A certa altura de Indiana Jones e a Última Cruzada, o arqueólogo e seu interesse romântico entram em uma câmara subterrânea, cheia de pedras, esqueletos e ratos (todo filme da série precisa de pelo menos uma cena onde a atriz alcance níveis supersônicos com seus gritos, e nada melhor pra isso do que pequenos roedores peludos). Como os adoráveis bichinhos praticamente não fazem barulho no set, o som deles foi adicionado na pós-produção - e fiquei relativamente surpreso ao descobrir que aquela barulheira esganiçada veio na verdade de... galinhas.
A parte de efeitos sonoros é uma das que normalmente não chamam muita atenção, e isso ocorre justamente quando ela é bem feita. No making of, entretanto, os sons se tornam uma das atrações mais legais, porque a coisa toda é macgyverzada: barulhos complexos são feitos através de associações completamente nonsense, como um reco-reco e uma caixa de cd, ou um skate e uma esponja, ou qualquer coisa assim. É mais ou menos o que o Radiohead faz, mas com um propósito.
Claro, tudo é passado para o computador e mixado, remixado, tratado, e existem também bibliotecas de sons que estão à disposição dos técnicos, só que é muito mais legal quando descobrimos que o barulho de cobras em um filme foi feito usando purê de queijo. Acho que existe aí um elemento atraente de "improviso", uma quebra daquela idéia de trabalhar apenas com câmeras e aparelhos e computadores e as últimas novidades tecnológicas. E remete àqueles vídeos que o pessoal faz na época de colégio, quando uma bicicleta ergométrica é o cavalo e os sons de galopes são feitos com um cara batendo as mãos contra o peito.
Pra finalizar, eis aqui um ótimo exemplo de como efeitos sonoros bons fazem a diferença (não achei legendado). Divirtam-se:
Ontem de tarde eu precisava entrar em contato com a Claro, com a Polícia Federal e com a Multisom. Em poucos segundos de pesquisa na internet consegui todos os telefones que precisava, graças ao gigantesco contêiner de informações que temos à nossa disponibilidade hoje em dia.
Após duas horas e meia no telefone (a maior parte, Claro, ocupada pela empresa de "telefonia"), consegui apenas uma das muitas informações que buscava. O resto do tempo foi gasto sendo jogado de um lado para o outro, tal qual uma batata quente nas mãos das secretárias eletrônicas.
Ou seja, quanto mais informação (telefones e contato), mais tempo gasto ouvindo musiquinhas irritantes. Quanto mais tempo gasto ouvindo musiquinhas irritantes, menos informação.
Então chegamos à conclusão óbvia e que daria um ótimo about me do mundo caso ele tivesse Orkut: quanto mais informação, menos informação.
Em alguns (tá bom, vários) posts aqui, deixei claro o meu desprezo pelo rumo que o futebol está tomando e como isso baixou o nível do esporte. No entanto, preciso dar o braço a torcer e reconhecer a quarta-feira passada como uma ode à tudo que nos empolga quando a bola está rolando.
Manchester United 1 (6) x (5) 1 Chelsea Uma final tipicamente inglesa. Empate em 1 a 1. Chata? Longe disso. Tirando as duas pauladas na trave que o Chelsea meteu, e as duas chances claríssimas perdidas pelo Manchester, o jogo ainda teve briga, confusões, tapas, socos, agressões, chuva torrencial e quase todos aqueles elementos que tornam uma partida inesquecível.
Já nos pênaltis, o drama atingiu níveis estratosféricos. Cristiano Ronaldo, o craque, o provável melhor do mundo, o carrasco que marcou o único gol dos Red Devils na partida, botafogueou e mandou a cobrança nas mãos do tcheco Cech. Tudo se encaminhava para o primeiro título dos Blues. Mas eis que, em um deslize, o herói do time John Terry - que salvou a equipe ao impedir um gol de Giggs na prorrogação - acerta a trave. Enquanto ele chorava feito um dirigente carioca, o brasileiro gremista Anderson correu alucinadamente para a bola e soltou um canudo no meio do gol, acertando a cobrança e realizando a melhor comemoração da noite. Kalou e Giggs converteram na sequência, mas então veio Anelka com ar blasé e fez os torcedores do Chelsea comerem o pão (francês) que o diabo amassou, chutando a pelota de forma displicente. O goleirão Van der Sar defendeu com facilidade e o tricampeonato foi para a terra do Oasis.
Fluminense 3 x 1 São Paulo Todo torcedor tem (ou pelo menos deveria ter) direito a, no mínimo, uma experiência de fé absoluta na vida. Aquele momento onde tudo ainda está na metade do caminho, nada é certo e alguns poucos segundos de indecisão possuem uma carga dramática do tamanho do universo. Aquele genial espaço de tempo entre a conformação e a comemoração com bebida em excesso e garotas mostrando os seios.
Não gosto do São Paulo. Não gosto do clube atravessar negociações e achar isso normal, não gosto de como superestimam o medíocre Rogério Ceni e, principalmente, não gosto da equipe paulista por ter permitido ao Inter ser campeão continental. Também não vou com a cara do Fluminense, mas o fato de jogar contra o São Paulo já tornou o tricolor carioca mais simpático, além de contar com o mestre absoluto do mundo, Renato Portaluppi, no comando.
Pois quando Thiago Neves cobrou o escanteio imediatamente identifiquei o momento de fé absoluta. Quarenta e sete do segundo tempo. A bola viajou em câmera lenta, enquanto os torcedores cariocas se angustiavam na agonia da incerteza. No momento em que Washington subiu e 70 mil pessoas inconscientemente repetiram seu movimento com a cabeça, estava decretada a classificação. Porque o destino também queria ver o Maracanã literalmente explodir.
É um dia pacato em Tranquilópolis. O sol brilha como sempre, os parques estão lotados de famílias felizes e as cercas das casas tornam-se cada vez mais brancas. Ah, como é bom viver em um lugar assim, livre de preocupações. E olha quem caminha tranqüilo pela estrada, indo em direção à escola com sua lancheira. Como vão as coisas, pequeno Timmie? Nada melhor do que uma aula de manhã para estimular a cuca.
- Minha mãe sempre diz: quem começa o dia mais cedo não precisa trabalhar no fim de semana quando adulto!
É verdade, pequeno Timmie. É verdade. Afinal o que importa é apenas o que você acha de si mesmo. E educar as crianças de agora é criar um futuro melhor para este nosso mundinho azul. Aproveite então esta oportunidade de aprender e... cuidado, pequeno Timmie! É o Bucaneiro Virtual!
- Que tal um filme novo e que nem saiu no cinema ainda, garotinho? Tenho aqui preços que a chefia não encontra em nenhuma loja.
Essa não! O pequeno Timmie foi atraído pela conversa do Bucaneiro Virtual e está prestes a cometer um ato ilegal, pois se ele não roubaria uma bolsa, então não deveria roubar um filme! É terrível! Precisamos urgentemente de um super-herói que apareça no último segundo para salvar a moral da história.
- Mantenha seus produtos nefásticos longe do inocente Timmie, Bucaneiro Virtual!
É o Homem-Clichê! O defensor dos fracos, oprimidos, das minorias, do politicamente correto e dos roteiristas mediocres!
- Homem-Clichê! Eu tinha certeza que você apareceria, seu maldito.
- Onde o chamado da justiça é alto e claro, lá estou. Agora renda-se, vil vilão, pois meus previsíveis poderes irão colocá-lo onde você merece estar: atrás das grades.
Com o peito estufado e as mãos na cintura, o arauto da justiça rebate os ataques do maléfico Bucaneiro, mostrando que a força sempre supera a desordem. Vamos lá Homem-Clichê, o pequeno Timmie está contando com você! Traga a luz para a escuridão, dando a esta cidade um novo amanhecer. Derrote de vez o malfadado perturbador da ordem!
- Acabou, pequeno Timmie. Com meus poderes, derrotei de vez o Bucaneiro Virtual, que passará o resto da vida aprendendo como o crime não compensa. Vou inocentemente virar as costas para ele, pois o degenerado vilão já foi vencido, e...
Cuidado, Homem-Clichê, o Bucaneiro ainda está acordado! Essa não, com uma rajada de Torrent ele derrubou o paladino da verdade, que caiu desacordado no chão. Sebo nas canelas, pequeno Timmie, porque agora deu zica, e o insano vilão tem o controle da situação.
- Com o Homem-Clichê fora do caminho, nada poderá me deter!
O vilanesco antagonista tem razão, sem o Homem-Clichê a vaca foi pro brejo. Espere, o herói dos bons valores está se levantando, superando seus próprios limites. É inacreditável!
- Isso... mesmo. Não importa... quantas vezes eu caia... a Justiça corre nas minhas veias, e é por ela que eu sempre me levantarei, mesmo... mesmo que meu corpo não agüente mais..
Reergua-se das cinzas, cavaleiro da disciplina! Mostre ao malcriado ser do que é feita a ordem!
- Você vai se arrepender por ter violado os direitos autorais, Bucaneiro Virtual! Prepare-se para receber o meu ataque mais poderoso: MEIA-LUA PRA FRENTE + SOCO!
- Essa não, o ataque do Homem-Clichê está vindo quase na velocidade da luz, não terei tempo de.. aaaaaaarrrrrhhhggg!
Com o ímpeto que marca as grandes lendas da História, o defensor das virtudes ataca sem dó, eliminando de vez a ameaça do Bucaneiro Virtual. Tranquilópolis volta a ser um lugar calmo, habitado por pessoas de bem e com os valores necessárias para manter o bom andamento da comunidade. E você, pequeno Timmie, aprendeu alguma coisa com isso tudo?
- Com certeza: devemos fazer sempre a coisa certa, senão acabaremos tomando uma surra da justiça!
Hahaha, é isso mesmo, pequeno Timmie. É isso mesmo. E lembre-se sempre: o crime não compensa. A verdade é sempre o melhor e caminho. Até a próxima!
Eu sei que é notícia atrasada, mas não podia deixar de comentar. O André ja havia dito que o Renato Gaúcho, sozinho, tinha mais culhões que todo o time do São Paulo. Pois a vitória de quarta-feira só veio a corroborar essa afirmação.
A possibilidade de apenas um lance, aos 46 minutos e meio do segundo tempo, inverter por completo a situação, é o que torna esse esporte o mais admirado no mundo todo. E o SPFC realmente ainda não aprendeu: vitória por 1x0, em casa, no jogo de ida, não pode ser considerado vitória.
Elenco Harrison Ford (Henry Jones Jr.) Shia LaBeouf (Mutt) Cate Blanchett (Irina Spalko) John Hurt (Professor Oxley)
Indiana Jones corre atrás de um tesouro enquanto desfila tiradas engraçadas, seduz moçoilas, sobrevive a situações impossíveis e arrecada milhões de bilheteria mundo afora.
Um dia antes da estréia do filme, achei curioso a inexistência de uma campanha de marketing mais agressiva. Só então me dei conta: não precisava de uma. Dezenove anos de espera por um filme já criam expectativa suficiente.
E que filme. Spielberg e Lucas colocaram Indy no final dos anos 50, no meio da paranóia comunista, fazendo assim com que o arqueólogo seja prejudicado pelo seu próprio governo. O resultado é interessante, e não modifica muito a estrutura da série, que ainda mantém a aventura absoluta em primeiro plano - tanto é que com poucos minutos de projeção a correria já começa, enquanto Henry Jones Jr. toca o terror nos russos (sim, aqui os nazistas foram substituidos pelos inimigos da Guerra Fria).
Sem delongas, o filme já reune Indy e Mutt (bem interpretado pelo carismático Shia LaBeouf, que consegue passar intensidade quando necessário e tem um bom timing cômico), trazendo à película aquele "conflito" entre juventude e experiência, que provavelmente seria feito com o pai do protagonista se Sean Connery não tivesse recusado o papel (o que tornou necessária algumas mudanças emergenciais no roteiro). O importante é que a química entre os dois funciona, criando ali um núcleo familiar que dá força à atmosfera despojada e engraçada da produção, seja nos momentos tranquilos ou nas cenas de ação.
Aliás, é aí que Spielberg mostra o domínio impressionante que possui das câmeras: mantendo a ação sempre em foco, o diretor trabalha com planos mais longos, criando sequências de aventura que fazem Matrix parecer uma apresentação de dança infantil (não há como assistir à perseguição de jipes sem erguer os braços em comemoração). São uma demonstração incrível de coreografia, sincronia e enquadramento, atingindo um nível desumano de adrenalina. Da mesma forma, até as cenas onde nada explode e ninguem briga são desenvolvidas com estilo: o primeiro plano onde o Dr. Jones aparece, mostrando a silhueta dele pegando e vestindo o famoso chapéu, é de uma elegância digna no título de sir, e pode muito bem servir como assinatura de toda a série.
Claro, nada estaria completo sem o mal-humor cativante de Harrison Ford. Recriando com perfeição todos os trejeitos do arqueólogo (principalmente o franzir de sombrancelhas ao proferir, irritado, alguma tirada cômica), ele nos faz voltar no tempo e lembrar do herói da trilogia inicial - o que faz a diferença, pois já conhecemos aquela personagem. Indiana Jones faz parte do imaginário de quem assistiu aos primeiros filmes, e a interpretação de Ford traz à tona aquelas características que nos fizeram gostar tanto do sujeito. Rever nosso "velho amigo" na telona já é emocionante o suficiente para que o ator mereça todos os prêmios do gênero.
Mas nem tudo são flores, e determinadas passagens (e escolhas do roteiro) acabam incomodando bastante. O McGuffin que move a trama destoa bastante dos anteriores, mesmo fazendo certo sentido quando consideramos a década na qual a película ocorre. Uma sequência envolvendo cipós e outra envolvendo índios são completamente desnecessárias, e soam forçadas. As formigas gigantes convencem menos do que o Celso Roth. O professor interpretado por John Hurt não faz sentido nenhum, e expõe buracos grandes na história (por quê ele voltou? Como ele sabia qual era a chave se não havia conseguido da primeira vez?). A cena final, embora divertida, poderia ser eliminada sem problemas, o que facilitaria até em uma possível continuação (malditos "finais felizes"). Tudo isso, somado, acaba minando um pouco da empolgação que o filme se esforça tanto para construir.
Entretanto, o simples fato de fazer o espectador ouvir no cinema a [adjetivo a ser inventado] trilha composta por John Williams é o suficiente para dizer que valeu muito a pena. E a espera.
Há males que vêm para bem - Barack Obama e Hu Jintao que o digam.
Câncer em boa hora
O senador Edward Kennedy, último irmão vivo do famoso ex-presidente assassinado John F. Kennedy, foi diagnosticado ontem com um câncer cerebral. Também conhecido por Ted Kennedy, o influente político americano foi internado com convulsões no sábado, mas somente ontem os médicos vieram a público dar a notícia. O tumor maligno surge justamente na reta final da escolha democrata para o seu representante nas eleições à Casa Branca.
Já que a vitória não era 100% segura, um certo drama na campanha de Obama vem bem a calhar a essa altura do campeonato, né não?
Terremoto em boa hora
O presidente chinês Hu Jintao vem a público agradecer a ajuda humanitária de outros países após o terremoto que matou mais de 12 mil pessoas no seu país - os números podem ser maiores, até porque o número de soterrados pode chegar a quase 30 mil. O drama chinês deve aumentar ainda mais o espírito de união entre os povos pregados pelo COI para as olímpiadas de Pequim.
Além de agradecer à ajuda humanitária, Hu Jintao também deve estar agradecendo às forças ocultas da natureza por esse terremoto; afinal de contas, todo mundo já esqueceu dos recentes conflitos no Tibete, grande foco da imprensa mundial nas últimas semanas.
O Processo, Franz Kafka (Der Prozess, 1925). Abril, 1979, 277 páginas.
Alguém devia ter caluniado a Josef K., pois sem que ele tivesse feito qualquer mal foi detido certa manhã.
Assim como em A Metamorfose, Kafka praticamente resume a obra inteira na primeira frase de seu livro. Josef K., um respeitado banqueiro, certa manhã é detido na própria pensão onde habitava. Fica sabendo que corre contra ele um processo, cujo teor K. desconhece, e descobrimos, no decorrer da obra, que nenhuma acusação contra ele virá à tona.
Crítica ferrenha ao aparelho judiciário e à corrupção dos funcionários da justiça, a acusação contra Josef K. é o tempo todo um mistério. O interrogatório em que K., no afã de resolver logo a situação, impede que lhe seja dirigida qualquer pergunta; o encontro com o pintor bem relacionado, cujos contatos dão a K. a esperança de uma resolução positiva de seu processo; as reuniões com o advogado que K. considera pouco compromissado com seu caso. Cada acontecimento no livro, ao contrário do que gostaríamos, não esclarece a situação do protagonista – antes, vão tornando-a uma teia complexa onde tanto o leitor quanto K. encontram-se irreversivelmente enredados.
A narrativa construída por Kafka é tão burocrática (pesada, prolixa, como queiram chamar) quanto a justiça que Josef K. tenta combater. Apesar disso, Kafka consegue criar uma empatia tão grande com seu protagonista que a certa altura, sem nem perceber, começamos a esquecer o absurdo de sua situação para nos preocuparmos com o desenrolar de seu processo – mesmo sem sabermos uma vírgula sequer do seu conteúdo. K. e o leitor compartilham da mesma ignorância acerca dos procedimentos judiciários, da situação do processo e das possíveis soluções para o seu caso. E ao final, mesmo após todos os esforços empenhados por K., ambos (protagonista e leitor) descobrirão que tais esforços foram em vão.
Baita livro, embora exija uma boa dose de vontade para chegar ao final. Recomendo.
A capa do caderno Donna, da Zero Hora de domingo, tem o seguinte título: "A Ioga tem a força. A atual mania das academias de ginástica é recorrer aos exercícios da Ioga para criar novas aulas e atrair cada vez mais alunos".
Vamos relevar que Ioga já é algo da moda há alguns anos, aproveitando o embalo bastante ocidental dessa onda de buscar o "corpo perfeito" e blá blá blá. Pois bem. Me parece que a ACADEMIZAÇÃO da prática filtrou toda a parte "inútil" (leia-se "filosófica"), tornando a milenar arte um simples exercício para que as pessoas tentem não ter celulite ao envelhecer. Adaptou a coisa toda ao conhecido "processo de produção", que busca resultados.
Nada contra exercícios, claro. Mas quando os caras falam em "priorizar a conexão corpo e mente" através de atividades com nomes fast food do tipo fitball e body balance, por algum motivo essa idéia não me convence. Só acreditarei que o Ioga acadêmico é algo realmente diferenciado quando começarem a ensinar, entre outras técnicas, o famoso Yoga Fire.
Awake - A Vida por um Fio - 2/5 A estrutura da história é até interessante, só que ela é tão mal explorada, mas TÃO mal explorada, que acaba despertando no espectador o pensamento "afinal, a Jessica Alba vai aparecer de biquíni ou não?" - e, o pior, ela não aparece. Saudade da época onde podíamos ver um filme ruim e pelo menos vibrar quando um par de seios aparecia na tela.
A Ero do Gelo 2 - 3/5 Com mais personagens e menos diversão do que o primeiro filme, este A Era do Gelo 2 é salvo graças à preguiça Syd e suas atitudes completamente nonsense. O mamute Manny enfrenta novamente dramas sobre solidão e Diego, o tigre, vira uma bola de pêlos coadjuvante. Já o esquilinho Scrat é usado de forma exagerada, mandando seu carisma literalmente por água abaixo.
Mr. Vingança - 4/5 Primeiro de uma trilogia sobre vingança que inclui o descomunal Oldboy, o filme do diretor Park Chan-Wook é de uma aspereza impressionante, tanto em termos gráficos (a quantidade de sangue usada não deve nada a filmes B) como na desolação e melancolia que percorre suas personagens. Uma forte demonstração de como a violência anda em círculos e torna as pessoas meros animais.
Superbad - 3/5 Não saquei porque o hype em cima de um filme que utiliza tantos artifícios batidos na tentativa de fazer humor. A grande amizade entre os protagonistas é muito bem construída, e poderia ter grande força dramática se o gordinho que só fala putaria não fosse tão chato. Superbad tem seus altos e baixos, mas desce redondo acompanhado de Trakinas e Coca-Cola.
Speed Racer - 4/5 Um violento bombardeio de sons, cores e imagens que quase funcionam como um I-Doser. Cartunesco até não poder mais, Speed Racer tem uma trama bobinha e bastante previsível, mas se supera com uma narrativa absurda (flashbacks vêm e vão que nem atrizes sem talento na Playboy, entre outras invencionices visuais malucamente empolgantes), atuações cativantes, cenas de ação grandiosas e um clímax absolutamente espetacular.
Homem de Ferro - 4/5 Um filme que começa com Back In Black, do AC/DC, e termina com Iron Man, do Black Sabbath, não tem como ser ruim. Homem de Ferro acerta ao tornar seus protagonistas interessantes para o público e, de quebra, questionar a venda de equipamentos militares - além disso, possui explosões suficientes para uma temporada inteira de 24 Horas e muitas coisas sendo destruídas. Ou seja, diversão extrema.
A Supremacia Bourne - 4/5 O segundo filme sobre o matador desmemoriado tem, como plot, uma gurizada perseguindo o cara em locações bacanas - pessoas que, obviamente, não viram o primeiro filme nem o que aconteceu com os vilões dele. Na real a trama é basicamente um mal-entendido, o que torna a película plausível porque relaciona as expressões "engano" e "governo". De resto, excelentes sequências de luta, roteiro intrigante e um cara tão bem treinado que deve manter a calma até jogando Winning Eleven.
O André já demonstrou o seu receio de, mais dia menos dia, sermos completamente dominados pelas máquinas que nos cercam. Hoje, li a notícia abaixo, que me fez pensar que não só as máquinas, mas os seus símbolos também podem, eventualmente, nos dominar.
Mario e Pac-Man são mais famosos que Matt Damon, diz pesquisa [do Terra]
O fato de Mario e Pac Man serem mais famosos do que certas personalidades, na verdade, não é o mais assustador. O interessante é que tais personagens ganham de muitas personalidades no que diz respeito à popularidade e apelo.
"O apelo de Mário não é tão diferente do de Tom Hanks ou Will Smith", afirmou Bill Glenn, vice-presidente de análise e visão para a Davie Brown Entertainment, que criou o DBI. "Ele é uma figura fascinante e de boa natureza. E, assim como Hanks, tem estado conosco por 25 anos, já se tornou familiar. Para atestar as celebridades, esses são fatores cruciais", acrescentou em comunicado.
A publicidade se utiliza de personalidades para vender seus produtos em função de seu apelo e, mais do que isso, de sua credibilidade. Penso, então, que as máquinas, ao decidirem dominar a humanidade, utilizarão esses personagens eletrônicos para mobilizar as massas. Mario ou Pac Man, por exemplo, não possuem restrições morais: eles podem, devidamente programados, irem à TV (ou ao YouTube) comunicar ao mundo a rebelião das máquinas. O que é pior: de uma forma simpática e animadora. Nós, humanos, acharíamos tudo tão incrivelmente non sense, ficaríamos tão, mas tão impressionados que não teríamos reação. Teríamos:
O APELO E A CREDIBILIDADE DO PERSONAGEM + A LÓGICA DO RACIOCÍNIO DAS MÁQUINAS --------------------------------------- UMA TEORIA IRREFUTÁVEL DE CONTROLE DA HUMANIDADE
Comentários rápidos sobre os livros que passaram pelas minhas mãos nos últimos meses:
Tiros na Noite (Vol. 1) - Dashiel Hammet Ninguém melhor do que um ex-detetive para contar histórias de mistério, certo? Mas ao contrário dos assassinatos cavalheirescos e de nível que Agatha Christie expões com maestria em seus livros, aqui a coisa é bem flamenguista: anti-heróis, matadores sujos, cruéis, impiedosos... Não tem frescura e ninguém tem medo de tocar o terror com um pé de cabra se for preciso. E a linguagem, que dá o clima noir da coisa, é algo à parte.
A escuridão tempestuosa foi cortada por uma tênue chama cor de bronze. Guy gritou, um rugido animal, sem significado. Uma cadeira foi ao chão. Ouviu-se o som confuso de passadas, rumores de luta, baques. Rosnados pontuados por grunhidos.
O Imperador: Deuses da Guerra - Conn Igulden A quadrilogia O Imperador, que narra a trajetória de Caio Júlio César, começou bem com os ótimos Os Portões de Roma e A Morte dos Reis - mas se já no terceiro volume, Campo de Espadas, a história começava a perder força, neste derradeiro livro encontra situações forçadas, personagens que vão contra suas características para satisfazer as necessidades da história, passagens corridas para que caiba tudo em uma edição e um clímax broxante. O César das revistas do Asterix tem muito mais vigor e personalidade...
Brutus se virou junto à porta e olhou para a multidão: - E se Pompeu tivesse ficado? - perguntou. Júlio deu de ombros, com o sorriso desaparecendo. - Eu o mataria. Roma é minha e sempre foi. - Em seguida, entrou no interior fresco, deixando Brutus sozinho na escadaria.
Harry Potter e as Relíquias da Morte - J.K.Rowling Uma trama ágil e grandiosa para encerrar a série de livros que cativou a gurizada e rendeu alguns milhões para uma moça inglesa. Embora a luta final fique abaixo do esperado e o epílogo praticamente destrua o clima que foi construído até ali, é um desfecho satisfatório para a história do bruxo que não é nada trouxa. Dumbledore teria sabido como e por que sua varinha agira sem que a comandasse, porque Dumbledore sempre tinha as respostas, conhecia tudo sobre varinhas, explicara a Harry a estranha ligação que existia entre a sua varinha e a de Voldemort... mas Dumbledore, tal como Olho-Tonto, como Sirius, como seus pais, como sua pobre coruja, todos tinham partido para um lugar em que Harry não poderia mais falar com eles. Sentiu, então, uma ardência na garganta que não tinha qualquer relação com o uísque de fogo.
A Erva do Diabo - Carlos Castaneda Incrível história sobre um estudante de antropologia que se torna aprendiz do índio Don Juan para, assim, conhecer os segredos do peiote e outras plantas alucinógenas. A parte em que ele analisa os acontecimentos de forma científica é bastante cansativa [/trauma da monografia], mas o capítulo dos ensinamentos... além de interessante, em certas passagens a coisa é tão surreal, mas TÃO surreal, que deixaria David Lynch com um ponto de interrogação na cabeça - o leitor , pelo menos, fica absolutamente impressionado durante a 'viagem'.
Don Juan estava olhando pra mim, fixamente. Dei um passo em direção a ele. Minhas pernas pareciam elásticas e compridas, extraordinariamente compridas. Dei outro passo. As juntas de meus joelhos pareciam flexíveis, como uma vara de salto; tremiam e vibravam e se contraíam como elástico.
Muito se falou sobre a hegemonia que o São Paulo vinha tendo, comprovada pelo bicampeonato e que gerou a alcunha de "O Lyon brasileiro" - referência à equipe francesa que desconhece o ideal de egalité e costuma vencer o campeonato nacional, deixando os outros times fazendo biquinho.
Nestes momentos, a instituição acaba se tornando exemplo de tudo: planejamento, organização, inteligência, economia, parceria e por aí vai. Convenientemente são esquecidos momentos como a eliminação na Libertadores 2006, 2007 e no Paulistinha 2008, pois eles não combinam com "esquadrões" de futebol. Em compensação, a cada gol feito o Rogério era adorado pela mídia e por torcedores como "o melhor goleiro do mundo", mesmo sendo o responsável direto pelo título continental dos colorados e pelo consequente quase-fim do mundo.
Pois bem. Depois de tanto blábláblá e puxação de saco em cima da equipe paulista, chegamos à pergunta que precisa ser feita mas ninguém tem coragem, a verdade nua e crua, a incerteza que agora paira sobre o Morumbi: pode o "excelente planejamento" (sic) resistir à derrota para uma equipe comandada por ninguém menos do que Celso Roth?
Ou foi um gigantesco acidente de percurso, ou chegou a hora de dizer aos sãopaulinos que por hoje é só, pessoal.
Antes da Copa do Mundo de 2006, uma série de questões pairavam sobre a equipe brasileira: Parreira não possuía um esquema definido, alguns jogadores eram titulares sem motivos futebolísticos, o grupo não estava unido, o técnico não sabia como escalar o "Quarteto Fantástico" mas mesmo assim o fazia...
Vários problemas que levaram à eliminação precoce da seleção canarinho. No entanto, nos dias que precederam o torneio só se falava sobre o peso do Ronaldo. A discussão ocorria em mesas de bar, programas esportivos, churrascos, rodas de amigos e, principalmente, na mídia. Uma novelona criada pelos meios de comunicação para ter algo "interessante" com o qual entreter os apaixonados torcedores.
Mais ou menos como o "caso Isabella", que hoje repercute em qualquer faixa social, em todos os públicos, bombardeando as pessoas com informações irrelevantes e sensacionalismo apenas para manter a questão na boca do povo. O Valter e o Rodrigo já se pronunciaram sobre o assunto de forma muito mais pertinente e desenvolvida, mas a cada dia que passa fico impressionado como a mídia fabricou uma novela, com heróis e vilões, dramas e conflitos, momentos polêmicos e tudo mais. Nas poucas vezes em que assisto às "reportagens", fico esperando um close de algum produto para fazer merchandising, uma subtrama politicamente correta ou a aparição do Tony Ramos.
Claro, posso estar enganado. Deve ter sido coincidência a primeira entrevista da mãe da guria ter sido transmitida em horário nobre, também. E duvido que o departamento de marketing da Globo tenha negociado com os anunciantes com frases como "hoje tem a primeira entrevista da mãe da Isabella, cobraremos R$ 200 mil a mais por inserção de 30 segundos".
Massa venceu o GP da Turquia, hoje pela manha. Correu muito bem a prova toda. Hamilton largou bem e colou no brasileiro a primeira parte da prova toda, porém com menos combustível. Hamilton ficou em segundo, com uma parada a mais e uma média de 1 segundo mais rápido por volta na primeira parte da prova.
Valeu Massa!! Agora o brasileiro está com 28 pontos, contra 35 pontos de Kimi Raikkonen, também da Ferrari, líder do campeonato. Mas o mais legal desse final de semana (fora pra um animal, óbvio!) aconteceu na GP2.
Bruno Senna, que largou em 15º na prova, fazia uma prova espetacular quando, na décima volta, já em 6º,... huahuahauhauhauhua.... deixa que o próprio piloto explique:
"Eu estava com um carro bom, fazendo uma grande corrida, mas infelizmente apareceu um cachorro no meio da pista. Isso é uma coisa inimaginável em um evento que também conta com a F-1."
Tadinho do animal! Só queria achar um bom lugar pra ver a corrida de Fórmula 1. Ele só não achou a faixa de patadestres, seu bando de barbeiro sem respeito!!!!
Elenco: Kurt Russel (Stuntman Mike) Minas gostosas
Um dublê psicótico e fanfarrão persegue de carro moçoilas bem dotadas.
O projeto Grindhouse, idealizado por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, era uma forma de homenagear os filmes B da década de 70 que os diretores tanto curtiam, com cada um realizando uma produção e intercalando as duas através de trailers falsos. Para a exibição mundial a produtora separou as duas películas, o que é compreensível, visto que apenas o segmento do Tarantino tem quase duas horas de duração - no entanto, nada explica a distribuidora ter colocado Planeta Terror em cartaz no Brasil (no mês de novembro de 2007) e até agora simplesmente IGNORADO À Prova de Morte, enquanto bobagens como Os Espartalhões ganham salas.
Enfim. Meus conhecimentos sobre filmes B são um tanto limitados, por isso, vou me ater mais às características da película em sí. Embora seja uma homenagem, a obra é bastante tarantinesca, incluindo aí alguns zooms característicos, diálogos "irrelevantes", trilha sonora nem sempre pertinente (mas bem colocada)... até mesmo o gosto do diretor por pés femininos assume uma tendência claramente exagerada, pois a câmera faz questão de passear pelos membros inferiores das atrizes. E não há como evitar a comparação entre a cena onde as garotas tomam café e a primeira cena do espetacular Cães de Aluguel...
Mas se Tarantino imprime sua marca na projeção, ele adiciona características típicas das produções antigas na película - e não falo apenas em questão de estrutura, mas sim efeitos estéticos: "falhas" no filme, como se estivesse rasgado ou mal cuidado, sequências cortadas como se algum rolo estivesse faltando, diálogos repetidos, entre outras coisas (que, paradoxalmente, devem ter sido feitas com a mais nova tecnologia). Além disso, a clássica equação "tosqueira + mina gostosa = filme B" ganha vida nos enquadramentos que costumam focar ângulos generosos das atrizes, normalmente relacionados à região glútea. Confesso, entretanto, que em uma produção cujo objetivo é homenagear clichês de terror, senti falta de um par de seios desnudos, também conhecidos como "é isso aí, tetas! (dois caras batem as mãos em um cumprimento específico)".
Embora o ritmo de algumas sequências seja arrastado demais, há uma expressão que define perfeitamente À Prova de Morte: diversão absoluta. Tarantino parece ter se divertido como nunca durante as filmagens, e sem dúvidas passou esse sentimento para a edição final, que se torna um entretenimento engraçado e bem conduzido. O próprio final dá vontade do cara levantar os braços e gritar "Woo-Hoo", com sua tosquice e nonsense que, dentro do contexto proposto pelo diretor, se tornam absolutamente espetaculares.
Prevendo o desastre que deve ser o Campeonato Brasileiro, pelo menos para o meu time, entrei no site do clube e dei uma olhada no plantel. Quase chorei. Mas assim, comecei a pensar o que se pode fazer com aquilo tudo ali. Comecei com o 4-4-2, fui pro 4-3-3, depois pro 5-4-1... sei lá, tem horas que é melhor por um 10-0-0, mas não tem gente suficiente para isso. Só não aceito um 3-5-2, que é burro.
De todos os esquemas que eu achei que poderiam render alguma coisa, depois de várias partidas seguidas obviamente, cheguei a conclusão que o 4-5-1, ao estilo Mano Menezes, ainda seria o melhor. Já contando com o Tcheco que chega no final do mês e escanteando o Roger (que eu não vejo onde por nesse esquema), fica assim:
1. Vitor 2. Felipe 3. Léo 4. Jean 6. "um cone" 5. Eduardo Costa 8. William Magrão 10. Tcheco 7. Soares 11. Rudnei; 9. Perea (talvez um cone, não sei..)
Bom, como eu estou longe de ser unanimidade, comentem o time que vocês acham que fará um fiasco menor.
Finalmente um time mexicano fez algo que justifique sua presença na Libertadores: o América desceu até o Maracanã e, embalado por sabe Deus quantas doses de tequila, derrubou a mocinha de salto alto chamada Flamengo.
Agora os cariocas terão que digerir o prato mais apimentado do ano, enquanto voltam sua atenção para as desculpas esfarrapadas e soberba que, eventualmente, vão acabar eliminando o time da próxima participação na Libertadores.
Ah, como é bom ver a América botando as coisas no lugar...
Acabo de perceber que uma aranha montou seu QG entre o monitor, o teclado e a torre do computador. Isso significa que é hora de fazer um upgrade ou enquanto não nascer grama no dito-cujo a situação tá tranquila?
A emoção de acompanhar a bola, após um chute forte e bem colocado, atravessar o espaço entre as traves, e logo após o grito da torcida. Apreciar um belo trabalho tático, contendo os atacantes do outro time, impedindo-os de avançarem rumo ao seu próprio campo. Sentir o gosto de um lançamento na medida, o atacante correndo, a plástica da jogada aliada à eficiência, enfim, vocês me entenderam.
Na verdade, vocês acham que entenderam. Todos aqui sabem do gosto dos presentes blogueiros por futebol, mas hoje o enfoque é outro: o negócio aqui é o football. Estamos falando de Madden, a minha mais recente aquisição em termos de jogos eletrônicos. Surpresa positiva, possui um potecial de vício - pasmem! - pouca coisa menor do que Winning Eleven.
Antes de mais nada, mostra-se necessário entender pelo menos um pouco das regras: o que são touchdowns e field goals, quem é o quarterback, como funciona a lógica interna do jogo (4 chances para avançar 10 jardas, até chegar à linha de fundo). Depois disso, é só começar a jogar e se adaptar a esse esporte tão desconhecido para nós.
Jogabilidade nota 10 e gráficos muito bem acabados definem bem o jogo. Além disso, alguns modos de jogo diferentes permitem treinar e adquirir experiência: os Minicamps são ótimos para treinar e testar as funções das várias teclas existentes; o Two minute drill é uma diversão rápida pra quem só quer fazer uns touchdowns e o modo Franchise permite jogar uma temporada completa. E ao correr livre rumo a um touchdown, algumas teclas permitem que o atacante corra de forma cômica, tirando um sarro direto com os adversários - coisa que provavelmente a CBF reprovaria, aconselhando a punição com cartão vermelho.
Só pra dar um gostinho, vai um trailer oficial. Só desconsiderem a música: deixa a desejar tanto no trailer quanto no jogo. Mas nada que tire o brilho geral do espetáculo.
Parando pra pensar, talvez os registros estejam se tornando mais importantes do que os eventos - prova disso é o grande número de vídeos no YouTube identificando pessoas que pagaram uma nota para ver shows através das telas pequenas de suas máquinas digitais. Ou então a tentativa de espetacularizar ainda mais as transmissões/gravações de certos momentos através de recursos 'cinematográficos', como câmera lenta, closes em gestos, nuances, trilha, movimentos de câmera.
O vídeo com os 'melhores momentos' da Copa do Mundo de 2006 é muito superior ao que o torneio realmente foi. Posso afirmar isso com propriedade pois vi 53 das 64 partidas disputadas. É muito mais emocionante e empolgante. É o registro publicitário de uma Copa com poucas atrações, com poucas jogadas memoráveis, com poucos lances inesquecíveis. E se nem mesmo o espetacular gol da Argentina contra a Sérvia - um tango bem compassado que por si só poderia incluir todas as virtudes que pregam haver no esporte (união, trabalho em equipe, qualidade, inteligência) - entrou para os grandes momentos do campeonato, então talvez o futebol enquanto negócio esteja se tornando muito mais importante como recurso dramático do que qualquer outra coisa. Por isso tantos DVDs lançados, o Pedro Bial declamando poesia, novas câmeras e profissionais no campo: ilustrar os dramas ao invés de focar nos aspectos do jogo propriamente dito ajudam a manter a expressão "o esporte é como a vida".
Ou alguém acha que mostrar o U2 em um clipe oficial da Copa do Mundo tem alguma justificativa além de associar a imagem do futebol com a de uma banda de sucesso e, assim, com um produto espetacular?