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Chorar e rir
André - 05 março 2007 - 12:09
Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan)
3/5


Direção: Larry Charles
Roteiro: Peter Baynham, Sacha Baron Cohen, Anthony Hines e Dan Mazer, baseado em estória de Peter Baynham, Sacha Baron Cohen, Todd Phillips e Anthony Hines

Elenco:
Sacha Baron Cohen(Borat Sagdiyev)
Ken Davitian (Azamat Bagatov)
Luenell (Luenell)
Pamela Anderson

Não lembro de ter visto um filme com tantos altos e baixos.

Um jornalista do Cazaquistão viaja até a América (ou seja, Estados Unidos) e grava um documentário sobre a cultura e o povo estadunidense, com o objetivo de usar essas gravações para melhorar as coisas no seu país de origem.

Borat possui, na verdade, dois filmes: um muito bom e inteligente, e um muito ruim e idiota. Infelizmente eles estão interligados, e pra assitir um tem que ver o outro. O grande problema, no caso, pode ser resumido em uma expressão: politicamente incorreto.

Comecemos pelo ruim então, porque é mais divertido avacalhar do que elogiar. No início, ainda no Cazaquistão, o protagonista fala "Eu gosto de sexo". Pronto. Está criado o motivo para piadas inspiradas sobre o assunto porque, afinal, é muito engraçado quando alguém fala "Meu irmão comeu a minha irmã" na frente de um estranho. E não apenas com sexo, mas também com escatologia - aliás, cria-se meio que um formulismo: Borat conhece as pessoas, e depois de trocar uma ou duas palavras fala algo como "Minha mãe transou com meu tio". Fica sem graça e previsível.

E se a idéia dele é mostrar o falso puritanismo e o preconceito existentes no país, esse tipo de atitude só enfraquece a coisa toda. Em certo instante, por exemplo, uma mulher em um jantar chique diz que Borat pode ser facilmente "Americanizado" (o protagonista não estava em cena). Ponto para o filme. No entanto, logo depois, ele volta e pergunta para a anfitriã o que fazer com a sacola onde havia defecado. Agora, como taxar de preconceituosa uma mulher só porque ela expulsou de casa um sujeito que cagou em um saco plástico e deu pra ela. Assim nem Ghandi. O pior é que não são cenas isoladas, pois acontecimentos semelhantes ocorrem ao longo da projeção. E, convenhamos, poderiam figurar em qualquer "comédia-adolescente-politicamente-incorreta".

Mas nem tudo está perdido. Preconceituoso, Borat (e seu povo) odeia os judeus acima de qualquer coisa. Levando ao extremo essas relações entre os dois povos, o filme constrói tiradas impagáveis, daquelas que deixam o espectador com lágrimas nos olhos de tanto rir. Da mesma forma, o personagem mostra-se extremamente pertinente quando, de forma sutil, faz com que seus entrevistados concordem com as suas posições, ou então critica eles sem que percebam na hora (o discurso no rodeio é fantástico, e reparem como ele fala "Apoiamos sua guerre DE terror", e não "guerra DO terror"). O melhor é que não são cenas isoladas, pois acontecimentos inteligentes assim ocorrem ao longo da projeção. E, convenhamos, são uma exceção no tipo de comédia praticada atualmante, normalmente calcada em convenções pré-estabelecidas e piadas prontas.

No final das contas, "Borat" é como o Barcelona de hoje: um bom filme, mas que comete deslizes incompreensíveis. Se alguns momentos são de tirar o chapéu, outros são tão ridiculos que chegam a irritar. E, na soma de tudo, fica a dúvida: será que os americanos são realmente preconceituosos e hipócritas? Ou nós nos esforçamos para torná-los tão detestáveis?

Pessoalmente, eu diria "sim" para as duas perguntas.
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