Acredito que a grande característica da vida adulta seja aquela incapacidade de, em algumas noites, deitar na cama para dormir e entrar em um coma induzido pelas próximas dez ou doze horas. Uma habilidade treinada e utilizada à exaustão, mas que se perde em algum ponto de ônibus do itinerário da vida. É, de certa forma, uma perda tão psicológica quanto física: momentos que provaram ser possível duas espécies diferentes coexistirem juntas em plena harmonia - no caso, homem e colchão - já não se repetem mais. O conjunto deixa de existir.
Ando sofrendo com o sono socialista, aquele dividido entre várias partes iguais ao longo da noite, e experiências empíricas comprovaram que ele não funciona na prática (assim como o socialismo, se for parar pra pensar), permitindo à preguiça blitzkriegear cada célula do corpo. Como não bebo café e nem mesmo energético, dependo de uma sedutora latinha de Coca-Cola para manter a produtividade em determinados horários matinais.
Somando as conclusões dos dois parágrafos, temos o perfil de cada adulto do mundo: individualismo e crença nas grandes corporações. Ou seja, o grande problema que faz esse mundo ser tão endemoniado é, basicamente, falta de sono.
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