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Publicidarte
André - 20 abril 2010 - 22:38
Muitas e muitas vezes discutimos, na faculdade, se publicidade, design e sua turminha poderiam ser considerados arte (claro, discutíamos até o momento em que a mesa de sinuca ficava vaga, quando os temas acadêmicos eram substituídos por tópicos que realmente movem o mundo, como citações constrangedoras feitas por professores). Eram discussões filosóficas, intrincadas, que normalmente não resultavam em porra nenhuma, exatamente como uma partida de futebol enfadonha, mas com a desvantagem de não ter pênaltis.

E tudo isso voltou à minha cabeça no momento que assisti o comercial da Samsung abaixo:


Vou deixar à parte a associação entre produto e conceito apresentado, um claro exemplo de VITÓRIA INQUESTIONÁVEL, e tagarelar a respeito de outras coisas. Como o domínio narrativo do diretor que, mesmo em planos curtos, conseguiu construir um clima de expectativa nos primeiros quinze segundos. E também a preocupação em captar a reação das pessoas, pois a alegria e o espanto delas são elementos muito mais poderosos e cativantes do que a tecnologia em si (aliás, direção primordial de atores). A fotografia é simplesmente aniquiladora, sabendo quando contrastar o colorido com o quase monocromático (a parte da pipoca, onde o mundo da TV parece muito mais rico do que o real) e quando fazer as cores do aparelho se integrarem com a realidade (a ACACHAPANTE cena da menina com flores em volta).

Não citar os enquadramentos e movimentos de câmera seria motivo de pena capital: aquele plano aéreo que mostra a cachoeira é digno de CRIAR VIDA (e CAPTEM a preocupação em não pular o eixo, colocando um rápido plano aéreo de transição no momento em que uma moçoila corre em direção às TVs/cachoeira), enquanto os travellings tornam o filme dinâmico e criam uma delicada urgência, uma sensação de que algo está para ser descoberto - tudo isso alinhado com uma montagem fluída e um trilha que Beethoven teria dado o CORAÇÃO pra ter composto.

O que mais me impressiona, entretanto, é a expressão da guria no último plano. Ela não está sorrindo feliz e serelepe, como se esperaria de um comercial; está ligeiramente ofegante, impressionada, quase chocada com o que vê. É emocionante. E se um filme de um minuto, criado por uma agência de publicidade, feito para vender um produto, consegue comover alguém dessa forma, poderia ele ser considerado arte?
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