Um certo dia, uma família - não tão boa, não tão ruim - começa a receber vídeos anônimos na porta de casa, acompanhados de desenhos um tanto infantis, um tanto bizarros. As imagens dessas fitas começam apenas com a fachada da casa, mas passam a se tornar mais íntimas, aumentando a preocupação de Georges (Daniel Auteuil), Anne (Juliette Binoche) and de seu filho Pierrot (Lester Makedonsky).
Assim é Cache. É um ótimo filme - pelo menos se você não se importa de não entender muita coisa, do começo até o fim. Ao contrário da já batida fórmula americana, esse filme (Francês) não tem um herói nem um vilão, não tem um culpado e uma vítima, e não te dá uma resposta no final. Muito pelo contrário, o final mais emabaralha do que esclarece as coisas.
Aproveitando as aulas de linguagem cinematográfica, vou dizer que Caché me lembrou um pouco o que o Bazin diz que é o "certo": planos longos, muitas vezes abertos, sem aquela mistura frenética de planos curtos que deixa tudo parecido com um videoclipe. É um filme lento, de ritmo vagaroso - mas acredito que a vagarosidade faz falta num mundo onde tudo acontece de forma "videoclíptica".
Me lembrou um pouco também as aulas do Ungaretti, quando ele diz que lia Sartre (era Sartre?) porque não entendia nada, "qual é a graça de ler uma coisa que tu entende?". Pois é, qual é a graça de assistir a um filme que te explique tudo, que te deixe uma dúvida pre-estabelecida e te dê uma resposta no final? Acho que eu estou começando a entender o que o Ungaretti quer dizer.
Beijos nas gurias, abraços pro resto. |