Nome por nome, o Quadrado Mágico brasileiro em 2006 fez muita gente "entendida" em futebol babar - pessoas que, obviamente, não colocaram a quadrilha em contexto: Ronaldinho (cujo futebol simplesmente desapareceu em algum triângulo das bermudas por aí), Ronaldo (que deixou seu futebol lá atrás, em meados dos anos 2000, junto com os joelhos), Adriano (que vivia - e ainda vive - de um gol contra a Argentina em uma Copa das Confederações) e Kaká (coitado, tinha que jogar pelos quatro). Somam-se a eles outros medalhões como Cafu (só posso definí-lo como "o Forrest Gump do futebol") e Roberto Carlos (após a equação "Bicicleta na área de defesa + furada em bola = gol da Dinamáquina" em 98, devia ter sido proibido até de jogar videogame usando o Brasil como time). Eram escalados simplesmente porque eram famosos, junto com Zés Robertos e Gilbertos Silvas, que não eram famosos, nem bons, nem dignos de seleção, e a escalação destas duas nulidades é um mistério digno de qualquer thriller cinematográfico.
Só que a má vontade dos medalhões brasileiros quando no carpete não teve apenas consequências imediatas (abraço, Henry): a displicências das dançarinas em campo produziu um efeito furacão, onde o importante era mudar as coisas o mais rápido possível - e, nesse processo, simplesmente descartou-se todos os problemas relacionados à CBF, Nike, falta de treinos, convocações estranhas, seleção como vitrine para vendas, distribuição da cota dos amistosos, Ricardo Teixeira, e por aí vai. De alguma forma, ficou definido que o Brasil perdeu porque o Parreira não tinha vibração. E bola pra frente, com o perdão do trocadilho.
Pois o sagaz ditado Quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas acenou alegremente para o sketch canarinho. Dunga, sem experiência nenhuma, assumiu. E, seguindo a lógica de mudança, passou a convocar jogadores "aguerridos", que não eram estrelas, não ganhavam salários milionários e não faziam comerciais de produtos questionáveis. Foi então que Mineiro, Josué, Afonso Alves, Elano, Luisão, Júlio Baptista, ganharam seu espaço. Uma horda de mediocridade tão grande que poderia ocupar um quadro inteiro no Zorra Total. Mas ei, eles não são estrelas, são trabalhadores, lutam o tempo todo pela seleção, certo?
Nem de longe. Os privilégios que determinados atletas tinham em 2006 se repete agora, só que com o parafuso girando pro outro lado, com trambolhos como os citados acima no lugar dos trambolhos famosos - pra vocês terem uma idéia, Elano já foi citado como titular inquestionável da seleção e Robinho como o símbolo da era Dunga e ninguém tira Gilberto Silva da volância. O capitão do Tetra montou uma turminha própria, e agora não quer se desfazer de ninguém (alguém aí lembra por quanto tempo as trancinhas de Vagner Love sassaricaram na seleção brasileira?).
O Brasil continua sem vibração. Continua sem tática, sem time, sem coletivo, sem soluções, sem inteligência, sem nada. Tem como símbolo um mau-caráter que pipoca de time em time buscando o título de melhor jogador do mundo (risos alucinados). Robinho é a pior coisa que aconteceu no esporte nacional em muito tempo, e toda vez que desfila sua incompetência no selecionado, vem acompanhado dos outros patetas. Eu disse TODA VEZ. Pior do que ver um meio-de-campo brasileiro começar com Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e um Ronaldinho tosco, é olhar para o banco e ver que as "soluções" são jogadores exatamente iguais e que não podem mudar em nada uma partida.
Já presenciar o Brasil terminar o jogo escalado com Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué e Júlio Baptista e comemorando um empate contra o Equador é digno de um episódio de Além da Imaginação. |