Quando a gente nasce, escolhem um nome pra nós, de acordo com a classe social ou algum outro critério bizarro (a soma dos nomes dos pais, por exemplo), e quando o cara cresce ele até pode mudar de nome, mas não pode mudar pra, digamos, Capitão Marvel, pois é socialmente UNCOOL (e também porque levaria um processo da DC Comics no rabo). Depois escolhem uma religião, e uma pessoa até pode mudar de religião quando mais velha, mas terá que se contentar entre uma das opções disponíveis ou não ter religião. Ela não pode, por exemplo, acreditar que Deus desce à Terra de vez em quando pra jogar 3 dentro e 3 fora ou que as pessoas literalmente viram estrelas quando se vão.
Então vem a escola, onde o aluno TEM que passar de ano, todos os anos. A gurizada não pode decidir que vai aprender o conteúdo e, por algum motivo obscuro, repetir a série. Não, isso é palha. E, claro, tem que escolher um grupo no qual irá se encaixar, e se adaptar a esse grupo, pois até mesmo não ter um grupo já virou um grupo. A idéia de alunos simplesmente coexistindo está fora de cogitação.
Já no final do colégio chegam dezenas de materiais relacionados à orientação vocacional, uma vez que todos precisamos escolher uma faculdade (uma entre as opções apresentadas e "aceitas" pelos outros) e, pasmem, cursá-la. Porque no final das contas, uma pessoa precisa escolher um emprego, e é a faculdade que vai servir de bússola - um sujeito não pode, digamos, decidir ser um "organizador de livros por ordem alfabética do sobrenome do autor e, dentro destes, por ordem cronológica". Não rola.
Existe também a questão da alma gêmea, da cara-metade, da heróica decisão de fazer sexo com apenas uma pessoa pelo resto da vida. Tipo, homens e mulheres TÊM que ou sair procurando alucinados pelo amor da sua vida ou EVITAR A TODO CUSTO qualquer coisa relacionada ao amor da sua vida, dizendo aos quatro Twitters que isso não existe. Simplesmente viver e eventualmente cruzar com uma pessoa especial, de forma natural, não faz parte da brincadeira.
Por essas e outras que eu acho curioso quando alguém diz "eu gosto de ter/quero ter controle sobre a minha vida". Como?
Ontem o U2, banda irlandesa que dispensa links da Wikipédia no texto, fez um show no Rose Bowl, em Los Angeles. Além de celebrar as ensandecidas defesas que Taffarel fez nos pênaltis contra os italianos, em 94, o show foi transmitido através do YouTube para 16 países. Isso mesmo: centenas de milhões de dólares em equipamentos foram transformados em uns e zeros e DISPARADOS contra as casas das pessoas.
Sendo eu fã da banda, desocupado e metido a jornalista, fiz no Twitter uma cobertura minuto-a-minuto do evento - sempre parcial e extremamente nonsense, claro. Cobertura essa que agora reproduzo aqui para os leitores (aham, como se fosse no plural, mesmo) que não me seguem no microblog:
- Por enquanto, apenas imagens do público. E do palco, que parece um TRANSFORMER.
- Troquei pra um link que um amigo mandou com fotos de cheerleaders loiras. Cheerleaders loiras > U2.
- Na expectativa pra ver se aparece alguém com a camiseta do Grêmio, como sempre.
- A propósito, #u2b seria um trending topic mais afu do que #u2webcast. Da próxima vez, deixem os nomes comigo, ok?
- Tem um cara com microfone dizendo que ajudou a montar o palco. Ele literalmente ARMOU UM BARRACO lá no show.
- E o sujeito usa uma POCHETE. Maior prova de que o U2 está voltando aos anos 80.
- Vi uma bandeira do Brasil. Dou três minutos pra começar alguma ação de guerrilha promovendo as Olimpíadas 2016.
- Será que o KANYE WEST vai aparecer junto com o Obama?
- Rá, Obama acaba de ser citado por The Edge. Na mosca.
- Agora estão mostrando o guitarrista numa van, e pelas imagens na janela, o câmera é MICHAEL MANN filmando Colateral 2.
- Acabei de ver um cara com uma camiseta do Nirvana. Esse vai ter uma decepção enorme quando ver qual banda vai subir no palco.
- Vai começar. Vejo vocês no final.
- A ISS é um BRINQUEDO DE LEGO perto desse palco, fato.
- BELÍSSIMO plano-sequencia mostrando a entrada de Larry no palco. Digno de P.T. Anderson.
- Alguém AUMENTA O VOLUME DA GUITARRA DO THE EDGE, porra!
- Aumentaram =D
- Bono acaba de FALHAR MISERAVELMENTE em um falsete durante Misterious Ways.
- Beautiful Day chutou a bunda de tudo e todos.
- Me atirei ao chão e chorei um OCEANO com Still Haven't Found / Stand by Me.
- Bono COMPLETAMENTE EM CHAMAS durante No Line. Cuspiu até a terceira fileira de pessoas enquanto cantava, fato.
- IN A LITTLE WHILE! IN A LITTLE WHILE! ADEUS, MUNDO!
- Apareceu um astronauta no telão. Provavelmente era o DONO do palco pedindo ele de volta.
- Minha nossa. Until the End of the World = FATALITY ABSOLUTO.
- De onde saiu essa COLMÉIA ELETRÔNICA durante The Unforgettable Fire? o.O
- Meus cinco sentidos foram ANIQUILADOS por Vertigo. Terei que assistir ao resto do show apenas com a INTUIÇÃO.
- Tão dispensável quanto o Robinho esse remix de I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight.
- Acabou a primeira parte. Vamos ver se os ianques sabem cantar "Mais um, mais um!".
- O mundo não fica muito maior do que Where the Streets Have no Name.
- Bacana essa jaqueta LASER do Bono. Mas por que ele tá cantando em um VOLANTE DE AUTOMÓVEL?
- Ultraviolet ruleou demais. With or Without You idem. Bom ver que algumas canções continuam maiores do que o palco.
- Bah, Moment of Surrender. Que forma mais XOXA de encerrar o show. Tipo de música que o Puff Daddy cantaria
- Enfim, acabou o minuto-a-minuto. Vou dormir e rever tudo no u2b amanhã.
- E por favor, não me denunciem ao Sr.Twitter como flood, ok? Grato.
Uma tramóia legal e divertida, mas que acaba diluída pelo excessivamente excessivo número de personagens - com tanta gente em campo, não dá tempo de desenvolver as coisas, e o filme torna-se dramaticamente superficial. Vale para ver Phillip Seymour Hoffman esfregando genialidade na tela sempre que surge na história.
A Garota Ideal - 5/5
Um sujeito quietão se apaixona por uma boneca inflável. Eu sei, plot de comédia pastelão. Só que A Garota Ideal consegue ser dramático e cativante, em parte graças ao roteiro, que se volta com calma para as personagens, em parte pela interpretação de Ryan Gosling, minimalista e absolutamente certeira. E qualquer espectador que fazia enterro para seus Comandos em Ação não conseguirá segurar as lágrimas.
Frost/Nixon - 4/5
Constrói um clima tenso e magnético em cima de um BATE-PAPO entre dois caras. Poderoso até o último microfone de lapela, Frost/Nixon é o tipo de filme que dá uma chave de braço no espectador e segura ele assim até o final. E embora todo o elenco mereça uma cerveja após o expediente (é um filme sobre personagens, afinal), Frank Langella chuta a bunda de todo mundo como se fosse um Flamengo x Botafogo no Maracanã.
A Trapaça (1997) - 3/5
Uma idéia boa. Um roteiro supimpa. Um elenco acertado. Tinha tudo pra dar certo, mas no final das contas a película acaba saindo-se igual à Argentina nas eliminatórias: preguiçosa, sem saber o tom ideal, sem direção segura e com um final forçado.
Te Amarei pra Sempre - 3/5
Gosto de histórias com viagens no tempo. Gosto do Eric Bana. Gosto da Rachel McAdams como se ela fosse feita de WINNING ELEVEN. De ruim, apenas o título diabético e algumas decisões do diretor, que parece insistir que todos saiam do cinema somente após derramar no mínimo uma lágrima, como quem diz "ei, isso é um drama, não uma comédia romântica!".
The Lucky Ones - 3/5
As situações são forçadas, aleatórias, ou seja, dignas de qualquer filme indie. Lá pela metade, qualquer vestígio de levar o filme a sério é jogado em um buraco negro. Entretanto, as boas tiradas engraçadas e a grande química entre os protagonistas torna a película uma obra divertida e cativante. Ah sim, e toda vez que Rachel McAdams DESLUMBRA sua beleza simpaticamente apaixonante na tela, uma organização terrorista desiste das bombas e vai plantar margaridas em um jardim florido.
Fui assistir The Time Traveler's Wife hoje (legal, Rachel McAdams simplesmente encobre o resto do mundo com sua beleza e carisma). Sendo eu um uma pobre vítima da crise econômica e não possuindo um CARANGO próprio (ok, nem mesmo uma carteira. Satisfeitos?), chafurdei pelo shopping (shopping tem que ser em itálico?) até encontrar um táxi. Após uma deliciosa simulação de um F-14 TOMCAT durante o trajeto, onde a velocidade do som foi quebrada tantas vezes que ela deve estar parecida com o Rocky agora, o taxista me deixa na porta do prédio, mas não sem antes me inteirar dos últimos acontecimentos na cidade:
- Cara, comi uma saladinha de frutas agora que me deixou com uma dor de barriga fudida. Já vi que vou ter que voltar ao shopping e invadir um banheiro pra sujar a louça!
Existem momentos onde eu me pergunto se não devia ser uma pessoa mais aberta, mais social, mais amigável com o resto do mundo. Este não foi um deles.
Sorocaba não é Seattle. Não possui a chuva constante e nem o cinza característico da cidade estadunidense, muito menos uma torre enorme com um disco voador em cima - no entanto, assim como ocorreu no lar de Jimi Hendrix no início dos anos 90, a vizinha da capital paulista começa a ecoar ares de um rock renovado.
Enquanto o hype segue pulverizando bandas de terninho ao longo da mídia, Sorocaba vê nascer, bem debaixo do seu nariz, uma alternativa. Pois o rugido da Encore Break é alto e mergulhado na pureza visceral que só o roquenrol consegue construir. Formada em 2006, a banda traduziu no seu primeiro EP, About..., aquilo que a música tem de melhor: sinceridade. Caminhando de mãos dadas com o rock dos início anos 90, a Encore Break desfila frases de guitarra certeiras, melodias cativantes, vocais emocionados e aquela força que remete aos tempos onde as pessoas achavam que a música podia mudar o mundo. Canções inspiradas, que falam sobre temas universais e não se limitam a uma espécie de gênero ou rótulo: embaladas em criatividade, as obras da banda podem até fazer referência e reverência a alguns artistas (de cara, Pearl Jam, Soundgarden, Neil Young, Creedence, Johhny Cash), mas criam uma atmosfera própria.
E é palpável também a vontade dos integrantes, que reverberam cada nota com a importância que elas merecem. Pois isso traz à tona a paixão que eles têm pela música. A vontade de fazer a diferença. A Encore Break está aí para não se render aos rótulos limitados, nem se enveredar pelo caminho mais fácil. A banda veio para desenhar por cima das linhas e caminhar pelas estradas de terra.
Sorocaba pode não ser Seattle, mas os ares de lá trazem barulho e melodia e força e criatividade e paixão. Como dizem os versos de Song of Today, "Now it's our time / Our time to breath".
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Release que eu escrevi pra Encore Break. Vai lá na página dos caras na Trama Virtual, baixa as músicas, põe o som no último volume e prepare-se para o impacto. Caso não seja possível parar de pular alucinadamente pela sala enquanto rola Song of Today ao fundo, sugiro chamar os bombeiros - pular abraçado com outras pessoas é sempre mais legal.
Assistindo à Warner Channel esses dias, peguei a chamada daquele seriado, Cold Case, que termina com a seguinte frase: "porque a Justiça jamais esquece".
Por ai, imagino que a série trate de casos antigos de polícia, não-resolvidos, que são abertos por uma daquelas agentes de polícia bonitas que só existem nos filmes (como a "cientista" interpretada por Denise Richards em 007 o Mundo Não é o Bastante. Nenhum sentido nisso). Ainda assim, me impressiona como deve ser fácil a vida de quem escreve esses textos. Tipo, pra fazer uma frase de efeito brega com a palavra "Justiça", não precisa ir muito longe, é só colocar um locutor com a voz de quem fuma dezoito maços de cigarro por dia e ser meio vago. Por exemplo:
- Cold Case: a Justiça se faz aqui;
- Cold Case: o braço forte da Justiça;
- Cold Case: a Justiça ao lado da vida;
- Cold Case: Justiça a qualquer preço; (essa até faz sentido, se considerar o valor cobrado pelas empresas de TV por assinatura)
- Cold case: a Justiça é a mão que constrói o futuro;
- Cold Case: potência não é nada, Justiça é tudo;
- Cold Case: olha o que a Justiça fez! Olha o que a Justiça fez!
Hoje, após PUXAR FERRO na academia (sou da MAROMBA, como vocês podem imaginar), decidi que estava um dia agradável para esticar as pernas dando uma corrida. Na esteira e tal, porque correr na rua é coisa de aluno da educação física metido a saudável ou de trabalhador que faz o trajeto banco-casa após retirar seu salário.
Após uns dez minutos de correria alucinada, o oxigênio do meu corpo decidiu que dava muito trabalho ficar correndo pra cima e pra baixo e estacionou em algum lugar da anatomia que os cientistas ainda desconhecem - digo isso porque procurei por ele nos minutos seguintes e foi em vão. Pesou o número de velhinhas que eu assoprei no bolo no meu último aniversário (não tanto quanto o número de canecas de chope que já tomei na vida, entretanto). Eis que meu mp3 player simplesmente começa a tocar BORN TO RUN, do Sprignsteen, uma das canções mais "pega o carro e pisa fundo e vamos atrás daquele horizonte" de todos os tempos.
Foi então que surgiu a dúvida: teria o meu aparelhinho reprodutor de uns e zeros no formato de música percebido a minha respiração ofegante, calculado o tempo e disparado BORN TO RUN pra me animar a continuar correndo?
Ou teria aquela maldita caixa de plástico sido extremamente irônica?
Toda vez que Al Pacino está em cena, os outros atores, o diretor, o pessoal da equipe técnica e os espectadores devem se calar e fazer reverência, seguida de um empolgado "ú-há". Afinal, Al Pacino é um sujeito que exala tamanha grandiosidade que, caso resolvesse se inscrever nas Olimpíadas, seria o primeiro no quadro de medalhas sem disputar sequer uma prova.
Isso porque o cara acumula uma série de cenas que potencialmente matariam algum incauto devido ao excesso de FODICIDADE. Duvidam das minhas palavras? Tudo bem. É só dar uma espiada na cena abaixo, retirada do descomunal O Informante, onde Pacino arranca as tripas de todos os presentes apenas com um discurso poderoso. Chuck Norris deitaria no chão em posição fetal e choraria até morrer seco só de assistir ao vídeo.
Nem preciso dizer que é um EQEL! dos grandes, certo?
... E mais uma vez Muricy deslancha na frente do Brasileirão, seguido por nada mais, nada menos, do que Celso Roth, em 2º lugar novamente.
Acabei lembrando dos tantos que acusaram o técnico de ter perdido um título ganho, pois o São Paulo, há 18 jogos do final do campeonato, patinava a 11 pontos do Grêmio. Não vim aqui para defender o Celso, tenho mais motivos pra não gostar dele como treinador do que gostar, porém, na minha mente, o Grêmio não perdeu e sim o São Paulo que ganhou. É possível ver isso olhando apenas a classificação do segundo turno. Se ao final do primeiro turno o Grêmio havia conquistado 41 pontos e o Brasil inteiro deslumbrava-se com esse monstruoso aproveitamento, veja a classificação do segundo turno daquela temporada aí embaixo.
Sei que inúmeras pesquisas e trabalhos científicos estão sendo desenvolvidos hoje em dia para encontrar a cura de doenças terríveis, facilitar a comunicação entre pessoas, fabricar novos remédios, encurtar distâncias, aumentar a segurança de meios de transporte, entre centenas de outros trabalhos que provavelmente farão parte da nossa vida antes mesmo que apareça uma nova rede social.
Entretanto, será que custaria muito designar um cientista, só um, pode até ser o sujeito semi-careca que passa o tempo todo se deliciando com as cores das substâncias nos tubos de ensaio, para tentar reproduzir na vida não-virtual o comando "localizar"?
Só o tempo economizado na procura de meias pelo quarto seria o suficiente para desenvolver, sei lá eu, uma réplica da Terra feita de Lego. E em tamanho real.
Tava com uma idéia pra um post engatilhada fazia alguns dias. Seria uma reflexão sobre a questão do tempo não ser linear, mas sim algo... bem, DESLINEAR. Talvez como o espaço, ou seja, passado presente e futuro não passam de grandes áreas ao nosso redor, repletas de cocô de cachorro e panfletos políticos pelo chão. Isso modificaria a percepção sobre o encadeamento dos fatos, pois as coisas estariam sempre acontecendo. Mais ou menos como o Dr. Manhattan fazia em Watchmen. Mas sem a pele azul e a polêmica por aparecer de tico de fora.
E havia uma prova irrefutável disso tudo. Após o gol de Jonas, o Errante, contra o Botafogo, onde ele acertou a trave duas vezes seguidas no mesmo lance (uma sem querer) e viu a bola ser violentada por um golpe de KEMPO desferido pelo zagueiro adversário antes de marcar, compreendi perfeitamente o funcionamento do tempo. A única explicação possível para uma DANÇA DE CAN-CAN daquelas resultar em gol é se, em algum ponto dessa balbúrdia que é a dimensão temporal, o atacante gremista estivesse sendo coroado como o artilheiro do torneio. De outra forma, a jogada supracitada tornaria-se apenas motivo para dezenas de milhares de visualizações no YouTube.
Entretanto, o próprio tempo encarregou-se de desmentir o possível post: Jonas foi alvo do destino, esse guri sádico que abate pássaros a pedradas, lesionou-se e não volta mais aos gramados, abrindo caminho para que Adriano finalmente dê alguma alegria ao Flamengo. Em nenhum momento o gremista sairá do torneio como o maior fazedor de gols.
O que não quer dizer, claro, que toda a teoria esteja errada. Isso só confirma que o tempo não é absoluto - afinal, as leis da probabilidade chegaram de SOPETÃO e chutaram a bunda dele. Depois de Washington e Josiel, Jonas na artilharia seria demais para que as dimensões do universo conseguissem se manter remotamente coerentes.
Depois da canção abaixo, podem fechar o planeta Terra. A música é tão doce que eu chego a sentir gosto de chocolate com morango na boca toda vez que a ouço.
Every night I tell myself, "I am the cosmos, I am the wind" But that don't get you back again
Just when I was starting to feel okay You're on the phone I never wanna be alone
Never wanna be alone I hate to have to take you home Wanted too much to say no, no,
Yeah, yeah, yeah Yeah, yeah, yeah
My feeling's always happening Something I cannot hide I can't confide Don't know what's going on inside
So every night I tell myself "I am the cosmos, I am the wind" But that don't get you back again
Elenco Brad Pitt (Tenente Aldo Raine) Christoph Waltz (Coronel Hans Landa) Mélanie Laurent (Shoshanna Dreyfus) Diane Kruger (Bridget von Hammersmark)
Quentin Tarantino, completamente em chamas, conta as histórias de um grupo de soldados que varre a França escalpelando nazistas, de uma judia em busca de vingança, de um coronel da SS poliglota, de um cinema, e de um plano pra matar Hitler. E sim, tudo faz sentido.
Bastardos Inglórios é dividido em cinco capítulos, em parte porque ajuda a tornar a narrativa e as conexões entre as tramas mais fluídas, e em parte porque é STÁILE. Aliás, o filme está encharcado de planos e diálogos lapidados até tornarem-se Scarletts Johanssons, como o jogo de gato e rato na conversa entre Hans e o pai de família, o travelling dentro do cinema, a apresentação do sargento Hugo Stiglitz, entre outros. É como se o diretor tivesse tentando usar todas as idéias possíveis na película, criando uma peça extremamente dinâmica e que ainda assim tivesse elementos clássicos.
A direção é bastante enérgica, como em qualquer outro filme do sujeito. Em nenhum momento a história fica cansativa, e cada personagem e situação apresentam peculiaridades que por si só já os tornam interessantes. Imaginem um passeio de montanha-russa por um brinquedo chamado "A Segunda Guerra em uma visão alternativa e alucinada" - é mais ou menos isso. Impossível não se envolver pelos diferentes capítulos, e mais impossível ainda é não ficar tenso conforme eles convergem para um clímax grandioso. O roteiro é brilhante ao conduzir o espectador para uma situação envolvendo dezenas de alternativas possíveis, fazendo com que, ao longo do caminho, ele fique torcendo para que tudo dê certo e o plano da turminha do barulho funcione. E quando eu digo "torcer", falo de se segurar pra não pular na poltrona e gritar "é isso aí!" toda vez que os mocinhos se dão bem.
Há de se destacar também a atuação de Christoph Waltz como o Coronel Hans Landa: sempre com um sorriso e a cortesia ao seu lado, o cara consegue soar implacavelmente assustador. Ele é praticamente um atendente de telemarketing armado! Sua presença é sempre incômoda, como um acidente de carro prestes a acontecer. Só encontra um equivalente quando é confrontado pelo Tenente Aldo Raine, que na atuação de Brad Pitt torna-se uma definição wikipediana de "viking". O bastardo inglório marca, ameaça, escalpela, esfaqueia, atira, pisa em cima, enfim, ele faz com os nazistas o que o Grêmio fez com o Palmeiras nas temporadas de 1995/96. Esperei por um plano onde Aldo pularia em cima de um adversário gritando "ALDO ESMAGA!", mas infelizmente ele não veio a ocorrer.
Com Bastardos Inglórios, Tarantino escreve mais um capítulo de sucesso para sua carreira. Um dos mais equilibrados e competentes, onde os excessos do diretor atuam em função da história, e não como acessórios de luxo. E também é uma prova de que factualidade histórica está longe de ser um atributo principal em qualquer filme - afinal, mesmo uma obra que busque retratar com fidelidade um evento, será apenas uma versão dele. Então, que se deixe a originalidade rolar. E se alguém encher o saco apontando diferenças entre o que está na película e o que está na Wikipédia, escalpo neles.
Já que o time do Brasil é o equivalente futebolístico a uma palestra de oito horas sobre clips de papel, e a dupla Gre-nal lentamente se afasta de qualquer situação relacionada à palavra "sucesso", o único jeito de se divertir com futebol é la nos Imparciais.
O disco começa bem. Gonna See My Friend cria um climão visceral, mas sem perder a criatividade - e é interessante perceber como a canção simplesmente RESVALA e cai no refrão, sem aviso prévio. Dá vontade de sair pulando alucinadamente por aí, chacoalhando os cabelos curtos e exibindo a ausência de tatuagens. Rock maduro.
2 - Got Some
Tem um belo riff descompassado, que ziguezagueia sem perder a direção, tal qual um bêbado voltando pra casa. Então a música cresce, passa pela infância e chega ao refrão adolescente: barulhento e raivoso. Daí a banda engata na DÉCIMA NOVA marcha e faz de Got Some uma curta e poderosa pérola.
3 - The Fixer
O primeiro single, sobre o qual já falei. Audições posteriores fizeram a canção soar melhor aos ouvidos, e já reconheço que ela funciona bastante dentro da proposta otimista que assume. Enfim, é batuta, eu convidaria The Fixer pro cinema, e mostra um lado mais pop da banda que, paradoxalmente, vive xingando o mainstream.
4 - Johnny Guitar
A música começa empolgante. A batida quebrada do Matt Cameron funciona legal, e tudo parece caminhar para uma pra uma formatura laureada. Mas eis que da metade pro final a coisa começa a soar meio repetitiva. O vocal parece perder um pouco da graça, e Johnny Guitar fica aquém do esperado. Provavelmente foi mixada pelo Celso Roth.
5 - Just Breathe
Into the Wild reloaded? Just Breathe é cativante. É uma bola de sorvete de chocolate enrolada em uma casquinha de bacon e com um par de seios no topo. Segue calminha, dedilhada, com uma letra inspirada, um vocal amigável e uma linha de baixo que pega todas as outras linhas de baixo da história e as arremessa num abismo sem fim. Antes que o sujeito perceba, vai estar olhando pela janela de um ônibus enquanto canta Did I say that I need you? Did I say that I want you?
6 - Amongst the Waves
Começa simples e mais recatada. Conforme ela cresce, com um instrumental que esmaga os deuses do Olimpo e Vedder jogando sua voz lá na ionosfera, o ouvinte se encharca de lágrimas. Fatalmente foi composta por algum ROUXINOL que trazia no seu âmago a melodia perfeita. Quando Amongst the Waves toca em algum lugar do mundo, os conflitos no Oriente Médio cessam e o Grêmio vence uma partida fora de casa.
7 - Unthought Known
É a Love Boat Captain do disco. Remete também às músicas do Coldplay, mas bem de leve. E diabos, é emocionante feito encontrar uma vaga pra estacionar em um local cheio. Look for love and evidence / that you're worth keeping, canta Vedder com suas amígdalas quase explodindo. Difícil não se identificar de primeira com a intensidade da música. Vai servir de trilha pra algum filme onde no final, por qualquer motivo, alguém tem que correr dramaticamente em câmera lenta.
8 - Supersonic
Volta a agressividade, dessa vez mais descompromissada e divertida. Basicamente, temos aqui uma canção punk, rápida e com uma parada no meio pro guitarrista Stone Gossard mostrar que ele não compõe riffs, ele os LAPIDA de algum cristal secreto formado por notas certeiras de guitarra.
9 - Speed of Sound
Baladona bem Pearl Jam, até lembra um pouco a ótima Thin Air, do não-ótimo disco Binaural. Uma das letras mais melancólicas e bonitas do disco (But this night has been a long one / Waitin' on a word that never comes), Speed of Sound cria aquele climão de "passear pela rua à noite enquanto cai uma leve garoa". Se o cara pegar um violão e tocar ela pra alguma guria, é ferro na boneca.
10 - Force of Nature
O ritmo de Force of Nature também é meio quebrado, mas a linha vocal é surpreendentemente linear. Melodia inspiradaça, que deságua em um refrão ABSOLUTAMENTE em chamas. Tipo, o corpo humano simplesmente não aguenta ficar sentado enquanto a música rola ao fundo. É sério. Já vi torcedores do Fluminense levantarem e erguerem os braços em comemoração ao ouvirem os versos somewhere there's a siren singing / a song only he hears.
11 - The End
Ainda mais triste do que Speed of Sound, até por ser apenas voz e violão (e alguns violinos saracoteando ali no meio). A voz do Vedder sai meio choramingada, lamentando-se por não poder continuar no caminho que estava. The End fecha o Backspacer como se fosse um pedido de desculpas e, ao mesmo tempo, um apelo para que seja aceita apenas como ela é. E acreditem, ela é descomunalmente linda. Três minutos de um suspiro melancólico. Uma última canção perfeita.
Poucos devem saber, mas o Rio de Janeiro foi escolhido como cidade sede para as Olimpíadas de 2016. Ao contrário dos outros veículos de imprensa, que chafurdam em qualquer buraco para divulgar hipóteses ao invés de notícias, o Cataclisma 14 utilizou os últimos dias para trabalhar com afinco em comentários que retratam perfeitamente a realidade da notícia:
- Parece que a organização do Rio pro evento vai ser tiro e queda;
- Dizem que os jogadores do Botafogo entregarão as medalhas, pra finalmente chegarem perto de algum troféu;
- No final das contas, Adriano foi uma contratação mais eficiente do que Kaká e Cristiano Ronaldo juntos;
- Pra acender a tocha olímpica nos jogos do Rio, vão chamar o Comando Vermelho pra metralhá-la até pegar fogo;
- E a Espanha mostrando, como sempre, que na hora da decisão os caras amarelam;
- Corrida de obstáculos de verdade vai ser achar um canto pra estacionar o carro sem flanelinhas por perto;
- O Rio de Janeiro claramente é uma cidade que tem BALA NA AGULHA pra sediar a Olimpíada;
- Todo mundo apostava nos espanhóis, mas a escolha provou que quem Rio por último, ri melhor;
- Pra acender a tocha olímpica nos jogos do Rio, um arrastão vai incendiar um busão e jogá-lo do Pão de Açúcar;
- A categoria com maior número de inscritos é Tiro ao Alvo;
- A grande empreitada para manter a Olimpíada livre das drogas fará com que os traficantes sequer cheguem perto dos atletas. Também eliminará a equipe brasileira de softball;
- A Vila Olímpica, no Rio, se chamará Favela Olímpica;
- A canção Era um Garoto, dos Engenheiros do Hawaii, será o tema da Olimpíada, principalmente graças ao verso "no peito um coração não há / mas duas medalhas sim";
- Pra acender a tocha olímpica nos jogos do Rio, vão abrir os portões de Bangu 1 e os presos vão atirar os colchões pegando fogo;
- A passagem da tocha de um atleta pro outro se dará com a seguinte frase "Essa pica não é mais minha, essa pica é do aspira!";
- A Globo mudará o nome da cidade para Rio de Julho/Agosto, buscando uma maior compatibilidade entre nome da sede e mês da realização do evento;
- A canção Era um Garoto, dos Engenheiros do Hawaii, será o tema da Olimpíada, principalmente graças ao verso: "ra-ta-ta-ta.. ra-ta-ta-ta!!"
- Mulatas com pouca roupa e sambando surgirão dançando por toda a cidade, sem nenhuma explicação lógica;
- Ivete Sangalo representará a brasilidade dos brasileiros e será a principal atração do show de abertura;
- O pagodeiro Belo será outra atração, e fatalmente irá chorar;
Roteiro: Nicole Eastman, Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith
Elenco
Gerard Butler (Mike Chadway)
Katherine Heigl (Abby Ritchter)
Eric Winter (Colin)
Um produtora de TV vê a sua posição e a sua visão moralista da vida ameaçadas quando a emissora contrata um novo apresentador, um sujeito que passa o tempo todo ofendendo as mulheres e acha isso divertido - basicamente um torcedor de futebol em um jogo com bandeirinhas mulheres, pra ficar mais claro. Mas eventualmente nasce um clima entre os protagonistas e blá blá blá.
A Verdade Nua e Crua é filme de uma personagem só: depois de ser o líder da bomba de homoerotismo que é 300, Gerard Butler convence interpretando o estereótipo de homem cafajeste, o cara que desfila frase de parachoque atrás de frase de parachoque como se estivesse pregando a Bíblia. Claro, logo descobrimos que ele tem um sobrinho de quem gosta muito, e ajuda a criar o piá, e tem um lado BIXONA sensível, e mimimi. Mas no geral é a canalhice de Mike que mantém a película acesa.
O problema é que isso é muito pouco. A gatinha Katherine Heigl faz um bom papel atuando como o "oposto" e dando a deixa para as tiradas do companheiro. Diabos, ela inclusive veste uma calcinha vibradora! Só que a moça parece tão legal que o roteiro burocrático simplesmente a joga em uma série de situações previsíveis - a confusão com o ponto eletrônico, o constrangimento de uma atividade sexual em público, etc, são coisa de uma década atrás -, confiantes de que o carisma dela é o suficiente pra envolver os espectadores. Não é. Quando Mike não está em cena aplicando injeções de cerveja com testosterona em todo mundo, a película se mantém no trajeto seguro e sem-graça.
Dentro de um esquema pré-determinado, algumas comédias românticas conseguem ser criativas e originais (Penetras Bons de Bico, Ele Não Está Tão a Fim de Você, Simplesmente Amor). Mas apesar dos protagonistas desbocados e de tratar "abertamente" de sexo, A Verdade Nua e Crua mantém um tom bastante conservador, tanto no discurso como na forma e na história (a única cena de bate-coxas aparece só no final, e acreditem, ao dizer "aparece" estou sendo generoso). O que sobra, então, são algumas tiradas afiadas, perdidas no meio de um filme que as utiliza como desculpa para montar uma trama. Tipo a banheira do Gugu no Domingo Legal.
Vi uma entrevista com Barack Obama no David Letterman, esses dias. O cara tem desenvoltura (também conhecida como MALEMOLÊNCIA ou FUTEBOL-MULÉQUE por estas bandas), é bastante pé no chão, parece à vontade na frente das câmeras e inclusive tem sacadas bastante engraçadas ("Uma coisa que precisa ser levada em consideração é que eu já era negro antes das eleições").
No entanto, o que mais me impressiona é o status que esse sujeito adquiriu. Não à toa, claro: primeiro presidente negro, democrata, não-Bush, consegue ler livros de cabeça pra cima, etc. Virou símbolo de mudança e esperança, e todas essas coisas edificantes, como se vestisse um terno feito diretamente da película original de O Rei Leão. Só que a coisa toda foi muito além, e hoje Obama é nada mais nada menos que um ídolo pop. É uma celebridade. Até em histórias em quadrinhos o negão apareceu, sem contar as alianças e parcerias com diversos artistas. Não duvido que crianças pequenas amarrem toalhas no pescoço como se fossem terno e gravata, e saiam correndo pela sala atacando republicanos. Graças à sua histórica corrida eleitoral, a cultura pop está impregnada de Obama.
Cara, o sujeito que fez a campanha dele deve pegar muita mulher.