, já que Melanie é a única coisa que traz um pouco de redenção ao filme (e a saída da moça é um daqueles momentos de inexplicável ausência de noção por parte da película).

Além da Vida tem uma ideia promissora, que, se bem trabalhada, poderia resultar em um daqueles filmes onde as pessoas saem da sessão chorando pitangas e dizendo "esse filme mudou minha vida, vou aproveitar mais os bons momentos a partir de agora". Só que o destino, esse garoto inquieto que vive atirando pedras nas janelas alheias, olhou pra Clint Eastwood e disse "não". E o que sobrou foram três tramas chatas, três personagens desinteressantes e uma película sobre o fim da vida que, paradoxalmente, vale apenas pelos seus minutos iniciais.

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