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Reflexos, reflexões
André - 31 maio 2009 - 22:30
Sinédoque, Nova Iorque (Synecdoche, New York)
5/5

Direção: Charlie Kaufman
Roteiro: Charlie Kaufman

Elenco
Phillip Seymour Hoffman (Caden Cotard)
Samantha Morton (Hazel)
Michelle Williams (Claire Keen)
Catherine Keener (Adele Lack)

Um diretor de teatro insatisfeito com sua vida recebe verba ilimitada para produzir um espetáculo. Buscando algo que seja real e relevante, ele resolve juntar uma pá de gente e fazer uma montagem da própria vida (no caso, a dele) em um galpão de Nova Iorque.

Sinédoque, Nova Iorque é um filme coeso. Suas qualidades técnicas e narrativas (principalmente o design de produção e a presença de Phillip Seymour Hoffman, em mais uma atuação digna de final de Libertadores) parecem extensões do roteiro, como se tudo tivesse sido concebido e produzido ao mesmo tempo - o que pode soar estranho, já que em diversos momentos (mas diversos MESMO) o filme soa propositalmente confuso. Pra vocês terem uma idéia: a certa altura do torneio, o diretor Caten Cotard percebe que, pra fazer uma montagem "real" da sua vida, precisa contratar alguém para interpretar a si mesmo. E logo percebe também que precisa contratar alguém para interpretar a pessoa que ele contratou para interpretar a si mesmo. Sabem aquela história que se alguém for desenhar um mapa perfeito de uma cidade em uma calçada, precisaria desenhar o mapa dentro do mapa, e assim sucessivamente? É por aí.

Só que essa "confusão" tem um motivo: de certa forma, estamos vendo as coisas pelos olhos do próprio Caden. É como se o diretor (do filme) tivesse contratado um diretor (interpretado por Phillip Seymour Hoffman), que contrata um diretor pra viver ele mesmo... E essa subjetividade, essa idéia de que nada ali é exatamente factual, dá à película uma gama de significados tão distintos e abrangentes que seria impossível colocar tudo em uma análise, ou mesmo hierarquizá-los. A verdade é que ao longo das duas horas de projeção, as mais diferentes reflexões vão lentamente se formando na cabeça do espectador, passando pelo simples "entendimento" da história (a nossa necessidade de colocar tudo linearmente e claramente) até pensamentos que inevitavelmente deságuam nas nossas próprias questões. Os temas abordados jamais são expostos artificialmente. É como se cada um fosse interpretando a trama de sua forma particular, enxergando no filme diferentes idéias. E, tenho certeza, assistir à obra pela segunda vez é uma experiência completamente diferente da primeira.

O termo sinédoque faz referência a uma metonímia cuja definição é mais ou menos "entender o todo a partir de uma parte". E assim como a Nova Iorque construída no galpão acaba abrangendo toda a cidade real, a mente de Caden Cotard, que nos é apresentada durante todo o filme, com suas qualidades e defeitos, abrange aspectos relativos a todos nós. A película começa com Caden se olhando no espelho, e de certa forma ela faz com que o espectador veja uma espécia de reflexo de si mesmo na telona.

Sinédoque, Nova Iorque é uma obra ambiciosa, confusa, coerente, contida, racional, passional, tocante, carente, divertida, dramática, uma pequena obra-prima que dá voltas e mais voltas, assim como as nossas cabeças. Até porque, por mais que as pessoas tentem fugir de si mesmas, vão acabar sempre se encontrando.

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