Uma Noite Fora de Série (Date Night)
2/5

Direção: Shawn Levy

Roteiro: Josh Klausner

Elenco
Steve Carrell (Phil Foster)
Tina Fey (Claire Foster)

Mark Whalberg (Hoolbrooke)

Atores famosos em pontas desnecessárias

Phil e Claire Foster são um casal com dois filhos, uma casa no subúrbio, trabalhos bem-remunerados, enfim, toda aquela POMPA que acompanha as famílias clichê (se bem que faltou um cachorro. Terrível deslize). Então eles se dão conta de que levam uma existência monótona e resolvem fazer uma noite diferente. Mas acabam confundidos com uma dupla de ladrões e a partir daí, meu amigo, a partir daí é só confusão!

Convenhamos, a história de troca de identidades não é lá um rompante de originalidade, mas dá pra fazer coisas legais em cima. Desde que as pessoas estejam dispostas a isso, claro, ao invés de realizarem a produção como se fosse um trabalho de faculdade pro dia seguinte - analogia que faz todo sentido quando se percebe que este Uma Noite Fora de Série não passa de um grande CTRL + C e CTRL + V de situações que já são de domínio público. Faltou só a cena onde uma pessoa se vira e dá de cara numa porta de vidro, e... espere, essa cena também está lá!

Com uma história que se preocupa em estabelecer as circunstâncias de forma natural tanto quanto o Dunga se preocupa em estabelecer o BE-A-BÁ do futebol na seleção, o filme acaba simplesmente jogando situações uma atrás da outra. A certa altura, por exemplo, no meio de uma perseguição de carros TUNADOS, o casal encosta e começa a discutir a relação de forma tensa e dramática. O que desencadeou aquele momento? E, mais importante, porque eles não estavam preocupados com a NEGADA logo atrás atirando alucinadamente? Reposta: porque o roteiro precisava de uma cena daqueles, e botou ali. Agora imaginem um filme inteiro assim. Exatamente.

Talvez eu devesse ter desconfiado de tudo quando vi o nome de Shawn Levy nos créditos de direção. Vejam bem, Levy COMETEU coisas como Uma Noite no Museu e Doze é Demais, e o fato de não ter sido julgado por crimes contra a humanidade ainda me espanta. O diretor possui tanto domínio sobre a narrativa quanto um adolescente tem sobre seus hormônios, apostando em movimentos de câmera sem nenhum sentido (o que são aqueles travellings circulares MICHAELBAYNIANOS?), cortes rápidos (a melhor comparação seria com um chef FATIANDO CENOURAS), enquadramentos deselegantes, e por aí vai. Ainda por cima pratica uma carnificina de talento, desperdiçando um elenco com nomes como Tina Fey (sem carisma nenhum no filme), Mark Whalberg (sem camisa nenhuma no filme), Ray Liotta (sem função nenhuma no filme), James Franco (sem graça nenhuma no filme), Mila Kunis (sem ter uma cena decente pra atuar no filme), entre outros. Apenas Steve Carrell consegue tirar leite de pedra, graças a alguns trejeitos e caretas que impedem o filme de alcançar a desilusão total.

Existem momentos de comédia realmente engraçada em Uma Noite Fora de Série e, pasmem, até mesmo de inteligência (a piada do barco é genial). Mas o resultado geral é extremamente chato e previsível e dá aquela impressão de dinheiro rasgado. No dia em que o casal chateado resolveu fazer algo diferente, foi a vez dos espectadores de cinema ficarem entediados.