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16 bits de pura vitória
André - 17 janeiro 2013 - 20:32
Detona Ralph (Wreck It Ralph)
5/5

Direção: Rich Moore
Roteiro: Phil Jonston e Jennifer Lee

Elenco
John C. Reilly (Ralph)
Sarah Silverman (Vanellope)
Jack McBrayer (Felix)
Jane Lynch (Calhound)
Alan Tudyk (King Candy)

Ralph é um vilão de videogame que, cansado ser desprezado, tem um chilique e abandona o jogo para tentar conseguir alguma glória nesse colorido mundão de uns e zeros. Então por acaso ele cai em outro jogo e encontra Vanellope, a representante de todas as crianças com DDA do universo. Depois de se implicarem e se tornarem amigos, eles precisam restaurar o status quo dos jogos que Ralph acidentalmente avacalhou - com a ajuda do adversário de Ralph e uma mina estilo Call of Duty que faz o Anderson Silva parecer tão ameaçador quanto uma Trakinas.

A princípio, qualquer transeunte pode achar que Detona Ralph é só uma desculpa pra jogar referências videogamísticas na tela e aquecer o coração dos espectadores com aquele cobertor chamado "nostalgia". Entretanto, ao contrário do que a DreamWorks faz na série Shrek, a produção utiliza esses referências de forma pertinente na história, preferindo, ao invés, contar a envolvente amizade de duas personagens buscando um lugarzinho ao sol. E qualquer filme que coloque Ken e Ryu saindo pra beber cerveja depois do "expediente" já é vitorioso por definição.

Ralph provando que Detona Ralph é a cereja do bolo.

Isso porque Detona Ralph é um daqueles filmes que gostam de seus protagonistas. Tipo, gostam muito. É um lance quase patológico. Mas faz com que a projeção invista boa parte do tempo no relacionamento entre Ralph e Vanellope, do início conturbado até as situações que acabarão aproximando ambos - e, mesmo quando estão de picuinha, temos um vislumbre da futura parceria no momento em que Ralph salva Vanellope e esta aposta nele para tentar conseguir um carro. É aquela coisa da amizade entre marginalizados, mas construída de forma tão cuidadosa, tão doce, que dá vontade de embrulhar e servir de sobremesa na ceia de Natal. Através dessa construção, que torna as personagens tridimensionais (Ralph quer ser bonzinho, mas não evita de se zangar por coisas pequenas; Vanellope parece egoísta no início, mas também se mostra sensível e sonhadora), o espectador realmente se importa com o que acontece com eles, chegando àquele nível onde o cara realmente pensa "minha nossa, e agora?" quando algo parece dar errado. Aliás, a coisa é feita em tão Nível 99 no Fifa 13 que uma determinada cena, onde Ralph destrói um determinado objeto, chega a ser dolorosa. E eu digo dolorosa no sentido que faz bullying no coração do espectador até ele dizer "eu desisto" e pular de um precipício, algo que muitos filmes ditos "adultos" ou "profundos" sequer chegam perto de conseguir.

Mas é claro que, além de toda essa ternurice cativante, Detona Ralph investe bastante na diversão alucinada - e, como dito antes, até mesmo as referências videogamísticas (e as referências pop) aparecem de forma orgânica na história, ao invés de aquele lance "produtor chega e manda enfiar uma cena em algum lugar do filme porque ela ficou famosa" (também conhecido como "Operação Shrek"). O momento onde o rei Candy têm que abrir uma porta com uma combinação é exemplo perfeito disso, e mesmo piadas que não levam exatamente a história para a frente, como a do Kano, estão cuidadosamente relacionadas com as circunstâncias ao seu redor. Além disso, a película é um campo minado de diálogos bons: a qualquer momento, quando menos se espera, algum "Alerta de ficha! Alerta de ficha! Isto não é uma simulação" pode pular na tela.

Como estamos falando aqui de um filme que venera Mega Drives, Nintendos, Playstations e semelhantes, obviamente a parte visual é nada menos que um constante frenesi, afinal, mesmo em cenas que não possuem ação ou drama ou comédia ou suspense, qualquer Sonic aparecendo no fundo é o suficiente para elevá-la até a ionosfera. Mas mesmo assim o diretor Rich Moore ignora os limites do óbvio e vai além: Detona Ralph se apropria da temática de forma brilhante, seja em alguns cenários pixelizados de jogos antigos, no visual dos jogos novos (como alguém comenta sobre Calhoun, "uau, como seu rosto é definido"), nas personagens com movimentos "travados" (pois são de jogos mais antigos, com gráficos limitados) e por aí vai. Aliás, o design de produção é uma Scarlett Johansson à parte, criando personagens de visual completamente diferente e de acordo com suas personalidades (Ralph, maior e mais pesado, possui movimentos mais lentos; Vanellope, baixinha, é frenética ao extremo e gesticula pacas), além de mundos absurdamente criativos - começando pela decisão presidencial de fazer a saída para o mundo dos jogos ser uma grande tomada (não sei o motivo, mas "presidencial" parece o adjetivo correto)  e passando pelo espetacular Sugar Rush, com seus rios de chocolate, pedras quebra-queixo e a sensacional montanha de Coca Light e Mentos (que acaba desempenhando papel na trama). A produção ainda conta com uma trilha inspirada (que, mesmo quando mais complexa, remete às trilhas de videogame em MIDIs que tanto fizeram parte da nossa infância) e um elenco homogêneo e cativante, que consegue transmitir as características de suas personagens apenas pelas inflexões (a fala rápida de Vanellope, a fala arrastada de Ralph, as entonações duronas de Calhoune o tom de voz ingênuo e quase infantil do Felix são ótimos exemplos).

Com isso, Detona Ralph se torna uma experiência envolvente, fazendo com que o público realmente acompanhe aquelas personagens, fique tenso quando a cobra está pra fumar, ria quando alguma piadinha inspirada aparece ou fica em chamas quando vê alguma referência a videogame bem bolada. Uma daquelas experiências cativantes, elevada ao posto de SUPERNOVA ANABOLIZADA pelo espetacular curta que a precede, "O Avião de Papel", de John Kars. Ou seja, tudo conspira a favor do filme. De forma suspeita, até. Pensando bem, será que a Disney teve acesso ao Código Konami, e...?
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