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Come full circle
André - 09 julho 2010 - 23:06
Tem um ensaio do Borges no qual ele fala que, se Deus existisse fisicamente, ele provavelmente existiria em um formato de círculo, que, por ter sua circunferência equidistante, é a mais perfeita das formas (pelo menos acho que era alguma coisa assim. Sei que envolvia Deus e círculos. Ou talvez ele estivesse falando do Suárez. Enfim).

O que me levou a pensar na expressão "andar em círculos". Ela normalmente é associada a retrocessos, a uma falta de evolução, permanecer estagnado. Tipo o Atlético Mineiro, assim. Mas acontece que quando uma pessoa caminha em círculos (falando no aspecto literal da coisa) ela pode até voltar ao mesmo lugar, mas nunca é a mesma - sempre tem uma poça d'água TRAQUINAS pra fazer com que ela retorne com uma perna mais molhada que a outra, por exemplo.

Ou seja, talvez chegar sempre ao mesmo lugar não represente um marasmo, e sim o fechamento de pequenos ciclos. Talvez "andar em círculos" não seja estagnação, e sim aprendizado, experiência. Se um brasileiro vai até a Austrália, eventualmente ele volta ao Brasil - nem que seja durante 30 minutos, em um telefonema com os familiares e amigos. E quando isso acontece, esse sujeito não é a mesma pessoa. Ele sabe mais. E pelas circunstâncias, por tudo que se sucedeu no trajeto percorrido, o sentimento de encontrar familiares e amigos é devastadoramente diferente do que era antes da viagem. No caso o sujeito deu (fisicamente) a volta ao mundo, e a linha de chegada não foi um retrocesso tanto quanto uma vitória.

Tem também o pirralho que adorava Cavaleiros do Zodíaco na infância, mas viu-se obrigado a abrir mão desse gosto ao enfrentar as irregulares placas tectônicas que alguns chamam de "adolescência". Naquele momento ele cresceu, e encontrou outras formas de diversão (não estou falando de "sexo", porque pessoas que gostavam de Cavaleiros do Zodíaco caracterizam-se por um certo atraso na iniciação da vida sexual. Sim, o mundo é cruel. Mas divago) que o deixavam totalmente FACEIRO. Uma evolução natural das coisas. Daí alguns anos depois um tal de saudosismo se enamora desse guri, e eis que ele se pega assistindo novamente ao anime, com a mesma empolgação e um certo carinho que não estava presente da primeira vez. Outra volta que acaba e não acaba no mesmo lugar.

Assim, andar em círculos nada mais é do que uma experiência de vida que nos transforma (tanto é que tem até o famoso Ciclo da Vida, analisado pelo filósofo ELTON JOHN em sua genial obra O REI LEÃO), e seguir em linha reta pode ser uma perigosa forma de relevar o passado. Olhem o Uruguai, por exemplo: desde o início da década de 70 que o país ficava apenas dançando com a vassoura nessa reunião dançante que é a Copa do Mundo. Mas em 2010, com muito mais tradição e coração do que time, colocou seu lugar junto aos grandes novamente. Principalmente naquele lance colossal do Suárez. Será que era dele que o Borges estava falando?
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