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Série "Todo Mundo em uma Ilha"
André - 26 maio 2010 - 21:09
No final do primeiro episódio da sexta temporada de LOST, na realidade alternativa, a série mostrou a Ilha toda debaixo da água, em um plano impactante e que certamente gerou as mais diversas dúvidas e teorias na cabeça dos fãs. E agora que o seriado foi pra banha, eu sugiro uma brincadeira: cortamos fora esse plano e vemos se isso faz alguma diferença para o todo. Hm. Não faz absolutamente nenhuma, né?

De certa forma, a sensação que tive ao final de LOST foi exatamente essa, de que foi tudo meio gratuito. A série foi desenvolvida de forma descomunal, onde cada pequeno detalhe poderia fazer toda a diferença. Foi isso que uniu um bando de fãs malucos com as mais absurdas e plausíveis teorias. E ok, teria sido ótimo se a "interpretação" de determinados eventos fosse deixada ao léu, para cada um entender do jeito que quiser. Mas eis que chegou aquele tenebroso episódio 15, e LOST mudou bruscamente de direção, se antes o sobrenatural era colocado na trama de uma forma orgânica e quase científica, ali a coisa foi escancarada como se não houvesse amanhã. Todo aquele papo de luzinha é uma solução medíocre, preguiçosa, como se tivesse sido concebida por dois minutos e era isso. Antes citar apenas que há um "coração" da Ilha que precisa se protegido do que realmente mostrar aquela baboseira. Da mesma forma, a trama simplesmente ignorou lacunas gritantes em sua cronologia: por que a Ilha não podia ser destruída? Por que o Fumacinha não podia dar no pé? Por que ele tinha que destruir a Ilha pra ir embora? Importante dizer que não estou cobrando soluções "cientificamente corretas", apenas respostas que fizessem o espectador realmente acreditar nas motivações das personagens (um simples "Jacob roubou minha humanidade e, assim, jogou em mim uma maldição. Apenas destruindo a Ilha posso me livrar dela e voltar a viver uma vida" solucionaria a questão do Fumacinha, por exemplo).

Já tudo que diz respeito ao reencontro e ligações entre as personagens foi absurdamente comovente. A forma como as vidas se conectavam na realidade paralela, os pequenos e emocionantes flashes toda vez que alguém se lembrava dos eventos, a serenidade de cada um, os sorrisos de alegria, a impressão de que eles estavam REALMENTE felizes ao se reencontrar, tudo isso foi construído de forma exemplar no último episódio, realçado por uma trilha devastadora, que faria até mesmo Materazzi chorar no cantinho. Muitos filmes com grandes orçamentos e grandes atores não alcançam este nível de dramaticidade e beleza (aliás, Matthew Fox complatamente em chamas), e o final com o olho fechando foi de uma sensibilidade aniquiladora.

Entretanto, na minha opinião, LOST não é uma série cujo foco principal são as relações entre as personagens. Tanto que as únicas com quem realmente me envolvi foram Desmond, Charlie e Hurley. Não estava torcendo pra Kate ficar com Jack, ou Sawyer, ou Sayid encontrar a redenção - e lembro que episódios envolvendo a "construção" de personagens como Jin, Sun, Kate e até mesmo Jack (ou seja, flashbacks que não faziam muita diferença na trama principal) foram duramente criticados. E eu pergunto: se o que realmente importava eram as pessoas da história, por que não colocaram aquele conceito de "Luz" mais cedo na história, de forma que pudesse ser melhor absorvido pelos fãs? Será que os produtores imaginavam que, após a "resposta" ser dada (uma resposta bem CHULA, convenhamos), o interesse pelas personagens não seguraria a série até o final?

Dessa forma, o final de LOST foi ao mesmo tempo emocionante e decepcionante. Na verdade, após o criminoso episódio 15 da 6ª temporada, me senti completamente desligado da série - era como se eu estivesse assistindo outra, na qual as respostas para os mistérios e, principalmente, a motivação de tudo que acontecia eram conceitos totalmente vagos, mais preocupados em adequar-se à necessidade do roteiro para chegar a um desfecho do que em soar coerentes com tudo que havia sido feito até então (o ato de fazer com que eles estivesse mortos na realidade paralela me soou como "bem, não temos ideia como resolver isso, então vamos dizer que estão mortos". Exatamente o tipo de coisa que os produtores haviam dito que não aconteceria). Uma pena. LOST foi memorável, sim. Mas, se tivesse respeitado suas próprias regras, seu último episódio poderia ter sido um exemplo brilhante de uma narrativa ao mesmo tempo surreal e concisa. Porque aquele plano onde o Jack fecha o olho é um final perfeito para a série. Infelizmente, as quatro horas anteriores não fazem jus a ele.

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Série "Todo Mundo em uma Ilha"
André - 24 maio 2010 - 22:24
Temporada 06, Episódios 17 e 18
Final épico e emocionante. Após uma bem produzida retrospectiva mostrando onde está cada personagem (geograficamente e emocionalmente), JACKOB e sua turminha começam a ir em direção à Luz (tipo, literalmente), enquanto Locke CO2 convoca o Desmond e ambos debandam pra ir até a tal da Luz, com seu bichinho de estimação Ben logo atrás. Os dois times se encontram no mesmo caminho, pois estavam indo na direção contrária, ou seja, ninguém sabia onde era a porra da Luz. Cientes de que todos os fãs esperavam um CONFRONTO OLÍMPICO, as duas turmas apenas se provocam levemente e partem pro mesmo lugar. Uma vez lá, Desmond, Jackob e Locke Fumacê entram na caverna, onde o bródá faz RAPEL até a luzinha - que não o transforma em fumaça como fez com o irmão de Jacob porque, bem, porque o roteiro não precisava que isso acontecesse na hora. Daí o Desmond acha um laguinho ali dentro com uma pedra brilhante no meio, vai até lá, tira o O.B. da Ilha e então, naquele que é o maior trocadilho de todos os tempos, o plano do Jackob vai literalmente pelo ralo.

Na realidade alternativa, uma intrincada trama de acontecimentos vai ligando os losties uns aos outros, e é particularmente tocante os pequenos flashbacks que acontecem quando eles acabam relembrando dos acontecimentos (e, de praxe, podemos ver a Claire do início da série, antes de enfiarem uma samambaia na cabeça dela). Ao se descobrirem, as personagens vão se guiando para uma igreja, onde, no início do episódio, o caixão do pai do Jack foi colocado. Mas tudo isso é irrelevante perto do fato de que a Kate usa um vestido minúsculo que deixa à mostra suas coxas DEVASTADORAS.

De volta à Ilha, onde Kate infelizmente veste calças: após Desmond TIRAR O CABAÇO do local, a Ilha toda começa a tremer. Miles e Richard (sim, ele está vivo, Miles o encontrou tirando uma soneca na floresta) seguem pra Ilha B pra explodir o avião, mas convenientemente encontram Lapidus boiando no mar (e na história). Ele os convence de que um avião possui capacidades aéreas e, portanto, podem usá-lo para escapar. Na Ilha A, Jackob e Locke, STOCKE AND TWO SMOKING BARRELS realizam a batalha final de uma das maiores séries de todos os tempos com soquinhos e pontapés de comadres - Locke CO2 logo percebe o erro e esfaqueia Jack, mas Kate, infelizmente sem suas poderosas coxas à mostra, manda bala no Fumacê pelas costas e faz ele bater as botas. Como a tremedeira continua, Jackob diz que vai voltar pra caverna e arrumar tudo. Hurley e Ben ficam com ele, enquanto Kate e Sawyer picam a mula, embora todos saibam que empresas aéreas podem ser mais cruéis do que Ilhas com poderes sobrenaturais. Enfim, cada um na sua. Na caverna, Jackob faz Hurley tomar a água mágica pra se tornar o protetor da Ilha, já que o doutor provavelmente sucumbirá na tentativa de consertar as coisas (lição de moral: nunca tentem consertar alguma coisa, ou vão morrer). Jackob desce, salva o Desmond e coloca o O.B. de volta, normalizando tudo (e a única interpretação possível disso é que o "mal" que tanto se falava que a Ilha protegia era uma descomunal TPM, o que por si só já justifica todas as mortes e crueldades cometidas para proteger o lugar).

Voltamos à realidade alternativa, onde Jack é o último a chegar à igreja. Ao entrar pelos fundos, ele vê o caixão de seu pai, e lembra de toda a tramóia da Ilha - no entanto, o caixão está vazio. Eis que o pai de Jack surge, e diz que está morto, e que o Jack também está morto, e que toda a galera na igreja tá morta, e que a realidade alternativa é tipo um limbo onde todas as personagens precisavam se encontrar para seguir em frente, e aí o espectador fica desejando que ele mesmo estivesse morto pra não ter que ouvir uma PATAQUADA dessas. Daí todo mundo se abraça sorridente e feliz, e o pai do Jack abre uma porta e uma luz preenche o lugar. Então chega Haley Joel Osment e...

Já na Ilha, Lapidus, antes um coadjuvante, põe as asinhas de fora (trocadilho obrigatório) e faz o avião decolar. Enquanto isso Jackob, que apareceu misteriosamente atirado às pedras, volta ao bambuzal onde acordou no primeiro episódio da série e beija o chão ali. Ele ainda presencia a chegada de Vincent, como no primeiro episódio da série, e vê o avião de seus amigos voando pra longe dali, não como no primeiro episódio da série.

E então, em uma rima visual perfeita com o início de tudo, a câmera dá um close no olho de Jackob. Ele fecha esse olho. E LOST acaba de vez.

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Acabou a série, mas o auê continua. Não percam minhas impiedosas considerações finais a respeito de tudo na quarta-feira. E, semana que vem, pra fechar, publicarei no blog a forma como LOST devia ter terminado, exibindo tramas e soluções que farão as originais soarem como esquetes do Zorra Total.

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Falha de Titãs
André - 23 maio 2010 - 20:08
Fúria de Titãs (Clash of the Titans)
1/5

Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Travis Beacham, Phil Hay e Matt Manfredi (refilmagem do clássico de 1981)

Elenco
Sam Worthington (Perseu)
Liam Neeson (Zeus)
Pessoas que morrem

Cansada do mal-trato dos deuses, a humanidade resolve retrucar e declara guerra contra eles. Cansados da insolência dos humanos, que declararam guerra contra os deuses, Zeus e sua PATOTINHA resolvem tocar o terror nos homo sapiens - pra isso, botam toda sua confiança em Hades, um sujeito traído, que mora no inferno e que veste preto, ou seja, do mal, e a coisa degringola. Basicamente, é uma comédia romântica épica onde os humanos são a mulher e os deuses são o homem.

Quando o DISTINTIVO da Warner sumiu da tela, pensei "o filme vai começar com uma narração em off", o que de fato aconteceu (a propósito, os números da próxima loteria são 4-8-15-16-23-42). É de praxe que blockbusters épicos comecem assim (A Sociedade do Anel, por exemplo) ou com alguma personagem explicando a história antes de um flashback descomunal (Alexandre, por exemplo). Dessa forma, o espectador já fica a par da FOFOCAIADA e o filme pode desenvolver apenas a parte que mais lhe apraz. O problema é que Fúria de Titãs faz isso como se não houvesse amanhã.

"Larguei essa porra de mão. Vou tentar vaga na produção de 'O Hobbit'" (Perseu, após assistir ao filme)

Tipo, tem o Perseu, o protagonista. E o que sabemos dele? Que a família dele foi assassinada por um deus, que ele é um semideus, que ele precisa ficar com a outra semideusa da história no final, e que ele aos poucos se torna o líder da expedição de soldados. Isso não é exatamente um rompante de originalidade, certo? Pois Fúria de Titãs acha que a familiaridade do espectador com essa abordagem é o suficiente, que apenas atirar uma situação X no lugar onde a situação X deveria estar é bacana, e joga no fundo do poço aquela ideia subestimada de que FILMES PRECISAM DESENVOLVER A PORRA DA HISTÓRIA! Assim, quando um dos estereótipos chega pro Perseu e diz "você nos trouxe até aqui," o espectador só consegue pensar "mas tudo que o Perseu fez até agora foi matar um ESCORPIÃO VITAMINADO"; quando Perseu chora oceanos pela morte de uma personagem feminina, o espectador só consegue pensar "quem é essa mesmo?"; e assim sucessivamente. Basicamente, é transferir a seleção brasileira para o cinema: tem uma dúzia de volantes que mal sabem que a bola pode rolar, e mesmo assim o técnico/diretor espera que ela chegue nos atacantes.

Claro, nada disso devia fazer diferença, pois nesse caso a história é apenas uma terra fértil onde foram plantadas sementes de cenas devastadoras de ação, ou pelo menos assim a galera espera. Infelizmente, nesse quesito o filme também deu com os burros alados na água. As cenas de ação são extremamente comuns, a câmera chacoalha alucinadamente (eu te amaldiçôo, Riddley Scott!), as coreografias são MURRINHAS, a Medusa parece ter sido produzida para um jogo de Playstation 2 e nem mesmo o Kraken, um Godzilla com tentáculos, soa ameaçador o suficiente. Já o design de som investe no bom e velho ALTO PRA CARALHO, enquanto a direção de arte consegue ser um pouco mais criativa (a aparência do barco do Caronte, cheia de pontas irregulares, é assustadora e imponente; o covil da Medusa é repleto de escudos e lanças no chão, além de passarelas semidestruídas, ilustrando o grande número de batalhas que ocorreram por lá; a montanha das bruxas é escura e toda deformada, e assim por diante). E a trilha sonora até tenta ser heróica por alguns instantes, mas sucumbe ao velho ditado "não se pode tirar leite de pedra".

Como Perseu, o competente Sam Worthington (de Exterminador do Futuro: A Salvação e Avatar) não pode fazer nada além de cara de mau e carregar uma espada pra cima e pra baixo, enquanto solta gritos aqui e ali pra parecer alguém cheio de dor e angústia e, por consequência, complexo. O resto do elenco simplesmente está ali, uns para morrerem, outros para morrerem de forma mais heróica, e outros pra morrerem quando o Kraken ataca a cidade.

Fúria de Titãs é o tipo de filme que mostra um grupo de pessoas caminhando por uma gigantesca planície desértica, depois corta para uma outra cena e, ao voltar para estas pessoas, elas estão em uma floresta, como se tivessem percorrido um continente a pé em questão de horas. É o tipo de filme que olha para o espectador e diz "ei, vamos mandar um e-mail para ele com uma conta falsa a pagar, fazer o pagamento cair direto pra nós e enganar o trouxe para ganhar dinheiro". O tipo de filme que faz o público sentir inveja da Medusa quando ela tem a cabeça cortada e não precisa assistir a toda a película.

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Futuro, brutalidade e a morte dos pontos finais
André - 21 maio 2010 - 23:56
1984 - George Orwell
Orwell fatal demais. Cria um mundo aparentemente absurdo e, ainda assim, parece que estamos seguindo diretamente pra ele feito uma caixa de cerveja em um churrasco. A preocupação com os detalhes é tanta que até mesmo a linguagem utilizada pelas personagens torna-se alvo do totalitarismo do Big Brother, e vai sendo modificada para se tornar mais eficiente. A leitura é alucinante, fluída, cada capítulo deixa o leitor pensando "oh, céus, o que acontecerá a seguir?", e faz o cérebro dele explodir algumas vezes com tantas ideias sendo bombardeadas pra dentro.

Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota pisando num rosto humano - para sempre.

Meridiano de Sangue - Cormac McCarthy
Cada palavra do livro é um carvão cuidado, tratado e lapidado por Cormac McCarthy até se tornar um diamante com o formato da Scarlett Johansson. Simplesmente absurda a capacidade do autor em construir cada pedaço da história - juro que quase senti a poeira do deserto do Texas escorrendo pelos meus dedos enquanto lia. O cara colocava, sei eu, dez páginas apenas de SUJEITOS CAVALGANDO, sem diálogos, sem ação, sem nada, e eu não conseguia controlar o choro compulsivo frente à tamanha beleza. Paralelo à isso, jamais havia testemunhado tanta violência e brutalidade em uma obra, e a simples junção de tudo isso em 350 páginas, de forma coesa, já seria algo hercúleo. Mas aí aparece o juiz Holden, uma das personagens mais sensacionais de todos os tempos, e eleva o livro a um nível DESINTEGRADOR.

Mas vou dizer uma coisa. Somente aquele homem que se consagrou inteiramente ao sangue da guerra, que conheceu o fundo do poço e viu o horror de todos os ângulos e aprendeu enfim o apelo que ele exerce no mais fundo de seu íntimo, só esse homem sabe dançar.

O Que Diz Molero - Dinis Machado
Um furioso ENTRONCAMENTO de ideias, uma sucessão de acontecimentos bizarros e interessantes, uma galeria sensacional de personagens cativantes. Descartando os pontos finais como se eles fossem o Robinho, Dinis Machado constrói uma narrativa que tira o fôlego do leitor, que ora é real ora é surreal, e se mantém sempre no limite da imaginação sem perder sua força.

"A vida dá-nos pouco, bem sei", disse, "e por isso a verdadeira técnica consiste, na minha opinião, em saber procurar o sítio onde as bolas amarelas das crianças vêm tocar os nossos pés, como você diz que disse Molero a propósito já não sei de quê".

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Série "Todo Mundo em uma Ilha"
André - 20 maio 2010 - 00:41
Temporada 06, Episódio 16
Capítulo intenso. Começou com Jack e os outros saindo da praia pra ir até o fundo do poço, mas calma, literalmente, pois Sayid havia dito que Desmond e a Samara de O Chamado estavam lá. Enquanto isso, Ben, Miles e Richard vão até a casa de Ben na vila dos Outros procurar explosivos e NESCAU, mas são surpreendidos por Widmore e a mina que é braço direito dele lá que eu não lembro o nome e que nem interessa, porque ela morre no final. Enfim, quando eles vêem que o Locke VULCÃO ISLANDÊS tá chegando perto, tomam decisões diferentes: Widmore e a mulher se escondem literalmente atrás do armário, em uma passagem secreta; Ben dá de ombros; Richard se prontifica a conversar com um monte de fumaça, mostrando que o Alzheimer tá pegando afu - não à toa, Richard é o primeiro a bater as botas. Então Locke CO2 aparece em sua forma humana e Ben dedura onde Widmore está escondido. O Fumacê vai lá e corta a garganta da mina com uma faca (viu? Eu disse que ela morria) como se estivesse em um episódio de 24h, e pergunta pro Widmore o que RAIOS ele está fazendo naquela Ilha, ameaçando matar a filha do velhote caso ele não colabore. Antes do Widmore FOFOCAR todo o segredinho, entretanto, Ben dá um tiro nele (vale lembrar aqui que Widmore mandou pra Ilha o barco cheio de MILICOS que mataram a filha do Ben), dizendo com a amargura de um torcedor do Fluminense "Ele não ganha a chance de salvar a filha dele".

Certo. Realidade alternativa, então. Descobrimos que Jack tem um recital de piano do seu filho para ir à noite, porque o guri não nasceu homem suficiente pra jogar futebol. Desmond vai novamente à escola onde Ben e Locke ensinam e TOCA O TERROR pra cima do Linus, que acaba tendo flashes da outra realidade. Isso faz com que Locke repense sua decisão sobre a cirurgia e procure Jack, porque assim é misterioso. Agora vamos ver se eu consigo ser claro: Desmond se entrega à polícia como o CARMAGEDDON que atropelou Locke, e é preso por Sawyer em uma cela com Sayid e Kate gata; Sawyer, ao que tudo indica, vai a um concerto de música com Miles; Jack vai ao concerto de música do seu filho; quando estavam sendo transferidos para a prisão, Desmond, Sayid e Kate gata são libertados por Ana Lúcia, que dirigia o furgão e havia sido comprada com dinheiro fornecido por Hurley; Desmond então orienta a todos que vão a um concerto à noite, onde provavelmente todas as personagens se encontrarão na realidade alternativa. Basicamente, no CONCERTO tentarão CONSERTAR as coisas (sacaram?).

De volta à Ilha, então. Enquanto os losties se dirigem ao tal poço, Jacob aparece e convida todo mundo pra sentar em volta de uma fogueira, discutir os mistérios da série e contar histórias de terror com uma lanterna iluminando o rosto. Sim, todos podem ver o falecido Jacob. Não, não há explicação de como isso acontece. O juca Jacob então diz que levou todos à Ilha porque transformou seu irmão em um cano de descarga ambulante, blá blá blá, fala que tem uma Luz no meio da Ilha e diz que um deles deverá ser o responsável por protegê-la. Jack EJACULAÇÃO PRECOCE, claro, se prontifica. Jacob leva ele até um fio de água, benze a dita-cuja e dá pra Jack beber, tornando-o oficialmente o novo guardião e fazendo com que o doutor ganhe automaticamente a melhor vaga no estacionamento da Ilha. E tipo, é isso. Durante anos os caras comeram o pão que os produtores amassaram e, de frente com alguém que possui todas as respostas, ninguém sequer pergunta que PORRA é aquela Ilha, que PORRA é aquele monstro de fumaça e que PORRA é essa de transformar um seriado interessante em um CONTO DA CAROCHINHA nos últimos capítulos.

Em algum lugar no meio da floresta, Locke Fumacê e Ben (que se prontificou a ajudar o vilão a matar pessoas em troca de ficar com a Ilha) chegam até o poço, mas, para surpresa geral, Desmond não está lá, o que provavelmente é a maior reviravolta da história do mundo desde que o Botafogo perdeu uma partida decisiva. Só que o Locke CO2 diz que isso é bom pra ele. Que Widmore definiu Desmond como um mecanismo de defesa (ANTIVÍRUS, para usar um vocabulário jovem) caso o Fumacê aprontasse todas pra cima dos candidatos do Jacob e os levasse para o mundo de Ghost. E então, com um olhar ameaçador no rosto envolto por sombras, Locke Eyjafjallajokull diz que Desmond o ajudará a fazer aquilo que ele nunca conseguiu fazer:

Destruir a Ilha.

(domingo é o episódio final. Segunda estarei postando um resumão de tudo. Fiquem atentos)

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Você não aguentaria a verdade
André - 18 maio 2010 - 22:26
No último sábado, antes de encarar toda a tortura de assistir ao CORINTHIANO Robin Hood, fui obrigado a corajosamente enfrentar algumas léguas de fila. Foram 30 minutos de pura tensão matemática e física, onde a necessidade me obrigou a criar uma fórmula própria utilizando o espaço, o tempo, a média percorrida e a lerdeza das pessoas na hora de escolher um pontinho verde na tela e dizer "quero esse" (a propósito, qualquer coisa que envolva um número grande de pessoas e tecnologia fatalmente dará muito errado, e as probabilidades de a humanidade ser extinta por uma velhinha tentando sacar dinheiro no caixa eletrônico são gigantescas).

Mas números realmente não são meu forte, como comprova meu saldo bancário. E na ansiedade de decidir ou não se o tempo se mostraria um amigo que me dá temporadas dos Simpsons de presente ou um inimigo dirigindo uma linha de ônibus da qual necessito para me locomover, percebi que aquele seria o lugar perfeito para um devastador estudo da personalidade humana, caso minhas condições financeiras não fizessem a Grécia atual parecer a Caixa Forte do Tio Patinhas (o que nos leva de volta à derrota com os números e ao saldo bancário, fechando o círculo vicioso). A balbúrdia seria mais ou menos a seguinte: eu iria trapacear e furar a fila, no melhor estilo POLÍTICO ELEITO DEMOCRATICAMENTE, pegando um lugar bem ali na crista da onda e me certificando de que chegaria na bilheteria a tempo.

"As pessoas terão seus ânimos acirrados e tentarão resolver tudo em um sangrento confronto físico ou um jogo de futebol sem câmeras", dirão vocês. Calma, é aí que entra a minha intelectualidade devastadora. Pois antes de cometer o ato criminoso eu abordaria cerca de 60% da multidão, de forma aleatória, e daria a estas pessoas uma soma em dinheiro suficiente para que apoiassem a minha realocação. Dessa forma, apenas uma minoria se revoltaria com a atitude. Ou seja, em caso de confronto físico, eu estaria em vantagem; no caso de alguma intervenção externa, eu teria provas de que a maioria decidiu por aquela opção, e como vivemos em um estado democrático, eu estaria em vantagem; e caso alguém chamasse o gerente e choramingasse pra ele, em uma tentativa patética de recuperar posições e me mandar para o SOE, 60% da multidão estaria disposta a jurar pela vida que eu já ocupava aquele lugar, e o gerente não acreditaria caso dissessem "ah, o fulano pagou a galera pra mentirem por ele", porque, convenhamos, é uma história ridícula demais e apenas uma mente doentia cogitaria levá-la a sério. No final das contas, ao invés de meia hora eu gastaria apenas cerca de dois minutos, e poderia sentar tranquilamente na sala e não perderia os minutos iniciais do filme (o que nem foi tão desvantagem, considerando a qualidade do mesmo).

Melhor do que o conforto, entretanto, seria o poder: caso tivesse posto tudo isso em prática, eu teria uma prova prática, palpável, bem na minha frente, de que para transformar uma mentira em verdade são necessários apenas alguns trocados.
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Feliz Segunda-Feira
André - 17 maio 2010 - 19:29
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Pontaria falha
André - 16 maio 2010 - 19:21
Robin Hood
2/5

Direção: Riddley Scott
Roteiro: Brian Helgelend

Elenco
Russel Crowe (Robin Hood)
Cate Blanchett (Lady Marion)
William Hurt (William Marshall)
Mark Strong (Godfrey)
Max von Sydow (Sir Walter Loxley)

Robin Longstride, também conhecido como Robin Hood e MAXIMUS, liga o modo "politicamente correto" e enche o saco de surrar muçulmanos em nome do rei Ricardo Coração de Leão. Então, quando este ABOTOA O PALETÓ no meio de uma peleja, Robin vê uma chance de dar no pé com sua trupe de amigos - entretanto, o destino, esse grande roteirista preguiçoso, coloca no caminho da galera a coroa do tal rei, o que leva Robin a conhecer Marion enquanto o rei da França arma uma conspiração pra tomar a Inglaterra de assalto.

Riddley Scott inconscientemente aderiu à moda hollywoodiana de refilmagens, pois Robin Hood nada mais é do que um Gladiador recauchutado. Estão ali os mesmos temas: o herói involuntário, a mina idealista, alguém da família assassinado, o vilão caricato, as cenas de ação decepcionantes, a falta de destreza do diretor e a necessidade de assistir ao filme bêbado pra achar alguma graça.

Russel Crowe caracterizado como Robin

Isso porque a trama de Robin Hood é rechada de momentos que fogem completamente à qualquer lógica de qualquer dimensão conhecida e desconhecida pelo homem. É como se houvesse uma cartilha de normas a serem seguidas nos filmes épicos, e o roteiro simplesmente jogasse elas ali. Tipo, não basta os vilões serem adversários do herói (e é com a visão deste que o espectador se identifica), eles precisam ser maus. Rir enquanto botam fogo em mulheres e crianças. Convocar o Josué pra seleção brasileira. Da mesma forma, Robin, o herói involuntário, precisa fazer um discurso comovente, embora absolutamente NADA tenha dado a entender que ele tinha as características para tal feito. E como não tentar morder o próprio cérebro quando uma personagem subitamente aparece de armadura e espada e com um batalhão que surgiu Deus sabe de onde e parte pra pauleira desenfreada, se até ali ela mal dava conta de conduzir cavalos pelo PLANTIO? Parece que o roteiro de Robin Hood faltou à aula de desenvolvimento da história, onde se aprende que, antes de botar centenas de figurantes tocando o terror uns nos outros em grandes planícies, é preciso que a trama que conduz a esses momentos cative o público ao menos um pouquinho. Uma história apressada não leva a lugar nenhum - como disse o filósofo MAURÍCIO SARAIVA, "a pressa apressa o erro".

Já Riddley "MÃOS DE PARKINSON" Scott, embora acertadamente mantenha as cores desta sua cria sempre em tons dessaturados buscando uma imagem mais sóbria e realista (a exceção é a vila de Nottingham, cuja relva é tão verde e bonita que dá até vontade de PASTAR), e deixe as sombras se acomodarem como quiserem (afinal, é uma história tensa, e as sombras ajudam a dar um climão), novamente cai no mais desprezível de seus vícios: nas cenas de ação, a câmera se remexe tanto que é impossível distinguir qualquer coisa. Simplesmente não dá. Sei que a câmera chacoalhando tenta conferir um tom mais realista e blá blá blá, mas como o sujeito vai torcer pelo Robin Hood se ele sequer consegue ver quem naquela MASSA DISFORME é o Robin? Não ajudam muito os cortes rápidos, feitos como se o montador estivesse fatiando CENOURAS e que buscam fortemente proporcionar ao espectador uma intensa experiência de dor de cabeça. Por outro lado, a direção de arte recria muito bem os trambolhos da época, e, junto com a trilha, é responsável por qualquer resquício de heroísmo que porventura apareça na tela.

Como Robin Hood, Russe Crowe limita-se a a fazer de novo a mesma fala mansa e olhar cabisbaixo que usou como Maximus em Gladiador. De resto, Cate Blanchett nada pode fazer com uma personagem, bem, chata pra caralho, enquanto os outros elementos do elenco nada são além de caricaturas desenhadas por crianças de 6 anos de idade. Salvam-se apenas William Hurt, que confere dignidade total ao William Marshall, e Max von Sydow, único representante da expressão "carisma" ao longo da projeção.

Imagino que a ideia aqui, assim como em Batman Begins e Sherlock Holmes, foi criar uma base para que se pudesse desenvolver uma franquia em torno de Robin Hood. Infelizmente tudo que Scott fez foi pegar uma figura clássica e empanturrá-la de clichês de seus próprios filmes - prova disso é que a imensa habilidade de Robin com o arco e flecha quase não aparece, e, quando o faz, vem acompanhada de uma solução visual burocrática. Parece que, ao contrário de seu protagonista, Riddley Scott errou o alvo de vez.

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Série "Todo Mundo em uma Ilha"
André - 12 maio 2010 - 23:53
Temporada 06, Episódio 15
Pior episódio de LOST de todos os tempos. Começa com uma mina sobrevivendo a um naufrágio e chegando na Ilha. Assim que percebemos que ela está grávida, surge uma tia mais velha, que ajuda a moçoila. A grávida então faz várias perguntas sobre a Ilha, mas a outra responde com um "qualquer pergunta que você me fizer levará a uma outra", pois assim os roteiristas não precisam pensar respostas e podem assistir a 24H. Enfim, ela logo dá a luz a um filho, diz que o nome dele é Jacob, e depois, para surpresa geral, dá a luz a outro filho. Então a tia mais velha mata ela a pedradas, porque isso é misterioso.

Corta para alguns anos mais tarde. Jacob e o Fumacê (o nome dele não é revelado, porque isso é misterioso) já adolescentes encontram um jogo de xadrez chinfrim na praia, uma metáfora nada sutil do jogo que eles fazem com os losties, e também do jogo que os produtores fazem com os fãs. Nesse INTERIM, a tia velha, que assumiu papel de mãe dos bróders, fala que não há nada no mundo além da Ilha, e diz que eles não precisam se preocupar em morrer, o que já explica a imortalidade dos caras - afinal, quando mãe fala TÁ FALADO (ela também explica que um não pode ferir o outro, porque... bem, porque sim). Depois ela leva os guris pro VALE ENCANTADO, onde tem uma caverna com uma luz que é, pasmem, o CORAÇÃO da Ilha. Sem explicar PATAVINA nenhuma sobre nada disso, a tia velha só diz que os dois vão ter que proteger o lugar no futuro, e sai de cantinho.

Um tempo depois, enquanto Jacob e o Fumacê Emo perambulam pela floresta, acabam topando com uma turminha da pesada, e voltam correndo pra tia velha. Ela diz que as pessoas que eles viram são homens maus, que não é pra trocar figurinha com os caras e tudo mais, mas o Fumacê Emo viu muita Malhação e, dando uma de rebelde, pegou suas trouxas e picou a mula pra se juntar com os caras. Jacob ficou com ela porque ele ouve Coldplay e não quer grandes emoções na vida. Anos mais tarde, numa visita de Jacob, Fumacê Emo fala que os homens realmente são corinthianos e que não dá pra confiar neles, mas diz que a inteligência dos caras vai ajudá-lo a vazar. E explica: eles ficaram cavocando buracos Ilha afora até achar um onde tem a tal Luz do Vale Encantado, e vão botar ali uma roda, que fará o truque de tirar a galera da Ilha. Não entenderam? Ninguém entendeu, mas aparentemente, para os produtores, o mistério da roda que gira e faz todo mundo viajar no tempo está explicado.

Quando Jacob fala os planos de seu irmão pra tia velha, ela, totalmente embriagada de DEUS EX-MACHINA, dá um SAFANÃO no Fumacê que o deixa desacordado, enche de terra o poço que eles cavaram quase até a Luz, mata a turma com quem o Fumacê andava, põe fogo nas casas e convoca Ronaldinho Gaúcho para a seleção brasileira. Depois leva o Jacob até o Vale Encantado de novo, diz que ele será o protetor da Luz, dá pro sujeito um gole de um líquido que fará com que ele "aceite o papel de protetor", ri das explicações NEFANDAS inventadas pelos roteiristas e avisa que não é pro Jacob entrar na caverna cheia de Luz, porque isso seria "pior que o inferno".

Quando Fumacê acorda e vê tudo que a tia velha fez deusexmachinamente, fica putaço da cara e corta relações com ela - tipo, literalmente, enfiando uma espada nas costas da velhota. Jacob chega, vê a cena, desce o cacete no seu irmão, pega ele pela orelha e atira o cara na caverna de Luz, exatamente onde a mulher havia dito que não era pra ninguém entrar apenas algumas horas antes. Fumacê some num efeito especial tosco, e de repente sai de lá o monstro de fumaça em carne e CO2, ignorando completamente a política de não fumar em locais públicos. Jacob acaba encontrando o corpo de seu irmão e põe deitado ao lado do da tia velha, no pequeno acampamento deles, mostrando que, oh, os esqueletos de "Adão e Eva" encontrados pelos losties na primeira temporada são dos dois. E termina com Jacob falando "Adeus, Irmão. Adeus".

Agora sabemos que a Ilha possui uma Luz mágica, que Jacob tem poderes mágicos porque uma senhora assim o quis, que o monstro de fumaça na verdade é uma REGURGITAÇÃO da caverna de Luz, e que o final de LOST fatalmente derrubará os butiãs do bolso de todo mundo.

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Tudo errado
André - 11 maio 2010 - 23:11
Dunga rompeu com qualquer resquício de lógica e bom-senso que porventura habitara seu corpo. A convocação de hoje foi o ápice dos absurdos que vinham sendo feitos, e pode muito bem fazer com que Deus resolva dar cabo do mundo antes da Copa, e ninguém poderá culpá-Lo.

Como este é um blog de família, não vou maculá-lo citando aqui as desgraças que foram anunciadas hoje. Os comentários a respeito de tamanha desfaçatez para com o próprio futebol vocês podem encontrar lá nos Imparciais, sempre com seu tino jornalístico sobrepujando qualquer emoção. E que Deus tenha piedade das almas de todos nós brasileiros.
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Curtas
André - 09 maio 2010 - 23:22
Simplesmente Feliz - 2/5
Amélie Poulán wannabe. Sem o carisma, o charme, e a criatividade do filme francês, entretanto. É tipo ver o dia-a-dia de uma personagem da Disney inserida no mundo real.

500 Dias com Ela - 3/5
Esse filme chegou cheio de hype, todo mundo elogiando, como se fosse a última mina dentro do peso na festa. E acabou sendo um amontoado de cenas cool, com canções cool, e fotografia cool, mas que acaba tão mediano quanto a expressão "cool".

Control - 3/5
Sam Riley completamente em chamas é a DIVISÃO DA ALEGRIA no que diz respeito à qualidade, uma vez que o roteiro simplesmente joga cenas a esmo na história, esquecendo de colocar uma NOVA ORDEM entre elas.

Tudo Azul - 3/5
A coisa fica meio PRETA pro lado do ritmo e da narrativa em certos momentos, e Anna Paquin, embora pegável, não atinge o nível de PAIXONITE necessária para tornar a película inesquecível. Ainda assim, consegue ser um road movie assaz cativante.

Entre os Muros da Escola - 5/5
Jamais a realidade de uma escola foi representada de forma tão fiel. Sem grandes CLÍMAXES ou cenas dramáticas, a película consegue soar interessante e pertinente, fazendo com que o espectador se identifique com aquela turminha do barulho. Impossível não ficar com vontade de ir pra aula de FÍSICA logo após assistir ao filme.

Waking Life - 5/5
Richard Linklater juntou as palavras nonsense e rotoscopia, colocou no liquidificador e o resultado foi Waiking Life. Que, embora levemente episódico, traz discursos e questionamentos fortes, tornando a cabeça do espectador um verdadeiro CHATROULETTE de reflexões.

O Cheiro do Ralo - 4/5
Uma divertida, criativa e intensa história, contada de forma gradual e interessante - percebam que, no final, com todos os absurdos que acontecem, o espectador aceita aquilo naturalmente como parte da trama, pois a dita-cuja foi construída com o perfeccionismo de um Rinus Michels e a qualidade de um Cruyff.

O Anticristo - 5/5
Lars von Trier fez uma gigantesca bomba H psicológica, que, ao explodir, libera estilhaços de desolação do tamanho da Via-Láctea, além de obrigar todas as televisões do universo a passar continuamente imagens de cachorrinhos sofrendo. Tenso e angustiante até o final, e por pelo menos mais uns dois dias.

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Criacionismo
André - 08 maio 2010 - 13:46
Percorreu os olhos pela tela branca, que zombava dele, insistia em arrefecer qualquer faísca de criatividade. Levantou-se da cadeira. Caminhou em círculos pela sala, e teria parado, caso percebesse que estava fazendo um clichê tão grande quanto os que evitava colocar na tela. Chutou uma bola de futebol contra a parede por algumas vezes, tentando botar em ordem seus pensamentos, pois a inspiração costuma se enamorar do prosaico, e voltou a se sentar. Batia nas teclas como alguém marreta uma pilha de pedras, sem paixão, apenas como exercício de vida, e via nascer em seu monitor apenas um conjunto de palavras cuja ligação entre si era tão tênue quanto aquela que mantém os homens de má índole conectados ao mundo. Perscrutava sua mente atrás de associações ou conexões ou ligações ou insights que acionassem seu sistema de criação. Bebeu mais um gole do refrigerante gelado ao seu lado, compilou informações que tinha na cabeça, organizou-as, desdobrou-as, enfrentou-as, obrigou-se a encontrar algum gatilho de imaginação, mas novamente foi frustrado frente aos resultados. Deixou-se levar pela inércia que teima em se apresentar nos momentos mais inoportunos, e ficou ali por um par de horas, ou de dias, não sabia ao certo. Até o momento em que a situação ficou insustentável, insuportável, e ele começou a digitar determinado, sem hesitar, o início do novo texto, que buscara o tempo todo, e não se importava mais se era bom ou não, apenas se estava ali ou não, e as primeiras palavras começaram a aparecer no monitor: "Percorreu os olhos pela tela branca...".
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Série "Todo Mundo em uma Ilha"
André - 05 maio 2010 - 21:19
Temporada 06, Episódio 14
Após uma semana de ausência, LOST voltou dramático, DEBILITADOR - recomendo tirarem as crianças da sala antes de começarem a ler o texto. Que começa com Jack acordando na Ilha Hidra (onde estão Widmore, os losties, enfim, toda a patota) ao lado de Sayid e Locke Fumacê. Descobre que a galera toda lá foi presa pelo Widmore, e então eles arquitetam um elaborado plano de resgate: Sayid desliga a energia, Locke vira aquele CHUVISCO DE TV SEM SINAL e toca o terror nos guardas e Jack, sendo um cirurgião, fica incumbido de inserir a chave corretamente na fechadura e girar. Ele faz isso, e todo mundo liga o sebo nas canelas, e eles saem serelepemente floresta afora enquanto seu lobo não vem. Enquanto isso, Locke CO2 chega no avião e manda os guardas de encontro a Elvis, dá uma vasculhada no bagulho e acha uma bomba plantada lá pelo velhinho Widmore. Após desarmá-la, o Fumacê simplesmente a guarda na mochila, o que não é tão estranho, considerando que, na condição de um estado gasoso da matéria, ele sequer precisa de mochila. Enfim. No momento em que os losties chegam lá, ele explica a situação, diz que o avião não é seguro, fala alguma coisa sobre um tal de Osama e toca a matilha na direção do submarino.

Na realidade alternativa, Jack, curioso e interessado em fofocas como sempre, investiga a vida de seu paciente, o Locke não-fumaça, e aos poucos os dois vão se conhecendo, e fatalmente um deles colocará estrelinha de fã do outro no Orkut. Mas Jack também encontra de novo Claire, e descobre que ela estava no vôo, assim como Bernard (dentista que ele foi consultar na investigação Lockiana), e começa a ficar com a pulga atrás da orelha nessa história toda. Jack ainda oferece a Locke uma cirurgia pra arrumar a espinha dele, mas Locke recusa, porque isso o torna uma personagem PROFUNDA e MISTERIOSA.

De volta à Ilha, a gandaia corre solta quando os losties (vamos contar: Jack, Sawyer, Kate, Sayid, Claire, Jin, Sun, Hurley, Lapidus e Locke SMOKE ON THE WATER) chegam até o submarino, e metade dessa galera se manda pra lá e domina a situação com facilidade. Antes do resto se juntar a eles, Locke Fumacê veste sua mochila em Jack, que não percebe que isso não faz SENTIDO NENHUM e é obviamente uma maracutaia. Então chega um pelotão Widmoriano, tem um tiroteio mal coreografado, Kate é penetrada (calma) por uma bala, Jack literalmente dá um caldinho no Locke CO2 jogando ele pra água, e a turma invade de vez o submarino, deixando apenas Locke e Claire de fora.

Ao ver isso, Claire entra na TPM absoluta e sai chilicando, mas Locke Fumacê segura ela e diz misteriosamente "você não queria estar naquele submarino". Dentro do submergível, Jack abre a mochila e vê a bomba com o timer acionado. Entra uma trilha tensa. Eles confabulam por alguns segundos sobre a decisão a ser tomada, até que Sayid informa a Jack que Desmond está em um poço na Ilha e que o doutor precisará dele. Por que Sayid faz isso? Porque logo depois o iraquiano pega a bomba e PICA A MULA pro outro lado do submarino, onde ela explode, e a viagem deles vai literalmente por água abaixo. Como a água invade alucinadamente o local, Hurley tira rapidinho a Kate de lá. Jack e Sawyer ficam pra ajudar Jin a soltar Sun, que ficou presa em uma estrutura feita de metal e drama. Mas logo Sawyer bate a cabeça e desmaia, e o doutor tira ele de lá, deixando os dois orientais sozinhos. Sun grita pra Jin ir embora, mas ele emula Leonardo DiCaprio em Titanic e diz que não vai deixá-la. Então a água invade de vez.

Chegando à praia, os quatro sobreviventes (Jack, Sawyer, Kate e Hurley) choram a morte dos companheiros (Lapidus, Sayid, Jin e Sun). Ainda lá no cais, Claire pergunta a Locke Fumacê se todos morreram. Ele diz que ainda não, e sai com cara de mal, e olha hipnótico, e a australiana pergunta onde ele vai, e ele fala com entonação maléfica "terminar o que comecei", e daí simplesmente acaba o episódio.

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O Top 5 dos corações vingativos
André - 04 maio 2010 - 22:00
Já discorri aqui sobre a importância do amor para o mundo do entretenimento, no post O top dos corações quebrados, que abordava o sofrimento colossal expressado em canções pop (isso pareceu título de monografia, né?). Mas hoje os renegados têm sua voz de contra-ataque. Pois assim como toda decepção dá origem a um sofrimento, todo sofrimento cedo ou tarde resulta em raiva. E desse ROSNADO musical, cito aqui os cinco melhores, obras de pessoas com o coração quebrado, feitas apenas para dilacerar o coração de outrem.

Fiquem de pé e contemplem, então, o Top 5 canções vingativas.

5 - Sexed Up - Robbie Williams
Uma aparente balada romântica, que se utiliza deste artifício para ludibriar os sentimentos do ouvinte, fazendo com que ele cante, na verdade, uma música cheia de rancor. Em Sexed Up, o cara tá tão de mal que fala que ele e sua patroa não tem mais PEGADA, e que isso é a única coisa que havia sobrado. E, de forma nada sutil, pede pra esquecerem tudo e fingirem que nunca se conheceram.
Trecho Ranger de Dentes: Screw you / I didn't like your taste / Anyway, I chose you / That's all go to wasted / It's Saturday / I'll go out and find another you

Apesar de ser uma banda bastante, digamos, "SALVEM A ÁFRICA", o U2 reuniu ao longo da carreira alguns insights bem pessimistas. Who's Gonna Ride... é um desses. É um sujeito observando todo o estrago feito por uma PIRIGUETE e jogando na cara dela, nas palavras mais duras, do jeito mais vingativo. Ao mesmo tempo cruel e belo, tal qual um gol aos 46 do segundo tempo.
Trecho Ranger de Dentes: You're an accident / Waitin' to happen / You're a piece of glass / Left in a beach

3 - Used to Love Her - Guns and Roses
Em sua trajetória intensa, o Guns chutou o balde na Lua no que diz respeito a... bem, a praticamente tudo. Used to Love Her é a vingança dessa banda alucinada, exagerada, que, não contente em transformar sua raiva amorosa em homicídio, ainda o faz com uma melodia animada e empolgante. Um hino atemporal, que continuará expressando o coração dos homens enquanto as mulheres continuarem MULHEREANDO.
Trecho Ranger de Dentes: I used to love her / But I had to kill her (e precisa de mais?)

2 - Substitute - The Who
Das guitarras ensandecidas e mente genial de Pete Towsend saiu essa pérola, essa poesia ácida que transforma notas musicais em verdade. Um lamento divertido, como um boêmio apoiado num balcão de bar, enchendo a cara e escrachando a pessoa que o fez sofrer. E que simplesmente não se importa em rir da cara dela e celebrar brindando com os amigos até quase quebrarem os copos.
Trecho Ranger de Dentes: Substitute me for him / Substitute my coke for gin / I'll substitute you for my mom / At least I'll get my washing done

A canção The Hindu Times, do disco Heathen Chemistry, é bastante empolgante. Otimista, até. O que torna ainda mais discrepante a comparação com a demo da qual ela foi PARIDA: com uma bateria forte, intensa, guitarras raivosas e barulhentas que despejam toneladas de concreto sufocando até o mais apaziguador dos sentimentos e Noel cantando com voz LAMURIOSA, The Hindu Times Demo é um soco no coração, uma bomba de raiva, um motorista apressado na hora do rush em São Paulo. Escurece tudo à sua volta, como naquele momento onde os homens fatalmente perdem a razão e se atiram aos seus instintos mais primitivos. É a coisa mais cruel e odiosa já feita, e só pode ter sido de uma paixão tão ardente quanto os dez círculos do inferno. Todo esse rancor e essa necessidade de machucar alguém da pior forma possível colocam The Hindu Times Demo como a maior voracidade já feita por um ser humano contra outro.
Trecho Ranger de Dentes: What you believe / Is not fair / When you leave / Yeah the world won't care / The ghost that is your soul it leaves me cold, baby
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Só no visual
André - 02 maio 2010 - 22:55
Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland)
2/5

Direção: Tim Burton
Roteiro: Linda Woolverton, baseada em livros de Lewis Carrol

Elenco
Mia Wasikowska (Alice)
Johnny Depp (Chapeleiro Maluco)
Helena Bonham Carter (Rainha Vermelha)
Anne Hathaway (Rainha Branca)

Prometida em casamento a um estereótipo de "vamos colocar um SONGAMONGA de noivo pro público não se sentir mal quando ela quebrar o coração dele", e constantemente questionando todas as convenções sociais da época, a jovem Alice acidentalmente se precipita por uma toca de coelho e cai em um mundo fantasioso. Descobrindo que lá o buraco é literalmente mais embaixo, ela tem que se unir a CGIs e personagens maquiadas pra destronar a malvada Rainha Vermelha.

Quando foi anunciado que Tim Burton adaptaria a clássica história de Lewis Carrol, a galera entrou em polvorosa. Afinal, ele, um diretor acostumado a trabalhar com visuais fantásticos, que coloca um estilo pessoal no design dos filmes, enfim, um cara que pega tudo e põe um traço mais sombrio em cima, filmando uma história já totalmente fantástica. E foi exatamente isso que ele fez em Alice - mas só isso. Tipo, jogou as características burtonianas na película e, enquanto pensava em uma maquiagem estranha o suficiente pro Johnny Depp, deixou AO LÉU o resto da balbúrdia.

Começa que a trama provavelmente foi bolada por algum roteirista da série 24 Horas, pois foca alucinadamente na ação: Alice está aqui, precisa fazer isso, então ela vai pra lá e faz aquilo, entra infiltrada em um castelo, assim por diante. Simplesmente não há espaço nenhum para que o espectador realmente conheça aquelas personagens e seja cativado por elas. Por exemplo, quando o Chapeleiro Maluco toma uma decisão que o deixa em maus lençóis em prol de SALVAGUARDAR Alice, aquilo soa tão forçado quanto propaganda de creme dental. E o filme é uma sucessão de situações onde o roteiro entra chutando a porta e fazendo a coisa do jeito que ele quer e mostrando o dedo do meio pra fluidez da história e azar do goleiro.

Cenário do filme ou explicação para os delírios visuais de Tim Burton?

Mas isso não passa de um bando de chocarrices, porque o canal mesmo é ver Tim Burton aplicando sua imaginação devastadora em um mundo já fantasioso, certo? Er.. não muito. Visualmente, Alice no País das Maravilhas é competente - com exceção do Valete e seus movimentos dignos de virar dancinha dos jogadores do Santos, os CGI são bem feitos e competentes. As paisagens são vastas e sombrias. A cabeça da Rainha Vermelha é desproporcionalmente interessante. E é justamente nesse ponto que a cobra fuma: tudo está apenas ok, convencional, sem nenhuma solução visual inventiva ou significativa. Titio Burton fez o arroz com feijão que se espera dele e picou a mula. Estão lá os galhos tortos, os cemitérios, Johnny Depp, tudo muito bacana, mas cabe aqui a expressão "eu já vi esse filme antes". Apesar de estar tudo no lugar, não há nenhuma sequência ou momento ou imagem ou nada assim que seja memorável. Soma-se isso ao roteiro esdrúxulo e aos seis reais a mais que você pagou pra ver em 3D, e pronto, decepção total.

Como Alice, Mia Wasikowska é gatinha e não vai muito além disso. Pronuncia as falas com a monotonia de um professor de matemática, o que não combina muito quando a moça está vendo GATOS DESAPARECEDORES à sua frente. Johnny Depp, por sua vez, faz uma mistura de Jack Sparrow, Willi Wonka e BOZO, e como o roteiro é uma sucessão de derrotas, o ator pouco consegue fazer para tornar o Chapeleiro Maluco algo além de bizarrice gratuita. Aliás, isso afeta todo o elenco, com exceção da Helena Bonham Carter, que vai pras cabeças (trocadilho obrigatório) com sua rainha alucinada e divertida.

Somando tudo, Alice no País das Maravilhas parece mais um produto vendável do que um filme: Tim Burton + história fantasiosa + Disney + 3D. Como se a preocupação com o evento e o marketing fosse mais importante do que o filme em si - algo perigoso, considerando que estamos falando de um diretor com uma filmografia criativa ÀS GANHAS, e que sempre deu um toque de originalidade em tudo que fez. Se continuar nesse ritmo, pra recuperar seu prestígio Burton vai precisar de um grande às na manga.

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É ferro na boneca
André - - 18:41
Homem de Ferro 2 (Iron Man 2)
4/5

Direção: Jon Favreau
Roteiro: Justin Theroux, baseado no personagem da Marvel

Elenco
Robert Downey Jr. (Tony Stark / Homem de Ferro)
Mickey Rourke (Ivan Vanko)
Gwyneth Paltrow (Pepper Pots)
Don Cheaddle (James Rhodes)
Scarlett Johansson (Natasha Romanoff / prova da existência divina)
Sam Rockwell (Justin Hammer)

Após os eventos do primeiro filme, onde Tony Stark pegou uma armadura e saiu por aí feito um adolescente com um POSSANTE, o Homem de Ferro agora precisa a) trocar farpas com o governo, que quer pegar seu brinquedinho b) enfrentar um vilão russo no melhor GUERRA FRIA STAILE c) achar um carregador de celular que funcione com sei iPAD no peito, já que o atual está envenenando o amigo da robôzada.

Levando em conta que o herói do filme é um playboy rico e sem noção, e que ele é dono de um aparelho ainda mais ducaralho do que o Play 2, a franquia Homem de Ferro funciona enquanto filme seguindo uma e apenas uma lógica: diversão absoluta. Entretanto, se por um lado apenas a presença do protagonista já é magnética suficiente, falta Toddynho pra película se manter à altura da primeira obra.

Digo isso porque a história em si é uma grande arrumação de malas na hora de voltar de viagem: o cara tenta colocar coisa demais e acaba ficando tudo amassado. A tramóia do reator no peito do Tony parece ter sido colocada só pra ocupar os espaços do campo, e em nenhum momento ganha a profundidade necessária, assim como o vilão Ivan Vanko. E o mesmo ocorre com toda a balbúrdia que o governo faz para tentar pegar a BECA do Tony. Na verdade, a película carece de uma linha central narrativa, que carregue o espectador pela história. É tipo jogar com o JULIO BAPTISTA no lugar do Kaká. Mas se essa parte da estrutura parece feita de palitinhos, o roteiro acerta em cheio com diálogos apocalípticos e fazendo de Tony Stark uma magnética mistura entre Bon Jovi, Steve Jobs e ROMÁRIO.

E ouvi dizer que também tem um cara com uma armadura de ferro.

Já conhecendo bem a personagem e suas TRAQUINAGENS, o diretor Jon Favreau comanda a bagaça de forma bastante convencional, deixando que a força de seu protagonista cative a platéia - embora, admito, senti falta de uma ou outra ousadia nas cenas de ação. A fotografia é bastante colorida, ressaltando aquele mundo de NINGUÉM É DE NINGUÉM onde Tony vive, e mesmo as cenas na gelada Rússia não puxam a coisa pra um lado muito cinzento ou escuro (o que destoaria da proposta do filme). Com uma montagem bastante descolada (ou seja, cortes rápidos, mas em um nível perceptível ao olho humano - abraço, Michal Bay), o filme fica fluído e nada cansativo. O único porém vai pras já citadas cenas de ação, que, com exceção daquela na corrida e uma da Natasha Romanoff, não suprem a necessidade de adrenalina que meu coração buscava. E o clímax precisava de mais molho BARBECUE.

Citar a atuação de Robert Downey Jr. é chover no molhado, armar a seleção da itália na retranca. Totalmente à vontade no papel, o ator possui um carisma desgraçado, fazendo com que todos na sala de cinema queiram ser amigos daquele protagonista - e o simples fato dele não ser engolido por Mickey Rourke, que faz um vilão MEDONHO e tem no currículo O Lutador, é prova de seu talento. O resto do elenco se propõe a manter a coisa rolando, sem aparecer muito e tal, com exceção de Sam Rockwell (que faz milagres com uma personagem tão irritante quanto mosquito voando perto do ouvido) e Scarlett Johansson (que cria paz mundial com seus olhos verdes, e cria incêndios florestais com aquela roupa colada, e é dona da melhor sequência de ação do filme, e cada vez que ela sorri uma criança sofrendo na África ganha na loteria).

Homem de Ferro 2 é divertido pacas e um bom exemplo de blockbuster com qualidade, mas está um nível abaixo do filme que lançou o herói enlatado. Pela bilheteria, é provável que uma continuação da continuação seja lançada, ou seja, hora de torcer para que o diretor Jon Favreau aprenda com esses pequenos erros e mostre que não está enferrujado.

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