Um dia desses aí comemorou-se os quarenta anos do Festival de Woodstock, evento onde uma galerinha do barulho se reuniu pra ouvir música, celebrar a contracultura, o movimento hippie e espalhar os conceitos de Paz e Amor (cachimbo da paz e DAR amor pra todo mundo, no caso).
Fizeram outras tentativas de reeditar o festival, mas claro, falharam miseravelmente, porque as pessoas com dinheiro simplesmente não entendem que certas coisas não se repetem. Entretanto, é um exercício interessante imaginar como seria uma versão atual de Woodstock, levando em conta as mudanças sociais e políticas:
- Milhares de pessoas em uma área descampada? A Brigada ia chegar descendo o pau pra ver se esses sem-terra tomam vergonha na cara;
- Galvão Bueno narraria a transmissão do evento, com Zeca Camargo trazendo detalhes absolutamente insignificantes e Pedro Bial fazendo poesia na cobertura do Fantástico (algo como "E é bem vinda a lama, que suja o corpo mas limpa a alma, e é bem vinda a chuva, que esfria o corpo mas aquece o coração");
- Isso, claro, partindo do princípio que a Globo, ao ver aquele monte de pessoas lutando por algo melhor, não faria uma reportagem do tipo "Multidão se reúne pra celebrar o aniversário de Glória Maria";
- A Record e a Igreja Universal fariam uma versão menor do festival. A coisa seria tão emocionante quanto um documentário sobre sofás, e então eles noticiariam suspeitas de fraude no evento original;
- Representantes de ONGs circulariam por ali distribuindo camisinhas, para que a parte do "amor" pudesse ser realizada. Representantes também passariam distribuindo outras coisas, para que a parte da "paz" e do "veja, um elefante rosa" pudessem ser realizadas;
- Haveria uma lan house no local, debaixo de um letreiro com os dizeres "INCLUSÃO DIGITAL";
- Metade do público presente seria formado por vendedores de cachorro-quente, cerveja, churrasquinho de gato, churros. Eu apostaria até em uma barraca da Pizza-Hut;
- Ivete Sangalo cantaria no festival, representando a "musicalidade brasileira";
- O evento iria ocorrer numa sexta, pra não prejudicar a transmissão dos jogos do campeonato brasileiro.