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There will be Oscar
André - 15 fevereiro 2008 - 18:14
Sangue Negro (There Will Be Blood)
5/5

Direção: Paul Thomas Anderson
Roteiro: Paul Thomas Anderson, livremente baseado no livro de Upton Sinclair.

Elenco
Daniel Day-Lewis (Daniel Plainview)
Dillon Freasier (H.W. Plainview)
Paul Dano (Eli Sunday)

Daniel Plainview é um prospector que, após muito trabalho, encontra uma terra cheia de petróleo em uma pequena cidade do Oeste. Conforme seu negócio começa a prosperar, ele encontra um rival no pastor local, e sua ganância cresce a níveis suficientes para receber uma indicação ao Oscar.

Paul Thomas Anderson é um dos diretores mais elogiados pela crítica especializada, principalmente por causa do seu (excelente) Magnólia, de 1999. Em Sangue Negro, ele demonstra que toda a babação de ovo é justificada: a partir da trajetória de seu protagonista, ele constrói um poderoso filme sobre ganância e ambição.

Aliás, e que protagonista. Auxiliado pela interpretação monstruosa de Day-Lewis, Daniel Plainview é um homem sem ligação nenhuma com a humanidade - exceto, é claro, naqueles contatos que precisa fazer para buscar petróleo. O cara é tão anti-social que até mesmo pegou um órfão para dizer que é seu filho e, assim, estabelecer uma imagem de homem de família frente aos seus clientes.

Ao longo da narrativa, portanto, vamos descobrindo como a ganância cega o protagonista. No momento em que uma das torres de petróleo estoura, e seu filho se machuca, Daniel o leva para um local seguro e volta para consertar o problema. Quando alguém questiona "H.W. está bem?", ele responde "Não, não está.", sem mover um músculo para ir em direção ao guri. O plano que se segue, onde o rosto do protagonista é parcialmente iluminado pelas chamas, ilustrando toda sua ambição e egoísmo, chega a ser assustador.

Mesmo assim, H.W. é a única pessoa pela qual Daniel parece ter pelo menos algum afeto - e a ausência do piá, em determinado momento, faz com que o cara acabe acreditando na história de um vigarista e aniquilando de vez sua confiança nas pessoas. De resto, o Plainview só pensa nos negócios, e é por isso que a constante intervenção do pastor Eli nas perfurações se torna um incômodo. Na verdade, é uma disputa entre as duas forças que construíram a California: petróleo e religião. Ambos procuram manipular as coisas a favor de seus interesses (econômicos e/ou políticos), conquistando assim a hegemonia do lugar.

A ascensão do prospector de Sangue Negro, portanto, é a demonstração de que a ganância superou quaisquer outros atributos que tenham sido apresentados. No momento em que Daniel alcança exatamente o que busca, todas as falhas de caráter e demonstrações de egoísmo que ele produziu foram recompensadas, criando assim um monstro que busca viver cada vez mais fechado dentro da própria ambição. Seus muros são a proteção contra todos os indesejados (soa familiar?). Suas atitudes não encontram mais ecos de razão. O protagonista tornou-se uma força tão grande que conseguiu repelir a todos, ficando apenas com a riqueza que acumulou nos anos de trabalho.

E por isso a última fala do filme, vinda de um homem fechado dentro de si e que vive apenas para alimentar seu egoísmo, tem um duplo sentido que encerra a produção de forma brilhante.

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