A certa altura de Indiana Jones e a Última Cruzada, o arqueólogo e seu interesse romântico entram em uma câmara subterrânea, cheia de pedras, esqueletos e ratos (todo filme da série precisa de pelo menos uma cena onde a atriz alcance níveis supersônicos com seus gritos, e nada melhor pra isso do que pequenos roedores peludos). Como os adoráveis bichinhos praticamente não fazem barulho no set, o som deles foi adicionado na pós-produção - e fiquei relativamente surpreso ao descobrir que aquela barulheira esganiçada veio na verdade de... galinhas.
A parte de efeitos sonoros é uma das que normalmente não chamam muita atenção, e isso ocorre justamente quando ela é bem feita. No making of, entretanto, os sons se tornam uma das atrações mais legais, porque a coisa toda é macgyverzada: barulhos complexos são feitos através de associações completamente nonsense, como um reco-reco e uma caixa de cd, ou um skate e uma esponja, ou qualquer coisa assim. É mais ou menos o que o Radiohead faz, mas com um propósito.
Claro, tudo é passado para o computador e mixado, remixado, tratado, e existem também bibliotecas de sons que estão à disposição dos técnicos, só que é muito mais legal quando descobrimos que o barulho de cobras em um filme foi feito usando purê de queijo. Acho que existe aí um elemento atraente de "improviso", uma quebra daquela idéia de trabalhar apenas com câmeras e aparelhos e computadores e as últimas novidades tecnológicas. E remete àqueles vídeos que o pessoal faz na época de colégio, quando uma bicicleta ergométrica é o cavalo e os sons de galopes são feitos com um cara batendo as mãos contra o peito.
Pra finalizar, eis aqui um ótimo exemplo de como efeitos sonoros bons fazem a diferença (não achei legendado). Divirtam-se: