Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds)
5/5
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
ElencoBrad Pitt (Tenente Aldo Raine)
Christoph Waltz (Coronel Hans Landa)
Mélanie Laurent (Shoshanna Dreyfus)
Diane Kruger (Bridget von Hammersmark)
Quentin Tarantino, completamente em chamas, conta as histórias de um grupo de soldados que varre a França escalpelando nazistas, de uma judia em busca de vingança, de um coronel da SS poliglota, de um cinema, e de um plano pra matar Hitler. E sim, tudo faz sentido.
Bastardos Inglórios é dividido em cinco capítulos, em parte porque ajuda a tornar a narrativa e as conexões entre as tramas mais fluídas, e em parte porque é STÁILE. Aliás, o filme está encharcado de planos e diálogos lapidados até tornarem-se Scarletts Johanssons, como o jogo de gato e rato na conversa entre Hans e o pai de família, o travelling dentro do cinema, a apresentação do sargento Hugo Stiglitz, entre outros. É como se o diretor tivesse tentando usar todas as idéias possíveis na película, criando uma peça extremamente dinâmica e que ainda assim tivesse elementos clássicos.
A direção é bastante enérgica, como em qualquer outro filme do sujeito. Em nenhum momento a história fica cansativa, e cada personagem e situação apresentam peculiaridades que por si só já os tornam interessantes. Imaginem um passeio de montanha-russa por um brinquedo chamado "A Segunda Guerra em uma visão alternativa e alucinada" - é mais ou menos isso. Impossível não se envolver pelos diferentes capítulos, e mais impossível ainda é não ficar tenso conforme eles convergem para um clímax grandioso. O roteiro é brilhante ao conduzir o espectador para uma situação envolvendo dezenas de alternativas possíveis, fazendo com que, ao longo do caminho, ele fique torcendo para que tudo dê certo e o plano da turminha do barulho funcione. E quando eu digo "torcer", falo de se segurar pra não pular na poltrona e gritar "é isso aí!" toda vez que os mocinhos se dão bem.
Há de se destacar também a atuação de Christoph Waltz como o Coronel Hans Landa: sempre com um sorriso e a cortesia ao seu lado, o cara consegue soar implacavelmente assustador. Ele é praticamente um atendente de telemarketing armado! Sua presença é sempre incômoda, como um acidente de carro prestes a acontecer. Só encontra um equivalente quando é confrontado pelo Tenente Aldo Raine, que na atuação de Brad Pitt torna-se uma definição wikipediana de "viking". O bastardo inglório marca, ameaça, escalpela, esfaqueia, atira, pisa em cima, enfim, ele faz com os nazistas o que o Grêmio fez com o Palmeiras nas temporadas de 1995/96. Esperei por um plano onde Aldo pularia em cima de um adversário gritando "ALDO ESMAGA!", mas infelizmente ele não veio a ocorrer.
Com Bastardos Inglórios, Tarantino escreve mais um capítulo de sucesso para sua carreira. Um dos mais equilibrados e competentes, onde os excessos do diretor atuam em função da história, e não como acessórios de luxo. E também é uma prova de que factualidade histórica está longe de ser um atributo principal em qualquer filme - afinal, mesmo uma obra que busque retratar com fidelidade um evento, será apenas uma versão dele. Então, que se deixe a originalidade rolar. E se alguém encher o saco apontando diferenças entre o que está na película e o que está na Wikipédia, escalpo neles.