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Alto calibre
André - 28 fevereiro 2008 - 23:29
O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James for the Coward Robert Ford)
5/5

Direção: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik, baseado em livro de Ron Hansen

Elenco
Brad Pitt (Jesse James)
Casey Affleck (Robert Ford)
Sam Rockwell (Charlie Ford)
Sam Sheppard (Frank James)

O filme conta a história a partir do momento em que Robert Ford entra na gangue do famoso fora-da-lei. Ansioso por fama e pelo dinheiro da recompensa, Ford acaba se tornando o algoz de seu líder.

Há algo de inevitável nas quase três horas de duração do filme. Um tom melancólico permeia a narrativa, sabendo que no final seu protagonista não sairá vivo. No entanto, longe de algo monótono, o clima proposto pelo diretor é contemplativo: aos 34 anos, James está cansado de liderar bandos, de se mudar constantemente, cansado de desconfiar de todos. Do outro lado, Robert Ford possui o vigor da juventude, além de sonhar com grandes façanhas. A obsessão que possui pela figura de Jesse James não apenas alimenta sua ambição como o seduz ao cargo de líder. Como diz o fora-da-lei em certo momento, "você quer ser como eu ou quer ser eu?".

E é em locais afastados, cuja paisagem é quase opressiva, que a trama se desenvolve. As regiões são fotografadas de forma seca, em uma tristeza que traduz o isolamento - necessário, mas nem por isso desejado - daquelas personagens. A própria questão de serem marginais os levou a isso, e se há uma certa beleza nesse nomadismo fora-da-lei (que atraiu Robert Ford), o entusiasmo com que James cumprimenta seus filhos ao voltar pra casa mostra o quanto é pesado esse fardo.

Contando com um roteiro econômico, que se utiliza de uma narraçao em off apenas quando necessário (além de construir belos diálogos), o diretor mostra que sabe o poder das imagens, confiando nos seus enquadramentos para contar a história sem abusar de explicações através de conversas e/ou monólogos (e alguns planos são simbólicos, como fotografar o rosto de James através de um vidro enquanto ele questiona as escolhas que fez pelo caminho, tornando seu rosto levemente distorcido). Há na produção uma coesão admirável entre texto e imagem.

Mas nada disso funcionaria sem os elementos certos nos papéis principais. Como Jesse James, Brad Pitt encarna o magnetismo e a imprevisibilidade do sujeito. Sempre que está em cena, o ator permanece com o rosto sereno, atento a tudo (mesmo quando está rindo) - e apenas em certos momentos seu olhar desvia para o vazio, denotando o esgotamento do fora-da-lei. Até quando parece displicente e descontraído o pistoleiro se mostra desconfiado. Do outro lado, Casey Affleck demonstra toda a energia e insegurança de Robert Ford, que busca alcançar a fama mas é sempre caçoado por seus companheiros. Sua aparente calma contrasta com alguns trejeitos inquietos, e nunca se tem a impressão de que ele realmente está certo de seus atos.

Todos esses elementos são colocados na tela com uma harmonia invejável. É uma pena, portanto, que O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford tenha sido preterido no Oscar pelos (excelente) Juno e (mediano) Desejo e Reparação, pois a saga do fora-da-lei merecia ser lembrada pelos profissionais de cinema: não é sempre que um diretor acerta o alvo assim.

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