Tu abre os olhos quando acorda e elas estão lá. Em bandos. Ocupando
todos os cômodos da tua casa. Na TV, no rádio, no computador, no telefone
celular. É tudo muito sufocante, inapelável, não tem como escapar. Tu sai pra rua e
dá de cara com mais centenas delas. Muito maiores. Muito mais agressivas.
A invasão do nosso cotidiano pelas marcas é algo tão bem
arquitetato que não há subterfúgios: hoje o Branding (‘’MARCANDO’’ ou, mais
tecnicamente, algo como o gerenciameto da marca) é praticado por tudo quanto é
empresa. Tu corre pra fugir de uma grife e acaba tropeçando em outra.
O grande problema acontece quando o anunciante perde um
pouco a noção do limite entre ser patrocinador ou ser dono da idéia, ato ou evento
ao qual vincula sua marca. Essa extrapolação costuma causar uma rejeição por
parte dos consumidores em potencial.
Num mundo em que muito se fala em sustentabilidade e
responsablidade social, as pessoas querem, sim, que as empresas se preocupem
com temas como cultura e meio ambiente. Mas daí a se apropriar de um evento,
por exemplo, como quem diz ”Minha empresa está sendo boazinha com vocês, está
proporcionando algo que sem a gente vocês não teriam”, nesse tom
patriarcal mesmo, há uma diferença gritante.
Isso é Branding com problemas. Não atinge os objetivos
porque causa descontentamento ao invés de envolver positivamente as pessoas. E
quando essas pessoas perceberem que a melhor arma contra alguém que visa
sobremaneira o lucro é justamente não dar lucro a esse alguém ao invés de dar
mais visibilidade ainda a ele, todo o esforço de gerenciamento da marca vai
acabar saindo pela culatra.
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