Ah, não é possível! Não acredito! Que merda mesmo. E agora? Com a minha sorte, aposto que o HD queimou e os documentos foram pro saco, com a monografia junto.
Não entendo o que as pessoas vêem de interessante em um acidente de carro. Quer dizer, foi só ouvir o barulho que um monte de gente saiu correndo na direção, sem nem perceber que na pressa esbarravam em todo mundo, em placas de “Pare” e derramavam café no notebook dos outros. Malditos urubus que só querem ver a desgraça alheia...
Certo, calma. As coisas podiam ser piores. Não, não podiam. Não há a menor chance de conseguir reescrever tudo em duas semanas. Por que, por que eu não fiz backup? Vai computador, liga, vamos... Espera, é melhor deixar ele desligado até levar para o conserto, vai que o HD não foi afetado e ainda dá pra salvar a monografia.
Eu devia ter previsto. Com o computador é sempre assim: na única chance que ele tem de te sacanear, ele consegue. Aposto como existe um complô, uma seita secreta ou algo do gênero, onde os computadores combinam suas maldades e ficam rindo de nós, mortais, que precisamos nos adaptar às tecnologias. Aliás, se são os humanos que constroem as máquinas, por que nós precisamos nos adaptar a elas, e não o contrário?
Também, nunca mais saio pra escrever ao ar livre. Dane-se o que falam sobre saúde, vitaminas, raios ultravioleta e sol. Lugar de monografia é num quarto escuro, passando horas na frente da tela e bebendo café pra não desabar de sono. Sem sofrimento não há formatura.
Mas não precisava de tanto.
Parte 1 |