uno, dos, tres...
André
Bruno
Kleiton
Laura
Leandro
Rafael
Thiago
14

hello, hello!
Cão Uivador
Dilbert blog
Forasteiro RS
GPF
Improfícuo
La'Máfia Trumpi
Limão com sal
Malvados
Moldura Digital
Notórios Infames
PBF archive
Wonderpree

hola!
Aí vem Hollywood salvar o dia
Como será o Star Wars da Disney
Como funciona a internet
De smartphones e banheiros
Mostra, cinema, São Paulo
Manhã de sábado.
É tudo balela!
É ferro na boneca pós-apocalíptica
Ser criativo, mas sem perder o formulismo jamais
Falta de Identidade

Swinging to the music
A 14 Km/seg
Expressão Digital
Peliculosidade
Suando a 14
Tá tudo interligado
Cataclisma14 no Pan
Libertadores 2007

dónde estás?


all this can be yours...





RSS
Aborrecer - Parte 2
André - 01 dezembro 2012 - 20:37
Amanhecer - Parte 2 (Breaking Down - Part 2)
1/5

Direção: Bill Condom
Roteiro: Melissa Rosenberg, baseada em livro de Stephenie Meyer.

Elenco
Kriste Stewart (Bella)
Robert Pattinson (Edward)
Taylor Lautner (Jacob)
Michael Sheen (

Bella agora é uma vampira, e pode fazer todas aquelas coisas que a imortalidade permite, como ganhar numa queda de braço. Mas, após quatro filmes, alguém finalmente percebeu que não havia trama nenhuma na série - então os Vulturi, aparentemente brabos pelo NASCIMENTO DE UMA CRIANÇA, reúnem uma cambada de gente pra tocar o terror nos Cullen. E estes, para se defender, saem por aí recrutando todas as personagens que não conseguiram entrar em Heroes.

Após quatro filmes melosos, arrastados, mal escritos, mal dirigidos e com um elenco que poderia ter vindo diretamente do Madame Tussauds, a série Crepúsculo apresenta seu derradeiro episódio - meloso, arrastado, mal escrito, dirigido e com um elenco que claramente frequentou a Escola Keanu Reeves de Expressão.


"Jacob, quando eu disse 'já', leve minha filha para longe deste filme."


O pior é que o filme até começa bem: quando Bella acorda vampirizada, Amanhecer - Parte 2 explora bem planos-detalhe de elementos do cenário e mudança de foco para indicar a transformação dos seus sentidos. Pena que logo a moça olha para Edward,  que está com aquela cara de mina que acabou de perder episódio de Gilmore Girls, e o espectador percebe que está de volta àquele universo MODORRENTO da série - e se há alguma dúvida disso ainda, ela se dissipa quando, momentos depois, Bella está completamente bem mas entra em parafuso sanguíneo assim que Edward diz "você precisa aprender a controlar sua sede". Aliás, em Amanhecer - Parte 2 as coisas acontecem de forma muito rápida, sem nenhuma antecipação dramática ou desenvolvimento da situação - de repente Bella já corre, pula e faz triatlon como vampira profissional, a filha que ela teve com o HORMÔNIO DO CRESCIMENTO, aparentemente, cresce desenfreadamente e a vampirada se junta muito facilmente à brincadeira. Inclusive, a certa altura, a impressão que se tem é que a casa dos Cullen virou uma fraternidade de criaturas clássicas da Universal mal adaptadas aos tempos modernos.

Não que antes disso fosse melhor: com traminhas bobas adolescentes, a primeira metade de Amanhecer - Parte 2 funciona como um Dawson's Creek sobrenatural, criando conflitos na tentativa de jogar algum drama ali (e falhando miseravelmente). A situação chega ao cúmulo de fazer Jacob se apaixonar pela recém-nascida Renesmee, em um dos mais esdrúxulos movimentos de "e agora como a gente vai fazer pra manter esse cara na história? ja sei" - mas tudo bem, isso não é pedofilia porque, como ele justifica, "é uma coisa de lobo". Tipo, tudo bem ser pedófilo, desde que o cara seja peludo e selvagem. Eis aí alguém que jamais poderá dublar uma animação.

Até há um momento interessante, que antecipa o encontra de Bella e Charlie, pois há o medo que a moça crave os dentes no pescoço do pai (o que seria a segunda coisa sexual mais esquisita do filme, atrás do lobisomem pedófilo), mas quando chega na hora tudo é automaticamente esquecido e a cena tem a mesma tensão que olhar um ovo fritando em câmera lenta. Tudo isso permeado com diálogos de pura elegância e criatividade do tipo "nunca ninguém amou tanto alguém quanto eu amo você" e "agora temos a mesma temperatura". Consigo até ver Aaron Sorkin dando cabeçadas na parede de inveja.

Ao menos o diretor Bill Condom tenta colocar uns enquadramentos e movimentos de câmera mais legais, tornando a experiência visual um pouco mais aceitável do que o verdadeiro ÁLBUM DE ORKUT dos filmes anteriores - ele até tem uma boa sacada ao fotografar com mais cor a vampirice de Bella, mostrando que agora ela realmente está onde pertence. Infelizmente ele luta contra um texto medíocre e efeitos visuais claramente amadores, considerando, claro, que a palavra "amadores" seja sinônimo de "humor involuntário". Além do mais, o próprio cineasta parece deitar na rede e fazer a coisa preguiçosamente em alguns momentos, algo que fica evidente após o décimo-sexto plano de pés correndo na floresta (ou talvez, como em Sin City, Tarantino tenha dirigido algumas sequências) ou na coreografia sem sal das batalhas (que foram disputadas, pela forma como as cabeças são arrancadas do pescoço, por duas gangues de Lego). Contando ainda com uma montagem inexplicavelmente frenética, cheia de cortes tão irrelevantes quanto as notícias mais lidas dos grandes portais, Amanhecer - Parte 2 ainda consegue ser mais prejudicado pela irritante, insistente e insossa trilha sonora, que surge a cada nanossegundo para mostrar que é um filme POP com coisas POP e por isso é COOL.

Vivendo Bella pela quinta vez, Kristen Stewart finalmente consegue conferir um pouco mais de vida e intensidade à protagonista, ao invés de ficar só passando a mão no cabelo, o que denota claramente uma evolução. Infelizmente Robert Pattinson continua tão limitado quanto um plano de dados de celular, choramingando o tempo todo, olhando pra baixo pra mostrar tristeza e achando que fazer cara de quem acaba de morder a bochecha é um artifício dramático - o que o torna uma ótima dupla ao lado de Taylor Lautner, já que a inexpressividade e o carisma negativo deste consegue sugar não só a atmosfera e o clima da cena, mas também a vida dos pobres espectadores. Novamente, quem consegue salvar um pouco o desastre quando aparece é Ashley Greene, que sempre confere mais dinâmica quando está em quadro (talvez para contrabalançar a total falta de sentido de seu par romântico, Jasper, cuja única muleta de atuação parece ser ficar de lado e virar o rosto), e o ótimo Michael Sheen, que, no melhor estilo "SHOW ME THE MONEY", manda às favas qualquer tentativa de levar a sério a historia, liga o modo caricatural e se diverte pacas como o vilão Aro (percebam como a forma com que ele pronuncia "Bella" adiciona umas doze letras "L" ao nome da moça).

O pior de tudo, entretanto, é que quando parece que Amanhecer - Parte 2 vai sair do lugar comum, quando parece que a série Crepúsculo finalmente consegue conferir tensão e carga dramática à sua trama bobinha, a história dá uma guinada covarde, desprezível, o tipo de virada que até mesmo um diretor de novela olharia e diria "não, isso é artificial demais". Tamanha demência fílmica passa ao público a sensação de bunda-molice extrema, erradicando qualquer traço interessante ou curioso que a película porventura tivesse. Assim, as fãs de Crepúsculo podem até vibrar com a batalha final, com o romance entre Bella e Edward, ou com a singela historinha de pedofilia de Jacob, mas a verdade é uma só, única e dolorosa: o grande trunfo do filme é o fato de que a série termina nele e não teremos outra produção dessas.
Comentários: 0