Alguns momentos antes, Lucas e Jonas brincavam na calçada, certificando-se de ficar longe da rua como a sua mãe Ana Maria havia pedido. Cada um com uma caixinha de leite na mão, fingiam que eram piratas, viajantes espaciais, piratas espaciais, e mais centenas de fantasias que só a imaginação de uma criança de sete anos pode conceber, esperando o momento de receber os chocolates que haviam sido prometidos.
Mas do mercado a mãe não viu nem ouviu quando Jonas deixou cair o leite da sua mão, atingindo o chão com força e derramando o resto do líquido. Depois de chorar por alguns segundos, ele pediu um gole para o irmão – que, como qualquer parente, recusou, pois “tá quase acabando”. Uma breve discussão começou, até que Jonas tentou tirar a caixa de leite à força, iniciando um pequeno “cabo de guerra” com o objeto. Dando um último puxão, Lucas acidentalmente jogou a pequena caixa longe, acertando em cheio o pára-brisa de um carro.
Com o líquido branco cobrindo toda sua visão, o motorista tentou frear e virou o carro pra esquerda, escapando por pouco de atropelar um cachorro que passava por ali. No entanto a sorte também ficou pra trás, e a batida com outro veículo que vinha na direção contrária foi inevitável. Assustados com o barulho, os dois irmãos olhavam atônitos para a cena, sem conseguir mexer um músculo ou pensar no que deviam fazer. Finalmente, quando alguns minutos haviam se passado, Lucas conseguiu mover os lábios para sussurrar uma frase:
- Acho que acertamos alguém.
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