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Um texto sobre a nossa sorte
Leandro Corrêa - 24 fevereiro 2006 - 12:12
É claro que a idéia de escrever aqui no blog sobre a viagem para ver o U2 no Morumbi já existia antes de sair de Porto Alegre. Mas era apenas uma idéia e, obviamente, era preciso viajar, assistir e voltar para ter o que escrever. Foi então que, dentro do taxi na viagem de volta, surgiu a idéia de um tema central para o texto: escreveria sobre nossa sorte.

O texto começaria assim:

"Vocês estão dando sorte". O motorista do taxi estava surpreso por que não havia trânsito algum naquela avenida rumo ao aeroporto de Congonhas. "Normalmente à essa hora da manhã os carros já fazem filas enormes aqui mesmo" - completou, enquanto atravessava o cruzamento.

Ao recordar toda a maratona que atravessamos para chegar até alí, dentro daquele taxi voltando pra casa, perguntei-me: "O que ele realmente sabe sobre sorte?"


Em seguida, citaria uma lista de tudo que podia ter dado errado até aquele momento; a intenção seria reforçar que a sorte, de fato, estava do nosso lado. Diria que não houve qualquer tipo de tumulto ao sair do estádio do Morumbi após o show; que a caminhada de volta ao nosso quarte-general (a casa da Márcia) foi bastante tranqüila e segura, mesmo sendo São Paulo e de madrugada; que o pouco tempo restante antes de pegar o taxi foi suficiente para tomar um banho, comer uma pizza e arrumar as malas sem correria; e que, ora vejam, o taxi não custou metade do pouco dinheiro que deixamos reservado para ele.

Era muita sorte. Tudo isto seria relatado com uma intensidade dramática que faria o leitor, o tempo todo, pensar "Puxa, mas que sorte eles deram!". Perto do final, o texto terminaria mais ou menos assim:

Estava tudo dando certo. De Congonhas pegamos um ônibus e, às 3h30 da manhã, já havíamos feito o check-in no aeroporto de Guarulhos. A mega-maratona para ver U2 em São Paulo terminaria dalí algumas horas, ao desembarcar em Porto Alegre.

A última frase teria que ser clichê, porque eu não sei fugir deles:

Todos os sacrifícios teriam, enfim, valido a pena.

Mas estava faltando alguma coisa nesse texto. Refletindo com mais calma sobre a emoção que rolou em São Paulo, questionei-me "Como fazer esse relato ficar mais emocionte, agora que as euforias passaram?".

Sim, "as euforias" no plural mesmo, porque não foram poucas. Começou com uma mega-correria atrás dos malditos ingressos; depois, vivemos duas tragédias em nao conseguí-los por duas vezes; e em seguida bateu um pavor só de imaginar perder esta chance, única. Superada esta etapa, ainda teve um desespero de não conseguir trocar os ingressos do dia 21 pelos do dia 20 e mais três receios: de que os 3 ingressos trocados fossem falsos. Por último, um rápido e grande aperto, quando tivemos que nos separar para entrar no estádio, correndo o risco de não podermos, juntos, assitir ao show.

Mas vejam só: conseguimos os ingressos, passamos pelas catracas, encontramos o Bruno e descolamos um lugar em frente ao palco, na cobiçada hot area! Nessa altura da maratona foi moleza esperar 5 horas até o show de abertura, debaixo de um sol quente e mal acomodados. Sacrifício de verdade não foi passar por tudo o que nos trouxe a uma distância de 2 metros da passarela à direita do palco; sacrifício de verdade foi parar de cantar com a multidão no fim do show o refrão da última música, ironicamente simbólico: "How long... to sing this song?"

É por isso que só tenho a agradecer aos amigos pela fantástica experiência. Aos que não puderam nos acompanhar, pelo apoio que deram; aos que tão bem nos receberam em terras paulistas, especialmente à hospitalidade do Billy e à heróica parceiria da Márcia; e aos dois amigos que foram junto, pela inexplicável emoção que dividimos e que, tenho certeza, jamais esqueceremos.

Dentro daquele táxi, ao pensar ser uma boa idéia escrever sobre a sorte que tivemos, eu estava esquecendo de um momento bem especial. Em meio àquela multidão que também entrava na hot area, cogitamos abandonar o sonhado lugar perfeito só para procurar o amigo; só nós sabemos o significado que isso tem. E só nós sabemos o que foi comemorar a chegada do Bruno. Naquele instante, pulando alto e gritando muito, tínhamos a certeza de que aquilo não podia, em hipótese alguma, ser apenas sorte.

Foi por isso, então, que eu parei de escrever esse texto.
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