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Como assim?
Leandro Corrêa - 13 março 2007 - 13:00
De uns tempos pra cá tenho pesquisado informações sobre jovens consumidores. Além de ser um tema que me interessa bastante - por envolver internet e Publicidade - alguns projetos lá no trabalho tem requisitado esse tipo de conhecimento. Então, depois de ter acumulado várias informações sobre o assunto, tinha pensado em compartilhar aqui as mais interessantes - mas não sabia como. Isto, até encontrar o video abaixo, feito por Gustavo Donda e a equipe da agência de marketing digital TV1, para a introdução da uma palestra na 1ª Conferência de Web 2.0, realizada em São Paulo há duas semanas.

O video fala sobre o personagem Rafinha, um garoto de 16 anos que, assim como seus amigos, "nunca conheceu o mundo sem internet, sem banda larga, telefones celulares, MP3 e compras on-line". No seu mundo, "a informação nunca foi tão fácil. Fácil de acessar, fácil de produzir, fácil de publicar, e de ser acessada por qualquer um". Na condição de consumidor adolescente, Rafinha tem à sua disposição filmes de Hollywood e videos amadores do YouTube competindo de igual para igual por sua atenção. Ele nunca comprou um CD, pois baixa músicas da internet, e compartilha MP3 com seus amigos pelo MSN, usa o Orkut para marcar uma tarde de video-game com eles, e assim por diante...

Em resumo, o video mostra um problemão que a Publicidade terá que enfrentar daqui alguns anos: uma geração inteira, que dispensa nenhuma atenção a meios de comunicação como rádio, televisão, livros, revistas e jornais, fará sua estréia no mercado consumidor! A mídia que vão consumir, seja no computador, no celular, no video-game ou no microondas da cozinha, será a internet. O quadro fica ainda pior ao se constatar que essa geração, justamente por não ter conhecido um mundo sem internet, será completamente avessa às restrições que, faz tempo, sustentam a indústria cultural e o mercado publicitário, tais como o monopólio de produção e distribuição de conteúdo, os intervalos comerciais, as grades de programação, os direitos autorais, etc.

Como assim esperar pela estréia de um filme nos cinemas? Como assim apenas paradas de sucesso, livros best-sellers e filmes blockbuster? Como assim minha série de TV favorita só quinta-feira de noite? Como assim pausa para uma mensagem dos patrocinadores? Como assim ter que pagar pra ouvir música?

São fatos, não há exagero. Basta ver que nós mesmos, hoje com 20 e poucos anos, fizemos parte de uma geração que cresceu, pelo menos, jogando video-game e gravando fitas K7. A quantidade de canais de TV e a variedade de revistas a que tivemos acesso foi bem maior do que nossos pais tiveram; começamos a usar e-mail e ICQ já faz um bom tempo, além de criarmos o hábito de publicar aqui nossas idéias para o mundo todo, de graça. Esse espírito de liberdade de consumo já faz parte da nossa geração -- e não somos tão velhos assim. A diferença é que a galera nova que vem aí faz tudo isso e muito mais desde que nasceu.

É claro que existem ressalvas ao video do Rafinha. No Brasil, ele só poderia pertencer às classes A ou B, visto que a internet aqui, infelizmente, ainda é privilégio delas. Mesmo assim, o filé do público jovem consumista, aquele que os anunciantes mais desejam atingir, aos poucos está se afastando dos meios de comunicação analógicos, chatos e limitados, e se aproximando da internet, digital, dinânica, diversificada e muito barata. Para a Publicidade o desafio será, então, tornar relevante para essa nova geração as marcas de seus clientes na internet.

No mais, o video empresta várias idéias de Chris Anderson, jornalista autor do livro "A Cauda Longa", para caracterizar o atual universo jovem e as mudanças que a internet está trazendo para a economia, a sociedade e a cultura. Idéias como a exploração de milhares de mercados de nicho que, somados, fazem frente às paradas de sucesso; o conceito "formigas com mega-fones", onde cada indivíduo na rede tem voz ativa e pode contribuir com opiniões; e mesmo o cotidiano de Rafinha é muito parecido com o de Ben, usado por Chris Anderson na introdução de seu livro. Prometo uma resenha de "A Cauda Longa" aqui no blog assim que eu terminar de ler!

Por enquanto, o video do Rafinha explica:

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