Esses dias, procurando pelas postagens da época da Copa, encontrei esse post do Kleiton. Fiquei curioso e resolvi alugar o filme, que realmente é muito bom.
Lá pelas tantas, intrigado com a história, fiquei imaginando como ela seria contada se fosse uma produção hollywoodiana. Como seria a linguagem, o roteiro, os diálogos, a edição, o final, etc... Enfim, imaginei algo bem diferente da produção franesa, que é mais cadenciada e põe a câmera como observadora dos acontecimentos, e não participante (e por "diferente" eu não quero dizer melhor ou pior, apenas... bem, apenas não-igual).
É interessante notar que, pelo fato da cultura norte-americana estar extremamente estabelecida aqui no Brasil, passamos a tomar o cinema estadunidense como referência, como o "normal". O tipo de narrativa usada por hollywood, e que tem se aproximado (ou até, por que não dizer, confundido) bastante da publicidade, é aquela com a qual estamos acostumados desde pequenos, e talvez por isso os filmes não-americanos causem tanta estranheza (e até preconceito) no grande público.
Não é a toa, por exemplo, que Cidade de Deus é considerado por muita gente como o melhor filme brasileiro (ou "o único que presta"): independende de suas qualidades cinematográficas, que são muitas, a obra de Fernando Meirelles possui elementos típicos de Hollywood, como os planos rápidos, as frases de efeito e os truques de edição.
Por isso, quando surge uma produção nacional ou estrangeira não-americana, é comum ela já ser recebida com certo receio e vista como inferior - só que, na verdade, são apenas estilos diferentes de fazer cinema. Esse estranhamento é normal, e até compreensível, dadas as circunstâncias culturais do país, mas ser francês ou alemão não torna um filme mais ou menos intelectual, inteligente ou divertido. Películas boas e ruins são realizadas em todos os países, e quebrar esse preconceito inicial é a oportunidade de descobrir que Hollywood não está sozinha no mundo.Marcadores: Peliculosidade |