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Eu adoro quarta-feira
André - 26 maio 2008 - 21:17
Em alguns (tá bom, vários) posts aqui, deixei claro o meu desprezo pelo rumo que o futebol está tomando e como isso baixou o nível do esporte. No entanto, preciso dar o braço a torcer e reconhecer a quarta-feira passada como uma ode à tudo que nos empolga quando a bola está rolando.

Manchester United 1 (6) x (5) 1 Chelsea
Uma final tipicamente inglesa. Empate em 1 a 1. Chata? Longe disso. Tirando as duas pauladas na trave que o Chelsea meteu, e as duas chances claríssimas perdidas pelo Manchester, o jogo ainda teve briga, confusões, tapas, socos, agressões, chuva torrencial e quase todos aqueles elementos que tornam uma partida inesquecível.

Já nos pênaltis, o drama atingiu níveis estratosféricos. Cristiano Ronaldo, o craque, o provável melhor do mundo, o carrasco que marcou o único gol dos Red Devils na partida, botafogueou e mandou a cobrança nas mãos do tcheco Cech. Tudo se encaminhava para o primeiro título dos Blues. Mas eis que, em um deslize, o herói do time John Terry - que salvou a equipe ao impedir um gol de Giggs na prorrogação - acerta a trave. Enquanto ele chorava feito um dirigente carioca, o brasileiro gremista Anderson correu alucinadamente para a bola e soltou um canudo no meio do gol, acertando a cobrança e realizando a melhor comemoração da noite. Kalou e Giggs converteram na sequência, mas então veio Anelka com ar blasé e fez os torcedores do Chelsea comerem o pão (francês) que o diabo amassou, chutando a pelota de forma displicente. O goleirão Van der Sar defendeu com facilidade e o tricampeonato foi para a terra do Oasis.

Fluminense 3 x 1 São Paulo
Todo torcedor tem (ou pelo menos deveria ter) direito a, no mínimo, uma experiência de fé absoluta na vida. Aquele momento onde tudo ainda está na metade do caminho, nada é certo e alguns poucos segundos de indecisão possuem uma carga dramática do tamanho do universo. Aquele genial espaço de tempo entre a conformação e a comemoração com bebida em excesso e garotas mostrando os seios.

Não gosto do São Paulo. Não gosto do clube atravessar negociações e achar isso normal, não gosto de como superestimam o medíocre Rogério Ceni e, principalmente, não gosto da equipe paulista por ter permitido ao Inter ser campeão continental. Também não vou com a cara do Fluminense, mas o fato de jogar contra o São Paulo já tornou o tricolor carioca mais simpático, além de contar com o mestre absoluto do mundo, Renato Portaluppi, no comando.

Pois quando Thiago Neves cobrou o escanteio imediatamente identifiquei o momento de fé absoluta. Quarenta e sete do segundo tempo. A bola viajou em câmera lenta, enquanto os torcedores cariocas se angustiavam na agonia da incerteza. No momento em que Washington subiu e 70 mil pessoas inconscientemente repetiram seu movimento com a cabeça, estava decretada a classificação. Porque o destino também queria ver o Maracanã literalmente explodir.

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