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Revolução, ideologia e estampas em camisetas
André - 25 janeiro 2010 - 00:24
Che - O Argentino (Che: Part One)
4/5

Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Peter Buchman, baseado no livro "Reminiscências da Guerra Revolucionária Cubana", do próprio Guevara

Elenco
Benício Del Toro (Ernesto "Che" Guevara)
Demián Bichir (Fidel Castro)

A célebre passeada de Che à Nova Iorque para discursar na ONU é intercalada com as PELEJAS da Revolução Cubana, desde seu início até a hora em que a galera levantou o caneco.

Ícone revolucionário, símbolo socialista, estampa de camisetas usadas por estudantes de comunicação. Tudo que envolve Che Guevara já é parcial por definição, no sentido de que alguém, em algum lugar, vai clamar que aquilo é propaganda política contra sei la qual a ideologia que essa pessoa adquiriu (no sentido de comprar, mesmo). Mas, tal qual as mulheres bonitas fazem nas festas, Steven Soderbergh deu de ombros pra galera toda e fez um filme GUERRILHEIRO (trocadilho obrigatório).

Isso porque na película Che, o mito, tomou o toco e foi substituído por Che, o homem. Já no início Soderbergh começa a desconstruir a aura mítica, caracterizando o protagonista como alguém fisicamente deficiente, sem força de liderança (algo que obviamente muda ao longo da narrativa), sem medo de perguntar o que não sabe, e por aí vai. Mas, longe de prejudicar, isso facilita a identificação do espectador com aquele barbudo (seria ele membro do Los Hermanos?) alucinado correndo pela floresta sem deixar a boina cair. E se o diretor faz questão de mostrar Che preocupando-se até mesmo com a segurança de pequenos camponeses, também não tira o pé do acelerador ao mostrar o guerrilheiro executando traidores a sangue frio. Porque sabe que isso fazia parte da realidade do sujeito, e negar a existência de tais atitudes é transformar o ato da revolução em algo menos intenso do que realmente foi (vejam bem, não estou dizendo que matar pessoas é certo; apenas identificando que, no contexto narrativo, o fato do protagonista precisar tomar esse tipo de decisão torna o arco dramático percorrido por ele mais real e palpável).

Contrastando com o preto e branco granulado das cenas em Nova Iorque, os "flashbacks" são capturados com a câmera na mão e luz natural (algo recorrente na filmografia de Soderbergh) - afinal, os caras tão lá no meio das FOLHAGENS, e quanto mais suja a fotografia parecer, melhor. E como o diretor manja muito do RISCADO, o filme tem um ritmo bastante envolvente, mesmo quando Che é escanteado pra cuidar dos arranhões da galera e tal. A propósito, já que citei Che, devo salientar o trabalho devastador que Benício Del Toro faz interpretando o revolucionário monossílabo. Consegue passar a intensidade e a paixão do sujeito por seus ideais, convencendo também como líder, carrasco, combatente, guerrilheiro e barbudo.

Claro, nem tudo é utopia socialista: por vezes o filme falha miseravelmente em contextualizar o espectador com relação às ações dos guerrilheiros. É algo tipo "ok, mas eles estavam lá, como chegaram aí? E quem são esses novos? E porque Fidel aparece e vaza sem aviso, como um vilão de fase de videogame antes do confronto final?". As personagens secundárias são completamente irrelevantes. E identificar alguém ali sem ser Che, Fidel e Raul é trabalho de Google.

Mas são pontos irrelevantes no geral. Afinal, esta é uma obra de ideias. De ideais. De um sujeito que acredita em algo, e não tem medo de pegar um rifle e sair tocando o terror por essa ideologia. Só que esse sujeito também faz questão que os revolucionários saibam ler, e escrever, e aprendam, e entendam pelo que estão lutando. Deixando o mito de lado, o que permanece aqui é a história de um homem. E convenhamos, não dá pra ficar mais grandioso do que isso.

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