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Socialites também amam
André - 11 julho 2010 - 19:51
Um Sonho Possível (The Blind Side)
3/5

Direção: John Lee Hancock
Roteiro: John Lee Hancock, baseado no livro de Michael Lewis

Elenco:
Sandra Bullock (Leigh Anne Tuohy)
Quinton Aaron (Big Mike)
Jae Head (S.J. Tuohy)


Uma socialite intensa, intimidadora e gostosa liga o modo BONO VOX e resolve ajudar um necessitado - no caso, Big Mike, um garoto que estuda no mesmo colégio de seus filhos. Daí ela oferece pro guri um lar, abrigo, comida, estudo, carinho, amor e uma mensagem edificante tipicamente hollywoodiana. Baseado em uma história real.

Um Sonho Possível é daqueles filmes que já vêm encaixotados, com um aviso na frente dizendo "levar as pessoas às lágrimas". Qualquer um que já tenha visto algum filme envolvendo superação, sabe o que vem a seguir: o rapaz aprende valores familiares, a família também aprende com ele, todos ficam felizes, há um conflito, algumas pessoas se arrependem, e tudo volta ao normal. O tipo de filme seguro, que joga atrás e tenta marcar gols de bola parada (no caso, algumas cenas-chave).

Eu queria dormir no sofá dela.

O roteiro já começa com uma narração em off, o 4-4-2 do cinema, que não volta a se repetir até o final, quando a mensagem edificante precisa ser PRENSADA na cabeça do espectador e ele precisa sair do filme como uma pessoa melhor. Há uma certa falta de fluidez em algumas cenas, onde parece que determinadas ações soam artificiais e forçadas (como o momento onde Collins senta ao lado de Big Mike na biblioteca), e a película também falha miseravelmente ao colocar SJ como um daqueles meninos espertos e maduros que hollywood inexplicavalmente adora, na tentativa de colocar humor na trama (mas na verdade colocando apenas CHATICE TOTAL). Entretanto, no geral a história segue de forma agradável, sem grandes percalços - pelo menos até o momento do supracitado "conflito", onde o roteiro investe em uma briguinha TRESLOUCADA, que não faz sentido nenhum e tudo que acrescenta ao filme são minutos.

Tal qual um estudante de Direito, o diretor mantém as coisas no nível convencional, arriscando pouco. Mantém as cores bastante nítidas, como se fosse uma eterna sexta-feira de feriado com o sol brilhando, o que mantém o visual agradável aos olhos(exceto, claro, em uma ou outra cena de maior sofrimento, quando sintomas de MONOCROMATISMO atingem a película). Os enquadramentos mantém a câmera sempre na posição clássica, sem procurar ângulos diferentes, porque procurar ângulos diferentes é coisa de indie. Sorte que mantém em cena uma Sandra Bullock em chamas, magnética, que convence o espectador da honestidade de Leigh Anne. Já como Big Mike, Quinton Aaron faz pouco além de olhar pra baixo com cara de triste. E o resto do elenco são tipo os problemas sociais do Brasil: sabemos que estão lá mas realmente não nos importamos.

No final, até que Um Sonho Possível cativa aqui e ali, em boa parte graças ao carisma de sua protagonista. Mas faltou sair da zona de conforto e se arriscar a fazer uma obra verdadeiramente relevante. Só escrever "baseado em uma extraordiária história real" não faz com que o filme deixe de ser artificial.

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