Já falei aqui no blog sobre meus receios em enfrentar um avião, veículo também conhecido como "aeronave" ou "CHUPA, GRAVIDADE!". Pois bem, tais neuroses se perpetuam, sendo constantemente renovadas pelo meu medo de altura (sobre o qual também já discorri) e pelo absurdo de um objeto que pesa toneladas ser mais leve do que o AR. Vocês conhecem algo mais leve que o ar sem ser um VÍRUS? Eu não.
Viajei de avião pra São Paulo no último fim de semana - por isso a ausência da aclamadíssima coluna Peliculosidade - e obviamente isso não fez muito bem para meus temores aéreos. Tudo graças a um sujeito preguiçoso e relaxado, que estava sentado à minha frente e lia um livro de auto-ajuda como se fosse uma eventual Playboy da Scarlett Johansson. Pois na hora da decolagem, quando pedem a todos que verticalizem seus assentos, o ignóbil estava tão entretido com o livro que ignorou o aviso - e a aeromoça simplesmente deixou este fato passar em branco, como se ela estivesse cuidando de uma TARTARUGA, e não de um avião.
Claro que na minha cabeça as mais diversas situações se formaram. O fato daquele assento estar na diagonal vai desestabilizar o delicado equilíbrio da aeronave, ou seja, os flaps não adiantarão de nada, alguma turbina explodirá em algum momento e o grande ÔNIBUS ALADO atingirá um prédio com novecentas mil crianças pobres que receberiam chocolates de Páscoa pela primeira vez na vida.
Pensei em saltar à frente, dar um tapa no livro, imobilizar o terrorista e gritar "Tudo bem, tudo bem, sem pânico, ele está controlado! Liguem pro FBI e digam que o ornitorrinco botou o ovo! Repito, O ORNITORRINCO BOTOU O OVO!", mas acabei me controlando - embora eu tenha a impressão, às vezes, de que a minha vida seria muito mais emocionante se eu não me controlasse.
Entretanto, a decolagem acabou por ser tranquila, assim como a pousagem, para surpresa geral. Sorte, teu nome é Vôo 1278. |