Tem um elemento dessa infestação de cinemas em
shoppings (aliás, ainda existe algum deshopingzado?) que normalmente passa batido, mas incomoda bastante. Na real eu não tinha percebido também até assistir
Gran Torino (baita filme, Clint Eastwood monstro demais) esses dias: a saída.
Aconteceu também quando fui conferir
O Lutador. O negócio é que certos filmes simplesmente te atingem, provocando uma reflexão sobre o que o cara acabou de ver - no caso das duas películas citadas, uma certa melancolia tomou conta da minha pessoa enquanto as luzes se acendiam. Comecei a pensar sobre as histórias que havia acabado de assistir, sobre aquelas pessoas que não existem mas que, em determinados aspectos, parecem tão perto da gente. E isso implica uma certa atmosfera, um certo isolamento. Coisa que a sala de cinema faz com perfeição.
Então, ao sair do local, fui avassaladoramente atingido por um mundo de cores e luzes e pessoas e trivialidades e imediatismo e status e tantas outras coisas. Por mais que tente disfarçar, um
shopping center é a lembrança daquela filosofia
fast food, onde não há tempo para nada além de consumir. É um choque. Um choque tão grande que barra aquela reflexão, pois entre tantos elementos diferentes com os quais a pessoa precisa lidar, de imediato, sobra pouco espaço para pensar a respeito do filme. Então, por melhor que seja, ele também se torna algo momentâneo, que ocupa uma parcela de tempo e depois some. Algo descartável.
O que eu tenho feito mais é ficar durante boa parte dos créditos, para sair aos poucos daquela realidade que foi mostrada e me preparar para a outra realidade. Ainda assim, é impossível não ficar com um gostinho amargo na boca ao sair de uma obra tão intensa como
O Lutador e, em seguida, me deparar com tantas coisas triviais gritando para chamar a minha atenção. Por mais superficial que seja o filme, ainda considero o cinema uma experiência. E não um passatempo.