Sentado na padaria, na segunda de manhã, já fui pegando um Gatorade (bebida que NUNCA tomo) porque sabia que ia me desidratar no show. Um não: dois (três? catorze? ainda não...). A torrada da padaria foi o nosso café, e de lá fomos caminhando até o Morumbi.
Chegando lá, duas coisas saltaram as olhos: a primeira foi um BAITA adesivo do GRÊMIO colado na janela de um caminhão da produção, dentro do estádio. A outra foi a morena linda, espetacular, CATACLÍSMICA que estava na frente do estádio querendo trocar ingresso. Obviamente, fomos direto a ela, pois também estávamos interessados na troca de ingressos (ou em qualquer troca, nesse caso). Infelizmente os dela eram de estudante, e continuamos nossa busca. Ela caminhou junto por um pedaço, e eu até ensaiei uma trova, mas logo a guria - carioca - parou pra tentar trocar com um cara e nós seguimos nossas vidas. Não sem algum aperto no coração, admito.
Pra resumir o post: conseguimos dois ingressos pro portão 02 e um pro portão 04, ficando eu e o Leandro em uma fila e o Bruno na outra - mas não se preocupem, a Márcia (heroína, salvadora de almas!!!!) ficou com ele até a hora de entrar.
Com a abertura dos portões, às 15h, as mãos começaram a tremer. O portão 04 começou a andar antes do nosso, o que causou uma certa preocupação, mas logo a gurizada do portão 02 resolveu se mexer. O esquema era assim: antes mesmo de entrar no estádio, dois policiais cuidavam da fila, liberando em pequenos grupos de seis ou sete. Com a nossa sorte, bem na nossa vez nos barraram, mas foi questão de segundos: logo estávamos correndo na direção do estádio, mais faceiros que guri com brinquedo novo. Fora da fila, uma mulher e um câmera da Band estavam entrevistando os fãs. Ela apontou o microfone pra mim:
- De que cidade? De que cidade? - Porto Alegre!!! Porto Alegre!!! – disse eu, sem parar de correr. - De que cidade? - Porto Alegre... NÃO! SOROCABA!!!! – disse o Leandro, parando de correr por um segundo pra pensar mas logo retomando a pernada.
A fila continuava dentro de uma câmara escura, onde o pessoal verificava se os ingressos não eram embuste. A mina pegou meu ingresso, olhou, e olhou, e olhou... “Pronto”, pensei eu, “É falsificado”. Já tava bolando alguma escapatória pra dentro do estádio quando ela me liberou. Beleza! Depois fomos revistados, passamos por mais uma catraca e – era difícil até de acreditar – estávamos correndo para dentro do Morumbi,. Estávamos correndo para ver o U2!!!!
Uma vez dentro do campo, nos dirigimos para o símbolo do São Paulo – local de encontro que havíamos combinado com o Bruno. No entanto, assim que pisamos no gramado, o segurança mais BROTHER da história gritou “Por aqui, por aqui”. Ao ver que ele estava perto do palco, ninguém hesitou, e logo eu e o Leandro estávamos cruzando a grade de proteção em direção à... nossa, até me arrepio em lembrar... em direção à HOT AREA!!!!!!!!
Isso mesmo. Nós, que penamos para comprar os ingressos, estávamos sendo agora recompensados. Estávamos a uns cinco metros do palco e a uns três metros da passarela por onde a banda chega perto do público. Mas a localização exata era a seguinte: PERTO PRA CARALHO! Depois que consegui me recuperar da emoção, liguei desesperado para o Bruno, que não atendia o telefone. A solução era mandar mensagem dizendo onde estávamos e rezar. Mas deu certo: logo o Leandro avistou ele vindo em nossa direção. Ensaiamos um coro de “Bruno! Bruno!”, mas a galera não foi na onda. Foda-se. Quando ele chegou, o pessoal nos olhava curioso, pois nos abraçamos e começamos a pular como nunca.
A partir daí, foi só uma questão de agüentar a fome, a sede, o calor e a vontade de mijar. Aliás, a sede nem tanto, já que a organização do show distribuía saquinhos de água, que o pessoal abria e ficava jogando pro alto pra refrescar todo mundo. E a tarde passou tranqüila, com todos os fãs conversando, ninguém se amontoando na frente do palco. Quer dizer, pelo menos até a hora do Franz Ferdinand. Os caras entraram no palco pulando, tocando, gritando, com uma empolgação que refletiu na platéia. Até eu ensaiei uns pulos. Mas, infelizmente, o som dos caras é MUITO ruim, e acabou cansando. Pelo menos não chegou a esfriar a gurizada, já que na finalera eles colocaram três caras pra tocar na mesma bateria (isso sim foi muito bala). Mais um intervalo. Tensão. Apreensão. Nervosismo. Dezenas ou centenas de sentimentos que sumiram completamente quando as luzes se apagaram. Um mar de mãos se ergueu, e a gritaria começou, com uma força que eu jamais havia ouvido.
O U2 estava pisando no palco. |