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No sufoco
André - 26 abril 2009 - 21:33
Choke
4/5

Direção: Clark Gregg
Roteiro: Clark Gregg, baseado em livro de Chuck Pallahniuk

Elenco
Sam Rockwell (Victor Mancini)
Brad William Henke (Denny)
Angelica Houston (Ida Mancini)
Kelly McDonald (Dra. Paige Marshall)

Victor é um sujeito viciado em sexo, que tem uma mãe doente em uma clínica, e que se engasga de propósito em restaurantes para ser salvo por algúem. Um sujeito bacana.

Não deve ser fácil adaptar um livro de Chuck Pallahniuk: muitas frases curtas, leitura um pouco truncada, personagens complexos. Em Choke, entretanto, Clark Gregg conseguiu organizar as diversas tramas de forma fluída e clara, sem assim perder a contundência do texto. A narração em off, um recurso não muito original, mas indispensável nessa adaptação, presenteia o espectador com informações e com opiniões que ajudam a desvendar a personalidade de Victor Mancini, como a parte onde ele diz que "até mesmo o pior boquete é melhor do que o perfume da rosa mais cheirosa ou assistir ao mais belo pôr-do-sol". Tipo de frase de efeito que permeia boa parte da película.

Paralelo a isso corre uma direção segura que, ciente dos ótimos texto e atores que tem em mãos, mantém enquadramentos clássicos e evita grandes inovações - o que facilita a identificação, pois ajuda o espectador a enxergar aquelas personagens como pessoas com problemas, e não aberrações. Clark Gregg tem confiança na sua equipe, e isso transparece ao longo do filme. O subestimado Sam Rockwell, com alguns maneirismos e um sorriso sarcástico, entra completamente no papel do sujeito cínico e perdido que acaba encontrando o que não quer encontrar. Já Brad Henke é só simpatia como o melhor amigo de Victor, e é esse carisma dele que nos leva a acreditar na amizade e confiança da dupla.

Cheio de frases de efeito e visões pessimistas do mundo, Choke consegue ser um filme atraente e que deixa o cara cheio de idéias na cabeça ao final. Questões como o papel do homem, religião, sexo desinibido, valores conservadores, preconceito e, principalmente, a complexidade das relações humanas (o Victor viciado em sexo não consegue transar com a doutora, justamente de quem ele realmente gosta). São diversos pontos, espalhados no meio de uma história atraente, engraçada e interessante, onde justamente a cara-de-pau e o cinismo do protagonista é o que nos leva a questionar a nossa própria atitude. Não chega a ser um Clube da Luta, mas cumpre o seu propósito, e cumpre bem. Em resumo, é um entretenimento que faz pensar. E não consigo encontrar melhor definição para um filme.

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